Intervenção de Adrião Pereira da Cunha na apresentação da Colectânea na Universidade Popular do Porto no dia 24 de Março
O livro do “Centenário do
Nascimento do general Vasco Gonçalves - Coletânea Documental”, apresentado
no passado dia 14, na Casa do Alentejo, em Lisboa, elaborado e editado pela “Associação Conquistas da Revolução” tem hoje, dia 24, apresentação formal nesta
Universidade Popular do Porto.
Batista
Alves, Presidente da Direção da “Associação Conquistas da Revolução” na
apresentação do livro, referindo as condições em que este trabalho se
desenvolveu, agradeceu as colaborações e contributos valorativos que dão bem a dimensão do sentimento e do respeito pela
figura ímpar do General. Enfatizando:
só foi
possível realizar com dignidade as comemorações do Centenário, enfrentando a
indiferença dos órgãos de poder instituídos e o silenciamento da comunicação
dominada. Confesso que não sei dizer qual das duas mais me envergonha: se a
hipocrisia de uns se a cobardia dos demais.
Cremos sinceramente que este
documento, para além do seu principal objetivo de ser a memória das
comemorações do Centenário, dá acolhimento a um conjunto de reflexões e
testemunhos presenciais indispensáveis para a compreensão da nossa história
contemporânea.
Muito
me honrou o convite formulado por Jorge Sarabando, em nome da – Associação
Conquistas da Revolução -, para apresentar o livro que condensa uma coletânea
de textos, sobre o general Vasco Gonçalves, no ano em que se comemora o centenário
do seu nascimento.
Trata-se
de um livro que se insere no género biográfico e noticioso, que permite
conhecer parte do percurso político de Vasco Gonçalves.
Numa
apresentação breve podemos referir que a “Coletânea Documental” contempla
textos de autores diversos, além de notícia pormenorizada das ações
desenvolvidas em Portugal pela Associação Conquistas da Revolução, ao longo dos
dois últimos anos. Foi um longo percurso onde se confrontou com as
condicionantes resultantes da situação epidémica que assolou o País e o Mundo.
Com
excelente aspeto visual, e cuidado alinhamento, a “Coletânea” contempla uma
abundante série de fotografias a par de excelentes trabalhos gráficos.
Para
memória futura, a “Coletânea” identifica a Comissão de Honra das Comemorações
do Centenário de Vasco Gonçalves. Com um prefácio de Manuel Begonha -
Presidente da Assembleia Geral – que refere:
·
Não
deixaremos que se ignore que Vasco Gonçalves não precisou de distribuir ou de
recorrer ao dinheiro para que o povo confiasse nele, ganhar determinação
revolucionária e esperança de conseguir um futuro mais igual para todos.
·
Também
não se pode esquecer que com o seu exemplo de liderança, nos quatro governos
provisórios a que presidiu, Portugal se libertou de uma cultura de dependência
que nos havia sido instilada, geradora de corrupção e fator de empobrecimento e
atraso na nossa economia. Percebemos então que para nos desenvolvermos, era
necessário encorajar o investimento produtivo a ser partilhado a partir dos
mais desfavorecidos.
·
Para
terminar, importa referir o ponto culminante desta comemoração.
O monumento que pretendemos erguer ao
General Vasco Gonçalves.
O respetivo autor, arquiteto Siza Vieira,
não deixa dúvidas sobre os méritos desta significativa obra.
Constituirá uma fonte de inspiração, uma
vontade de nos afirmamos como um País livre, sem medos – que são o instrumento
de domínio que usados por políticos sem escrúpulos se podem tornar bloqueadores
– e de remeter para o passado a necessidade de os mais pobres precisarem de
mendigar uma fatia ao futuro.
Que fique bem gravado que os
revolucionários não têm o direito de desistir, nem de se deixar pelo desespero.
Que este monumento seja um estímulo que
nos conduza a não viver à espera do amanhã de cada novo dia.
