Núcleo do Porto |20241125 | Revolução e Contra Revolução no Portugal de Abril

 

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Revolução e contra-revolução no Portugal de Abril

 

 

 

O Núcleo do Porto da ACR realizou no passado  25 de novembro a  conferência "Revolução e contra-revolução no Portugal de Abril". Às intervenções dos participantes que constituíam a mesa somou-se a participação de mais de uma centena de pessoas, ocupando corredores (para

 

estes só houve som) e salas em diversos pontos do país ligadas por vídeo conferência. O debate que se seguiu às intervenções iniciais foi muito participado.

 


Baixa da Banheira | 20241124 Exposição a Vasco Gonçalves

 

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OS CAMINHOS DO 25 DE NOVEMBRO | Manuel Begonha - Sócio da ACR

 

 

OS CAMINHOS DO 25 DE NOVEMBRO
Manuel Begonha - Sócio da ACR


Acerca da conversa entre o Coronel Baptista Alves Presidente da Direcção da ACR e Nuno Melo, Presidente do CDS, ocorrida no passado dia 31de Julho, na SIC notícias a propósito da intervenção da ACR numa reunião da Câmara Municipal de Lisboa, onde foi reclamada a falta de resposta do respectivo Presidente, a várias solicitações daquela, para ser recebida, gostaria de acrescentar o seguinte. 
A maioria dos actuais representantes dos partidos da direita portuguesa, não viveram a revolução de 25 de Abril de 1974 e muito menos conheceram o General Vasco Gonçalves. 
Quem o conheceu bem como é o meu caso, sabe que o General jamais aceitaria liderar um governo do tipo ditadura. 
Sempre foi um democrata e um homem de carácter e de cultura. E era também patriota. 
Contudo a direita não lhe perdoa ter amado o seu povo e ser por ele amado

Recordo que Vasco Gonçalves se limitou a cumprir o programa do MFA que Spínola queria pôr na gaveta.
Realizou com os seus 4 governos provisórios os célebres 3 D.

Descolonizar, Democratizar e Desenvolver 

E assim transformou Portugal num país moderno, respeitado internacionalmente e com uma Constituição da República, que defende os interesses do país e do seu povo 

Não se realizaram as eleições para a Assembleia Constituinte? Não se estavam a preparar as eleições para a Assembleia Legislativa?
Vasco Gonçalves mandou matar, torturar ou exilar alguém?
Quando a banca foi nacionalizada, não estava a ocorrer uma enorme fuga de capitais para o estrangeiro, a mando dos amigos do Nuno Melo?

Por outro lado uma missão do M.I.T que esteve em Portugal de 15 a 20 de Dezembro de 1975, reportou que a economia portuguesa estava surpreendentemente boa, comparativamente com outros países europeus. 

Quanto a comunismo trazido pela ex URSS, já escrevi várias vezes que numa visita de estado que lá efectuei integrado numa delegação, chefiada pelo Ministro do Trabalho, major Costa Martins, em Março de 1975, o primeiro-ministro Alexei KossyginK, disse claramente que não iriam interferir em Portugal porque não pretendiam hostilizar a NATO. E assim foi.
Nas campanhas de dinamização cultural e ação cívica que com Ramiro Correia chefiei, nunca se apelou a um regime totalitário para Portugal , nem se promoveu o PCP , nem se sugeriu que nas eleições que promoviamos, se votasse neste ou em qualquer outro partido. 
Saberá Nuno Melo que antes de 24 de Julho de 1974, o General Vasco Gonçalves, incentivou o Professor Freitas do Amaral, a formar um partido político, tendo como inspiração o partido democrata-cristão italiano.? 
A esta conversa assistiram a eng. Maria de Lurdes Pintassilgo e o adjunto do Gabinete Henrique Mendonça. 
Para acabar, pois muito haveria para dizer. 
Quando fecharam violentamente a 5ª Divisão do EMGFA, nomearam Comandantes das 3 regiões militares oficiais afectos ao grupo dos 9 e exoneraram miseravelmente Vasco Gonçalves de  Primeiro-Ministro, onde estavam essas totalitárias e tenebrosas forças, já que tudo se passou ordeiramente?
Quanto ao tão falado discurso de Almada num tempo em que Vasco Gonçalves estava a ser acintosamente traído por muitos que quando atrelados ao carro da vitória o apoiavam, já cansado e rodeado por trabalhadores, alguma vez procedendo como um tirano inebriado pela perpetuação no poder, clamou por uma guerra civil ou um golpe militar.? 
Ou teve um comportamento de exemplar membro das Forças  Armadas aceitando disciplinadamente o seu destino? 
Criou alguma força terrorista para retomar o poder, como outros chefes militares tão incensados perpetraram? 
Conhece a actual direita quem foi o embaixador norte-americano Frank Carlucci e a sua descarada ingerência na política interna portuguesa? 
Conhece Nuno Melo as organizações terroristas com as quais o seu partido se conluiou e os mortos que provocaram? 
Saberá a direita o resultado das primeiras eleições legislativas e se algumas organizações de esquerda as contestaram, ou se alguma força militar revolucionária as tentou anular? 
Saberá a direita a correlação de forças militares que existiam, quando se deu o afastamento de Vasco Gonçalves? 
Se a direita portuguesa fosse menos ignorante e não entrasse em histerismos despropositados, talvez circulassem menos disparates.

