Boa Tarde
Cumpre-me em primeiro lugar, saudar a família do
General Vasco Gonçalves (aqui representada pelos filhos, Maria João e Victor,
pelos sobrinhos, Maria Eduarda, José Diogo e Vasco) que muito nos honram com a
sua presença, saudar a distinta Comissão de Honra, saudar as associações e
organizações aqui representadas (A25A, CGTP, Voz do Operário, CPCCRD, Casa do
Alentejo, ANS, MURPI, AOFA, CPPC, MDM, MPPM, URAP, FENPROF, SGPL, AAPC e AP) e saudar
todos os nossos associados e amigos aqui presentes e também todos aqueles que
não podendo estar aqui, estão connosco nesta homenagem ao General Vasco dos
Santos Gonçalves, no Centenário do seu nascimento.
Cumpre-me também felicitar os órgãos sociais da
ACR, pelo trabalho realizado e pela teimosia em não permitir que as
dificuldades muitas que houve que vencer, nos vencessem: nem o silêncio dos
poderes instituídos, nem o ostracismo a que a comunicação social nos votou, nem
a situação pandémica que nos fustiga, foram capazes de nos fazer desistir.
E, assim, aqui estamos hoje a viver, a recordar e
reviver - pelo “engenho e arte” dum
magnífico elenco de autores e intérpretes - o tempo que foi de Abril, o tempo
que foi do povo e dos militares de Abril, o tempo que foi das conquistas da
revolução, o tempo que foi do Companheiro Vasco.
O nosso muito obrigado, à Carmen Santos, ao
Manuel Pires da Rocha, à Sofia Lisboa, à Vanessa Borges, ao Fausto Neves, ao
Carlos Canhoto e ao Coro Lopes Graça dirigido pelo maestro Alexandre Branco.
O nosso agradecimento também à Direcção da Voz do
Operário por ter aceitado associar-se a nós nesta homenagem, pela cedência das
instalações e pelo apoio inexcedível que nos facultou.
Do Programa das comemorações que apresentámos
publicamente em Outubro de 2020, realizámos já:
-A medalha comemorativa da autoria de Acácio
Carvalho que se encontra disponível na nossa banca;
-Editámos um cartaz comemorativo, trabalho do
escultor José Santa-Bábara sobre fotografia de Alfredo Cunha que julgamos poder
ser uma excelente recordação deste evento e por isso se colocaram à parte para
facilitar o acesso a todos os interessados, de forma rápida e segura, a troco
da contribuição que cada um entender fazer;
-Editámos uma Folha Informativa, especial,
dedicada ao Centenário, com textos de personalidades ligadas às áreas de
intervenção mais representativas da acção do General- trabalho coordenado por
Modesto Navarro, que, pela importância e qualidade das participações e pelo
acolhimento que tem merecido, se encontra também disponível para quem ainda a
não tenha recebido- dispensamo-nos de nomear os autores dos textos por os
mesmos se encontrarem devidamente identificados na própria FI;
-Editámos também uma brochura, intitulada “Quem
foi Vasco Gonçalves”, com textos de Manuel Begonha e Miguel Urbano Rodrigues,
também disponível na nossa banca;
-Realizámos uma exposição fotográfica, em suporte
adequado, coordenada por Manuel Begonha, com vista ao apoio de intervenções nas
escolas, associações e autarquias e outras iniciativas locais de comemoração do
centenário, para as quais seja pedida a nossa colaboração;
-Participámos na edição do livro do Professor
Avelãs Nunes, cujo lançamento esperamos fazer brevemente, intitulado “Vasco
Goncalves-essa gente é o que é eu sou um homem do MFA”;
-Realizámos um Concerto em Gaia, no Cine-Teatro
Eduardo Brazão, em 23 de Abril, organizado pelo Núcleo ACR do Porto;
-Realizámos um Colóquio “Vasco Gonçalves - a obra
e o homem”, em 24 de Abril, no Salão Nobre da Câmara de Matosinhos, organizado
pelo Núcleo do Porto com apoio da Câmara Municipal de Matosinhos;
-Participámos, em 3 de Maio, na inauguração da Placa
toponímica na Rua General Vasco Gonçalves, no Lumiar, cerimónia que contou com
a presença da Vereadora da cultura da Câmara Municipal de Lisboa, do presidente
Junta de Freguesia do Lumiar, família do General e nós próprios, ACR, enquanto
dinamizadores da concretização deste evento na data em que se completaram os
100 anos do nascimento do General Vasco Gonçalves;
-Realizámos uma sessão-convívio na Sede da nossa
ACR, em 3 de Maio, assinalando a data do nascimento do General Vasco Gonçalves
com a inauguração da nossa exposição.
Tudo isto que conseguimos realizar até aqui, só
foi possível pelo excepcional carinho e admiração que a figura ímpar do General
Vasco Gonçalves desperta em todos nós e só isso explica que tenha sido possível
associar a estas comemorações tantos e tão valiosos contributos. Em nome da ACR,
o nosso muito obrigado a todos.
