Os Impérios actuais
Marques Pinto | Vogal da direcção
Vivemos na Europa, e tentámos sempre fazer crer ao resto do mundo que foi neste Continente, especialmente na sua zona Sul que se iniciaram as civilizações mais evoluídas, esquecendo ou tentando ignorar o que se passava no extremo oriente e no Império do Meio como se designava a actual China há muitos séculos.
Claro que não podemos negar que primeiro a partir da Grécia e depois de Roma os ditos “povos mais civilizados e evoluídos” foram pela “lei da força e poder militar tentando educar e conquistar as populações de outras terras e culturas” e assim se foram formando novos Impérios com povos subjugados obrigados a pagar através de variados tipos de impostos o “favor” de terem sido invadidos e na maior parte dos casos a serem espoliados dos seus bens e riquezas naturais que á superfície ou no subsolo interessavam aos invasores.
Todos nos lembramos como ao longo do tempo de escola ou já no ensino secundário tais acontecimentos históricos nos foram ensinados como tal se tratasse duma benfeitoria que os mais fortes e poderosos dispensassem em relação aos subjugados.
Claro que esta “prática” se prolongou por mais de quarenta séculos, variando nos modos e meios utilizados mas tendo o denominador comum da exploração dos mais fracos ou menos aguerridos pelos mais poderosos.
Nos últimos sete séculos assistimos a um outro tipo de domínio e opressão quando os Europeus descobriram que a Sul do seu continente havia outros mais fáceis de explorar com menos meios militares e com riquezas interessantes e úteis para os “cultos e desenvolvidos” povos europeus e assim passou-se aos domínios coloniais em África e na Ásia.
Os tempos passaram e os incultos foram-se cultivando e começaram a ter a noção de que serem dominados e maltratados e ainda por cima enriquecendo os que vieram ocupar e mandar nas populações locais teria de terminar e iniciaram as suas lutas de libertação tendo em cerca de meio século alterado quase completamente o quadro do domínio colonial em África e na Ásia.
Curiosamente num outro continente, houve um grupo de pequenos estados/colónias que depois de terem quase exterminado as populações indígenas locais, lutaram pela sua independência fiscal em relação á Inglaterra e se tornarem numa nação de estados federados, percebendo que a sua posição geográfica isolada por dois grandes oceanos tal lho facilitava e permitia e a riqueza natural muito ajudava.
Este novo aglomerado de pequenos estados decidiu no século 19 anexar mais 4 estados dum país vizinho construindo pela lei da força quase metade do seu actual território, alem dalgumas ilhas no Oceano Pacífico, porque nenhum dos países “roubados” tinha força militar nem apoios de terceiros que permitissem evitar tais anexações “manu militare”.
Curiosamente há cerca de 80 anos e depois duma guerra devastadora e desastrosa para toda a Europa, tornou-se fácil com apoio dos seus pares e antepassados residentes na grande ilha -conhecida por Grã-Bretanha, - desenvolver um processo que criasse grande dependência financeira para a reabilitação dos estados do centro europeu e a fidelização dos principais políticos europeus – processo esse que mais tarde e com economias já tendentes à independência económica face ao Plano Marshall - obrigou á criação dum novo esquema de domínio financeiro, muito facilitado pela criação duma federação europeia com lideres escolhidos e sempre nomeados com apoio e acordo dos EUA – e da qual posteriormente ajudaram e apoiaram a saída da Inglaterra no tão discutido Brexit – podendo assim os EUA dispor dum aliado incondicional e independente da União Europeia para dar o grande golpe económico nesta velha Europa tão dividida por interesses de toda a ordem, mas governada por um grupo de dirigentes dependente e sempre obediente aos interesses políticos, financeiros e económicos dos EUA e que apesar dos sucessivos escândalos de corrupção aos mais altos níveis sempre se manteve e mantém sem qualquer tipo de ameaça de investigação séria, vejamos o caso das vacinas Covid, e da relação familiar em quem compra e quem vende por valores que se mantém segredo, vejamos as compras de armamento que seguem para alem fronteiras e sem saber quanto vai custar aos povos europeus a aquisição de novo, só se sabendo a quem vai ser comprado.
Séculos passados o velho sistema Imperial não se esgotou.
O domínio dos grandes e poderosos Impérios mantém-se inalterável apoiado como sempre na ameaça duma própria poderosa força militar e jogando muitas vezes no terreno com outras forças militares dos seus “súbditos” que recebem a paga por diversos meios mas alimentam no terreno as guerras de interesses estranhos com a vida dos seus naturais.
Vamos assistindo a muitas horas e inúmeros folhetins de discussões de assuntos de mera coscuvilhice política do quem disse ou quem fez isto e aquilo e nem se permite que aflorem os principais problemas que esta nossa população trabalhadora com vencimentos de miséria, vai ouvindo sobre membros do governo, agentes políticos e funcionários de empresas publicas com vencimentos de largas dezenas de milhar de euros e muitas outras prebendas, que se passeiam pelo nosso Portugal e pelo estrangeiro e até recebem subsídios para compensar dias de férias que dizem não ter gozado...
Vamos empobrecendo rapidamente com a estagnação dos salários com níveis crescentes e preocupantes de população já em estado de mera sobrevivência, e já com muitos idosos sem família a serem “convidados” a abandonar os lares de terceira idade por não poderem pagar as mensalidades que dada a inflação crescente se tornam incomportáveis para as magras reformas que eles próprios recebem ou os seus familiares podem suportar.