Acto de homenagem a Salvador Allende e aos democratas chilenos | Jorge Sarabando, vogal da direcção | Responsável pelo núcleo do Porto

Acto de homenagem a Salvador Allende e aos democratas chilenos

(nos 50 anos do golpe militar comandado por Pinochet)

11 de Setembro de 2023, Fundação Engº António Almeida

Intervenção de Jorge Sarabando | vogal da direcção e responsável pelo núcleo do Porto da ACR

 

 

Em Setembro de 1973, o Governo de Unidade Popular, presidido por Salvador Allende, médico e durante anos deputado, senador e ministro, continuava firme na defesa das profundas transformações operadas na vida económica e social do Chile, em cumprimento do seu programa: nacionalização da produção do cobre e de indústrias estratégicas antes dominadas por interesses estrangeiros, Reforma Agrária, controlo público da Banca, criação de um dinâmico sector público comercial e industrial, aumento da parte dos salários no rendimento nacional, que alcançou os 58%, escolarização de 99% das crianças entre os 6 e os 14 anos, melhoria do acesso aos cuidados de saúde pela população, que se havia traduzido já numa acentuada diminuição da mortalidade infantil. A Unidade Popular era constituída pelos Partidos socialista e comunista, Partido Radical, Movimento de Acção Popular Unitário, Partido Popular Independente, Partido Social-democrata e, mais tarde, a Esquerda Cristã.

Ao mesmo tempo, enfrentava uma poderosa acção desestabilizadora, fomentada e financiada pela oligarquia financeira e pelo governo dos Estados Unidos, com as “greves” dos camionistas, paralisações diversas, sabotagem económica, boicotes externos, campanha hostil na imprensa, golpes e ameaças de golpes militares. Militares constitucionalistas, como o Chefe das Forças Armadas, General Schneider, assassinado na rua, Comandante Araya, Ajudante de Campo de Allende, morto a tiro na varanda de sua casa, General Prats, assassinado em Buenos Aires, são marcas de uma conspiração que não conhecia limites para atingir os seus fins. 

Apesar dos efeitos da estratégia de tensão, da imagem criada de caos e degradação, das iniciativas concertadas de partidos de direita, de altos comandos militares e do grupo armado fascista “Patria y Libertad”, as eleições de Março de 73 reforçaram a votação nos partidos da Unidade Popular, que ultrapassou os 43%, sendo eleitos mais 3 senadores e 6 deputados.

Ficou claro para as forças de direita, para os militares golpistas, estreitamente ligados às ditaduras da região, à CIA e às autoridades norte-americanas, que só pela violência e não por meios legais poderiam derrubar o governo de Unidade Popular.

A brutalidade da violência utilizada por Pinochet e os outros militares golpistas ultrapassou todas as conjecturas: o cerco e o bombardeamento do Palácio de la Moneda, a morte dos seus defensores e do Presidente Salvador Allende, que recusou demitir-se, como exigia a Junta Militar, prisões em massa, tendo sido parte dos presos enclausurados no Estádio de Santiago. Segundo o Grupo de Trabalho Especial, criado pela Comissão da ONU para os Direitos Humanos, sediada em Genebra, foram cerca de 90 mil pessoas presas e três mil executadas, sem julgamento. Entre tantos que foram torturados e mortos, recordamos com emoção o nome de Vítor Jara. Os seus assassinos só agora, 49 anos depois, foram condenados judicialmente. Cerca de 50 mil chilenos tiveram de abandonar a sua Pátria.

Poucos dias após o golpe militar morreria, por causas ainda não esclarecidas, o poeta Pablo Neruda, Prémio Nobel, amigo e conselheiro do Presidente Allende. A Junta Militar quis proibir o funeral público, mas centenas de pessoas compareceram, afrontando as autoridades.

No Chile, como na Argentina, no Brasil e noutros países da América Latina, o imperialismo afogou em sangue e com a maior crueldade os processos emancipadores, libertadores, progressistas que irromperam nas décadas de 60 e 70, não hesitando em derrubar pela força governos legítimos, democraticamente eleitos. É dessa época a “Operação Condor”, pela qual foram feitas desaparecer milhares de pessoas, parte delas atiradas de aviões no alto mar.

Chegaram depois os “Chicago boys”, os discípulos de Hayek e Friedman, que fizeram do Chile um laboratório de experimentação das receitas do neoliberalismo: reduções salariais, privatizações do sector público da economia e mesmo da Segurança Social que, diga-se, mais tarde, falida, teve de ser renacionalizada.

Hoje como ontem, as oligarquias locais, com o apoio do imperialismo norte-americano, procura de novo conter a onda progressista e de afirmação soberana que tem ocorrido em diversos países latino-americanos. Os métodos seguidos poderão ser diferenciados, com recurso a militares golpistas ou a líderes populistas, mas os objectivos e os interesses em causa são os mesmos.

A solidariedade com os povos da América Latina , com os povos de todo o mundo em luta contra o fascismo, lá onde irrompa e seja qual for a máscara que use, é um modo de honrar a memória de Salvador Allende, dos democratas e revolucionários chilenos e de dizer que o seu sacrifício não foi em vão.    


O MUNDO TRANSFORMA-SE | Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 

O MUNDO TRANSFORMA-SE
Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 

Enquanto que a nossa comunicação social vai massacrando a opinião pública com a queda do avião em que seguiriam os principais responsáveis do grupo Wagner, acontecimento inequivocamente relevante, convém trazer á colação, o golpe militar recentemente ocorrido no Níger, causador de um muito menor frenesim informativo, que poderá afectar significativamente a exploração colonial de matérias primas pela França e outras empresas multinacionais.
Esta ocorrência, é muito significativa para a luta em curso em África pelo predomínio político, uma vez que o poder revolucionário agora instalado é pro-russo.
Face à ameaça francesa de invasão do país ,secundada pelos EUA, para repor o Presidente deposto, recorrendo a mercenários jiadistas, admitia-se a deslocação para o Níger do grupo Wagner, para ajudar a defender a nascente revolução, motivo pelo qual seria prudente aos nossos comentadores deixar assentar o pó e não enveredar pela via das especulações precipitadas.
Mas outro acontecimento de enorme importância e também silenciado, é a adesão de novos países aos BRICS, anunciada pelo Presidente Cyril Ramaphosa, na sequência da cimeira em Joanesburgo, África do Sul e na qual o Presidente Lula, teve uma intervenção de carácter internacionalista, notável.
São eles a Argentina, Irão, Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos, Egito e Etiópia.
A entrada simultânea do Irão e da Arábia Saudita que têm sido antagonistas na disputa pela liderança no Médio Oriente é surpreendente.
Este reforço dos BRICS, abre uma nova frente de confronto entre os eixos Eurasia e Atlântico, conduzidos respectivamente pela Rússia e China e pelos EUA..
Entretanto a Argentina amplia a importância da América Latina, no contexto de guerra fria global em vivemos.
A criação de uma moeda comum, com exclusão do dólar, como uma nova forma de pagamento e autonomia, entre os seus integrantes, constitui um objectivo complexo e apenas concretizável a médio prazo.
Segundo o jornal Financial Times, " a Arábia Saudita e os Emiratos Árabes Unidos (EAU), apresentam-se hoje como os dois maiores exportadores de petróleo e dispostos a contribuir para retirar a hegemonia aos EUA".
O Sheik Mohamed bin Bayed Al Nahyan dos EAU, tem garantido que o seu Estado se torne uma potência militar.
Por seu lado, o primeiro ministro Saudita Mohammed bin Salman, tem investido enormes quantias no desenvolvimento do país.
Ambos se mostraram dispostos, a não seguirem as doutrinas norte-americanas e a não dependerem de compromissos com estes.
A nova ordem mundial que se encontra em formação e que apoiam, por verem oportunidade para novas iniciativas, conforme informação de Emile Hokayen, director da segurança nacional no Instituto Internacional para Estudos Estratégicos.
Em Junho, o ministro do investimento da Arábia Saudita, Khalid Al Falih, elogiou a aliança sino - árabe, sugerindo que Riad se tornou "uma ponte que liga o mundo árabe à China, tendo anunciado o lançamento de uma Rota da Seda moderna entre a China e os países árabes."
Outros países aguardam a formalização do pedido do seu ingresso na Organização que se passará a designar por BRICS PLUS.
Se a harmonização dos interesses de um conjunto de países tão importantes for bem sucedida, poderá constituir uma extraordinária alteração no mundo actual.

