PORTUGAL UM PAÍS EM EQUILÍBRIO INSTÁVEL | Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

PORTUGAL UM PAÍS EM EQUILÍBRIO INSTÁVEL
Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 

É penalizador, desmoralizador e por vezes até motivo para vergonha nacional, assistir a que um país como o nosso que embora pequeno, tenha vindo a ser ultrapassado em índices de desenvolvimento e relevância por outros países europeus  de dimensão aproximada.
No entanto, Portugal é um país com consideráveis potencialidades humanas, minerais e hídricas, dispondo ainda do " grande mar oceano", com uma Zona Económica Exclusiva (ZEE), de cerca de 1.7 milhões de km2 (quadrados) muito mal explorada.
Mas este fado português de sermos um país pobre, lamentavelmente, não é apenas um exclusivo do nosso tempo, pois sempre funcionamos como entreposto, fomos maus comerciantes ,incapazes de fixar a riqueza proveniente das colónias, as celebradas especiarias, o ouro, a madeira e o comércio de escravos.
Assim, proporcionamos a outros povos mais organizados e diligentes a oportunidade de enriquecer e desenvolver um valioso património, como a Flandres, a Inglaterra, a França, os Países Baixos e outros.
Para nós, pouco restou em património quer seja cultural, científico, monumental ou industrial.

Nos nossos dias, resta-nos a euforia e a esperança trazidas pelos 4 governos provisórios presididos por Vasco Gonçalves, os únicos que tiveram uma perspectiva intrínsecamente patriótica e dirigida para o bem estar do povo, aos quais ficámos a dever as Conquistas da Revolução, na maioria transpostas para a Constituição da República que continua a ser a lei fundamental do país que todos temos o dever de defender intransigentemente. 
É de todos conhecido que os governos Constitucionais nem sempre se têm mostrado empenhados em a cumprir. 
Para entender as razões que têm levado à nossa inexorável decadência, considero existirem quatro motivos fundamentais :

- Dirigentes pouco competentes 

Não têm mostrado ter a noção do que é o serviço público, tendo muitos deles privilegiado os seus interesses ou os do seu partido, em vez de se preocuparem em melhorar as condições sociais do povo. 
Governam à vista, sem um plano que defina as grandes linhas orientadoras para o desenvolvimento do país. 
Também não têm compreendido o que é a independência nacional, deixando as tomadas de decisão cada vez mais aos ditames dos grupos financeiros internacionais. 
E não é dispiciendo que tenham permitido que o Direito da UE se sobreponha ao Direito português. 
Finalmente verificamos que quando perante ajudas da UE, têm sido incapazes de cumprir os objectivos e programas com os quais se comprometeram. 

- Falta de cultura empresarial 

É conhecida a máxima que temos patrões mas não empresários. 
Tal fica a dever-se, à impreparação de muitos deles, à falta de ambição, espírito inovador e à incapacidade de reconhecer a oportunidade do investimento e à intolerância que os leva a não conseguir aumentar a produtividade dos trabalhadores por não lhes atribuirem salários justos e incentivos que por vezes são tão importantes como estes. 

- Incapacidade de educar e fixar a juventude 

A juventude não tem usufruído de condições para ter um emprego digno, com salários não aviltantes, o que a impede de constituir família, ficando sujeita à humilhação de sobrecarregar os pais. 
Por outro lado, a educação proporcionada não está orientada para o mercado de trabalho, faltando cursos de formação profissional. 
E a qualidade do ensino, também é afectada pela falta de professores qualificados e motivados, porque é uma carreira pouco atractiva, mal remunerada e incorrectamente estruturada. 
É do interesse nacional, criar condições para garantir professores à nossa juventude. 
Com tantas situações adversas, estamos a abrir as portas para a emigração não apenas dos melhores, mas de tantos jovens indispensáveis ao enriquecimento do país. 

- Justiça pouco eficaz 

A justiça funciona mal, é lenta, por vezes inadequada, tendo-se mostrado vulnerável a pressões e jogos partidários. 
Vem demonstrando incapacidade de combater eficazmente a corrupção, que é uma praga que vem minando todo o tecido político, económico e social português. 

E assim continuaremos de olhos no chão, emigrantes, com o povo sujeito a enormes desigualdades, gritantes injustiças, pobre, triste e conformado, à espera que a solução resida numa mirifica extrema direita. 



 

A cavalo dado não se olha aos dentes

A  cavalo dado não se olha aos dentes
Marques Pinto | Vogal da Direcção


 

Nas ultimas semanas todos os meios noticiosos nos vão informando quase hora a hora da grande alteração nas operações militares que deverão decorrer na sacrificada terra da Ucrania, quando chegarem os “novos” meios de combate terrestre vulgarmente conhecidos por “tanks” na gíria militar e por carros de combate entre os leitores civis.

