O FIM DE UM IMPÉRIO? Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 O FIM DE UM IMPÉRIO?
Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 

 

Os impérios mais duradouros, foram geralmente construídos pela conquista através da força militar, a atemorização e a imposição do domínio económico, da cultura, da religião, do edifício jurídico e da língua.
Seguiu-se a exploração dos recursos humanos, naturais e geográficos.
Muitas vezes implicou a construção de património construído, militar, religioso e urbano.
Desde o Império Romano e mais recentemente através do Império Britânico, Espanhol e Português, a língua foi um dos principais veículos desta subjugação.
Os impérios coloniais na sua formulação clássica, acabaram com a descolonização portuguesa último país europeu a levá-la a cabo.
No entanto Portugal, terá sido dos únicos países que durante o período do seu império, para além das usuais práticas de violações e saques, se relacionou com os povos indígenas, naquilo que se veio a designar por miscenização.
Não deixa de ser portanto relevante que o inglês seja práticamente uma língua universal, e que países relativamente pequenos como Portugal e Espanha, tenham a respectiva língua falada em todos os continentes à excepção da Oceânia.

Actualmente, o paradigma imperial são os EUA que surgiu após o colapso do Império Britânico.
O domínio é exercido em princípios adaptados à era moderna.
Baseia-se na supremacia militar, económica, tecnológica e cultural.
No que se refere à supremacia militar o professor David Vine, docente de antropologia da American University, Washington DC, estima que conhecidas, os EUA possuam 740 bases militares fora do seu território.
Na Alemanha 118, no Japão 119 e na Itália 44.
Para além do fornecimento de material de guerra, formação do pessoal e serviços de informação, comando e controlo.
Recorrem ainda ao mais diverso tipo de organizações que asseguram o domínio económico, político e tecnológico, sendo exemplos bem conhecidos a ONU, o FMI, a NATO, a CIA para controlo dos governos, e a gestora de activos transnacionais Black Rock.
Caso necessário têm recorrido à ocupação militar, sanções ou bloqueios.
Através destes meios, os EUA canalizaram para si uma parcela desproporcional da riqueza mundial. Impuseram uma série de acordos sobre a maioria das outras nações que garantiram que a maior parte do comércio internacional utilizariam o dólar como moeda de troca.
Mas apesar de tudo isto, o mundo está em acentuada mudança.

Muitos países têm escapado à órbita da unipolaridade e o dólar vai perdendo influência.
A partição dos EUA no comércio mundial, de acordo com projecções do FMI caiu de 21.5% em 1990 para 15.4% em 2022.
Segundo John Michael Greer, a dívida federal dos EUA cresce 2 triliões de dólares anuais, já atingindo hoje um total de 31.7 triliões de dólares.
Desta forma, o limite da dívida externa norte americana está novamente à beira de ser excedido.
Decorrem negociações entre os democratas e os republicanos para mais uma vez aumentar este limite, prática já efectuada dezenas de vezes, o que terá de provocar a alteração do programa económico de Biden. 
Seria extraordinariamente grave para a economia global se os EUA entrassem em "default", isto é, a incapacidade de honrar os compromissos da dívida e a impossibilidade de imprimir mais dinheiro em moeda nacional. 
Os seus maiores credores são de longe a China, seguida da Inglaterra, Holanda e Suíça. 

Mas neste âmbito voltando ao título deste texto, é necessário um aviso àqueles que precipitadamente celebram a próxima queda do Império norte-americano. 
Este dispõe ainda de enormes recursos estratégicos em várias áreas quer industriais, intelectuais, minerais, militares e acima de tudo resiliência. 
Embora seja previsível que passem por uma enorme turbulência, poderão ser capazes de retardar uma eventual queda se reequiparem a economia para produzir riqueza na forma de bens reais e serviços não financeiros e assim combater a desindustrialização, a precarização do trabalho, o desemprego e a inflação. 
E não de somenos importância, têm a língua inglesa que impera nas tecnologias, na informação, nas relações entre os povos, nos meios de comunicação, no cinema e na cultura. 
E é este património que o próximo possível império emergente que é a China, está muito longe de ter.

 

Os Impérios actuais - Marques Pinto | Vogal da direcção

 

Os Impérios actuais
Marques Pinto | Vogal da direcção

 

 

  Vivemos na Europa, e tentámos sempre fazer crer ao resto do mundo que foi neste Continente, especialmente na sua zona Sul que se iniciaram as civilizações mais evoluídas, esquecendo ou tentando ignorar o que se passava no extremo oriente e no Império do Meio como se designava a actual China há muitos séculos.

 

  Claro que não podemos negar que primeiro a partir da Grécia e depois de Roma os ditos “povos mais civilizados e evoluídos” foram pela “lei da força e poder militar tentando educar e conquistar as populações de outras terras e culturas” e assim se foram formando novos Impérios com povos subjugados obrigados a pagar através de variados tipos de impostos o “favor” de terem sido invadidos e na maior parte dos casos a serem espoliados dos seus bens e riquezas naturais que á superfície ou no subsolo interessavam aos invasores.

 

  Todos nos lembramos como ao longo do tempo de escola ou já no ensino secundário tais acontecimentos históricos nos foram ensinados como tal se tratasse duma benfeitoria que os mais fortes e poderosos dispensassem em relação aos subjugados.

  Claro que esta “prática” se prolongou por mais de quarenta séculos, variando nos modos e meios utilizados mas tendo o denominador comum da exploração dos mais fracos ou menos aguerridos pelos mais poderosos.

  Nos últimos sete séculos assistimos a um outro tipo de domínio e opressão quando os Europeus descobriram que a Sul do seu continente havia outros mais fáceis de explorar com menos meios militares e com riquezas interessantes e úteis para os “cultos e desenvolvidos” povos europeus e assim passou-se aos domínios coloniais em África e na Ásia.

  Os tempos passaram e os incultos foram-se cultivando e começaram a ter a noção de que serem dominados e maltratados e ainda por cima enriquecendo os que vieram ocupar e mandar nas populações locais teria de terminar e iniciaram as suas lutas de libertação tendo em cerca de meio século alterado quase completamente o quadro do domínio colonial em África e na Ásia.