NÃO ACHEM NATURAL | Manuel Begonha - Presidente da Assembleia Geral

NÃO ACHEM NATURAL
 Manuel Begonha - Presidente da Assembleia Geral

 

Vivemos num mundo em convulsão onde se desenvolve uma guerra devastadora e interminável, cujas despesas inviabilizam o bem estar dos povos.
Onde ocorrem pesadas sanções e retaliações.
Onde impera a desigualdade e o arbítrio.
Onde se perpetuam os bloqueios sem qualquer justificação como o de Cuba.
Onde se respira sob uma espada nuclear e uma crise ambiental.
Onde a humanidade se vai tornando progressivamente paranóica.
Onde ainda ocorre lembrar um poema de Bertold Brecht, incluído em " A excepção e a regra 'de 1930.
"Pedimos expressamente que não achem natural
aquilo que acontece sempre!
que nada seja tido por natural
neste tempo de confusão sangrenta,
de desordem ordenada, de arbitrariedade
sistematizada,
de humanidade desumanizada,
para que nada disto se mantenha "


Comemorações do 212 aniversário da independência da Venezuela

 

A associação esteve presente nas comemorações do 212º aniversário da independência da Venezuela representada pela vogal da direcção Beatriz Nunes


UMA VIAGEM AO BRASIL Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

UMA VIAGEM AO BRASIL
Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 

Esta viagem oferecida a um irmão meu, revestia-se de características especiais, o que nos permitiu visitar locais não percorridos pelos circuitos turísticos e também por ter sido mais demorada que o normal.
No período em que decorreu, estava em vigor o chamado " plano cruzado", constituído por um conjunto de medidas económicas, lançado pelo Presidente José Sarnay, que congelou os preços, com o fim de reduzir a inflação mas com o passar do tempo não se mostrou sustentável porque as mercadorias escassearam. Esta situação provocou o esgotamento das reservas cambiais e a economia colapsou.
Mas enquanto durou os preços eram muito baixos, tornando-se muito vantajosos, para portadores de divisas como o dólar ou o escudo.
Nestas circunstâncias, tendo nós começado a viagem pelo Rio de Janeiro que é de facto uma cidade maravilhosa no que ao aspecto paisagístico diz respeito, uma vez que visitámos os locais mais emblemáticos e outros como algumas favelas de que no fim falarei.
Foi a única viagem que recordo, na qual me senti rico à custa do escudo.
Por um preço inimaginável fomos a vários espectáculos e restaurantes, dos quais recordo um no Scala, com a Simone brasileira, incluindo jantar.
O que tornava esta cidade menos atractiva era a insegurança em que se vivia.
Ao longo do Calçadão existiam torres de vigilância policial.
Curiosamente não se viam na rua pessoas do tipo classe média.
Reinava o que vulgarmente se designa por " Povão".
Verificámos posteriormente que a classe social mais endinheirada, vivia em condomínios fechados, gradeados, com guardas muitas vezes
armados, de onde saía de automóvel para ir aos seus destinos e assim voltavam.
Para evitar ser roubado, resolvi distribuir o dinheiro que levava, recordo que ainda não havia multibanco, por três partes. A mais significativa, no cofre da recepção do hotel e não no do quarto. Tinha comprado uma bolsa púbica, na qual guardava outra parte para as compras e despesas do dia. Esta, vista de certos ângulos devia dar-me um aspecto insólito pelo seu volume e também por vezes, me causou embaraços para arranjar uma posição decente para retirar as notas. Mas na verdade foi eficaz.
E finalmente uma carteira de bolso com pouco dinheiro que era para não ofender o ladrão em caso de assalto.

A Baía é uma cidade muito interessante, intensa e colorida, exibindo em muitas ruas, janelas, Praças e igrejas um exuberante passado colonial.
Visitámos entre outros locais, o Mercado Artesanal que pelos seus contrastes e evocações históricas é imperdível.
Deslacamo-nos de escuna à Ilha de Itaparica que possui uma excelente praia e um casario típico, já utilizado em cenários de algumas telenovelas.
Conhecemos o Ubirajara, um miúdo com os seus oito anos que nos conseguiu, junto a uma igreja, vender as características pulseiras, devido à sua invulgar empatia, esperteza, teimosia, revelando ser um impressionante exemplo de um lutador pela sobrevivência.
No entanto, a insegurança perdurava. Certa noite, quando pretendíamos sair do hotel para um passeio a pé, o porteiro olhou para nós como se fossemos de outro planeta e desaconselhou vivamente tal aventura.
Mais tarde verifiquei que quando se pretendia sair para jantar fora, o hotel chamava um táxi de sua confiança que nos iria também buscar para o regresso.
Perante tal desilusão, reentramos no hotel e por acaso espreitei para a sala de jantar.
Tinha um expositor piramidal com uma indiscritivel variedade dos maravilhosos doces baianos.
Para um guloso inveterado como eu, foi um convite irrecusável.
A família quindim e todos os seus parentes, foram devidamente apreciados e não sei se ainda hoje, ando a pagar tal excesso, quando por vezes os valores da glicémia aparecem altos.
Mas a Baía vingou-se.
Conseguiram roubar a carteira do meu irmão no Elevador Lacerda.

Olinda é uma jóia de um passado colonial muito bem conservada o que a todos engrandece.
O seu património construído é notável.

Recife era na época uma cidade em renovação.
Como seria de esperar, tem boas praias e algumas construções relevantes como a antiga prisão, transformada em museu. 
O meu irmão tinha lá um amigo, negociante de várias coisas e também de arte, cuja enorme moradia, toda murada, era permanentemente vigiada por guardas armados. 
Emprestou-nos o seu carro com motorista, também armado, no qual nos fomos á oficina de cerâmica de Francisco Brennan, em plena selva, émulo brasileiro de Henry Moore e Fernando Botero. 
Teve a gentileza de me oferecer um azulejo. 