Seguem-se
artigos de:
· José Goulão - O
lugar de Vasco Gonçalves na História
· Pedro de Pezarat Correia – Em memória de Vasco Gonçalves
· Jorge Sarabando – A
contra-revolução a norte
· José Ernesto Cartaxo
– Vasco Gonçalves – Aliança Povo/MFA, Luta de Massas e Valores de Abril
· António Quintas – Vasco
Gonçalves e os Direitos Laborais e Sindicais
· Abílio Fernandes – Vasco
Gonçalves e a génese do Poder Local Democrático
·
Raimundo Cabral – O contributo de Vasco Gonçalves – por uma
melhoria de vida nos campos
·
V. Grandão Ramos – Vasco Gonçalves: das Conquistas de Abril à
Descolonização de Angola
·
Domingos Boleiro – Vasco Gonçalves Uma Educação para Todos
·
Modesto Navarro – Vasco Gonçalves – Cultura, ética e
exigência de mudança
·
Rui Namorado Rosa – A Ciência e o 25 de Abril a propósito de
Vasco Gonçalves
·
Carlos Silva Ramos –
Vasco Gonçalves e a revolução da saúde em Portugal
·
Catarina Ruivo – A questão da habitação
·
Américo Nunes – As Nacionalizações
·
Maria José Maurício –
A governação do general Vasco
Gonçalves – Direitos das Mulheres e Cidadania em Igualdade – Avanços
· A. Melo de Carvalho – Vasco
Gonçalves Do Homem e do Desporto
· José Goulão –
Uma coragem que abalou o mundo
·
Anabela Fino – Liberdade de imprensa – a grande ilusão
·
António Avelãs Nunes
– No centenário do nascimento de
Vasco Gonçalves
·
Batista Alves – Os valores de Abril plasmados na
Constituição, o futuro de Portugal, a soberania e as conquistas a defender e a
alcançar
Eventos
nas comemorações do Centenário do nascimento do General Vasco Gonçalves:
· Conferência de Imprensa na Casa do Alentejo em
Lisboa a 15 de outubro de 2020;
· Edição de medalha comemorativa de autoria de Acácio
de Carvalho;
· Edição de Cartaz comemorativo e imagem gráfica de
autoria de José Santa Barbara, com trabalho gráfico de Alfredo Cunha
· Edição de uma Folha Informativa especial;
· Edição de uma brochura intitulada “Quem foi Vasco Gonçalves” com textos de Manuel Begonha e Miguel Urbano
Rodrigues;
· Livro “Vasco
Gonçalves – essa gente é o que é, eu sou um homem do MFA”, com a participação do Professor Avelãs Nunes;
· Concerto em Gaia, no Cineteatro Eduardo Brazão a 23
de abril de 2021;
· Colóquio “Vasco
Gonçalves – a obra e o homem” em
24 de abril de 2021, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos, com a
participação de Jorge Sarabando, António Avelãs Nunes, Henrique Lopes de
Mendonça, José Castro Carneiro e Manuel Loff;
· Inauguração da Placa toponímica na Rua General
Vasco Gonçalves, no Lumiar, em 3 de maio de 2021;
· Sessão convívio na Sede da ACR, assinalando a data
do nascimento de Vasco Gonçalves;
· A 9 de maio de 2021, Sessão Solene na Voz do
Operário;
· A 15 de maio de 2021 por iniciativa da Câmara
Municipal de Loures – participação em evento comemorativo do nascimento do
General Vasco Gonçalves no anfiteatro do Museu de Cerâmica de Sacavém;
· Sessão Comemorativa do nascimento do General Vasco
Gonçalves, em 23 de junho de 2021, no Teatro Sá de Miranda, em Viana do
Castelo;
· Apresentação do livro “Cem
cravos para Vasco Gonçalves”, de
autoria do Professor Avelãs Nunes, em 2 de novembro de 2021, na Universidade
Popular do Porto;
· Conferência sobre Vasco Gonçalves em 27 de novembro
de 2021, na Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, com intervenções do
contra-almirante Martins Guerreiro, major-general Pezarat Correia, coronel
Pinto Soares, coronel José Castro Carneiro e comandante Henrique Mendonça;
· Sessão / Debate sobre o salário mínimo, em 20 de
janeiro de 2022, na Casa do Alentejo;
· Sessão de encerramento das comemorações em 3 de
maio de 2022, na Casa do Alentejo, com a participação da atriz Cármen Santos,
poemas Armando Silva Carvalho e Ramos Rosa, música com o pianista Joana
Bagulho, com música de Carlos Paredes. Do realizador Paulo Guerra, apresentação
do filme de sua autoria conjuntamente com Edgar Feldman, intitulado “Vasco
Gonçalves na Revolução”;
· A
terminar um “Epílogo”, onde, entre outros assuntos, se dá notícia do monumento
a Vasco Gonçalves de autoria de Siza Vieira.
Permitam-me
que refira que tivemos o privilégio, e a honra, de ter privado com Vasco Gonçalves,
e com sua mulher, tanto no Porto, como na sua residência em Lisboa, onde
estabelecemos inesquecíveis e proveitosas conversas, sobre os mais diversos
assuntos.
Eu
e minha mulher, acompanhamos o general Vasco Gonçalves e sua mulher, na sua
primeira deslocação a Vigo, com a companhia dos saudosos e inesquecíveis
amigos, Drs.: Ferreira Alves e Lúcia Treló, Eduardo Teixeira de Sousa e Maria
Emília Teixeira de Sousa.