 

  Curiosamente num outro continente, houve um grupo de pequenos estados/colónias que depois de terem quase exterminado as populações indígenas locais, lutaram pela sua independência fiscal em relação á Inglaterra e se tornarem numa nação de estados federados, percebendo que a sua posição geográfica isolada por dois grandes oceanos tal lho facilitava e permitia e a riqueza natural muito ajudava.

  Este novo aglomerado de pequenos estados decidiu no século 19 anexar mais  4 estados dum país vizinho construindo pela lei da força quase metade do seu actual território, alem dalgumas ilhas no Oceano Pacífico, porque nenhum dos países “roubados” tinha força militar nem apoios de terceiros que permitissem evitar tais anexações “manu militare”.

 

  Curiosamente há cerca de 80 anos e depois duma guerra devastadora e desastrosa para toda a Europa, tornou-se fácil com apoio dos seus pares e antepassados residentes na grande ilha -conhecida por Grã-Bretanha, - desenvolver um processo que criasse grande dependência financeira para a reabilitação dos estados do centro europeu e a fidelização dos principais políticos europeus – processo esse que mais tarde e com economias já tendentes à independência económica face ao Plano Marshall - obrigou á criação dum novo esquema de domínio financeiro, muito facilitado pela criação duma federação europeia com lideres escolhidos e sempre nomeados com apoio e acordo dos EUA – e da qual posteriormente ajudaram e apoiaram a saída da Inglaterra no tão discutido Brexit – podendo assim os EUA dispor dum aliado incondicional e independente da União Europeia para dar o grande golpe económico nesta velha Europa tão dividida por interesses de toda a ordem, mas governada por um grupo de dirigentes dependente e sempre obediente aos interesses políticos, financeiros e económicos dos EUA e que apesar dos sucessivos escândalos de corrupção aos mais altos níveis sempre se manteve e mantém sem qualquer tipo de ameaça de investigação séria, vejamos o caso das vacinas Covid, e da relação familiar em quem compra e quem vende por valores que se mantém segredo, vejamos as compras de armamento que seguem para alem fronteiras e sem saber quanto vai custar aos povos europeus a aquisição de novo, só se sabendo a quem vai ser comprado.

 

  Séculos passados o velho sistema Imperial não se esgotou.

  O domínio dos grandes e poderosos Impérios mantém-se inalterável apoiado como sempre na ameaça duma própria poderosa força militar e jogando muitas vezes no terreno com outras forças militares dos seus “súbditos” que recebem a paga por diversos meios mas alimentam no terreno as guerras de interesses estranhos com a vida dos seus naturais.

 

  Vamos assistindo a muitas horas e inúmeros folhetins de discussões de assuntos de mera coscuvilhice política do quem disse ou quem fez isto e aquilo e nem se permite que aflorem os principais problemas que esta nossa população trabalhadora com vencimentos de miséria, vai ouvindo sobre membros do governo, agentes políticos e funcionários de empresas publicas com vencimentos de largas dezenas de  milhar de euros e muitas outras prebendas, que se passeiam pelo nosso Portugal e pelo estrangeiro e até recebem subsídios para compensar dias de férias que dizem não ter gozado...

 

  Vamos empobrecendo rapidamente com a estagnação dos salários com níveis crescentes e preocupantes de população já em estado de mera sobrevivência, e já com muitos idosos sem família a serem “convidados” a abandonar os lares de terceira idade por não poderem pagar as mensalidades que dada a inflação crescente se tornam incomportáveis para as magras reformas que eles próprios recebem ou os seus familiares podem suportar.

COMUNICADO

 

COMUNICADO

A Associação Conquistas da Revolução(ACR) tem a honra de comunicar a todos os seus associados e amigos que no passado dia 16 de Maio, o General Vasco dos Santos Gonçalves, referência primeira da nossa Associação, foi agraciado com a Ordem da Liberdade por S.Exa o Presidente da República.
Anti-fascista, Militar de Abril, co-redactor do Programa do MFA, Primeiro-Ministro de Julho de 1974 a Setembro de 1975 no período mais criativo da Revolução dos Cravos, Vasco Gonçalves foi inquestionavelmente um dos mais ilustres Capitães de Abril.
Fazendo jus à sua opção de adesão ao então Movimento dos Capitães, sendo então já Coronel de Engenharia do Exército, sempre procurou ser parte igual do Movimento em conjunto com todos os camaradas, que muito respeitava, evitando qualquer liderança que a sua antiguidade pudesse suscitar.
Foi, porque assim o quis, um Capitão de Abril, da primeira e de todas as horas!
Por força do amor ao povo que somos ganhou o desamor dos contra-revolucionários.
Viverá para sempre no nosso coração, como o “Companheiro Vasco”, o que reforça a nossa inquebrantável vontade de lhe erigir um monumento.

INFORMAÇÃO

INFORMAÇÃO

 

No passado dia 3 de Maio, completaram-se 102 anos da data de nascimento do General Vasco Gonçalves. Para assinalar a efeméride, realizámos uma sessão convívio comemorativa e a antecipá-la, uma reunião alargada à Comissão de Honra das Comemorações do Centenário do nascimento do General, com o objectivo de fazermos um ponto de situação do projecto de construção do monumento e debater propostas de prosseguimento das acções tendentes àquele objectivo.


Abriu a sessão o Presidente da Assemblei Geral.


Pelo Presidente da Direcção foram apresentadas as seguintes propostas:

 

  1. Preparar iniciativa, inserida no 50º Aniversário do 25 de Abril, numa data emblemática (5 de Outubro de 2023, 1 Dezembro de 2023, 25 de Abril de 2024, 1 de Maio de 2024), de inauguração virtual do monumento com projecção holográfica no local escolhido, na Alameda D.Afonso Henriques.

Sendo necessário:

  • Garantir o local para uma iniciativa própria
  • Angariar fundos para suportar o evento ( pequena expressão)
  • Promover uma campanha de divulgação nas redes sociais e presencial, focada na cidade de Lisboa

     2. Iniciar de imediato a subscrição pública para a construção do Monumento

          Sendo necessário:

  • Criar uma comissão dedicada, com participação de um jurista
  • Promover sessões de apresentação do projecto em várias localidades do país
  • Contactar o Gabinete do Arq, Álvaro Siza para encontrar soluções para a construção e acompanhamento da construção do Monumento
  • Preparar proposta a enviar à CMLisboa para doação do Monumento

 
    3. Insistir na exigência de apresentar à Câmara e à Assembleia Municipal a proposta de construção conjunta do Monumento

          Sendo necessário:

  • Promover a divulgação do projecto nas redes sociais
  • Promover iniciativas em várias localidades da cidade (freguesias)
  • Mobilizar os associados para presença nas iniciativas.