Manaus pelos seus contrastes, é uma cidade que parece diferente de todas as outras. 
Fomos aconselhados para não deixar de provar um peixe de rio chamado pirarucu. 
Mal chegámos fomos de táxi a um restaurante longínquo à beira do rio Negro, famoso pela qualidade deste peixe. 
O pior, é que daí em diante em todo o lado nos serviam esta especialidade, até no voo de regresso ao Rio de Janeiro. 
Um dos locais mais exóticos da cidade é o antigo mercado. 
Lá estão todas as espécies amazónicas, desde cabeças de macaco, répteis, mamíferos, aves, frutos e legumes variados, até às mais diversas espécies de roedores, insectos e peixes entre os quais o famoso pirarucu que é enorme, podendo ultrapassar os dois metros de comprimento. 
Só vi algo semelhante no Oriente, especialmente na Índia. 
Também é de realçar o Teatro Amazonas, inaugurado em 1896, de estilo renascentista, com uma cúpula única, símbolo maior da cidade que foi designada a " Paris dos Trópicos". 
Representa o respectivo apogeu devido ao ciclo da borracha, tão bem descrito por Ferreira de Castro no seu livro " A Selva". 
Nele se realiza a festival Amazonas de Ópera desde 1997.
Contudo, o ponto alto desta estadia terá sido a subida do rio Amazonas, designado desde a nascente por Solimões. 
É famoso o encontro das águas entre o rio Negro e o Solimões, a partir do qual o rio recebe o nome de Amazonas até à foz, fenómeno a que assistimos. 
Continuamos a subir o Solimões, ora de navio, ora de piroga, através da floresta onde vimos povos indígenas, com as suas exibições de giboias ao pescoço, macaco, aves belíssimas, a gigantesca flor Vitória - Régia, para além de termos comido alguns alimentos difíceis de descrever, porque felizmente não cheguei a saber o que eram. 
A certa altura uma senhora que na piroga ia cheia de medo dos jacarés que nunca vimos, resolveu com o seu olhar assustado, chamar hipopótamos, certamente amazónicos, às capivaras que pacificamente se banhavam. 

De regresso ao Rio de Janeiro, ainda visitámos uma das favelas que o rodeiam. 
Imaginei então que se toda aquela gente que vive muitas vezes em condições sub-humanas, descesse e invadisse a cidade, não seria uma forma de combater a desigualdade. 
Pus a questão aos meus acompanhantes locais. 
Disseram "O povo não é revolucionário. Acomoda-se" 
Na verdade, parte do povo elegeu Bolsonaro, mas também recentemente na sua maioria foi capaz de eleger Lula, um Presidente que tem pugnado pela igualdade, justiça, soberanía nacional e também pela Paz no Mundo. 



 

Que País fala Inglês na actual União Europeia? | Marques Pinto - Vogal da direcção

 

Que País fala Inglês na actual União Europeia?

Marques Pinto - Vogal da direcção

 

Li há poucos dias, por acaso em língua Portuguesa, num dos portais que a União Europeia mantém na Internet um conjunto de anúncios, creio que seis, para admissão de funcionários e técnicos que queiram servir naquela organização e com vencimentos muito apelativos nomeadamente para portugueses, mas calculo que dentro do actual grupo de países endividados deste aglomerado Europeu, haverá muitos concorrentes de várias nacionalidades.

 

Claro que alem dos chorudos vencimentos era também referido que haveria ainda subsídios e regalias suplementares, mas estes não eram especificados.

 

Contudo o que me chocou e mais atenção me prendeu foi que todos os anúncios de emprego referem a necessidade – exactamente – a obrigação de falar uma língua de um País que não pertence já à União Europeia.

Refiro obviamente a imperiosa exigência de todo e qualquer candidato ter de dominar a língua Inglesa, sabendo todos nós que tal língua não é falada como língua mãe em nenhum dos actuais 27 ou 28 países da EU e mesmo dos que esperam entrar em breve, também nenhum desses países tem a língua inglesa como língua oficial do seu País.

 

Todos nós temos presente que a língua quer falada quer escrita sempre foi a primeira preocupação ao longo dos séculos que todo o invasor ou conquistador tinha ao dominar um território e o seu povo como o principal factor de colonização, e as línguas nativas em muitos casos nem sequer eram toleradas perante a presença do colono dominador

 

Não terá a língua Francesa como língua latina a compreensão de muitos países da dita União onde as línguas oficiais são até de origem latina comum?

            Esta União, parece cada vez mais aproximar-se de um grupo em que dois ou três países representando o interesse dum “colonizador” pretendem impor as suas regras, mesmo que essas ditas regras vão contra o interesse da maioria.

 

         Será que um patrão exterior e exigente colonizador desde os anos 40 do passado século obriga a serem obedecidas, para talvez não ter de ensinar aos seus agentes uma outra língua e assim evitar de mandar traduzir as ordens e instruções.

É PRECISO TRAVAR O NEOFASCISMO - Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

É PRECISO TRAVAR O NEOFASCISMO
Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral


Steve Bannon, ideólogo de Trump e Bolsonaro, entre outros, concretizou bem a tarefa de relançar as raízes do ideário neofascista, não apenas nos EUA e América Latina, mas também na Europa, incluindo Portugal.
Diversos acontecimentos sociais, têm contribuído para a difusão desta ideologia de tão trágica memória.
Escreveu Prabhat Patnaik, " o neofascismo vem para evitar o colapso do neoliberalismo".
Com o capitalismo numa severa crise, vamos analisar os métodos que vêm sendo utilizados para tornar vulnerável a nossa sociedade.
A política neo fascista actual, vive da cultura do medo, ressentimento, fanatismo fundamentalista e de uma postura social, em que a distinção entre a verdade e a mentira, desemboca em realidades alternativas.
A cultura é menorizada e a normalização da ignorância programada, para destruir o espírito cívico, o conceito de cidadania, bem como a omissão ou o desvirtuamento da memória histórica.
O objectivo é mergulhar a nossa sociedade na subjugação, no unanimismo, na negação e no silenciamento dos oprimidos.
Conta com a violência, o ódio racial e de classe, a xenofobia e a progressiva redução da livre expressão de pensamento, isto é das instituições e práticas democráticas.
Neste contexto de mudança é precisa uma nova linguagem, para limitar a concentração das diversas formas de controlo e domínio da sociedade.
É necessário que os jovens se identifiquem com este novo combate e estejam aptos a reconhecer as questões abordadas e saber isolar as ficções que mantêm os sustentáculos da desigualdade.
É interessante ter presente que " a educação sempre foi fundamental para a política, mas raramente é entendida como um local de luta sobre como as identidades são moldadas, os valores são legitimados e o futuro definido " (1).

Assim a juventude deverá recorrer a pedagogias de resistência, políticas e culturais, recusando a apologia da guerra, da militarização e da masculinidade. 
Não deve deixar silenciar os hábitos sociais e criar uma cultura de desinformação e de ausência de crítica. 
Deverá ter bem a noção que o neofascismo hostiliza a cidadania universal e o apelo à igualdade e à dignidade. 
Mas na verdade e acima de tudo, o país necessita urgentemente de mudar, de mentalidade e de visão, de políticas governamentais e empresariais. 
Para não abrir brechas por onde se introduzam os vendedores de ilusões neofascistas, o governo deve preservar os movimentos associativos e populares, defender os direitos e garantias da classe trabalhadora, promover os serviços públicos como o SNS, a Educação e a sustentação do meio ambiente. 
Deverá ser firme no combate à pobreza e precaridade, aumentando os salários, situação que a não se concretizar, irá afectar a qualidade de vida do país, perder para a emigração os mais qualificados, empobrecendo-nos irreversívelmente. 

Compete portanto aos democratas e anti-fascistas e em especial aos mais jovens estar permanentemente atentos a todas as as tentativas de infiltração mais ou menos claras, desta ideologia aberrante e lutar sempre pelos direitos, liberdades e garantias como preconiza a Constituição da República e repudiar todas as formas de opressão e desvirtuamento duma sociedade que se quer mais justa, mais igual e mais fraterna. 

