Intervenção do Presidente da Direcção eleito, Baptista Alves

A encerrar o acto eleitoral o Presidente da Direcção eleito, proferiu a intervenção que se transcreve


Baptista Alves no uso da palavra



Boa tarde a todos

Cabe-me, na qualidade de Presidente da Direcção da ACR,  recém eleito por esta digníssima Assembleia, usar da palavra. Serei muito breve.

Em primeiro lugar, seja-me permitido uma referência especial ao Cmte Manuel Begonha e ao seu desempenho enquanto Presidente da Direcção anterior, na qual muito me orgulho de ter participado: pela sabedoria, pela dedicação total aos objectivos da nossa ACR e pela forma sempre simpática, mas determinada, como soube envolver todo o colectivo na concretização da actividade programada( não vamos esquecer facilmente as suas exaustivas agendas para as reuniões, das quais só saltavam tarefas depois de devidamente cumpridas). Bem haja, pelo muito que nos deu e pelo muito que fez e vai continuar a fazer, no desempenho das suas novas atribuições, na criação e consolidação da nossa ACR.

Em segundo lugar, cumprimentar todos os participantes na lista para os orgãos sociais agora eleitos, lista que tive a honra de propor, nas pessoas do Presidente da mesa da Assembleia, Manuel Begonha e Presidente do Conselho Fiscal, em exercício, José Élio Sucena, bem como os que comigo assumiram integrar a nova Direcção e naturalmente o representante da lista, Manuel Custódio.

Todos pelas Conquistas da Revolução.

Vasco Gonçalves, referência primeira da nossa Associação Conquistas da Revolução, dizia, num seu texto inédito: as conquistas eram tão conformes às legítimas e básicas aspirações do povo a uma vida melhor, eram tão equilibradas que, mesmo depois da viragem da correlação de forças, foram integralmente consagradas. E, acrescento eu: consagradas na CRP de 1976, aprovada em 2 de abril de 1976, já muito depois do 25 de Novembro de 1975 e mais ainda do fim do 5º Governo Provisório, em 19 de Setembro de 1975, o último dos quatro Governos presididos por Vasco Gonçalves.

É assim que, com toda a legitimidade constitucional, nos propomos continuar a dar tudo por tudo na defesa e valorização das Conquistas da Revolução, ajudando a manter viva a esperança na sua concretização, confrontando os poderes instituídos com as suas responsabilidades em cumprir e fazer cumprir a Lei Fundamental da República, denunciando e combatendo os sucessivos e recorrentes atropelos à ordem constitucional vigente.

Conforme fica claro no nosso programa de candidatura, que assumimos concretizar, não nos falta ambição. Assim não nos falte e não faltará concerteza o apoio e a compreensão dos nossos associados. Refiro com ênfase especial dois dos grandes objectivos para o mandato: a instalação da nossa sede e a celebração do centenário do nascimento do General Vasco Gonçalves.

Contamos com todos. 
Todos pelas Conquistas da Revolução

Nós sabemos, todos nós aqui sabemos, que carregamos nas nossas mãos os sonhos de futuro de várias gerações, gerações sitiadas por poderosos exércitos de predadores à espera que nós nos cansemos. Não nos cansamos e não nos cansaremos!

Mas nesta luta pelo direito ao futuro temos que ser cada vez mais e cada vez mais fortes. 

Para isso, impõe-se o rejuvenescimento das nossas hostes, impõe-se, muito particularmente,  o reforço da nossa ALA dos Namorados.

Apelamos por isso às novas gerações:
  • Para se inteirarem e estudarem aquele extraordinário período revolucionário que se seguiu à gloriosa vitória do MFA em 25 de Abril de 1974;
  • Para se inteirarem e estudarem a luta da resistência ao regime fascista (ditadura terrorista institucionalizada), que durante 48 anos, nos privou das liberdades fundamentais oprimindo, prendendo e matando quantos se lhe opunham e nos manteve numa total escuridão cultural e política;
  • Para lutarem pelos seus direitos constitucionalmente consagrados na CRP de 1976, que apesar de amputada dalgumas das mais importantes conquistas da revolução, nas 7  revisões sofridas, ainda é a Constituição de Abril;
  • Para se juntarem a nós nesta nossa ACR apostada em manter abertas “as portas que Abril abriu”, como cantava Ary, o poeta de Abril.
Todos pelas Conquistas da Revolução.