Aberta a discussão sobre as propostas, o nosso associado, major-general Jorge Aires, fez uma importante intervenção que consta, na íntegra, do nosso “blog” e da qual se transcreve:


Passam hoje 102 anos do nascimento desse Homem que, na sua circunstância, quis dedicar-se integralmente e integramente ao Povo de onde emergira. 

Nesta data de aniversário do nascimento do Gen Vasco Gonçalves temos entre mãos um Projeto que abraçamos com denodo - inaugurar, em Lisboa, na Alameda que tem o nome do fundador da nossa nacionalidade, o monumento ao maior obreiro dessa Aliança(refere-se à Aliança Povo-MFA)ao General Vasco dos Santos Gonçalves, o Companheiro Vasco.
Trata-se de um Projeto que, como já foi dito, Lisboa merece e  Portugal engrandece.


Perante um Projeto, as boas práticas aconselham uma análise à exequibilidade de objetivos. No caso em apreço a dimensão do Homem e o reconhecimento do que foi o seu contributo para a História contemporânea de Portugal, por mais escassos que os recursos se apresentem, impõe-se apelar à Vontade e Querer de todos nós para superar a, sempre presente, escassez de recursos. E a nossa Vontade é de não desistir.

Parabéns à ACR e à Comissão de Honra que até aqui nos trouxe.
Saibamos, todos, dar-lhe continuidade e concretização.

Disse.”

Seguiram-se intervenções de outros participantes, solicitando esclarecimentos das propostas e/ou manifestações de apoio às propostas, com especial
relevância por parte de João Bernardino, Presidente da CCPRD e do Presidente da Direcção da Casa do Alentejo, João Proença.

Houve consenso quanto às propostas de acção, sendo a data do 5 de Outubro apontada como adequada para a inauguração virtual do monumento.

Intervenção do Major-General Jorge Aires em 3 de Maio por ocasião das comemorações do 102º aniversário do nascimento do Gen. Vasco Gonçalves

 Intervenção do Major-General Jorge Aires


Passam hoje 102 anos do nascimento desse Homem que, na sua circunstância, quis dedicar-se integralmente e integramente ao Povo de onde emergira.


Ao Gen Vasco Gonçalves muito se fica a dever da ação de destruição do estado fascista. Muitos para isso contribuíram e a isso ele soube e foi capaz de dar alento, impulsionamento e direção.

As vicissitudes da Revolução, a incapacidade de entendimento entre aliados naturais, a arte das forças contra revolucionárias, a falta de discernimento de muitos democratas que cederam e ali encontraram aliados de circunstância e a pro ativa cedência às teses da soberania partilhada como soberania reforçada, conduziram à encruzilhada com que o Portugal de hoje está confrontado.

Decorridos quase 50 anos depois do anúncio do Programa do MFA e os seus 3 D, comemorado a 2 de abril mais um aniversário da Constituição da República, respaldo essencial à nossa vida como País independente, há que reconhecer termos vivido desde novembro de 75, um processo de adulteração e destruição do que o MFA possibilitou e a Constituição consagrou e, apesar de amputada, consagra.

Como o Gen Vasco Gonçalves assinalou, ele foi um homem do MFA e como tal merece e deve ser recordado.
Pugnador da aliança Povo-MFA como motor da revolução, confluímos no processo da institucionalização do regime democrático vendo aprovada uma Constituição da República que no seu Artigo 275º prescreve que as "Forças
Armadas obedecem aos órgãos de soberania competentes, nos termos da Constituição e da Lei."; para logo de seguida acrescentar que "As Forças Armadas estão ao serviço do povo" (...).
A explicitação constante da Constituição sobre a quem servem as nossas Forças Armadas é suficientemente clara para se poder afirmar estarmos perante uma dimensão do Estado que não está ao serviço deste ou daquele modelo de organização sócio económica, mas está ao serviço do nosso Povo. Também aqui e sob este prisma se pode reconhecer em certa medida a consagração na Constituição do que visava a Aliança Povo-MFA.

Nesta data de aniversário do nascimento do Gen Vasco Gonçalves temos entre mãos um Projeto que abraçamos com denodo - inaugurar, em Lisboa, na Alameda que tem o nome do fundador da nossa nacionalidade, o monumento ao maior obreiro dessa Aliança o General Vasco dos Santos
Gonçalves, o Companheiro Vasco.
Trata-se de um Projeto que, como já foi dito, Lisboa merece e  Portugal engrandece.
Com os pés ancorados em terra firme importa termos uma visão e um referencial de ação para a concretização do Projeto que se apoiem numa análise avisada do caminho a desbravar, dos obstáculos que se colocarão (cujo universo não se esgota nos que já estão identificados) e dos
ensinamentos a colher de outras situações ocorridas.
Comecemos por estas últimas.
Recordam-se do número de anos e peripécias com que a Associação 25 de Abril foi confrontada depois de expulsa do Forte do Bom Sucesso até conseguir a sua sede em Lisboa?
Entre a saída do Forte do Bom Sucesso e a inauguração da sede atual terá passado mais de uma década. Por contraste, refira-se a atribuição da Casa dos Bicos à Fundação José Saramago. Neste último caso havia que capitalizar politicamente no sucesso que foi a atribuição ao Autor do Prémio Nobel e isso pode explicar como as coisas se passaram.
Se o processo associado à sede da Associação 25 de Abril nos pode ensinar que 10 anos foi muito tempo, acresce que, atentas as diferenças entre as motivações políticas que ambas as decisões de concessão podem refletir (o da sede da Associação e o do Monumento ao Gen Vasco Gonçalves), justifica-se que só possamos esperar dificuldades acrescidas.
Temos assim o emergir de uma visão e referencial de ação ancorado nas seguintes ideias mestras:

  • Uma intervenção cívica por tempo de duração indeterminada mas longo;
  • Um caminho a percorrer que se fará caminhando, e uma equação de recursos a resolver.

Quando falo em recursos impõe-se aprofundar.