(1) Henry A. Girone - Política fascista na era do capitalismo neoliberal, confrontando a domesticação do inimaginável - Counterpunch, 11 de Abril 2023

 

O FIM DE UM IMPÉRIO? Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 O FIM DE UM IMPÉRIO?
Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 

 

Os impérios mais duradouros, foram geralmente construídos pela conquista através da força militar, a atemorização e a imposição do domínio económico, da cultura, da religião, do edifício jurídico e da língua.
Seguiu-se a exploração dos recursos humanos, naturais e geográficos.
Muitas vezes implicou a construção de património construído, militar, religioso e urbano.
Desde o Império Romano e mais recentemente através do Império Britânico, Espanhol e Português, a língua foi um dos principais veículos desta subjugação.
Os impérios coloniais na sua formulação clássica, acabaram com a descolonização portuguesa último país europeu a levá-la a cabo.
No entanto Portugal, terá sido dos únicos países que durante o período do seu império, para além das usuais práticas de violações e saques, se relacionou com os povos indígenas, naquilo que se veio a designar por miscenização.
Não deixa de ser portanto relevante que o inglês seja práticamente uma língua universal, e que países relativamente pequenos como Portugal e Espanha, tenham a respectiva língua falada em todos os continentes à excepção da Oceânia.

Actualmente, o paradigma imperial são os EUA que surgiu após o colapso do Império Britânico.
O domínio é exercido em princípios adaptados à era moderna.
Baseia-se na supremacia militar, económica, tecnológica e cultural.
No que se refere à supremacia militar o professor David Vine, docente de antropologia da American University, Washington DC, estima que conhecidas, os EUA possuam 740 bases militares fora do seu território.
Na Alemanha 118, no Japão 119 e na Itália 44.
Para além do fornecimento de material de guerra, formação do pessoal e serviços de informação, comando e controlo.
Recorrem ainda ao mais diverso tipo de organizações que asseguram o domínio económico, político e tecnológico, sendo exemplos bem conhecidos a ONU, o FMI, a NATO, a CIA para controlo dos governos, e a gestora de activos transnacionais Black Rock.
Caso necessário têm recorrido à ocupação militar, sanções ou bloqueios.
Através destes meios, os EUA canalizaram para si uma parcela desproporcional da riqueza mundial. Impuseram uma série de acordos sobre a maioria das outras nações que garantiram que a maior parte do comércio internacional utilizariam o dólar como moeda de troca.
Mas apesar de tudo isto, o mundo está em acentuada mudança.

Muitos países têm escapado à órbita da unipolaridade e o dólar vai perdendo influência.
A partição dos EUA no comércio mundial, de acordo com projecções do FMI caiu de 21.5% em 1990 para 15.4% em 2022.
Segundo John Michael Greer, a dívida federal dos EUA cresce 2 triliões de dólares anuais, já atingindo hoje um total de 31.7 triliões de dólares.
Desta forma, o limite da dívida externa norte americana está novamente à beira de ser excedido.
Decorrem negociações entre os democratas e os republicanos para mais uma vez aumentar este limite, prática já efectuada dezenas de vezes, o que terá de provocar a alteração do programa económico de Biden. 
Seria extraordinariamente grave para a economia global se os EUA entrassem em "default", isto é, a incapacidade de honrar os compromissos da dívida e a impossibilidade de imprimir mais dinheiro em moeda nacional. 
Os seus maiores credores são de longe a China, seguida da Inglaterra, Holanda e Suíça. 

Mas neste âmbito voltando ao título deste texto, é necessário um aviso àqueles que precipitadamente celebram a próxima queda do Império norte-americano. 
Este dispõe ainda de enormes recursos estratégicos em várias áreas quer industriais, intelectuais, minerais, militares e acima de tudo resiliência. 
Embora seja previsível que passem por uma enorme turbulência, poderão ser capazes de retardar uma eventual queda se reequiparem a economia para produzir riqueza na forma de bens reais e serviços não financeiros e assim combater a desindustrialização, a precarização do trabalho, o desemprego e a inflação. 
E não de somenos importância, têm a língua inglesa que impera nas tecnologias, na informação, nas relações entre os povos, nos meios de comunicação, no cinema e na cultura. 
E é este património que o próximo possível império emergente que é a China, está muito longe de ter.

 

Os Impérios actuais - Marques Pinto | Vogal da direcção

 

Os Impérios actuais
Marques Pinto | Vogal da direcção

 

 

  Vivemos na Europa, e tentámos sempre fazer crer ao resto do mundo que foi neste Continente, especialmente na sua zona Sul que se iniciaram as civilizações mais evoluídas, esquecendo ou tentando ignorar o que se passava no extremo oriente e no Império do Meio como se designava a actual China há muitos séculos.

 

  Claro que não podemos negar que primeiro a partir da Grécia e depois de Roma os ditos “povos mais civilizados e evoluídos” foram pela “lei da força e poder militar tentando educar e conquistar as populações de outras terras e culturas” e assim se foram formando novos Impérios com povos subjugados obrigados a pagar através de variados tipos de impostos o “favor” de terem sido invadidos e na maior parte dos casos a serem espoliados dos seus bens e riquezas naturais que á superfície ou no subsolo interessavam aos invasores.

 

  Todos nos lembramos como ao longo do tempo de escola ou já no ensino secundário tais acontecimentos históricos nos foram ensinados como tal se tratasse duma benfeitoria que os mais fortes e poderosos dispensassem em relação aos subjugados.

  Claro que esta “prática” se prolongou por mais de quarenta séculos, variando nos modos e meios utilizados mas tendo o denominador comum da exploração dos mais fracos ou menos aguerridos pelos mais poderosos.

  Nos últimos sete séculos assistimos a um outro tipo de domínio e opressão quando os Europeus descobriram que a Sul do seu continente havia outros mais fáceis de explorar com menos meios militares e com riquezas interessantes e úteis para os “cultos e desenvolvidos” povos europeus e assim passou-se aos domínios coloniais em África e na Ásia.

  Os tempos passaram e os incultos foram-se cultivando e começaram a ter a noção de que serem dominados e maltratados e ainda por cima enriquecendo os que vieram ocupar e mandar nas populações locais teria de terminar e iniciaram as suas lutas de libertação tendo em cerca de meio século alterado quase completamente o quadro do domínio colonial em África e na Ásia.

 

  Curiosamente num outro continente, houve um grupo de pequenos estados/colónias que depois de terem quase exterminado as populações indígenas locais, lutaram pela sua independência fiscal em relação á Inglaterra e se tornarem numa nação de estados federados, percebendo que a sua posição geográfica isolada por dois grandes oceanos tal lho facilitava e permitia e a riqueza natural muito ajudava.

  Este novo aglomerado de pequenos estados decidiu no século 19 anexar mais  4 estados dum país vizinho construindo pela lei da força quase metade do seu actual território, alem dalgumas ilhas no Oceano Pacífico, porque nenhum dos países “roubados” tinha força militar nem apoios de terceiros que permitissem evitar tais anexações “manu militare”.