Vasco
Gonçalves, nas palavras de Maria Manuela Cruzeiro, era um homem com tocante
sinceridade, com uma entrega total de vida a um ideal, com a força e
autenticidade de que só são capazes os grandes homens nos grandes momentos. O
mais elementar ato justiça obrigará a reconhecer em Vasco Gonçalves um desses
homens a quem o destino concedeu o dom raro de viver o sonho da única forma
possível. O quase total apagamento de uma vida cortada ao meio, por um
acontecimento que a transfigurou e lhe deu pleno sentido, por ter vivido à
escala que desejava viver.
Armando
de Castro refere que Camus escreveu que há épocas na história em que aqueles
que afirmam que dois mais dois são quatro são condenados à morte enquanto
noutras são simplesmente ignorados.
À
nossa conjuntura sociopolítica nenhuma destas situações é evidentemente aplicável.
Porém, quado a luta política criou uma
gigantesca campanha ideológica que sob o neologismo de «gonçalvismo» procura
cegar as pessoas para o papel histórico do homem que consubstanciou a política,
de acordo com a qual praticamente se concretizou o essencial da Revolução
Democrática Portuguesa, e que de resto encontra a sua consagração na
Constituição Política, promulgada em 2 de abril de 1976, para entrar em vigor
no dia em perfaz dois anos a “Revolução de Abril”, quando isto é assim, importa
ter a coragem de com a lucidez possível, repor a objetividade histórica,
independentemente de posições de classe, de visões ideológicas e de conceções
partidárias.
A
generosa personalidade de Vasco Gonçalves não pode, com toda a certeza, ser
sequer beliscada, pelos múltiplos ataques, que lhe são dirigidos, quantas vezes
perpassados duma aversão e dum rancor que só amarrará os seus autores ao
pelourinho da História”.
César
Príncipe, sobre Vasco Gonçalves refere: “Este general soube ser homem e soube
ser português: soube iluminar com as estrelas da madrugada do 25 de abril nos
seus ombros, um povo acordado da «longa noite fascista». Vasco Gonçalves passou
como um meteoro, fugaz e límpido. Mas o traço da sua passagem foi profundo e
não é mais possível apagá-lo das páginas da História”.
Jacinto
Prado Coelho, sobre Vasco Gonçalves escreveu: “Muitos terão esquecido, outros
decidido esquecer. Mas Vasco Gonçalves foi, humanamente, a mais invulgar figura
que emergiu na cena política depois do 25 de abril de 1974.
A
mais capaz de mobilizar espíritos e as vontades, de conquistar o povo, de
acordar um anseio de justiça e de reconstrução nacional, em homens de todas as
condições – isto graças a um tom de profunda sinceridade -, ao entusiasmo de
uma entrega generosa, por uma espécie de absorção no sonho que ele teimava em
comunicar, apesar de milhentas dificuldades e armadilhas.
Os
seus discursos, as suas falas não tinham apenas a força do sonho que o impelia:
tinham, também, a força dum bom senso, que os ouvintes aceitavam.
Em
vez de sufocar o ímpeto popular, procurou, sim, orientá-lo. Em perspetiva histórica
existe a necessidade de homenagem à força duma singular personalidade, ao
combate dum português que amava Portugal.
Personagem
ativa da Revolução do 25 de abril de 1974, continua a desencadear ainda hoje,
passados tantos anos, reações emocionais tão vivas quanto contraditórias.
Vasco
Gonçalves abandonando, cedo demais, a cena política, confirma a trágica verdade
de que as revoluções devoram sempre, ou quase sempre, os seus principais atores”.
É o caso.
Nas
suas intervenções procurou ser um igual entre iguais, com uma linguagem
espontânea, galopante, torrencial, integra-se com eficácia na vertigem da
transformação revolucionária.
“Com
veemência, com esperança, com ódio. Vasco Gonçalves, nessa altura,
consubstancia um produto de situações inevitáveis que quase meio século de
repressão criou, sedimentou, e fez explodir”, conclui Veiga Leitão.
Sobre
o “legado histórico do gonçalvismo”, Óscar Lopes escreveu:
Poupemo-nos
ao mau gosto de uma comparação com aqueles que, com uma insistência maníaca e
quase desesperada, se agarram ao termo intencionalmente caricato de «Gonçalvismo»,
como que a esconjurar a grande catástrofe, o fim de um mundo que, certamente,
seria o seu mundo.
Se
o termo «Gonçalvismo» ficar na história, será para assumir o significado de
dois padrões de exemplaridade política.
Eça
de Queirós em “Notas Contemporâneas” refere a propósito de patriotismo:
“Há
em primeiro lugar o nobre patriotismo dos patriotas: esses amam a Pátria, não lhe
dedicando estrofes, mas com a serenidade grave e profunda dos corações fortes.
Respeitam a tradição, mas o seu esforço vai todo para a nação viva, que em
torno deles trabalha, produz, pensa e sofre.
Põem
a pátria acima do interesse, da ambição, da glória. Tudo o que é seu o dão à
pátria. Sacrificam-lhe a vida, trabalho, saúde, força, o melhor de si mesmo.
