TEMPOS DE LUTA

TEMPOS DE LUTA


Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral 

A partir do início de Novembro de 1975, na Comissão Dinamizadora Central (CODICE) que coordenava as Campanhas de dinamização cultural, as notícias que chegavam eram alarmantes para a revolução.
Desde as ligações espurias de parte da Igreja Católica no Norte do país, às intromissões que tínhamos de embaixadas e serviços secretos ocidentais sob as mais criativas formas, às acções criminosas e conjugadas do ELP, MDLP e rede bombista, às ligações militares com o grupo Maria da Fonte, as reuniões do embaixador Frank Carlucci com os mais altos responsáveis civis e militares contra - revolucionários, à alteração das estruturas de comando das Forças Armadas e muito mais que faz parte de outra narrativa.
Era claro que se preparava o que viria a ser o golpe do 25 de Novembro.
No que nos dizia respeito, éramos o único órgão em actividade da 5ª Divisão do EMGFA que já havia sido coerciva e brutalmente encerrada em Agosto. Isto devia-se a termos uma campanha ainda a decorrer na zona de Castro Daire.
Entretanto multiplicavam-se as acções conducentes a estrangular a CODICE  , quer no que se refere à retirada de meios humanos quer materiais.
Já sob uma nova chefia de direita na Região Militar Norte, foi suspensa a Campanha Maio Nordeste que actuava no Distrito de Bragança.
Progressivamente, o desalento ia-se apodera do de alguns elementos civis e militares que poderia levar ao conformismo.
Mandei então colocar nas paredes do local onde trabalhávamos, o seguinte cartaz :
"O DIFÍCIL É CONTINUAR A LUTAR QUANDO O DESISTIR É FÁCIL".
A data que vivemos e o momento perturbado que atravessamos levaram-me a recordar este apelo.
Hoje o tempo também é de cansaço e o desistir pode tornar-se fácil.
Mas acima de tudo, o tempo é de luta.
Estão conceitos fundamentais em causa.
Não é tempo de desistir, nem de abdicar dos princípios que nos norteiam.
Porque por vezes, não se pode renunciar sem traição.
Não se pode enveredar por uma espera passiva, numa indolente ausência de principios e convicções.
Não se pode desistir da dignidade como o ladrão ou o corrupto.
Nem desistir da vida como o suicida.
Nestas ocasiões, dizia Vítor Hugo que "a suprema angústia é a desaparição da certeza".

Afirmar a PALESTINA como Estado é um dever de todas as Democracias

Afirmar a PALESTINA como Estado é um dever de todas as Democracias

 Marques Pinto
Vogal da Direcção

Há poucos dias realizou-se uma reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas onde o 3º “Comittee” que trata dos Direitos Humanos e assuntos relacionados levou à votação geral mais uma vez a questão de autodeterminação da Palestina.
Claro que os Estados Unidos e Israel e mais três - Ilhas Marshall, Micronésia e Nauru – votaram contra.
Curiosamente o Canadá, desta vez, juntou-se à maioria de 165 países que votaram a favor e apenas 10 pequenos países se abstiveram por motivos que todos entendemos por clara e permanente subserviência aos seus “protectores” – Austrália, Camarões, Nova -Guiné, Palau, Guatemala, Honduras, Quiribati, Ruanda, Togo e arquipélago de Tonga.
Mais uma vez verificamos que os Estados Unidos e Israel desprezam toda e qualquer resolução das Nações Unidas sempre que não seja na defesa dos seus interesses, mesmo que contra tudo e todos.
É agora assim e tem sido nos últimos quase 30 anos que todas as administrações estado-unidenses, quer Democratas quer Republicanas têm manifestado o seu total desprezo e desrespeito pelas decisões emanadas das Assembleias Gerais das Nações Unidas quando as mesmas não vão no
sentido dos seus interesses ou de Israel - o que vai quase no mesmo sentido – pois sabemos bem quem possui a grande maioria do capital e sistema financeiro que governa e conduz a politica americana bem como ao fortíssimo “lobby” que controla o enorme e poderoso complexo industrial
que domina o fabrico e venda de todo o tipo de armamento naval, aéreo e terrestre e desde há uns anos o inúmero e fabuloso sistema de satélites de toda a ordem e missões bem como a condução de misseis e “drones” com as mais variadas missões, desde os assassinatos selectivos até á colocação de “misteriosos minicontentores” em países devidamente selecionados.
Não deveremos esquecer que o direito da Palestina à sua completa independência é um problema que todos os povos livres devem encarar como importante e permanentemente associado á noção de liberdade e respeito que deveremos exigir a qualquer país que tenha assento na Assembleia das Nações Unidas