 

  Curiosamente há cerca de 80 anos e depois duma guerra devastadora e desastrosa para toda a Europa, tornou-se fácil com apoio dos seus pares e antepassados residentes na grande ilha -conhecida por Grã-Bretanha, - desenvolver um processo que criasse grande dependência financeira para a reabilitação dos estados do centro europeu e a fidelização dos principais políticos europeus – processo esse que mais tarde e com economias já tendentes à independência económica face ao Plano Marshall - obrigou á criação dum novo esquema de domínio financeiro, muito facilitado pela criação duma federação europeia com lideres escolhidos e sempre nomeados com apoio e acordo dos EUA – e da qual posteriormente ajudaram e apoiaram a saída da Inglaterra no tão discutido Brexit – podendo assim os EUA dispor dum aliado incondicional e independente da União Europeia para dar o grande golpe económico nesta velha Europa tão dividida por interesses de toda a ordem, mas governada por um grupo de dirigentes dependente e sempre obediente aos interesses políticos, financeiros e económicos dos EUA e que apesar dos sucessivos escândalos de corrupção aos mais altos níveis sempre se manteve e mantém sem qualquer tipo de ameaça de investigação séria, vejamos o caso das vacinas Covid, e da relação familiar em quem compra e quem vende por valores que se mantém segredo, vejamos as compras de armamento que seguem para alem fronteiras e sem saber quanto vai custar aos povos europeus a aquisição de novo, só se sabendo a quem vai ser comprado.

 

  Séculos passados o velho sistema Imperial não se esgotou.

  O domínio dos grandes e poderosos Impérios mantém-se inalterável apoiado como sempre na ameaça duma própria poderosa força militar e jogando muitas vezes no terreno com outras forças militares dos seus “súbditos” que recebem a paga por diversos meios mas alimentam no terreno as guerras de interesses estranhos com a vida dos seus naturais.

 

  Vamos assistindo a muitas horas e inúmeros folhetins de discussões de assuntos de mera coscuvilhice política do quem disse ou quem fez isto e aquilo e nem se permite que aflorem os principais problemas que esta nossa população trabalhadora com vencimentos de miséria, vai ouvindo sobre membros do governo, agentes políticos e funcionários de empresas publicas com vencimentos de largas dezenas de  milhar de euros e muitas outras prebendas, que se passeiam pelo nosso Portugal e pelo estrangeiro e até recebem subsídios para compensar dias de férias que dizem não ter gozado...

 

  Vamos empobrecendo rapidamente com a estagnação dos salários com níveis crescentes e preocupantes de população já em estado de mera sobrevivência, e já com muitos idosos sem família a serem “convidados” a abandonar os lares de terceira idade por não poderem pagar as mensalidades que dada a inflação crescente se tornam incomportáveis para as magras reformas que eles próprios recebem ou os seus familiares podem suportar.

COMUNICADO

 

COMUNICADO

A Associação Conquistas da Revolução(ACR) tem a honra de comunicar a todos os seus associados e amigos que no passado dia 16 de Maio, o General Vasco dos Santos Gonçalves, referência primeira da nossa Associação, foi agraciado com a Ordem da Liberdade por S.Exa o Presidente da República.
Anti-fascista, Militar de Abril, co-redactor do Programa do MFA, Primeiro-Ministro de Julho de 1974 a Setembro de 1975 no período mais criativo da Revolução dos Cravos, Vasco Gonçalves foi inquestionavelmente um dos mais ilustres Capitães de Abril.
Fazendo jus à sua opção de adesão ao então Movimento dos Capitães, sendo então já Coronel de Engenharia do Exército, sempre procurou ser parte igual do Movimento em conjunto com todos os camaradas, que muito respeitava, evitando qualquer liderança que a sua antiguidade pudesse suscitar.
Foi, porque assim o quis, um Capitão de Abril, da primeira e de todas as horas!
Por força do amor ao povo que somos ganhou o desamor dos contra-revolucionários.
Viverá para sempre no nosso coração, como o “Companheiro Vasco”, o que reforça a nossa inquebrantável vontade de lhe erigir um monumento.

INFORMAÇÃO

INFORMAÇÃO

 

No passado dia 3 de Maio, completaram-se 102 anos da data de nascimento do General Vasco Gonçalves. Para assinalar a efeméride, realizámos uma sessão convívio comemorativa e a antecipá-la, uma reunião alargada à Comissão de Honra das Comemorações do Centenário do nascimento do General, com o objectivo de fazermos um ponto de situação do projecto de construção do monumento e debater propostas de prosseguimento das acções tendentes àquele objectivo.


Abriu a sessão o Presidente da Assemblei Geral.


Pelo Presidente da Direcção foram apresentadas as seguintes propostas:

 

  1. Preparar iniciativa, inserida no 50º Aniversário do 25 de Abril, numa data emblemática (5 de Outubro de 2023, 1 Dezembro de 2023, 25 de Abril de 2024, 1 de Maio de 2024), de inauguração virtual do monumento com projecção holográfica no local escolhido, na Alameda D.Afonso Henriques.

Sendo necessário:

  • Garantir o local para uma iniciativa própria
  • Angariar fundos para suportar o evento ( pequena expressão)
  • Promover uma campanha de divulgação nas redes sociais e presencial, focada na cidade de Lisboa

     2. Iniciar de imediato a subscrição pública para a construção do Monumento

          Sendo necessário:

  • Criar uma comissão dedicada, com participação de um jurista
  • Promover sessões de apresentação do projecto em várias localidades do país
  • Contactar o Gabinete do Arq, Álvaro Siza para encontrar soluções para a construção e acompanhamento da construção do Monumento
  • Preparar proposta a enviar à CMLisboa para doação do Monumento

 
    3. Insistir na exigência de apresentar à Câmara e à Assembleia Municipal a proposta de construção conjunta do Monumento

          Sendo necessário:

  • Promover a divulgação do projecto nas redes sociais
  • Promover iniciativas em várias localidades da cidade (freguesias)
  • Mobilizar os associados para presença nas iniciativas.


Aberta a discussão sobre as propostas, o nosso associado, major-general Jorge Aires, fez uma importante intervenção que consta, na íntegra, do nosso “blog” e da qual se transcreve:


Passam hoje 102 anos do nascimento desse Homem que, na sua circunstância, quis dedicar-se integralmente e integramente ao Povo de onde emergira. 

Nesta data de aniversário do nascimento do Gen Vasco Gonçalves temos entre mãos um Projeto que abraçamos com denodo - inaugurar, em Lisboa, na Alameda que tem o nome do fundador da nossa nacionalidade, o monumento ao maior obreiro dessa Aliança(refere-se à Aliança Povo-MFA)ao General Vasco dos Santos Gonçalves, o Companheiro Vasco.
Trata-se de um Projeto que, como já foi dito, Lisboa merece e  Portugal engrandece.


Perante um Projeto, as boas práticas aconselham uma análise à exequibilidade de objetivos. No caso em apreço a dimensão do Homem e o reconhecimento do que foi o seu contributo para a História contemporânea de Portugal, por mais escassos que os recursos se apresentem, impõe-se apelar à Vontade e Querer de todos nós para superar a, sempre presente, escassez de recursos. E a nossa Vontade é de não desistir.

Parabéns à ACR e à Comissão de Honra que até aqui nos trouxe.
Saibamos, todos, dar-lhe continuidade e concretização.

Disse.”

Seguiram-se intervenções de outros participantes, solicitando esclarecimentos das propostas e/ou manifestações de apoio às propostas, com especial
relevância por parte de João Bernardino, Presidente da CCPRD e do Presidente da Direcção da Casa do Alentejo, João Proença.

Houve consenso quanto às propostas de acção, sendo a data do 5 de Outubro apontada como adequada para a inauguração virtual do monumento.

