Pelo seu interesse publicamos o comentário de Maria Aires Catrapona, ao texto de Manuel Begonha, "Um homem e a sua verdade."
Pelo seu interesse publicamos o comentário de Maria Aires Catrapona, ao texto de Manuel Begonha, "Um homem e a sua verdade."
UM HOMEM E A SUA VERDADE
Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral
Acerca da conversa entre o Coronel Baptista Alves Presidente da Direcção da ACR e Nuno Melo, Presidente do CDS, ocorrida no passado dia 31de Julho, na SIC notícias a propósito da intervenção da ACR numa reunião da Câmara Municipal de Lisboa, onde foi reclamada a falta de resposta do respectivo Presidente, a várias solicitações daquela, para ser recebida, gostaria de acrescentar o seguinte.
A maioria dos actuais representantes dos partidos da direita portuguesa, não viveram a revolução de 25 de Abril de 1974 e muito menos conheceram o General Vasco Gonçalves.
Quem o conheceu bem como é o meu caso, sabe que o General jamais aceitaria liderar um governo do tipo ditadura.
Sempre foi um democrata e um homem de carácter e de cultura. E era também patriota.
Contudo a direita não lhe perdoa ter amado o seu povo e ser por ele amado.
Recordo que Vasco Gonçalves se limitou a cumprir o programa do MFA que Spínola queria pôr na gaveta.
Realizou com os seus 4 governos provisórios os célebres 3 D.
Descolonizar, Democratizar e Desenvolver
E assim transformou Portugal num país moderno, respeitado internacionalmente e com uma Constituição da República, que defende os interesses do país e do seu povo.
Quando a banca foi nacionalizada, não estava a ocorrer uma enorme fuga de capitais para o estrangeiro, a mando dos amigos do Nuno Melo?
Por outro lado uma missão do M.I.T. que esteve em Portugal de 15 a 20 de Dezembro de 1975, reportou que a economia portuguesa estava surpreendentemente boa, comparativamente com outros países europeus.
Quanto a comunismo trazido pela ex URSS, já escrevi várias vezes que numa visita de estado que lá efectuei integrado numa delegação, chefiada pelo Ministro do Trabalho, major Costa Martins, em Março de 1975, o primeiro-ministro Alexei Kossyguin, disse claramente que não iriam interferir em Portugal porque não pretendiam hostilizar a NATO. E assim foi.
Nas campanhas de dinamização cultural e ação cívica que com Ramiro Correia chefiei, nunca se apelou a um regime totalitário para Portugal , nem se promoveu o PCP , nem se sugeriu que nas eleições que promovíamos, se votasse neste ou em qualquer outro partido.
Saberá Nuno Melo que antes de 24 de Julho de 1974, o General Vasco Gonçalves, incentivou o Professor Freitas do Amaral, a formar um partido político, tendo como inspiração o partido democrata-cristão italiano.?
A esta conversa assistiram a eng. Maria de Lurdes Pintassilgo e o adjunto do Gabinete Henrique Mendonça.
Para acabar, pois muito haveria para dizer.
Quando fecharam violentamente a 5ª Divisão do EMGFA, nomearam Comandantes das 3 regiões militares oficiais afectos ao grupo dos 9 e exoneraram miseravelmente Vasco Gonçalves de Primeiro-Ministro, onde estavam essas totalitárias e tenebrosas forças, já que tudo se passou ordeiramente?
Quanto ao tão falado discurso de Almada num tempo em que Vasco Gonçalves estava a ser acintosamente traído por muitos que quando atrelados ao carro da vitória o apoiavam, já cansado e rodeado por trabalhadores, alguma vez procedendo como um tirano inebriado pela perpetuação no poder, clamou por uma guerra civil ou um golpe militar.?
Ou teve um comportamento de exemplar membro das Forças Armadas aceitando disciplinadamente o seu destino?
Criou alguma força terrorista para retomar o poder, como outros chefes militares tão incensados perpetraram?
Conhece a actual direita quem foi o embaixador norte-americano Frank Carlucci e a sua descarada ingerência na política interna portuguesa?
Conhece Nuno Melo as organizações terroristas com as quais o seu partido se conluiou e os mortos que provocaram?
Saberá a direita o resultado das primeiras eleições legislativas e se algumas organizações de esquerda as contestaram, ou se alguma força militar revolucionária as tentou anular?
Saberá a direita a correlação de forças militares que existiam, quando se deu o afastamento de Vasco Gonçalves?
Se a direita portuguesa fosse menos ignorante e não entrasse em histerismos despropositados, talvez circulassem menos disparates.