ASSEMBLEIA GERAL DIA 03 DE DEZEMBRO DE 2020

 Conforme os estatutos da nossa associação a Assembleia Geral vai realizar-se na sede no dia 03 de Dezembro de 2020 com inicio às 17:30.


Clicando AQUI pode ver a Convocatória e a respectiva Ordem de Trabalhos

FALECEU O CAPITÃO DE ABRIL LUÍS MACEDO

 

FALECEU O CAPITÃO DE ABRIL LUÍS MACEDO

 

Foi com enorme consternação que recebemos a notícia do falecimento do Capitão de Abril, coronel de engenharia Luís Ernesto Albuquerque Ferreira de Macedo.

Foi aluno distinto no Colégio Militar tendo posteriormente seguido a carreira das armas, no exército, como oficial de engenharia.

Foi um dos grandes impulsionadores do Movimento das Forças Armadas desempenhando papel de destaque, na madrugada do 25 de Abril, na condução das operações, a partir do quartel da Pontinha.

Nos governos de Vasco Gonçalves pertenceu ao seu gabinete onde desempenhou diversas tarefas e pós 11 de Março de 1975, em acumulação, pertenceu ao Conselho da Revolução.

Enquanto Conselheiro da Revolução pertenceu ao SDCI (Serviço Director e Coordenador da Informação).

 

Pós 25 de Novembro de1975 foi um dos muitos oficiais perseguidos e prejudicados na sua carreira.

 

Pertencia à Comissão de Honra do centenário do nascimento de Vasco Gonçalves

 

A morte encontrou-o no passado dia 14 de Novembro em Moçambique.