 

Histórias de Paris | Manuel Begonha - sócio da ACR

 

HISTÓRIAS DE PARIS
Manuel Begonha - sócio da ACR

Desde a juventude, Paris foi uma cidade que me atraiu política e culturalmente.
Era o horizonte do mundo que esperávamos encontrar e sentir o âmago da cultura em que fomos criados.
Por essas razões e também por outras mais pragmáticas, fui regularmente a Paris.
Irei descrever as viagens que considero mais relevantes.

Na primeira, ainda cadete da Escola Naval, como o dinheiro era pouco, aproveitávamos o retorno dos aviões alemães Noratlas das reparações que efectuavam em Alverca.
Ficávamos em Colónia, de onde seguíamos para toda a Europa mais a Norte. Para Paris a viagem foi de comboio, já com a dieta adequada que eram baguetes e Coca- Cola, bem mais energética do que actualmente.
Hospedava-me no Hotel de Lisbonne que embora modesto, ficava no centro e tinha um quarto decente.
Usei o método habitual para descobrir a cidade : mapa dividido pelas diagonais e assim, quase sempre a pé e por vezes de Metro, fui conhecendo os locais mais óbvios para um turista inexperiente.
Percorri Montparnasse, o Quartier Latin, trepei ao Sacré Coeur passando pela Place du Tertre, cheia de animação e cor, observando os pintores vestidos de génios para impressionar os turistas. 
Lá fui de Metro até ao Arco do Triunfo e Torre Eifel, esfalfando-me pelas Tulherias e Champs Elysées.
Passei pelas pontes do Sena e visitei a fachada do Folies Bergeres, Olympia e Moulin Rouge.
Mas em compensação, entrei nalgumas livrarias históricas como a Gallimard e a Achete.
Reservei dinheiro para entrar nos Invalides, ver o notável túmulo de Napoleão, visitar o Museu do Louvre e fazer um trajecto no bateau mouche.
Erro de principiante, foi ter apanhado o Metro para a Porte de Versailles, julgando assim alcançar o Palácio, o que me levou até ao fim da linha, localizada nuns subúrbios pouco animadores.
Nestas deambulações, recordo quase ter dormido em Notre Dame, num dos seus bancos seculares, tentando esquecer o cansaço, embalado pelo silêncio gregoriano que circula nas grandes catedrais.
Registei na visita ao Panteão, estar gravada no respectivo frontispicio a frase :

"Aux grands hommes la patrie reconnaissante" 

Á luz desta intenção, quantas injustiças cometidas, quantos não couberam lá dentro.
"O cherchez la femme" ficava para a noite
Era a descida aos caveaux e às jam sessions, emparedados em restos de muralhas.
Mas deparei com um problema.
Não podíamos dizer que éramos portugueses o que de imediato afastava qualquer companhia, porque Portugal era muito pouco considerado, devido aos imigrantes pobres e geralmente pouco cultos e ainda devido à guerra colonial.
A solução adoptada, embora pouco patriótica, era dizermos que éramos brasileiros e exibir uns tiques sambistas que não eram propriamente a nossa especialidade mas que acabaram por resultar.

Uma família conhecida dos meus pais de bastante peso, quer financeiro quer social, sabendo que eu estava para ir a Paris, ofereceu - se para contactar um amigo muito conceituado, procurador do Museu do Louvre que tinha uma filha que não se importaria de me acompanhar nesta visita.
Aceite o convite, lá me meti no avião. Chegado a 
Paris, confesso que quando vi a jovem companheira, sofri um choque. .
Não era apenas a figura, nem o rosto muito belo mas a graciosidade da postura e a elegância do andar que denunciavam de certo modo a sua profissão. Era bailarina da Ópera de Paris.
A propósito deste tipo de impressões marcantes, não resisto a fazer um parênteses, para descrever a primeira vez que vi a Maria Carrilho. 
Acabara de regressar a Portugal, vinda de Roma, onde terminara a sua formação académica em sociologia. Paralelamente foi activista do Paese Sera, correspondente da RTP e da EN. 
Trabalhou ainda com sucesso como modelo. 
Deslocou - se à CODICE da 5ª Divisão do EMGFA, para me entrevistar a propósito do seu novo livro intitulado "Portogallo la Via Militare". 
A sua entrada na sala onde estávamos, constituiu uma visão de beleza indescritível. 
O pintor Marcelino Vespeira que estava ao meu lado balbuciou : " Gostava de pintar esta mulher a comer um pêssego." 
E para fechar este parênteses das impressões causadas à primeira vista e que ficaram para uma vida, quero incluir a da minha mulher. 