Perante um Projeto, as boas práticas aconselham uma análise à exequibilidade de objetivos. No caso em apreço a dimensão do Homem e o reconhecimento do que foi o seu contributo para a História contemporânea de Portugal, por mais escassos que os recursos se apresentem, impõe-se
apelar à Vontade e Querer de todos nós para superar a, sempre presente, escassez de recursos. E a nossa Vontade é de não desistir. Contudo, importa ter presente a imprescindibilidade de construir uma Torrente Social de
apoios e iniciativas que progressivamente confrontem a Autarquia de Lisboa com a insensatez e desconsideração da História que a sua postura neste Projeto consubstancia.

A prioridade para a congregação de recursos vai para a construção dessa Torrente Social que há-de ser o desaguar de múltiplas iniciativas concorrentes para a finalidade pretendida, inaugurar o Monumento em Lisboa na Alameda, local para onde foi projetada pelo ilustre Arquiteto Siza
Vieira.
E é esta a temática que na nossa discussão merece prioridade e que a ela dediquemos a nossa imaginação, para construirmos uma fita de tempo de iniciativas que materializem a Torrente referenciada.
Justifica-se relembrar o que aqui já foi referido em conversas anteriores, projetar iniciativas nas mais importantes cidades do País em torno do Projeto. Essas iniciativas e os seus resultados ajudarão a contrastar o apoio que o Projeto recebe, com a falta de apoio que a autarquia de Lisboa tem evidenciado.

Parabéns à ACR e à Comissão de Honra que até aqui nos trouxe.
Saibamos, todos, dar-lhe continuidade e concretização.
Disse.

DELENDA CARTAGO | Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

DELENDA CARTAGO

Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral


Vive-se actualmente num ambiente anti-russo que acicatado pela comunicação social e respectivos mandaretes,  se está a tornar numa paranóia afectando grande parte da nossa opinião pública.
Catão o Antigo, terminava invariavelmente os seus discursos com a frase Delenda Cartago, "Cartago deve ser destruída" que se tinha transformado numa obsessão. Cartago era uma poderosa Cidade-Estado localizada na actual Tunísia, concorrente da Roma Imperial.

  • Parece ser então urgente apagar a Rússia, quer do seu papel decisivo na derrota do nazi-fascismo na 2ª Guerra Mundial, quer de quaisquer manifestações desportivas, culturais ou históricas. O Ocidente está enfermo. Delenda Rússia.
  • É imperativo mobilizar todos para a Ucrânia rapidamente e em força. Esgotem-se os arsenais da UE, engorde-se a indústria militar norte-americana. Delenda Rússia.
  • Que sejam anatemizados os jornalistas, os políticos, os comentadores, os militares e todos os que tenham opinião. Todo o contraditório será castigado. Censure-se a liberdade de expressão do pensamento. Expulsa-se até um professor da Universidade de Coimbra. Delenda Rússia.
  • Todas as violência do neoliberalismo serão toleradas. Todos os ataques à liberdade e direitos individuais e colectivos serão incentivados. Condenem-se as mobilizações anti-fascistas e todas as batalhas democráticas. Delenda Rússia.
  • Ressuscite-se Bellini para criar uma nova "Norma", que faça soar o tambor da guerra, mesmo que ocorra uma hecatombe na Ucrânia, pondo em risco o futuro da humanidade. Delenda Rússia.
  • As lições da história não colhem no nosso tempo. Mas as obsessões que fizeram história permanecem na memória dos homens. Delenda Rússia.

Núcleo do Porto - Ciclo de conferências 12 de Maio | Portugal de Abril - os primeiros 50 anos | primeira sessão "Escola democrática - conquista de Abril"

 

 

Inserida no ciclo de conferências "Portugal de Abril - os primeiros 50 anos",realizou-se no Porto a primeira sessão, em 12 de Maio, intitulada "Escola democrática - conquista de Abril".
 
 

 
No painel de participantes estão: Manuel Matos, docente universitário, Manuel Carvoeiro, inspector do ensino, e os professores Eduardo Ricardo, Mário David Soares e Sónia Duarte.
 
 

 

 


TRÊS HISTÓRIAS DE VIAGENS Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

TRÊS HISTÓRIAS DE VIAGENS
Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 Agora que ultrapassámos um intenso período de actividades comemorativas do 49º aniversário do dia 25 de Abril, decidi alterar de novo o tema do meu texto.
Das várias experiências que vão contribuindo para a formação de cada um de nós e que são o peso da vida de um homem, umas vindas da família, outras do meio académico e profissional, a viagem é para mim uma das mais enriquecedoras, pelas oportunidades que proporciona de observar novos ambientes, a cultura, a história e os costumes de outros povos aparentemente diferentes.
Vou relatar três das viagens que pela sua natureza, se tornaram inesquecíveis.

Em Março de 1975, deslocou - se á URSS uma delegação composta por militares e civis chefiada pelo então Ministro do Trabalho, major Costa Martins.
Para além de visitas a vários locais, o objectivo mais importante era falar com os responsáveis soviéticos acerca da revolução portuguesa.
Fomos recebidos pelo Presidente do Conselho de Ministros A. Kossiguine, pelo 1Vice Ministro e o General Sergei Sokolov, chefe do Departamento de Relações Internacionais.
Das reuniões havidas, ficou bem claro que a URSS não estava interessada em qualquer tipo de intervenção ou interferência em Portugal e face à situação internacional que se vivia, não pretendia hostilizar a NATO.
E assim foi.
Os pormenores desta viagem, foram apresentados no texto que publiquei em Dezembro de 2020 "Vêm aí os russos - do mito à realidade".
O que ficou por contar, é que fazia parte do programa uma deslocação da delegação militar à Base Naval de Sebastopol na Crimeia.
O almoço decorreu num enorme salão, completamente cheio que tinha um grande palco.
Quase a terminar esta cerimónia, abriram - se as cortinas e no palco apresentou-se o Coro dos Marinheiros do Mar Negro.
Cantaram belas canções russas, até que se lembraram de nos convidar a juntarmo-nos a eles.
Ouvimos então os primeiros acordes da canção "Grândola Vila Morena", com o coro a fazer a música de fundo e nós lá ficámos de braço dado e não tivemos outra solução senão fazer de solistas.
Mas quem é que honestamente sabe toda a letra desta canção?
A dada altura, cada um cantava um verso, com os movimentos oscilatorios do corpo a acompanhar o ritmo cada vez mais desencontrados e lá terminámos a actuação de uma forma muito pouco abonatória.
Após esta penosa exibição abandonamos o palco, ainda assim generosamente aplaudidos.
Mas esta visita estava fadada a ser aziaga.
Tinha-me sido atribuída a função de proferir os discursos oficiais. Desta vez após uma empolgante improvisação, julgava eu, porque a tradução me pareceu algo abreviada, fiz as habituais saudações e atirei o copo do vodka para trás das costas.
Fez-se um silêncio sepulcral, apenas quebrado pelo barulho das prestimosas vassouras a varrer os cacos, porque desta vez não era o copo adequado para ser sacrificado, por pertencer ao serviço de louça de um czar, apenas utilizado em ocasiões especiais.