Intervenção do Major-General Jorge Aires em 3 de Maio por ocasião das comemorações do 102º aniversário do nascimento do Gen. Vasco Gonçalves

 Intervenção do Major-General Jorge Aires


Passam hoje 102 anos do nascimento desse Homem que, na sua circunstância, quis dedicar-se integralmente e integramente ao Povo de onde emergira.


Ao Gen Vasco Gonçalves muito se fica a dever da ação de destruição do estado fascista. Muitos para isso contribuíram e a isso ele soube e foi capaz de dar alento, impulsionamento e direção.

As vicissitudes da Revolução, a incapacidade de entendimento entre aliados naturais, a arte das forças contra revolucionárias, a falta de discernimento de muitos democratas que cederam e ali encontraram aliados de circunstância e a pro ativa cedência às teses da soberania partilhada como soberania reforçada, conduziram à encruzilhada com que o Portugal de hoje está confrontado.

Decorridos quase 50 anos depois do anúncio do Programa do MFA e os seus 3 D, comemorado a 2 de abril mais um aniversário da Constituição da República, respaldo essencial à nossa vida como País independente, há que reconhecer termos vivido desde novembro de 75, um processo de adulteração e destruição do que o MFA possibilitou e a Constituição consagrou e, apesar de amputada, consagra.

Como o Gen Vasco Gonçalves assinalou, ele foi um homem do MFA e como tal merece e deve ser recordado.
Pugnador da aliança Povo-MFA como motor da revolução, confluímos no processo da institucionalização do regime democrático vendo aprovada uma Constituição da República que no seu Artigo 275º prescreve que as "Forças
Armadas obedecem aos órgãos de soberania competentes, nos termos da Constituição e da Lei."; para logo de seguida acrescentar que "As Forças Armadas estão ao serviço do povo" (...).
A explicitação constante da Constituição sobre a quem servem as nossas Forças Armadas é suficientemente clara para se poder afirmar estarmos perante uma dimensão do Estado que não está ao serviço deste ou daquele modelo de organização sócio económica, mas está ao serviço do nosso Povo. Também aqui e sob este prisma se pode reconhecer em certa medida a consagração na Constituição do que visava a Aliança Povo-MFA.

Nesta data de aniversário do nascimento do Gen Vasco Gonçalves temos entre mãos um Projeto que abraçamos com denodo - inaugurar, em Lisboa, na Alameda que tem o nome do fundador da nossa nacionalidade, o monumento ao maior obreiro dessa Aliança o General Vasco dos Santos
Gonçalves, o Companheiro Vasco.
Trata-se de um Projeto que, como já foi dito, Lisboa merece e  Portugal engrandece.
Com os pés ancorados em terra firme importa termos uma visão e um referencial de ação para a concretização do Projeto que se apoiem numa análise avisada do caminho a desbravar, dos obstáculos que se colocarão (cujo universo não se esgota nos que já estão identificados) e dos
ensinamentos a colher de outras situações ocorridas.
Comecemos por estas últimas.
Recordam-se do número de anos e peripécias com que a Associação 25 de Abril foi confrontada depois de expulsa do Forte do Bom Sucesso até conseguir a sua sede em Lisboa?
Entre a saída do Forte do Bom Sucesso e a inauguração da sede atual terá passado mais de uma década. Por contraste, refira-se a atribuição da Casa dos Bicos à Fundação José Saramago. Neste último caso havia que capitalizar politicamente no sucesso que foi a atribuição ao Autor do Prémio Nobel e isso pode explicar como as coisas se passaram.
Se o processo associado à sede da Associação 25 de Abril nos pode ensinar que 10 anos foi muito tempo, acresce que, atentas as diferenças entre as motivações políticas que ambas as decisões de concessão podem refletir (o da sede da Associação e o do Monumento ao Gen Vasco Gonçalves), justifica-se que só possamos esperar dificuldades acrescidas.
Temos assim o emergir de uma visão e referencial de ação ancorado nas seguintes ideias mestras:

  • Uma intervenção cívica por tempo de duração indeterminada mas longo;
  • Um caminho a percorrer que se fará caminhando, e uma equação de recursos a resolver.

Quando falo em recursos impõe-se aprofundar.

Perante um Projeto, as boas práticas aconselham uma análise à exequibilidade de objetivos. No caso em apreço a dimensão do Homem e o reconhecimento do que foi o seu contributo para a História contemporânea de Portugal, por mais escassos que os recursos se apresentem, impõe-se
apelar à Vontade e Querer de todos nós para superar a, sempre presente, escassez de recursos. E a nossa Vontade é de não desistir. Contudo, importa ter presente a imprescindibilidade de construir uma Torrente Social de
apoios e iniciativas que progressivamente confrontem a Autarquia de Lisboa com a insensatez e desconsideração da História que a sua postura neste Projeto consubstancia.

A prioridade para a congregação de recursos vai para a construção dessa Torrente Social que há-de ser o desaguar de múltiplas iniciativas concorrentes para a finalidade pretendida, inaugurar o Monumento em Lisboa na Alameda, local para onde foi projetada pelo ilustre Arquiteto Siza
Vieira.
E é esta a temática que na nossa discussão merece prioridade e que a ela dediquemos a nossa imaginação, para construirmos uma fita de tempo de iniciativas que materializem a Torrente referenciada.
Justifica-se relembrar o que aqui já foi referido em conversas anteriores, projetar iniciativas nas mais importantes cidades do País em torno do Projeto. Essas iniciativas e os seus resultados ajudarão a contrastar o apoio que o Projeto recebe, com a falta de apoio que a autarquia de Lisboa tem evidenciado.

Parabéns à ACR e à Comissão de Honra que até aqui nos trouxe.
Saibamos, todos, dar-lhe continuidade e concretização.
Disse.

DELENDA CARTAGO | Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

DELENDA CARTAGO

Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral


Vive-se actualmente num ambiente anti-russo que acicatado pela comunicação social e respectivos mandaretes,  se está a tornar numa paranóia afectando grande parte da nossa opinião pública.
Catão o Antigo, terminava invariavelmente os seus discursos com a frase Delenda Cartago, "Cartago deve ser destruída" que se tinha transformado numa obsessão. Cartago era uma poderosa Cidade-Estado localizada na actual Tunísia, concorrente da Roma Imperial.

  • Parece ser então urgente apagar a Rússia, quer do seu papel decisivo na derrota do nazi-fascismo na 2ª Guerra Mundial, quer de quaisquer manifestações desportivas, culturais ou históricas. O Ocidente está enfermo. Delenda Rússia.
  • É imperativo mobilizar todos para a Ucrânia rapidamente e em força. Esgotem-se os arsenais da UE, engorde-se a indústria militar norte-americana. Delenda Rússia.
  • Que sejam anatemizados os jornalistas, os políticos, os comentadores, os militares e todos os que tenham opinião. Todo o contraditório será castigado. Censure-se a liberdade de expressão do pensamento. Expulsa-se até um professor da Universidade de Coimbra. Delenda Rússia.
  • Todas as violência do neoliberalismo serão toleradas. Todos os ataques à liberdade e direitos individuais e colectivos serão incentivados. Condenem-se as mobilizações anti-fascistas e todas as batalhas democráticas. Delenda Rússia.
  • Ressuscite-se Bellini para criar uma nova "Norma", que faça soar o tambor da guerra, mesmo que ocorra uma hecatombe na Ucrânia, pondo em risco o futuro da humanidade. Delenda Rússia.
  • As lições da história não colhem no nosso tempo. Mas as obsessões que fizeram história permanecem na memória dos homens. Delenda Rússia.

