Sessão Pública da CML - Agradecimento
Fizemo-lo, em cumprimento de decisão da Comissão Executiva, criada para o efeito pela Comissão de Honra das Comemorações do Centenário do nascimento do General Vasco Gonçalves, em 14 de Fevereiro de 2022.
A resposta do Sr.Presidente, com a limpidez democrática digna da função que exerce, anuiu a receber-nos em tempo breve, para análise conjunta do projecto.
A SExa. o Sr. Presidente e a toda a Exma. Câmara, agradecemos publicamente a forma como fomos recebidos e a atenção dispensada para a
nossa proposta, que consideramos de excepcional valia para o município de
Lisboa e para Portugal.
Aos derrotados em 25 de Abril de 1974 e seus sucedâneos, que, utilizando a
liberdade conquistada em 25 de Abril de 1974 - aquele que foi o momento mais luminoso da história de Portugal e para o qual Vasco Gonçalves teve contributo relevante - se atrevem e afadigam agora em mostrar aquilo que são, diremos apenas, com imenso orgulho, parafraseando Vasco Gonçalves:
ELES SÃO O QUE SÃO, NÓS SOMOS GENTE DE ABRIL
Sessão pública da CML de 27 de Julho de 2022 - Monumento ao Gen. Vasco Gonçalves
Neste dia o Presidente da Assembleia Geral da associação falou sobre a possibilidade da construção de um monumento a Vasco Gonçalves na cidade de Lisboa. A nossa proposta mereceu a anuência do sr. Presidente da Câmara, Carlos Moedas.
Homenagem a Adriano Correia de Oliveira - Arquivo Sophia de Mello Breyner, Vila Nova de Gaia, 21 de Julho de 2022
Intervenção proferida pelo Presidente da Assembleia Geral do "Centro Adriano Correia de Oliveira" e vogal da Direcção da nossa Associação, Jorge Sarabando.
A ACR fez-se representar por Alexandra Paz do núcleo do Porto
Adriano, um canto em forma de Abril
Jorge Sarabando |
Uma palavra de louvor é devida à Comissão Executiva em boa hora criada pelo Centro Adriano Correia de Oliveira, de Avintes, pela meritória actividade já desenvolvida, em que se contam edições, como a do livro que hoje vos é presente, os concertos realizados, todos de casa cheia, o êxito da transmissão radiofónica, a Exposição itinerante, patente neste Arquivo Municipal, entre outos actos evocativos, num programa muito rico e variado que só terminará no próximo ano.
Aqui registo os autores do livro hoje apresentado: Álvaro Siza Vieira, Ana Biscaia, Adão Cruz, Alberto Martins, Amélia Azevedo, Ana Amaral, Anabela Fino, Armando Carvalheda, Arnaldo Trindade, Aurelino Costa, Avelino Tavares, César Príncipe, Eduardo Vítor Rodrigues, Eldad Manuel e Eldad Mário Neto, Eva Cruz, Francisco Mangas, Ilda Figueiredo, Isabel Correia de Oliveira, Isabel Niza, Janita Salomé, Jerónimo de Sousa, João Carlos Callixto, João Malheiro, João Mascarenhas, João Paulo Guerra, Jorge Cunha, Jorge Seabra, Jorge Sarabando, José António Gomes, José Barata-Moura, José Carlos Ary dos Santos, José Efe, José Goulão, José Manuel Mendes, José Niza, José Lopes de Almeida, José Soares Martins, Viale Moutinho, Judy Rodrigues, Júlio Roldão, Louzã Henriques, Luís Represas, Luís Veiga Leitão e Aurora Gaia, Manuel Alegre, Manuel Augusto Araújo, Duran Clemente, Manuel Faria, Manuel Moura, Manuel Rocha, Manuel Santos, Margarida Folque, Maria do Amparo, Marília Lopes, Conceição Lima, Mário Correia, Gonçalves Lima, Matilde Acosta, Maximina Miranda, Miguel Amaral, Modesto Navarro, Nuno Higino, Olinda Moura, Paulo da Costa, Paulo Sucena, Paulo Vaz de Carvalho, Pedro Tadeu, Rita Duarte, Roberto Machado, Rui Pato, Salvador Santos, Samuel, Sérgio Godinho, Teresa Alegre Portugal, Urbano Tavares Rodrigues, Vasco Paiva, Vicente Aráguas, Vieira da Silva, Viriato Teles, Vitorino Salomé, e o colectivo da redacção do jornal Avante!.
Todo este trabalho, criado com imaginação, ousadia, engenho, persistência, e a compreensão e simpatia de quem o acolheu e apoiou, suscita uma primeira pergunta: porquê? Porquê, tantos anos depois, os longos e emocionados aplausos dos públicos, os sorrisos abertos diante de um texto ou de uma imagem representando Adriano?
Talvez porque haja quem dele guarde, ainda que numa fugaz lembrança, aquele gesto, aquela palavra, aquele seu modo desprendido de ser, aquele seu dom de fazer amizade, aquele ser fraterno e generoso para quem o acompanhava e escutava. Em tempos adversos de combate, contra grades e guerras, mas em que se forjavam cumplicidades para a vida, ou de alegria e júbilo pela liberdade e libertação nos dias luminosos de Abril, ou ainda de enfrentamento das regressões e das imposições de antigos mandantes, com a cabeça erguida e abraços firmes e francos, ali esteve sempre Adriano.