A viagem seguinte teve início no Laos, país relativamente pobre mas rico em património.
Visitamos o Mosteiro de Luan Prabang e seguimos pelo rio Mekong, cujas águas haveria de sulcar mais vezes nesta aventura, para ver as impressionantes cavernas de Ban Pak, onde se expõem milhares de estátuas de Buda.
Seguimos para o Camboja, com o principal intuito de conhecer a monumental edificação de Angkor Vat, desejo que me perseguia há muito devido à respectiva descrição nos livros de Emílio Salgari, companheiros da minha infância.
Entrámos finalmente no Vietname, o principal objectivo deste percurso.
Começámos por Ho Chi Minh ex Saigão, que é uma cidade moderna e bem traçada. Possui numerosos museus, muitos evocativos da guerra contra os EUA.
Passámos a Hanoi, cidade com traços da colonização francesa, muito bonita e com um lago bem enquadrado que ajuda à elegância do conjunto.
Fomos assistir a um teatro aquático de marionetas muito original. Por todo o lado remeniscencias da guerra.
Visitámos vários outros locais turísticos como a Baía de Halong, campos com túneis subterrâneos, praias, até que chegámos a Hué, cidade medieval muito bem conservada, onde resolvi ir a uma loja cuja especialidade era colocar os pés dos clientes num tanque, onde peixes se encarregavam de lhes retirar eventuais impurezas.
Mas como aparentemente não encontraram nada de muito substancial, resolveram começar a morder - me desapiadadamente os pés, o que me fez abandonar a sessão e fugir descalço para a rua.
Fiquei muito impressionado com o Vietname.
Adoptaram o regime chinês dos dois sistemas, situação que não é do total agrado de alguns antigos combatentes mais ortodoxos com quem tive a oportunidade de falar.
Tem bons hotéis, come-se bem e é surpreendentemente limpo.
Com a capacidade de trabalho, determinação e frugalidade daquele povo, estou plenamente convencido que em breve será um país a ter um grande protagonismo regional.

E a última desta série de viagens foi à Patagónia.
Entramos pela Argentina em Buenos Aires que é uma cidade deslumbrante, não só pelo seu enquadramento paisagístico, mas também pela vida, pela cultura, pelo tango e até pelo rugby.
Sob o ponto de vista urbano é uma cidade europeia.
Passamos pelos respectivos locais mais icónicos tais como, o Bairro La Boca e a Rua Caminito, com os seus heróis populares, Maradona, Carlos Gardel e Evita Peron, imortalizados numa varanda e ainda 
O Obelisco, a Rua Corrientes e a extraordinária biblioteca no Teatro Ateneo, o Teatro Cólon, o Palácio presidencial, a Casa Rosada e o cemitério La Recoleta onde jaz Evita Peron.
Com alguns companheiros resistentes das ditaduras principalmente de Jorge Videla, passei por prisões e outros locais onde actuaram os torcionários.
Seguimos então para o Sul, deslocando-nos ao magnífico glaciar Perito Moreno, até entrarmos na Patagónia Argentina que é uma autêntica ante-câmara da Antártida.
Julgo ser uma das últimas grandes maravilhas da natureza, quase intocada.
Com uma variedade de glaciares belíssimos e uma flora e fauna especiais, onde sobrevivem os pumas e as alpacas e no litoral milhares de pinguins e muitas orcas.
Chegamos então a Ushuaia, a cidade mais a sul do continente americano.
Embarcamos num cruzeiro que numa indiscritivel travessia através de vários glaciares  braços de mar e locais de desembarque, passamos o cabo Horn e chegamos a Punta Arenas no Chile.
Há por todo o lado evocações ao português Fernão de Magalhães.
Daqui viramos a Norte, a Puerto Natales, porta de entrada da Patagónia chilena e ao Parque Nacional Torres del Paine, onde continuou o nosso assombro pelos vários espectáculos naturais que nos foram proporcionados.
Atingimos então Santiago do Chile, cidade muito espanhola.
Lá, passámos pelo Palácio de La Moneda e seguimos o percurso de Salvador Allende, conversámos com as mães da Praça de Maio.
Fomos a Vina del Mar e de seguida visitamos La Sebastiana, casa de Pablo Neruda em Valparaiso, cidade com um espantoso colorido e localização. 
Para além da paisagem única da Patagónia, quero destacar a passagem pelo temível cabo Horn. 
Em dias de mar chão os mais afoitos conseguem lá desembarcar e subir até um Farol que possui um livro para os visitantes escreverem o que lhes aprouver. 
É claro que para um português e marinheiro como eu, algo teria de deixar registado em tão mítico lugar. 
Resolvi então, escrever o poema "Mar Português" de Fernando Pessoa mas como me esqueci dos últimos versos, acrescentei uns versos dos "Lusíadas" de Camões. 
E assim pelos caprichos de uma má memória, lá deixei um poema em que juntei os dois maiores poetas da língua portuguesa.

 

Intervenção de Baptista Alves, presidente da direcção da ACR | almoço comemorativo do 25 de Abril promovido pelas associações e clubes militares

O 49º Aniversário do 25 de Abril de 1974

Almoço de militares

Intervenção de Baptista Alves, presidente da direcção

 

 

No próximo dia 25 de Abril, completamos 49 anos da data gloriosa do 25 de Abril de 1974, que nos libertou do jugo fascista, e deu origem ao pujante processo revolucionário que haveria de transformar radicalmente a sociedade portuguesa numa sociedade livre e democrática e, nos exactos termos da CRP de 1976, “de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português, tendo em vista a construção de um país livre, mais justo e mais fraterno”.