Dão-lhe sobretudo o que as nações necessitam mais, e o que só as faz grandes:
dão-lhe a verdade. A verdade em tudo, em história, em arte, em política, nos
costumes”.
É
este patriotismo autêntico que transparecia nas palavras e nas atitudes de
Vasco Gonçalves, enquanto primeiro-ministro. Era linguagem da verdade a unir a
«malta» toda para um trabalho comum: - fazer desta pátria que é Portugal, uma
nação próspera, livre, democrática e feliz.
Falar
de Vasco Gonçalves é relembrar uma importante reviravolta no estar, sentir e
viver dos portugueses, com memórias de ânsia de liberdade, que estruturaram
formas de luta social e política rumo à liberdade do cidadão e da sociedade, ao
bem-estar, sucesso, e progresso social de todo um povo.
Numa
aproximação mais atenta, rapidamente se conclui que a ação política de Vasco Gonçalves
assume relevância social, que as tramas procuram esbater no bem estra, sucesso
e progresso social, sempre repletas de dificuldades no rumo à esforçada
conquista.
Para
Vasco Gonçalves, o conceito de revolução do 25 de abril, exigia uma profunda
mudança de propósitos nos relacionamentos interpessoais; foram tempos de uma
nova politica socialmente agitados e conturbados, de indignação nos espíritos
mais conservadores, tornando-se geradores da metamorfose social a que se
assistiu, nos direitos de cidadania para os quais se impunha a intervenção
política de cada individuo, - de cada um nós -, numa perspetiva da liberdade do
cidadão. Sendo objetiva e constante a resistência à inovação e ao progresso que
se impunha à sociedade em geral, em oposição à opulência ociosa, egoísta e
inútil.
Nesta
tensão de diferentes mundivisões; de contrariedades e perplexidades, face a uma
nova era, os portugueses puderem pensar livremente, afirmando, sobretudo, o
direito à liberdade no trabalho, de pensar e de agir, enquanto atores
principais de uma nova sociedade a construir.
Procurando
criar o espaço para o direito à liberdade, não ser invadido pela intromissão
alheia. Pela criação de liberdades, que não eram reconhecidas aos cidadãos, num
ambiente já sem restrições, ou constrangimentos, em espontânea abertura social
e política.
Metamorfose
de libertação nos ideais pelos direitos do homem e do cidadão, numa mudança que
se impunha no sentido da justiça social.
Era
então necessário que a revolução acolhida pela opinião pública recaísse sobre
si mesma, num exercício de ponderação indispensável ao aperfeiçoamento e rigor
de análise, acerca de comportamentos humanos, possibilitando-se, por esse duplo
processo, a conjugação de dois processos de libertação e mudança social – a de
opinião e da regulação de opinião.
Consistência
variável, fragilizada, pelo que se exigia renovação e equidade nos direitos do
cidadão, deixando sem resposta imensas interrogações relativas ao castigo dos
perversores, dos atos da política, da ética, das mentalidades e da liberdade.
É,
em suma, de todo este pensar político, que trata o livro, que aqui apresentamos
sobre comemoração do Centenário de Vasco Gonçalves.
Simbolismo
que integrou evocação de processos históricos, cívicos e políticos, que importa
estudar, debater, compreender no presente, os então encetados processos de
construção de liberdades.
O
livro trata da apresentação de conferencistas com a publicação dos respetivos
textos na obra coletiva, na construção da liberdade.
O
tema em discussão é candente, pertinente e oportuno.
No
país e no mundo discute-se, ou poem-se em causa liberdades e garantias tidas por
adquiridas, assumindo que a História, e o fazer História, refletem preocupações
do presente, quanto dinâmicas marcantes do passado, tema que acaba por ganhar
importância e relevância acrescida e inesperada.
Todo
o programa do “Centenário de Vasco Gonçalves, está condensado nos vários textos
que constam desta “Coletânea”, que tentam analisar as mudanças verificadas no
país.
Celebramos,
assim, um tempo que foi de evolução na História de Portugal, propondo-se uma
reflexão sobre os momentos de rotura e evolução, ou seja; compreender e aprofundar
o entendimento sobre o processo evolutivo do 25 de abril de 1974.
Os
valores da revolução não estão perdidos, com avanços e recuos, encontram-se
plasmados na Constituição, e o momento atual contribui para que seja relevante
uma reflexão sobre os valores de Abril.
Os
fenómenos de populismo e de violência, associados a processos de demagogia,
constituem hoje um conjunto de ameaças que estão por aí e que nos exigem
cuidados acrescidos na salvaguarda dos valores defendidos por Vasco Gonçalves,
que o livro agora apresentado reproduz.
Muito
obrigado.
Universidade
Popular no Porto, 24 de março de 2023