Outros eventos comemorativos do centenário, por
nós promovidos ou por iniciativas locais das Câmaras Municipais com a nossa
participação activa, terão ainda lugar:
-Em Loures, em 15 de Maio, no Museu Nacional de
Loures;
-Em Silves;
-Em Viana do Castelo, por iniciativa do Núcleo
ACR;
-No Porto, em Outubro, exposição com apresentação
do nº3 dos cadernos de Abril, iniciativa do Núcleo do Porto;
-Em Setúbal;
-Em Angra do Heroísmo;
-Em Lisboa, com um colóquio sobre a “Vida e Obra
do General.”
Oportunamente daremos informação mais concreta
sobre estas iniciativas.
Sabemos que a figura de Vasco Gonçalves, pelo
muito que deu a este povo que somos, mereceria muito, muito mais, não fora a
maleita, ou melhor, as maleitas que nos assolam.
Por muito que os adversários de Abril se
esforcem, não vão conseguir apagar a sua vida exemplar, o seu passado
anti-fascista, a sua participação no movimento dos capitães- sendo então já
coronel e tendo sido um dos responsáveis pela elaboração do Programa do
Movimento das Forças Armadas- e a sua importante participação em todo o
processo que conduziu ao 25 de Abril de 1974 e ao derrube da ditadura.
E, muito menos, vão conseguir apagar o seu
excepcional desempenho enquanto Primeiro-Ministro de quatro dos seis Governos
Provisórios, no período mais criativo da Revolução de Abril, iniciada em 25 de
Abril de 974, “esse que foi o dia mais luminoso
da história de Portugal.”
Abriram-se então as portas do futuro, aquele
mesmo futuro que o General sonhou e que, nas suas próprias palavras, “não é
cada vez mais saudade, é, sim, cada vez mais necessidade imperiosa.
Hoje, mais do que nunca, quando os
contra-revolucionários deixam cair a sua máscara de democratas e exibem,
despudoradamente, a sua índole fascista, se torna imperioso afirmar a verdadeira dimensão da herança de Abril.
E, exigir que Abril se cumpra.
Por pura estultícia, ou má-fé, alguns se afadigam
em afastar as novas gerações do conhecimento da Revolução de Abril e dos homens
e mulheres que a tornaram possível.
Não o permitiremos!
Por imperativo estatutário, da nossa ACR e por consciência
revolucionária, nos propomos como principal objectivo das nossa existência, “preservar, divulgar e promover o apoio dos
cidadãos aos valores e ideais da Revolução”.
O rumo é este e nesta caminhada que urge fazermos,
cabem todos quantos se identifiquem com os valores de Abril e as conquistas da
revolução plasmadas na CRP de 1976.
Mas que fique claro: não nos assumimos como donos
de coisa nenhuma, mas não pactuaremos com coisa alguma, disfarçada do que quer
que seja, que invoque em vão os valores de Abril e as conquistas da revolução
com o intuito manifesto de as diminuir e de as destruir.
E, àqueles que do alto da sua sobranceria bacoca,
se arrogam não saber quem somos, diremos, parafraseando Vasco Gonçalves:
Cada um é o que é. Nós somos gente de Abril.
Daqui desta tribuna, com o peso da
responsabilidade de o fazer nesta sentida homenagem ao General Vasco dos Santos
Gonçalves, perante, uma Comissão de Honra que integra: resistentes
anti-facistas; Militares de Abril com destacada intervenção no processo
revolucionário; ex- Conselheiros da Revolução (aqui presentes, Almirante
Martins Guerreiro e Coronel Pereira Pinto) e (O Major General Pezarat Correia
que aqui não estando, por razões de saúde, aqui também gostaria de estar); ex-
Deputados à Assembleia Constituinte (aqui presente, Jerónimo de Sousa, que se
faz acompanhar por uma delegação do PCP); ex- Ministros e ex-Secretários de
Estado dos Governos Provisórios (aqui presentes, Avelino Gonçalves, Carlos
Carvalhas e Fernando Vicente); o Conselheiro de Estado (Domingos Abrantes); o
coronel Pinto Soares, capitão de Abril e amigo íntimo que foi do General; e
muitos outros Homens e Mulheres de Abril que viveram e fizeram a Revolução e nos
abriram as portas do Futuro. Daqui, dizia, exorto as novas gerações à defesa
intransigente das conquistas da revolução e à luta, sem tréguas, para que Abril
se cumpra.
Agarrem o Futuro com as duas mãos, sem medos. As atoardas bafientas
dos adversários de Abril são só isso mesmo, são o desespero de causa de hordas
desconcertadas pela melodia do toque a reunir que há tempos se ouve nas hostes
de Abril.
Antes de terminar, seja-me permitido pedir uma
salva de palmas muito especial para todos quantos: camaradas de armas, amigos e
companheiros do General, gente de Abril, a lei da vida já levou… Lado a lado,
com Vasco Gonçalves, ficarão para todo o sempre, a iluminar o nosso caminho, os
nossos sócios de mérito (Costa Martins, Ramiro Correia, Rosa Coutinho, Zé
Casanova, Nápoles Guerra, Victor Lambert, José Saramago, Carlos Paredes,
Adriano Correia de Oliveira e Vasco Costa Santos)
Abril vencerá!
Viva o 25 de Abril!
Viva Portugal!