 

Sim, camaradas, o tempo passou, mas na nossa memória  permanecem vivas as razões que nos fizeram acordar:

   

-Que à data do 25 de Abril de 1974, o povo português era um povo empobrecido e oprimido por um regime ditatorial fascista, suportado num forte aparelho policial repressivo;

 

-Que o nosso país era um dos mais atrasados da Europa e se encontrava exaurido por 14 anos de guerra colonial em três frentes: Guiné, Angola e Moçambique;

 

-Que o Portugal de então, isolado pela comunidade internacional, em particular nas Nações Unidas, onde se afirmavam os princípios da autodeterminação e libertação de todos os povos do Mundo - se encaminhava teimosamente para um desastre de proporções catastróficas.

 

Sim, camaradas, não esquecemos e não deixámos que se procure fazer esquecer:

 

-Que à feroz ditadura houve sempre quem não desse tréguas, mantendo viva a esperança na liberdade e na justiça social;

 

-Que nesse glorioso dia 25 de Abril de 1974, jovens militares das nossas Forças Armadas, jovens os comandados e jovens os comandantes - irmanados por um ideal comum- levaram a cabo um dos feitos militares mais relevantes da história de Portugal;

 

- Que o MFA, logo a 26 de Abril de 1974, apresentou o seu Programa ao povo português, o PROGRAMA DO MOVIMENTO DAS FORÇAS ARMADAS, no qual se preconizavam um conjunto de medidas- imediatas, de curto e de médio prazo- que se propunham liquidar o regime opressor, vencido, e lançar as bases para um futuro democrático de progresso e justiça social: os conhecidos três Dês do MFA (Democratização, Descolonização, Desenvolvimento);

 

- Que Portugal viveu nesse período revolucionário iniciado em 25 de Abril de 1974, a mais fantástica aventura colectiva de que há memória;

 

-Que a Constituição da República Portuguesa de 1976, apesar das 7 revisões constitucionais a que foi sujeita, ainda é uma das mais progressistas do Mundo e nela se encontram garantidos direitos fundamentais que urge CUMPRIR E FAZER CUMPRIR.

 

Somos todos militares de Abril, com muito orgulho pela Pátria que servimos e pela condição militar que nos é própria. Vivemos o nosso tempo ancorados nos ensinamentos dos nossos ancestrais, mas com os olhos postos no Futuro, o Futuro que Abril nos trouxe.

 

O Futuro a que não somos alheios nem deixámos que nos deixem de fora dele. Unidos nas nossas Associações e Clubes militares, saberemos, como sempre soubemos, honrar a farda que envergamos.

 

No próximo dia 25 de Abril, iniciámos também a contagem decrescente para o 50º Aniversário. É tempo para uma grande reflexão sobre todo este tempo, meio século, de espera para que Abril se cumpra.

Quão longe nos encontramos das promessas de Abril?

Educação para todos

Habitação para todos

Saúde para todos

Direito ao trabalho com direitos

Direito à Informação

Direito à Cultura e Desporto

 

Quanto dos avanços civilizacionais que Abril nos trouxe já ficaram pelo caminho: eliminados uns, outros condicionados, muitos sistematicamente esquecidos ou ignorados?

 

Um desfiar de retrocessos, ofendendo a Lei Fundamental do país, a Constituição da República Portuguesa, hoje mesmo sobre

a ameaça da 8ª tentativa de desvirtuamento … ou mesmo de liquidação, da ordem constitucional nascida da Revolução de Abril.

 

Não nos iludamos: Os derrotados em Abril, e seus sucedâneos, estão aí, agora às claras, com despudor, ameaçando valores e princípios fundamentais em que assenta a nossa Democracia.

 

Ganharam terreno, tanto mais quanto as promessas de Abril, foram ficando mais longe, a exploração de quem trabalha se acentua e a qualidade de vida regride:

-A erradicação da pobreza voltou a ser uma miragem;

-A saúde cada dia que passa é mais um negócio chorudo;

-A habitação um maná da especulação fundiária e imobiliária, e dos senhorios sem escrúpulos;

-O acesso à educação, à cultura, ao desporto, cada vez mais difícil para quem menos tem.

 

Estes e muitos outros retrocessos que podíamos alencar, alimentam o desânimo das novas gerações e propiciam o aliciamento pelos charlatães de todos os matizes, para aventuras de cariz racista, xenófoba e fascista.

 

Tudo sob a batuta dos grandes predadores apátridas a quem tem sido permitido sugar a riqueza nacional e acumular fortunas de dimensão obscena, empurrando grande parte da população portuguesa para a emigração ou para uma vida no limiar da pobreza.

 

Comemorar o 25 de Abril é afirmar a vontade do povo português em defender os valores de Abril.

 

Os tempos são difíceis, a nível nacional e internacional. Convivemos hoje com mais uma guerra na Europa, uma guerra sangrenta e de resultados imprevisíveis, para nós, para os europeus, para o Mundo e até para a existência da própria vida na Terra.

 

Por último, dizer-vos apenas:

 

Para compreender tudo isto, o 25 de Abril, a Revolução de Abril, são ensinamentos importantes e, em particular a Constituição da República Portuguesa de 1976, merece ser revisitada e pensada, também como mensagem de Paz, de convivência com todos os povos do Mundo, do primado da solução pacifica dos conflitos de interesse entre os Estados, do desarmamento geral, simultâneo e controlado, da dissolução dos blocos político-militares, em suma:

    

Um Mundo que é nosso de direito, na CRP e na Carta das Nações Unidas

 

          Viva o 25 de Abril

          Viva Portugal


A sul do Tejo | Homenagens a Vasco Gonçalves

 Presença de Vasco Gonçalves a Sul do Tejo


Será na noite de 22 de Abril, no Auditório Municipal António Chaínho, em Santiago do Cacém, que a inauguração da Exposição do Centenário de Vasco Gonçalves garante o seu percurso a Sul do Tejo, uma vez mais inserida na agenda do Poder Local Democrático, fruto de uma consistente parceria. Em nome da Direcção da Associação Conquistas da Revolução marcarão presença Carlos Vitoriano, José Sucena e Valdemar Santos.