Ei-lo, tão longe no tempo, mas tão perto, tão cerca, tão dentro de nós.
Quem o conheceu não esquece a sua dádiva às lutas mais difíceis, a sua entrega solidária à causa justa dos mais frágeis e desprotegidos, a limpidez de um olhar e o calor de um abraço, ou um certo momento, de que se guarda por vezes apenas ténue lembrança, lá bem no fundo do peito, nos encontros e desencontros da vida, mas que ainda perdura, em que se forjou uma identidade colectiva e se criou uma comunidade de ideais e valores democráticos.
Mas há ainda quem nunca o tenha conhecido pessoalmente, nem com ele tenha trocado uma palavra, ou tenha avistado num palco sequer, mas não esconda a emoção quando ouve a sua voz numa canção, por vezes a mais inesperada ou delida pela distância.
É a sua voz que melhor nos diz quem é Adriano. Era uma voz humaníssima, uma voz onde pulsava a luta e a vida, soava a alegria e a tristeza, onde se fundiam emoção e razão, uma voz que nos chamava para si, com um timbre único envolto de magia que ainda hoje nos prende e entre todos prende. Há canções assim de Zeca Afonso e do Chico Buarque, desvelam com a sua voz a condição humana, a todos tocam e convocam.
Num dos textos mais impressivos da nossa colectânea, escreve, numa belíssima síntese, Urbano Tavares Rodrigues: “…hei-de rever sempre a chama de Adriano, frente ao público que se lhe rendia, ouvir o cristal da sua voz, em cuja limpidez nascia a fraternidade”.
Estas palavras de Urbano oferecem-nos uma chave para responder a uma segunda e inevitável pergunta: porque é que o cantar de Adriano, ancorado em firmes convicções que nenhuma contingência abalou, num compromisso pela transformação do mundo, no modo solidário de ser e de estar, continua a despertar testemunhos tão valorizadores por parte de pessoas tão diversas?
Diversas nas gerações a que pertencem, nas mundividências que representam, nos percursos profissionais, nas opções, nas circunstâncias em que conheceram Adriano.
Não será apenas o encanto da sua voz inspiradora, alguma memória acalentada, o que a todos move, mas talvez a consciência comum da urgência de refazer laços entre todos numa época marcada pelo individualismo, povoada por solidões, medos, egoísmos, vivências fragmentadas. Diria, recentemente, Tolentino de Mendonça, poeta e cardeal: “Precisamos como sociedade de aprender a valorizar os fios que nos ligam e entrelaçam, os fios sem os quais nós não somos. E descobrir que só temos verdadeiramente mãos, mãos livres, quando as damos”.
Em todos os testemunhos se encontra uma afectuosa lembrança de Adriano. No seu conjunto ajudam-nos a conhecer melhor a sua dimensão humana, o seu valor como artista, a mudança que operou na tradição musical, a força das palavras a iluminar o canto, como recriou temas populares, como deu asas à voz dos poetas. Não foi só a Trova do vento que passa, o hino de uma geração que ousou dizer não à guerra, à injustiça, à tirania. Mas também a coragem que desponta de um grito desassombrado e entoado a mil vozes: “Venho dizer-vos que não tenho medo, a verdade é mais forte que as algemas”.
Ajudam-nos a conhecer melhor o jovem que cresceu num lugar idílico, em Avintes, onde viria a deixar o mundo nos braços de sua mãe, o itinerário de uma curta e intensa vida onde não faltaram momentos de amargura mas muitos, muitos mais, os de uma imensa alegria partilhada com amigos e por multidões que souberam aplaudi-lo e acarinhá-lo.
Também nos ajudam a conhecer melhor uma época de mudança e ruptura, de ardente luta pela paz, a liberdade, a justiça, a igualdade, uma época de violência e combate, para alcançar a democracia, construir a democracia, defender a democracia e todas, todas as suas conquistas.
Adriano esteve sempre presente em todos os momentos desta luta, que hoje continua. Nunca faltou a sua presença, o seu testemunho, com a sua coragem, com a beleza do seu canto, a ternura da sua voz, que permanece e encanta. Nela vicejam os cravos de Abril, sempre, sempre. Que, aqui e agora, neste livro nos chegam de novo, numa oferenda feliz, entre tantas mãos.
Arnaldo Trindade - editor de Adriano |
Silvestre Lacerda - Director da Torre do Tombo |
CRIMES SEM CASTIGO
CRIMES SEM CASTIGO
Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral
No passado dia 24 de Junho, um grupo de imigrantes africanos que tentava ultrapassar a vala fronteiriça entre Marrocos e Melilla, cidade autónoma espanhola, foi brutalmente reprimida por forças militares conjuntas espanholas e marroquinas, de que resultou a morte de dezenas de pessoas.
Apesar da ONU ter anunciado um inquérito a este massacre, Pedro Sanchez, chefe do governo espanhol, afirmou que "o caso foi bem resolvido."