Núcleo do Porto - Ciclo de conferências 12 de Maio | Portugal de Abril - os primeiros 50 anos | primeira sessão "Escola democrática - conquista de Abril"

 

 

Inserida no ciclo de conferências "Portugal de Abril - os primeiros 50 anos",realizou-se no Porto a primeira sessão, em 12 de Maio, intitulada "Escola democrática - conquista de Abril".
 
 

 
No painel de participantes estão: Manuel Matos, docente universitário, Manuel Carvoeiro, inspector do ensino, e os professores Eduardo Ricardo, Mário David Soares e Sónia Duarte.
 
 

 

 


TRÊS HISTÓRIAS DE VIAGENS Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

TRÊS HISTÓRIAS DE VIAGENS
Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 Agora que ultrapassámos um intenso período de actividades comemorativas do 49º aniversário do dia 25 de Abril, decidi alterar de novo o tema do meu texto.
Das várias experiências que vão contribuindo para a formação de cada um de nós e que são o peso da vida de um homem, umas vindas da família, outras do meio académico e profissional, a viagem é para mim uma das mais enriquecedoras, pelas oportunidades que proporciona de observar novos ambientes, a cultura, a história e os costumes de outros povos aparentemente diferentes.
Vou relatar três das viagens que pela sua natureza, se tornaram inesquecíveis.

Em Março de 1975, deslocou - se á URSS uma delegação composta por militares e civis chefiada pelo então Ministro do Trabalho, major Costa Martins.
Para além de visitas a vários locais, o objectivo mais importante era falar com os responsáveis soviéticos acerca da revolução portuguesa.
Fomos recebidos pelo Presidente do Conselho de Ministros A. Kossiguine, pelo 1Vice Ministro e o General Sergei Sokolov, chefe do Departamento de Relações Internacionais.
Das reuniões havidas, ficou bem claro que a URSS não estava interessada em qualquer tipo de intervenção ou interferência em Portugal e face à situação internacional que se vivia, não pretendia hostilizar a NATO.
E assim foi.
Os pormenores desta viagem, foram apresentados no texto que publiquei em Dezembro de 2020 "Vêm aí os russos - do mito à realidade".
O que ficou por contar, é que fazia parte do programa uma deslocação da delegação militar à Base Naval de Sebastopol na Crimeia.
O almoço decorreu num enorme salão, completamente cheio que tinha um grande palco.
Quase a terminar esta cerimónia, abriram - se as cortinas e no palco apresentou-se o Coro dos Marinheiros do Mar Negro.
Cantaram belas canções russas, até que se lembraram de nos convidar a juntarmo-nos a eles.
Ouvimos então os primeiros acordes da canção "Grândola Vila Morena", com o coro a fazer a música de fundo e nós lá ficámos de braço dado e não tivemos outra solução senão fazer de solistas.
Mas quem é que honestamente sabe toda a letra desta canção?
A dada altura, cada um cantava um verso, com os movimentos oscilatorios do corpo a acompanhar o ritmo cada vez mais desencontrados e lá terminámos a actuação de uma forma muito pouco abonatória.
Após esta penosa exibição abandonamos o palco, ainda assim generosamente aplaudidos.
Mas esta visita estava fadada a ser aziaga.
Tinha-me sido atribuída a função de proferir os discursos oficiais. Desta vez após uma empolgante improvisação, julgava eu, porque a tradução me pareceu algo abreviada, fiz as habituais saudações e atirei o copo do vodka para trás das costas.
Fez-se um silêncio sepulcral, apenas quebrado pelo barulho das prestimosas vassouras a varrer os cacos, porque desta vez não era o copo adequado para ser sacrificado, por pertencer ao serviço de louça de um czar, apenas utilizado em ocasiões especiais.

A viagem seguinte teve início no Laos, país relativamente pobre mas rico em património.
Visitamos o Mosteiro de Luan Prabang e seguimos pelo rio Mekong, cujas águas haveria de sulcar mais vezes nesta aventura, para ver as impressionantes cavernas de Ban Pak, onde se expõem milhares de estátuas de Buda.
Seguimos para o Camboja, com o principal intuito de conhecer a monumental edificação de Angkor Vat, desejo que me perseguia há muito devido à respectiva descrição nos livros de Emílio Salgari, companheiros da minha infância.
Entrámos finalmente no Vietname, o principal objectivo deste percurso.
Começámos por Ho Chi Minh ex Saigão, que é uma cidade moderna e bem traçada. Possui numerosos museus, muitos evocativos da guerra contra os EUA.
Passámos a Hanoi, cidade com traços da colonização francesa, muito bonita e com um lago bem enquadrado que ajuda à elegância do conjunto.
Fomos assistir a um teatro aquático de marionetas muito original. Por todo o lado remeniscencias da guerra.
Visitámos vários outros locais turísticos como a Baía de Halong, campos com túneis subterrâneos, praias, até que chegámos a Hué, cidade medieval muito bem conservada, onde resolvi ir a uma loja cuja especialidade era colocar os pés dos clientes num tanque, onde peixes se encarregavam de lhes retirar eventuais impurezas.
Mas como aparentemente não encontraram nada de muito substancial, resolveram começar a morder - me desapiadadamente os pés, o que me fez abandonar a sessão e fugir descalço para a rua.
Fiquei muito impressionado com o Vietname.
Adoptaram o regime chinês dos dois sistemas, situação que não é do total agrado de alguns antigos combatentes mais ortodoxos com quem tive a oportunidade de falar.
Tem bons hotéis, come-se bem e é surpreendentemente limpo.
Com a capacidade de trabalho, determinação e frugalidade daquele povo, estou plenamente convencido que em breve será um país a ter um grande protagonismo regional.

E a última desta série de viagens foi à Patagónia.
Entramos pela Argentina em Buenos Aires que é uma cidade deslumbrante, não só pelo seu enquadramento paisagístico, mas também pela vida, pela cultura, pelo tango e até pelo rugby.
Sob o ponto de vista urbano é uma cidade europeia.
Passamos pelos respectivos locais mais icónicos tais como, o Bairro La Boca e a Rua Caminito, com os seus heróis populares, Maradona, Carlos Gardel e Evita Peron, imortalizados numa varanda e ainda 
O Obelisco, a Rua Corrientes e a extraordinária biblioteca no Teatro Ateneo, o Teatro Cólon, o Palácio presidencial, a Casa Rosada e o cemitério La Recoleta onde jaz Evita Peron.
Com alguns companheiros resistentes das ditaduras principalmente de Jorge Videla, passei por prisões e outros locais onde actuaram os torcionários.
Seguimos então para o Sul, deslocando-nos ao magnífico glaciar Perito Moreno, até entrarmos na Patagónia Argentina que é uma autêntica ante-câmara da Antártida.
Julgo ser uma das últimas grandes maravilhas da natureza, quase intocada.
Com uma variedade de glaciares belíssimos e uma flora e fauna especiais, onde sobrevivem os pumas e as alpacas e no litoral milhares de pinguins e muitas orcas.
Chegamos então a Ushuaia, a cidade mais a sul do continente americano.
Embarcamos num cruzeiro que numa indiscritivel travessia através de vários glaciares  braços de mar e locais de desembarque, passamos o cabo Horn e chegamos a Punta Arenas no Chile.
Há por todo o lado evocações ao português Fernão de Magalhães.
Daqui viramos a Norte, a Puerto Natales, porta de entrada da Patagónia chilena e ao Parque Nacional Torres del Paine, onde continuou o nosso assombro pelos vários espectáculos naturais que nos foram proporcionados.
Atingimos então Santiago do Chile, cidade muito espanhola.
Lá, passámos pelo Palácio de La Moneda e seguimos o percurso de Salvador Allende, conversámos com as mães da Praça de Maio.
Fomos a Vina del Mar e de seguida visitamos La Sebastiana, casa de Pablo Neruda em Valparaiso, cidade com um espantoso colorido e localização. 
Para além da paisagem única da Patagónia, quero destacar a passagem pelo temível cabo Horn. 
Em dias de mar chão os mais afoitos conseguem lá desembarcar e subir até um Farol que possui um livro para os visitantes escreverem o que lhes aprouver. 
É claro que para um português e marinheiro como eu, algo teria de deixar registado em tão mítico lugar. 
Resolvi então, escrever o poema "Mar Português" de Fernando Pessoa mas como me esqueci dos últimos versos, acrescentei uns versos dos "Lusíadas" de Camões. 
E assim pelos caprichos de uma má memória, lá deixei um poema em que juntei os dois maiores poetas da língua portuguesa.