Outras iniciativas promovidas por Comissões Promotoras das Comemorações do 49º Aniversário do 25 de Abril, a exemplo de anos anteriores, terão lugar no Barreiro num almoço a 23, com a participação do Capitão-de-Fragata Manuel Carvalho, na noite de 24 no Ginásio Atlético Clube da Baixa da Banheira, que acolhe o Sargento Vicente Figueira, o qual, dois dias depois, também tomará a palavra no tradicional almoço que a Associação dos Serviços Sociais das Autarquias do Seixal e outros órgãos representativos dos trabalhadores levam a cabo, com igual intervenção dos eleitos dos vários órgãos do Concelho.

Entrevista de Manuel Begonha à revista Sábado em 20230417

 Para ler a interessante entrevista que Manuel Begonha, presidente da Assembleia Geral, deu à revista Sábado, jornalista Margarida Davim, clique

AQUI

AS CONVULSÕES DO NOVO MUNDO | Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

AS CONVULSÕES DO NOVO MUNDO
Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

As ondas de choque resultantes da aproximação da Rússia à China, têm provocado grandes movimentações dos dois blocos em confronto.
O dos EUA e seus aliados e o emergente que combate por um mundo multipolar.
No entanto, no tabuleiro da grande política internacional, nem tudo o que vai parecendo é.
Comecemos pelas recentes visitas à China do chanceler Scholz, do espanhol Sanchez, de Ursula Van Leyden e de Macron.
Com o seu habitual pragmatismo, Xi deu preferência aos que se deslocam, tendo na agenda as trocas comerciais. Van Leyden foi a excepção porque levou os estafados recados políticos de Biden, o que fez com que fosse recebida como uma política menor.
Macron teve uma recepção ao mais alto nível,
também porque se fez acompanhar por uma delegação de 60 grandes empresários, tendo assinado numerosos acordos.
No entanto Biden, deve ter ficado bastante agastado, com as declarações que têm vindo a ser proferidas por Macron que referiu o despontar de um novo mundo multipolar, do qual a China é um elemento indispensável à UE, tendo dito inclusive em 9 de Abril passado que esta não deverá ser seguidista relativamente aos EUA, no que concerne a Taiwan.
É claro que perante todos estes sinais, os EUA vão marcando a sua posição por todo o mundo, de uma forma mais ou menos velada, isto é, recorrendo ou á NATO ou á CIA.
Assim, as boas recordações de tranquilidade trazido pela doutrina Monroe e a segurança decorrente das ditaduras resultantes da Operação Condor, impelem os EUA a desestabilizar os países progressistas da América Latina e Caraíbas.

Destacou-se o ataque a Boric no Chile e a sua perseguição permanente, os golpes contra o governo no Peru e a promoção do Fórum de Madrid, realizado em Lima, com movimentos globais de extrema direita organizado pelo Vox.
É ainda de notar, o violento ataque contra a ex Presidente Cristina Kirchner que se estende à sua filha Florence, uma vez que segundo uma recente declaração do senador Ted Cruz, o peronismo ameaça a segurança estadounidense.
Não deverá ainda ser esquecido o boicote a Cuba, à Venezuela e à Nicarágua.
Apesar da pressão sobre Lula para que condene a Rússia e o apoio ao bolsonarismo, este não deixou de visitar a China, trazendo importantes acordos para o Brasil.

Em África a vice presidente Kamala Harris, encerrou uma visita a três nações, Gana, Tanzânia e Zâmbia, onde posicionou os EUA como um parceiro económico e de segurança confiável.
Está ainda na agenda, a interferência nos 40 países africanos que se irão deslocar à reunião preparatória em S. Petersburgo que antecede a grande cimeira na África do Sul, da qual temem uma maior influência da China.

Mas as maiores preocupações da diplomacia norte-americana, centram-se na região Eurasia, Ásia e Índico.
Os acontecimentos não cessam.
O Irão move-se e envia uma delegação à Venezuela.
Os EUA retaliam e através de Israel, atacam a sua Guarda Nacional na Síria e acendem conflitos no Cáucaso, na fronteira Irão Arzerbeijão.
A Arábia Saudita integra-se neste jogo.
O Irão é um dos principais fornecedores de gás à China e a Arábia Saudita de petróleo.
Entretanto, a China e os Emiratos Árabes Unidos, selaram um acordo de pagamento do gás em yuan, abrindo o caminho ao Petroyuan, reforçado também pelo pagamento nesta moeda do gás russo, procurando assim privilegiar acordos em moedas regionais o que irá contornar o dólar. 
A Índia que joga com um pau de dois bicos está a preparar eleições. 
O objectivo é enfraquecer Modi que não é um presidente da confiança dos EUA que recorrem a Soros que em colaboração com a oligarquia norte-americana, Deep State e Wall Street, tenta uma mudança de regime para o desenvolvimento de interesses comerciais e se apresenta como investidor e orientador de fundos especulativos. 
Para as próximas eleições presidenciais em Taiwan, a decorrer a 13 de Janeiro de 2024, existe um partido o Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês, PN ch) que as poderá vencer. 
Multiplicam-se as ajudas ao partido concorrente (Partido Progressista Democrático PPD), da actual presidente, Tsai Yng- Wen que acabou de regressar de uma visita aos EUA e que não se pretende integrar na China. 
Tais perturbações, levam a NATO a ponderar uma forma de se deslocar para o Oriente e assim, estender o cerco à China e ao reforço dos QUAD e do UKUS o que implica a militarização da Índia, Austrália e Japão, seus integrantes. 
E apesar deste cenário, prossegue a guerra na Ucrânia. 