 

Independentemente das muitas e variadas opiniões e esclarecidos conceitos expressos pelos analistas (agora também apelidados de geoestrategas) e de todas e possíveis cambiantes que tais modernos meios venham a provocar, eu creio que uma certeza todos temos: Será sempre o contribuinte europeu que irá suportar o encargo de pagar a substituição de toda esta parafernália de guerra que se está a disponibilizar para continuar uma guerra  - ou operação militar especial – consoante o prisma com que se observe.

 

Claro que como diz o velho ditado que “a cavalo dado não se olha aos dentes”,  a Ucrânia vai receber alguns “chassos” dos países mais pobres que mesmo que quisessem não terão em estado de verdadeira prontidão e operacionalidade alguns senão muitos dos tanques que vão doar

 

Se hoje os ministros e ministras da defesa  -ou não será mais próprio  e adequado utilizar a antiga designação de “ministro(a) da guerra” – ainda não vieram a publico “exigir” a rápida substituição das carcaças  de ferro (agora rapidamente oferecidas) por novos meios mais bonitos e eficientes que os países da EU não poderão prescindir na eventualidade de uma próxima guerra que a OTAN ou NATO irá lançar na Europa, na Asia, na América do Sul ou em Africa, e que de certeza irão ser encomendados aos pobres e sacrificados fabricantes dos EUA que embora agora não tenham falta de compradores, sempre se disponibilizaram para acudir ás necessidades dos Europeus que pagarão a bem da manutenção da Democracia nos seus países.

 

Como a preço de saldo meia dúzia desses novos carros blindados devidamente equipados custará cerca de MIL MILHÔES, preparemos o reequipamento do nosso Exército e da nossa Arma de Cavalaria e nada de se queixarem por não haver dinheiro para aumentos salariais que a Defesa da Pátria não se discute.


Imaginemos

IMAGINEMOS...
Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 

Imaginemos que uma grande potência que continua a deter a hegemonia mundial, os EUA, apoiada ou não, pelo seu braço armado, a NATO, verifica que um qualquer país, pretende sair da sua órbita de influência, ou passar a ser governado de uma forma não da sua ideologia ou interesse.
Ao longo dos séculos 20 e 21, ocorreram centenas de exemplos do que lhe sucederia:

- Ser invadido e normalmente massivamente bombardeado, como a Coreia, o Vietname, Laos, Camboja, Iraque, Sérvia, Síria, Granada, Afeganistão, etc.

- Serem-lhe criadas as condições para provocar um golpe de estado, mais ou menos sangrento como se verificou na Indonésia, Chile, Brasil, Argentina, Portugal, etc.

- Passar a sofrer um embargo como em Cuba e Venezuela.

Imaginemos que por exemplo, a Rússia ou a China, instalassem centenas de bases militares nos países vizinhos dos EUA, como o Canadá, o México, Cuba, Jamaica, Nicarágua e outros países da América Central, á semelhança do que levaram a cabo os norte-americanos que têm mais do que 400 instalações militares a cercarem a Rússia e a China.

Imaginemos finalmente que o território onde está sediada a base naval estadounidense de Guantanamo em Cuba, fosse periodicamente bombardeado pelo exército cubano.

Nos casos relatados, a prestimosa comunicação social dos países ocidentais, pouco se preocupou com as gritantes violações do direito internacional.
Mas como o passado existe, precisando de ser permanentemente recordado na memória dos homens, recuperemos o que se passou na chamada crise dos mísseis, sucedida em Cuba de 16 a 28 de Outubro de 1962 que certamente responderá ao que nos foi solicitado imaginar.
A Rússia resolveu instalar mísseis balísticos naquele país.
John Kennedy ameaçou Nikita Khrushchev que se não retirasse de imediato os mísseis, os EUA desencadeariam uma guerra nuclear em grande escala.
Todos os acordos em disputa foram então alcançados.

Quanto aos embargos atrás mencionados, que continuam a provocar um enorme sofrimento aos países afectados, é bom recordar que na Assembleia Geral da ONU de 4 de Novembro de 2022, pelo 30º ano, o embargo económico a Cuba foi condenado por esmagadora maioria, com 185 dos estados membros a pronunciarem-se contra o isolamento da nação caribenha, com os votos desfavoráveis dos EUA e Israel e a abstenção do Brasil e Ucrânia.

Na grande política internacional, as potências como a Rússia e os EUA, traçam linhas vermelhas que não toleram ver ultrapassadas, a bem da harmonia e paz no mundo.
Seria bom que não se entrasse na via da provocação que é um processo chave para o equilíbrio da ordem internacional.