 

Intervenção de Baptista Alves, presidente da direcção da ACR | almoço comemorativo do 25 de Abril promovido pelas associações e clubes militares

O 49º Aniversário do 25 de Abril de 1974

Almoço de militares

Intervenção de Baptista Alves, presidente da direcção

 

 

No próximo dia 25 de Abril, completamos 49 anos da data gloriosa do 25 de Abril de 1974, que nos libertou do jugo fascista, e deu origem ao pujante processo revolucionário que haveria de transformar radicalmente a sociedade portuguesa numa sociedade livre e democrática e, nos exactos termos da CRP de 1976, “de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país livre, mais justo e mais fraterno”.

 

Sim, camaradas, o tempo passou, mas na nossa memória  permanecem vivas as razões que nos fizeram acordar:

   

-Que à data do 25 de Abril de 1974, o povo português era um povo empobrecido e oprimido por um regime ditatorial fascista, suportado num forte aparelho policial repressivo;

 

-Que o nosso país era um dos mais atrasados da Europa e se encontrava exaurido por 14 anos de guerra colonial em três frentes: Guiné, Angola e Moçambique;

 

-Que o Portugal de então, isolado pela comunidade internacional, em particular nas Nações Unidas, onde se afirmavam os princípios da autodeterminação e libertação de todos os povos do Mundo - se encaminhava teimosamente para um desastre de proporções catastróficas.

 

Sim, camaradas, não esquecemos e não deixámos que se procure fazer esquecer:

 

-Que à feroz ditadura houve sempre quem não desse tréguas, mantendo viva a esperança na liberdade e na justiça social;

 

-Que nesse glorioso dia 25 de Abril de 1974, jovens militares das nossas Forças Armadas, jovens os comandados e jovens os comandantes - irmanados por um ideal comum- levaram a cabo um dos feitos militares mais relevantes da história de Portugal;

 

- Que o MFA, logo a 26 de Abril de 1974, apresentou o seu Programa ao povo português, o PROGRAMA DO MOVIMENTO DAS FORÇAS ARMADAS, no qual se preconizavam um conjunto de medidas- imediatas, de curto e de médio prazo- que se propunham liquidar o regime opressor, vencido, e lançar as bases para um futuro democrático de progresso e justiça social: os conhecidos três Dês do MFA (Democratização, Descolonização, Desenvolvimento);

 

- Que Portugal viveu nesse período revolucionário iniciado em 25 de Abril de 1974, a mais fantástica aventura colectiva de que há memória;

 

-Que a Constituição da República Portuguesa de 1976, apesar das 7 revisões constitucionais a que foi sujeita, ainda é uma das mais progressistas do Mundo e nela se encontram garantidos direitos fundamentais que urge CUMPRIR E FAZER CUMPRIR.

 

Somos todos militares de Abril, com muito orgulho pela Pátria que servimos e pela condição militar que nos é própria. Vivemos o nosso tempo ancorados nos ensinamentos dos nossos ancestrais, mas com os olhos postos no Futuro, o Futuro que Abril nos trouxe.

 

O Futuro a que não somos alheios nem deixámos que nos deixem de fora dele. Unidos nas nossas Associações e Clubes militares, saberemos, como sempre soubemos, honrar a farda que envergamos.

 

No próximo dia 25 de Abril, iniciámos também a contagem decrescente para o 50º Aniversário. É tempo para uma grande reflexão sobre todo este tempo, meio século, de espera para que Abril se cumpra.

Quão longe nos encontramos das promessas de Abril?

Educação para todos

Habitação para todos

Saúde para todos

Direito ao trabalho com direitos

Direito à Informação

Direito à Cultura e Desporto

 

Quanto dos avanços civilizacionais que Abril nos trouxe já ficaram pelo caminho: eliminados uns, outros condicionados, muitos sistematicamente esquecidos ou ignorados?

 

Um desfiar de retrocessos, ofendendo a Lei Fundamental do país, a Constituição da República Portuguesa, hoje mesmo sobre

a ameaça da 8ª tentativa de desvirtuamento … ou mesmo de liquidação, da ordem constitucional nascida da Revolução de Abril.

 

Não nos iludamos: Os derrotados em Abril, e seus sucedâneos, estão aí, agora às claras, com despudor, ameaçando valores e princípios fundamentais em que assenta a nossa Democracia.

 

Ganharam terreno, tanto mais quanto as promessas de Abril, foram ficando mais longe, a exploração de quem trabalha se acentua e a qualidade de vida regride:

-A erradicação da pobreza voltou a ser uma miragem;

-A saúde cada dia que passa é mais um negócio chorudo;

-A habitação um maná da especulação fundiária e imobiliária, e dos senhorios sem escrúpulos;

-O acesso à educação, à cultura, ao desporto, cada vez mais difícil para quem menos tem.

 

Estes e muitos outros retrocessos que podíamos alencar, alimentam o desânimo das novas gerações e propiciam o aliciamento pelos charlatães de todos os matizes, para aventuras de cariz racista, xenófoba e fascista.

 

Tudo sob a batuta dos grandes predadores apátridas a quem tem sido permitido sugar a riqueza nacional e acumular fortunas de dimensão obscena, empurrando grande parte da população portuguesa para a emigração ou para uma vida no limiar da pobreza.

 

Comemorar o 25 de Abril é afirmar a vontade do povo português em defender os valores de Abril.

 

Os tempos são difíceis, a nível nacional e internacional. Convivemos hoje com mais uma guerra na Europa, uma guerra sangrenta e de resultados imprevisíveis, para nós, para os europeus, para o Mundo e até para a existência da própria vida na Terra.

 

Por último, dizer-vos apenas:

 

Para compreender tudo isto, o 25 de Abril, a Revolução de Abril, são ensinamentos importantes e, em particular a Constituição da República Portuguesa de 1976, merece ser revisitada e pensada, também como mensagem de Paz, de convivência com todos os povos do Mundo, do primado da solução pacifica dos conflitos de interesse entre os Estados, do desarmamento geral, simultâneo e controlado, da dissolução dos blocos político-militares, em suma:

    

Um Mundo que é nosso de direito, na CRP e na Carta das Nações Unidas

 

          Viva o 25 de Abril

          Viva Portugal