Voltando então à jovem bailarina demonstrou ser sempre uma excelente e prestável apresentadora de uma outra face de Paris 
Fomos a vários locais já mencionados, outros que foram novidade como o Jeu de Paume, o Museu Orsay e por um capricho dela o cemitério Pere Lachaise, porque me quis mostrar, entre outros, o túmulo de Chopin por quem tinha uma especial admiração. 
No entanto, o que mais me marcou foi a visita a sua casa, situada na Ile Saint - Louis. 
Ficava num conjunto de grandes edifícios clássicos, com um elevado pé direito, com as características persianas em enormes janelas viradas para o Sena. Era um hino ao bom gosto. 
O seu interior, parecia saído de um filme de Milos Forman. 
Uma vez que seu pai tinha uma função destacada no Louvre, este proporcionou-me uma vista guiada, com acesso a locais e obras disponíveis a muito pouca gente. 
Finalmente levou - me a visitar a Opera e a assistir a alguns pormenores menos conhecidos, do laborioso esforço a que é obrigada quem quer ser bailarina do Ballet de Paris. 
Desta minha amiga vim a saber que tivera um envolvimento amoroso com o realizador espanhol Carlos Saura. 

Esta visita tinha características distintas das anteriores. 
Não era meramente turística, ocorreu pouco antes do 25 de Abril e foi relativamente curta. 
Comecei por me encontrar com Jorge Reis que além de escritor, autor do excelente livro "Matai-vos uns aos outros" e activista político era a voz das Actualidades Francesas que víamos nos cinemas a anteceder os filmes. 
Foi uma companhia muito gratificante pelos cafés literários dos mais significativos de Paris, nas visitas às grandes livrarias, ao mundo efervescente de Montparnasse e do Quartier Latin. 
Consegui ainda encontrar o Luís Cilia porque pretendia trazer para Portugal o seu disco que incluía a canção "É preciso avisar toda a gente", com um poema exaltante de João Apolinário que mais tarde, viria a conhecer através de Ramiro Correia de quem era amigo. 
Foi um sucesso porque foi transmitido num programa radiofónicos nocturno do maior prestígio. 
Ainda me desloquei ao estúdio da pintora Vieira da Silva. 
Mas este ciclo não haveria de ficar por aqui, porque ainda tive oportunidade de atingir o meu Óscar, ao ser apresentado à actriz Marie Laforêt

A última viagem foi recente e com amigos, agora com as comodidades que o dinheiro permite. 
Passei a comer em bons restaurantes e a assistir a alguns espectáculos. 
Larguei as intermináveis caminhadas recorrendo ao Uber. 
Não pude revisitar Notre Dame que estava em obras após o incêndio que sofrera mas como estava perto ainda fiz umas compras na Livraria Shakespeare. 
O tempo decorrido consolidou a ideia que tinha acerca da evolução do panorama cultural parisiense. 
Foi permeável à cultura anglo-saxónica e acabou praticamente por se lhe submeter. 
Onde está a canção desde Edith Piaf a George Brassens, os escritores desde Marguerite Duras a Albert Camus, os inovadores do pensamento desde André Breton a J. P. Sartre, os mimos como Marcel Marceau, os coreografos desde Maurice Bejart a Roland Petit, os realizadores cinematográficos desde Jean Renoir a François Truffaut? 
Onde está Paris da nossa juventude, farol da liberdade e da cultura, hoje indigente e em declínio que se deixou enfeitar com penas de pavão bélicas, liderada por um patético Macron? 
Olhando à volta e ao percorrer as ruas de Paris de regresso ao aeroporto, sentimos que algo vai morrendo connosco. 



 

Museu do Trabalho em Setúbal | “Descolonização, Guerra e Paz”

 

Realizou-se no passado dia 16 de Novembro, no Museu do Trabalho em Setúbal, uma sessão debate orientada pelo Presidente da Direção da ACR sobre o tema “Descolonização, Guerra e Paz”, acompanhado pelo dirigente da ACR Paulo Guerra que enquadrou a projeção do filme documentário realizado por ele próprio e Edgar Feldman em homenagem a “Varela Gomes – Um olhar próprio”.
No final da sessão debate Fernando Casaca leu o texto que aqui publicamos


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Iniciativa Setúbal | Descolonozação, Guerra e Paz com projecção de video sobre Varela Gomes

 

O cartaz anexo anuncia, para Setúbal, a iniciativa “Descolonização, Guerra e Paz” a realizar no Museu do Trabalho Michel Giacometi na qual será exibido o filme documentário Varela Gomes – Um olhar próprio”.
Não faltem!