Entretanto, cinco dias após este acontecimento, na cimeira da NATO em Madrid," foi considerado que a Imigração, constitui uma ameaça à soberania dos respectivos estados ". (1)
Em 15 de Junho do corrente ano, apareceram na região do Vale de Javari na Amazónia, os corpos do brasileiro Bruno Araújo Pereira, sertanejo e indigenista e do britânico Dom Philips, jornalista.
Foram assassinados a tiro e posteriormente queimados e esquartejados.
Em áreas protegidas como esta, tem sido estimulada a acção de bandidos armados.
A Amazónia com a complacência do Presidente Bolsonaro, tem sido objecto de um enorme e irreparável desastre ecológico de devastação ambiental, levada a cabo por agentes ilegais ligados à pecuária, ao garimpo, à extracção de madeira, pescadores e caçadores, alguns dos quais relacionados com o narcotráfico.
Bolsonaro, considerou a ida destes homens para a região "uma aventura ", quando eram amplamente conhecidos por defenderem a preservação da floresta amazónica e dos povos que nela vivem.
A 7 de Julho deste ano, o Parlamento Europeu, aprovou uma resolução que condena as acções de Bolsonaro na área ambiental e de perseguição aos indígenas e aponta para a investigação das mortes na Amazónia. (2)
No entanto, no funeral de Bruno Pereira, ninguém do Governo Federal se fez representar.
Felizmente em todo o mundo há pessoas assim que seguem resistindo, apesar da perseguição, do risco de vida, do ostracismo e da criminalização.
Aqui chegado, depois destes iníquos assassinatos, ocorre-me recordar o que escreveu Mia Couto "Infelizes os que matam a mando de outros e mais infelizes ainda os que matam sem ser a mando de ninguém. Desgraçados, enfim, os que depois de matar se olham no espelho e ainda acreditam serem pessoas".
(1) Opinião João Melo - Diário de Notícias, 5-7-2022
(2) Marcelo Freixo - Carta Capital n 1213 /22, Junho 2022
A NATO E A BREVE HISTÓRIA DA HEGEMONIA OCIDENTAL
A NATO E A BREVE HISTÓRIA DA HEGEMONIA OCIDENTAL
Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral
O culto da superioridade do homem branco tem vindo a ser inculcado ao longo do tempo, na maioria das manifestações artísticas , mas para desenvolver este tema vou recorrer por vezes ao cinema.
Desde jovens que fomos habituados a ver nos filmes de "cowboys", o bom homem branco, a matar indiscriminadamente os maus nativos, designados por índios, selvagens ou peles vermelhas, que afinal apenas defendiam as suas terras do invasor.
Contudo, mais recentemente surgiram alguns poucos realizadores que tentaram reabilitar a imagem do índio como Arthur Penn no filme "O pequeno grande homem".
Numa cena inesquecível de outro grande filme, aliás, que é "Apocalypse Now", sob o som da Cavalgada das Valquirias de Richard Wagner, os heróicos combatentes norte-americanos, como invasores, voam galvanizados nos seus helicópteros para exterminar os enfezados e amarelados vietnamitas.
Numa propaganda clássica ao colonialismo, o valente e luminoso Mourinho de Albuquerque que, obviamente equipado com armas de fogo, subjuga, como se pode ver no filme "Chaimite", a força e o primitivismo do régulo rebelde Gungunhana, o leão de Gaza, a quem para humilhar mandou sentar no chão.
Mas a Europa, Pátria da civilização branca, também tem países uns mais brancos do que outros.
Depende da natureza da potência militar que os invade.
É há ainda os refugiados e os imigrantes.
Os sérvios massacrados quando da destruição de Belgrado, bem como outras nações da ex-Jugoslávia, ainda que europeus, tornaram-se baços que é a cor que os brancos adquirem quando são atacados pelos EUA /NATO.
Os sírios e os libios, são de um branco tisnado e podem ser bombardeados e abandonados no Mediterrâneo como imigrantes, porque têm petróleo e outras matérias primas no seu território que não lhes compete explorar.
O Iraque de tez mais escura, foi arrasado, uma vez que possuía, para além de petróleo, fantasmagóricas armas de destruição maciça.
E uma vez desalojados os respectivos habitantes passam a inconvenientes imigrantes africanos.
Na América Central existem imigrantes mestiços, índios e pobres que na procura de uma vida melhor nos ricos EUA, acabam por vezes com os cadáveres amontoados em camiões, como recentemente sucedeu no Texas.
No meio deste panorama, para garantir a superioridade e hegemonia do paradigma liberal euro - norte-americano, a NATO torna - se cada vez mais forte, beligerante e expansiva, não apenas na Europa, mas também na América Latina, como indicia a sua presença na Colômbia.
Entretanto decretou uma nova guerra fria e alterou o correspondente conceito estratégico, elegendo como inimigo principal a Rússia, seguida pela China.
Declarou encontrar-se disponível para pôr na ordem qualquer "Filho de um Deus menor" que ou se contrariar a unipolaridade, decidida por este juiz e árbitro dos destinos do nosso mundo.