A IGREJA CATÓLICA E A LUTA ANTI-FASCISTA

 A IGREJA CATÓLICA E A LUTA ANTI-FASCISTA


Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral


Nas campanhas de dinamização cultural levadas a cabo no norte do país, pela 5ª Divisão do EMGFA, nos anos de 1974 /1975, constatei que alguma Igreja Católica através dos respectivos padres tinha uma atitude fortemente hostil à presença dos militares por os considerarem comunistas, transmitindo aos seus paroquianos que se precavessem contra aqueles que lhes pretendiam roubar as imagens e crucifixos em ouro, as terras , fechar - lhes as igrejas , retirar-lhes os filhos das escolas e outras considerações deste teor.
Na verdade , muitos destes padres já sob a batuta do Cónego Melo e de outros conspiradores contra-revolucionários, não tinham pejo em proferir a partir dos correspondentes púlpitos violentas homilias anti-socialistas.
Por vezes, quando as intervenções dos militares os incomodavam, não hesitavam em tocar a rebate os sinos das suas igrejas.
Admito que em certos casos, tivessem medo que algo de mal lhes acontecesse , devido à sua educação nos seminários, eivada de preconceitos e de se diabolizar o comunismo.
É claro que estes factos, não passaram despercebidos ao embaixador norte-americano Frank Carlucci que a anteceder o golpe de 25 de Novembro por lá andou visitando vários responsáveis da Igreja Católica.
O General Vasco Gonçalves também se preocupou com o tema a "religião sem política" tendo no discurso que proferiu nas Comemorações da Implantação da República, no Porto, em 5-10-1974, ter feito as seguintes considerações :
"O nosso povo é um povo cristão, é um povo católico.
Nós , não queremos lutas anticlericais , embora por vezes assistamos a actos a que não devíamos assistir.
Há um campo para a religião e há um campo para a política.
Nós, não desejamos que estes dois campos sejam misturados. Nós não queremos, nem permitiremos, que alguém tente por este ou outro motivo dividir o nosso povo. Dividir o povo é comprometer o seu futuro."
Mas convém recordar que muitos católicos, alguns deles comunistas, tiveram uma acção relevante na luta anti - fascista.
Em muitos aspectos o seu pensamento não estaria longe daquele que hoje vemos reflectido no Papa Francisco.
Há cerca deste assunto o núcleo do Porto da Associação Conquistas da Revolução (ACR), coordenado por Jorge Sarabando promoveu no passado mês de Fevereiro, um colóquio intitulado "Encontro com Frei Bento Domingues."
Da intervenção de Jorge Sarabando, transcrevo algumas passagens :
"Dizia um certo lavrador de Trás-os-Montes, estava a Revolução de Abril no seu auge, estas sábias palavras : " é a memória que nos constrói". Lembremos, então, neste tempo em que a barbárie tende a vencer a civilização, outro tempo, de bloqueio, de opressão, de violência impune, a que os portugueses pareciam condenados ".
E mais adiante :
" Foi , nesse tempo, há cinquenta anos, que nasceu a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos...
E lá reconhecemos, entre os fundadores,..
vários religiosos, como o Pastor Dimas de Almeida, Frei Bernardo Domingues, os padres Abílio Tavares Cardoso, Jardim Gonçalves, Pereira Neto , Felicidade Alves, Frei Bento Domingues, que aqui está hoje presente.
Sabemos que o regime procurava na Igreja Católica um pilar de sustentação e um factor de credibilidade. Raras eram, no clero, as vozes insubmissas que se revelavam. Justo é lembrar o Padre Abel Varzim , o Padre Alves Correia, e neste momento e nesta cidade, o Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, que teve de se exilar. Justo é lembrar o nome do Padre José da Felicidade Alves, removido da Paróquia de Belém pelo Cardeal Patriarca, em Nota Oficiosa publicada na imprensa.
A participação de Frei Bento e de sacerdotes católicos na comissão teve um inapagável significado: naquele universo calafetado e opresso, que era então a pátria portuguesa, foi uma janela que se abriu e nenhum poder mais pode fechar. "

Intervenção de Baptista Alves na reunião do Conselho da Presidência do CPPC

 Intervenção proferida por Baptista Alves, Presidente da Mesa da Assembleia da Paz e nosso Presidente da Direcção
na reunião do Conselho da Presidência do CPPC
realizada em 22 de Outubro de 2020


A complexa situação internacional que desde há tempos se vem
agravando, impõe uma profunda reflexão da nossa parte, militantes
da Paz, no sentido de auscultar-lhe as tendências, avaliar os efeitos
e intuir os perigos para a sobrevivência da Humanidade, por um
lado, e, por outro, aferir os resultados da nossa acção cívica e de
todos quantos se revêem e trabalham nesta causa.
É portanto, de certa forma, um balanço da nossa actividade o que
nos propomos fazer hoje e para isso contamos com o apoio da
Direcção, com um objectivo muito preciso de recolha de
ensinamentos outros e outros pontos de vista que porventura mais
avisados estejam.
É este o desafio que quero deixar explícito, na presunção da vossa
adesão e do vosso inestimável contributo.
Assistimos hoje a uma gigantesca campanha do imperialismo norte-
americano, com ressonância numa comunicação social subjugada
pelos “senhores do dinheiro” dos dois lados do Atlântico, a meu ver,
visando preparar a opinião pública para uma II edição da Guerra
Fria, visando dois objectivos principais:
-Apaziguar as apreensões quanto ao futuro do gigantesco aparelho
militar, face ao desmoronamento do almejado Mundo unipolar todo-
poderoso e sem adversário, com que sonharam após o
desmoronamento da União Soviética e, em simultâneo, satisfazer a
gula desmedida da poderosíssima indústria do armamento
americana;
- Travar a ascensão meteórica das potências económicas
emergentes, única forma de garantir a sua supremacia universal.
Este será provavelmente o cenário mais ambicionado, Guerra Fria,
por mais tranquilo e mais fácil de acomodar na opinião pública
ocidental. Mas, mandam as terríveis experiências do século passado
não ignorar que outros cenários estão pré-figurados, nos Estados-
Maiores das grandes potências militares, sendo o mais tenebroso o
conflito nuclear à escala planetária.
Mas a realidade deste século XXI, ainda com todas as incertezas
que um vertiginoso progresso introduziu nas nossas vidas á escala
global, afasta, a meu ver, estes estereótipos.