Termino, com a leitura dum poema de Bertolt Brecht

“Há homens que lutam um ano, e são bons;
 Há outros que lutam um dia, e são melhores;
 Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
 Porém há os que lutam toda a vida
 Estes são os imprescindíveis”

Intervenção do Presidente da Direcção cessante, Manuel Begonha, após o acto eleitoral

Manuel Begonha, presidente da direcção cessante, 
proferiu a intervenção que se transcreve

Neste dia de mudança, quero agradecer a todos os membros da Direcção, da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal cessantes, a confiança e o apoio incondicional que me manifestaram e que permitiu dar cumprimento aos Estatutos da ACR. Uma saudação especial ao comandante Vieira Nunes que cessa funções na ACR, designadamente no Conselho Fiscal.
Manuel Begonha no uso da palavra
Promovemos, organizámos e interviemos em vários tipos de iniciativas, na luta pela defesa dos direitos, liberdades e garantias do nosso povo.
No entanto, nem todos os objectivos foram atingidos, nomeadamente não termos conseguido trazer mais juventude para a nossa Associação.
Infelizmente, também sofremos um doloroso revés. Perdemos o nosso companheiro Victor Lambert, sócio Fundador e membro da Direcção.
Aos nossos associados, amigos e aos que colaboraram nas nossas actividades, um agradecimento especial, por todo o apoio prestado, bem como pela tolerância com que suportaram as nossas insuficiências e irrelevâncias.
Não posso deixar de enaltecer o suporte que a Direcção da Casa do Alentejo nos proporcionou, não só cedendo-nos um espaço para trabalhar, mas também disponibilizando as suas instalações e serviços, tornando assim possíveis a maioria das nossas iniciativas.
Como os amigos não morrem, quero evocar, um homem a quem a ACR muito deve, o nosso primeiro vice-presidente, José Casanova.
Encontrámo-nos em várias frentes de combate, realizámos um trabalho colectivo, deixando sempre espaço para a criatividade individual.
Honrámos o nosso compromisso de não deixar esquecer a figura, o pensamento e a obra do General Vasco Gonçalves, e, de assumir sem desfalecimentos a defesa das Conquistas da Revolução e os valores e ideais de Abril.
E o futuro?
Não tenham dúvidas que está perfeitamente assegurado com a nova Direcção e com o seu Presidente, Coronel Baptista Alves, cuja capacidade de liderança e de trabalho, inteligência, sensatez e identificação com os objectivos da ACR por certo o irão garantir.
A todos eles e em especial ao Baptista Alves, desejo os maiores sucessos.
Viva a ACR !

Programa Eleitoral da lista proposta pelo sócio José Manuel da Costa Baptista Alves - sócio 19 Compromisso para o mandato de 2018 a 2021


Programa Eleitoral da lista proposta pelo sócio
José Manuel da Costa Baptista Alves - sócio 19
Compromisso para o mandato de 2018 a 2021




“Reafirmar Abril e as Conquistas da Revolução”


O Povo português continua a sofrer as consequências da ofensiva desencadeada contra as Conquistas revolucionárias, maioritariamente concretizadas nos Governos provisórios presididos por Vasco Gonçalves e posteriormente consagradas na Constituição da República de 1976.
No mandato que agora se inicia pretende esta lista da ACR, continuar a luta pela defesa dos direitos, liberdades e garantias do nosso povo, intervindo em todas as frentes onde o combate seja pela melhoria da qualidade de vida do nosso povo, por um Portugal mais justo e mais fraterno, por um Mundo melhor.
Impõe-se ainda, zelar pelo cumprimento dos Estatutos da ACR, promovendo, organizando e intervindo em iniciativas que mantenham vivos o nome, o pensamento e a obra do General Vasco Gonçalves e assumir intransigentemente a defesa das Conquistas da Revolução.
O tempo que estamos a viver coloca questões e exige respostas firmes da parte daqueles que, em cada momento, têm o curso da história em suas mãos: os trabalhadores, a juventude e  todas os homens e mulheres que acreditam nos valores de Abril. Assim o saibam entender.

Assim sendo é o seguinte o nosso compromisso:
  1. Promover todas as acções que se enquadrem no objecto da Associação;
  2. Utilizar todos os meios próprios, blogue, site, página da ACR e Folha de informação, bem como todo o tipo de iniciativas que façam chegar aos associados e ao maior número possível de pessoas, nomeadamente os jovens, a actividade da nossa Associação, os factos não deturpados ligados à Revolução, aos Governos provisórios e à contra-revolução, analisando o seu significado e génese;
  3. Apresentar  o livro “Diário da Contra-Revolução” e continuar a apresentação dos livros “Conquistas da Revolução” e “ Vasco, nome de Abril”, em todas as capitais de distrito, envolvendo os respectivos núcleos;
  4. Continuar a promover acções culturais evocativas de figuras marcantes ligadas ao processo revolucionário português;
  5. Concretizar a instalação da Sede da ACR e continuar a desenvolver esforços para encontrar instalações  para a criação de um Espaço para a recolha do espólio sobre o General Vasco Gonçalves;
  6. Promover uma campanha de novos associados;
  7. Estabelecer relações com todas as estruturas associativas que pretendam valorizar os valores de Abril;
  8. Assegurar a participação da ACR nas manifestações comemorativas dos grandes acontecimentos significativos para os trabalhadores e para o povo português, como o 25 de Abril e o 1º de Maio;
  9. Manter o critério de considerar “sócios de mérito”, todas as figuras que se tenham destacado no combate pela liberdade e dignificação do nosso povo no âmbito dos ideais e dos valores de Abril;
  10. Promover e dinamizar actividades nos núcleos regionais da ACR;
  11. Elaborar um programa de iniciativas para as comemorações do centenário do  nascimento do  General Vasco Gonçalves.

Falecimento do cor. Varela Gomes




Faleceu na passada segunda feira, dia 26 de Fevereiro de 2018, o cor. Varela Gomes,  homem de grande coragem moral e cívica.

Transcrevemos as palavras proferidas pelo nosso presidente da direcção, Manuel Begonha, no dia da cremação.

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João Varela Gomes, chegou à Revolução, já com muitos anos de luta, conhecedor das subtilezas da conspiração, da vida clandestina, dos sacrifícios pessoais, da solidariedade, do compromisso, do conhecimento dos homens, da lealdade e coerência, das traições, do arbítrio, da prisão e tortura, da proximidade da morte, da demonstração da coragem física e moral. Desses tantos pseudo revolucionários ignorantes, mas enfatuados e com muita prosápia que por aí proliferam, não tinha portanto nada a aprender. Teria mau feitio. Pois tinha, mas para quem era pusilânime, vira casacas, acomodado ou delator.
Afrontava qualquer tribuna, de olhar límpido, com uma lucidez tranquila, com uma auto confiança desarmante.
Sabia o que valia e por vezes parecia soberbo, mas respeitava a verticalidade e um espirito elevado, mesmo quando provenientes de um adversário político, era frontal, um avaliador arguto e um decisor implacável.
Nunca o vi apoucar ninguém que o enfrentasse com seriedade.
Tinha uma tal estatura ética e intelectual que o levavam a criticar sardonicamente, tantos, tão pequenos, que o pretendiam desacreditar.
Mesquinhos foram, os seus numerosos detratores, habituados ao reino da calunia, que por inveja e medo, lhe atribuíam, intenções e comportamentos que nunca teve.
A sua admirável cultura, da qual se destacavam a política e a histórica, era temida e certamente demolidora, porque era potenciada por uma inteligência fulgurante, e pela convicção profunda da justeza e necessidade da revolução, pela qual tantos anos combateu.
Sim era um inconformista, mas foi sem dúvida um exemplo e um modelo, para nós jovens que com ele convivemos, dentro e fora da 5ª divisão.
Vimos muitas vezes o seu empenhamento revolucionário ser tomado por destempero e insensatez.
Como se, mais uma vez, consumidos pelo medo, se enganaram  os que assim pensavam.
A coragem a coerência têm os seus caprichos e a urbanidade nem sempre é redonda.
É assim muitas vezes com os heróis.
Por não terem passados vergonhosos, por terem querido não dobrar a cerviz, são perseguidos, vilipendiados e abrem-lhes a porta do esquecimento.
Mas, os lutadores como o Varela Gomes, não passam pela estreiteza dessa porta.
A sua dimensão, a sua obra, fá-lo-ão sobreviver e a ser contemporâneos do futuro, e a sua memória perdurará para além desta morte que não é um fim. 
Eis um homem, a quem a Pátria deve ficar reconhecida.
Obrigado João
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Filha de Varela Gomes