Creio ser hoje uma evidência que o declínio do império tem mais a
ver com a factura militar do que com qualquer outra razão e não há
conhecimento histórico de antídoto que o cure. O surgimento/
ressurgimento de outras potências com influência crescente, nos
campos económico e também militar, fazendo antever a criação de
vários polos de poder à escala planetária, com os seus interesses
próprios, fará gorar qualquer estratégia de Guerra Fria que
obviamente colidirá com esses interesses, a troco de nada.
As razões ideológicas, religiosas ou mesmo de combate ao
terrorismo, continuarão a ser convincentes para um Mundo tão
causticado pelos efeitos nefastos das ingerências, ocupações
militares e guerras de agressão e pilhagem feitas em seu nome?
Efeitos que são cada vez mais difíceis de esconder nestes tempos
da comunicação global?
O recurso à pressão diplomática sobre os “aliados”, ou mesmo
chantagem diplomática, a que temos assistido, parece indiciarem o
contrário.
Uma outra questão que se coloca agora, é saber-se: o que esperar
deste Mundo multipolar? À partida, parece poder esperar-se que a
probabilidade de ignição de conflitos de interesses aumente, mas,
por outro lado, é de crer que a dominante da resolução pacífica se
reforce perante a evidência de o uso da força já não garantir
vencedores antecipados.
É aqui que reside um imenso campo de acção para as forças da
Paz: reduzir drasticamente os riscos para a Humanidade
resultantes da existência das armas de destruição maciça, lutar
pela dissolução dos blocos político-militares, lutar pelo
desarmamento geral e controlado e impor a solução pacífica dos
conflitos internacionais, nos exactos termos plasmados na CRP,
nascida da Revolução de Abril. É isto que temos feito no CPPC e é
isto que se impõe continuarmos a fazer.
Esta situação de pandemia, que estamos a viver, revelou de forma
bem explícita que o modelo desenvolvimentista que o sistema
dominante impôs ao Mundo, medido em taxas de crescimento
económico, descurou de forma inqualificável, frentes importantes
de combate às ameaças à vida na Terra, a começar pela defesa da
saúde pública, passando pelo combate às alterações climáticas- que
são uma constante mas se agravam, tanto mais quanto a
exploração selvagem dos recursos naturais do planeta, ofende os
seus equilíbrios naturais- para já não falar no agravamento abismal
das desigualdades sociais com condenação á fome duma grande
parte da humanidade.
Este é o Mundo que temos, e que temos que mudar, lutando pela
criação duma consciência cívica universal pela inversão do rumo
suicida que nos tem sido imposto.
A nossa qualidade de coordenadores do Movimento Mundial da Paz
para a Europa impõe-nos responsabilidades acrescidas nesta luta
sem tréguas para evitar que, mais uma vez, a Europa e o Mundo se
tornem num imenso campo de destroços.
Estamos em crer que este objectivo mais e mais se afirmará,
deixando para trás a visão consumista e predadora da natureza que
nos tem guiado e rumando a uma nova ordem internacional mais
equitativa e mais solidária.
Em uníssono com as forças do progresso e da Paz, que por todo o
Mundo se batem sem desfalecimento por uma sociedade mais justa
e mais fraterna, livre de todo o tipo de predadores e seus
servidores, livre da opressão e de todo o tipo de ingerências
externas, livres do golpismo militar interno, saudamos a estrondosa
vitória do povo boliviano e o restabelecimento da legalidade e
legitimidade democrática no país.

Um Mundo melhor, um Mundo de Paz, é possível!