Intervenção de Baptista Alves nas comemorações do 47º aniversário da CRP

 Intervenção de Baptista Alves nas comemorações do 47º aniversário da CRP

 

 

OS 47 ANOS DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA
Comemorar o 47º Aniversário da Promulgação da CRP é festejar um dos
acontecimento mais significativos da Revolução de Abril: A
institucionalização do regime democrático, construído em cumprimento
escrupuloso dos compromissos assumidos pelo MFA, com a participação
massiva e empenhada de todo o povo português.
Mas tem que ser também uma oportunidade de reflexão sobre o país
que hoje temos.
A propósito, seja-me permitido referir que há dias, numa iniciativa com
participação de jovens, alguém falou no desconhecimento da juventude
actual do que foi o 25 de Abril e as conquistas da Revolução, no
desconhecimento da própria CRP, a Lei Fundamental do país.
Uma jovem, tomou então a palavra e disse: É verdade,
desconhecemos, mas isso acontece porque vocês não nos ensinaram.
No rescaldo do desconforto com a atrevida bofetada, dei comigo a
pensar: “A miúda tem razão”! Temos que ter a humildade de
reconhecer que, falhámos. Falhámos todos! Uns mais do que outros.
Mas isso agora não importa nada, importa sim, é arrepiar caminho e
quanto antes.
Os derrotados em Abril e seus sucedâneos, estão aí, às claras, com a
suas habituais charlatanices à procura de presas fáceis.
Impõe-se-nos, procurar unir esforços e por todos os meios ao nosso
alcance fazer reverter esta situação. Impõe-se-nos, recordar a uns e
ensinar a outros:
-Que à data do 25 de Abril de 1974, o povo português era um povo
empobrecido e oprimido por um regime ditatorial fascista, suportado
num forte aparelho policial repressivo;
-Que o nosso país era um dos mais atrasados da Europa e se
encontrava exaurido por 14 anos de guerra colonial em três frentes:
Guiné, Angola e Moçambique;
-Que o Portugal de então, isolado pela comunidade internacional-em
particular nas Nações Unidas, onde se afirmavam os princípios da
autodeterminação e libertação de todos os povos do Mundo - se
encaminhava teimosamente para um desastre de proporções
catastróficas;
-Que nesse glorioso dia 25 de Abril de 1974, jovens militares das
nossas Forças Armadas, jovens os comandados e jovens os
comandantes, levaram a cabo um dos feitos militares mais relevantes
da história de Portugal;
- Que o MFA, logo a 26 de Abril de 1974, apresentou o seu Programa ao
povo português, o PROGRAMA DO MOVIMENTO DAS FORÇAS
ARMADAS, no qual se preconizavam um conjunto de medidas-
imediatas, de curto e de médio prazo- que se propunham liquidar o
regime opressor, vencido, e lançar as bases para um futuro democrático
de progresso e justiça social: os conhecidos três Dês do MFA
(Democratização, Descolonização, Desenvolvimento);
- Que Portugal viveu nesse período revolucionário iniciado em 25 de
Abril de 1974, a mais fantástica aventura colectiva de que há memória;
-Que nesse período o então Presidente da República, Francisco da Costa
Gomes, fez ecoar na Assembleia da ONU, perante a comunidade
internacional, o orgulho de falar em nome do povo português, liberto da
ditadura fascista que oprimia o nosso povo havia 48 anos;
-Que o mesmo Presidente da República promulgou em 2 de Abril de
1976, a Constituição da República Portuguesa de 1976, também
ela uma conquista da revolução, que incorpora no seu texto os valores
que nortearam os militares do MFA e todas as conquistas do processo
revolucionário que, impulsionadas por um poderoso movimento popular,
em pouco mais de 500 dias, mudaram radicalmente a sociedade
portuguesa, abrindo, nos exactos termos do texto constitucional, “o
caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo
português, tendo em vista a construção de um país livre, mais justo e
mais fraterno.”;
Em suma, são 312 os Artigos da CRP de 1976 e são o mais fiel
registo dos civilizacionais avanços de todo o processo
revolucionário.
Dizer ainda, que ao ir pessoalmente à Assembleia da República, em 2
de Abril de 1976, promulgar a Constituição para a mesma entrar em
vigor em 25 de Abril de 1976, Costa Gomes gravou para a história o
seu inabalável compromisso com a Revolução de Abril.

Por tudo isto apoiamos esta iniciativa e subscrevemos o Manifesto que aqui
foi hoje apresentado, na certeza de que CUMPRIR E FAZER CUMPRIR A
CRP, a Lei Fundamental do País, que apesar das 7 revisões
constitucionais ainda é a Constituição de Abril, é um imperativo de
todos quantos se revejam nesta ordem constitucional.
E, na certeza também de que estamos a contribuir para reforçar a
esperança das novas gerações num futuro melhor, o Futuro que a CRP
lhes garante e é seu de direito.
Lutem por ele!
E, aviso de veterano, não deixem que vos deixem de fora dos
ensinamentos da nossa história contemporânea.

O ESTERTOR DO MUNDO UNIPOLAR Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 O ESTERTOR DO MUNDO UNIPOLAR

Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 


Ocorreu há poucos dias um acontecimento que poderá alterar profundamente a ordem mundial, com consequências de amplitude imprevisível para a humanidade.
Trata-se do encontro realizado em Moscovo entre Putin e Xi Jinping, líderes da Rússia e da China.
Quase em simultâneo decorreu também na Rússia, uma cimeira que reuniu 40 países africanos, preparatória da cúpula que se irá realizar na África do Sul, em Julho deste ano.
Complementarmente a Rússia perdoou a dívida destes países.
Desta forma, entra em desiquilibrio a globalização, com o fortalecimento das relações entre a Eurasia e o Oriente.
Os recentes acordos conseguidos entre o Irão e a Arábia Saudita, com a aproximação da Turquia, abrem caminho ao controlo do médio oriente pela Rússia, Irão e China.
Em termos de resultados do encontro acima referido, a Rússia passará a ser o maior fornecedor á China de petróleo, fertilizantes e grãos, para além de outras matérias primas, o que constituirá uma considerável alternativa ao corte de fornecimento à UE, decretado pelas sanções.
Estão assim abertas as portas da parceria da Grande Eurasia e à integração da Rota de Xangai.
Para tal encontra-se em pleno funcionamento o gasoduto Power of Siberia que exporta gas do leste da Siberia para o nordeste da China, estando quase pronto o Power of Siberia 2 que transportará gás natural da península de Jamal no Artico, também para o nordeste da China.
Também nesta expansão para o Oriente, está já operacional o Corredor Internacional de Transporte e Trânsito do Golfo Negro que irá impulsionar a iniciativa Rodoviária e do Cinturão Leste - Oeste, liderado pela China (BRI) e para o Corredor Internacional de Trasportes Norte - Sul, liderado pela Rússia e Índia. 
Este corredor envolve a Rússia, Ásia Central, Azerbeijão , Europa, Turquia, Irão, Afeganistão e Índia. É um sistema de trânsito multimodal de 7200 km em conexão com o (BRI). 
Para o reforço da união económica asiática - africana e Sul americana, é ainda bom lembrar que a Rússia e a China, integram o BRICS, bem como o Brasil, a maior potência da América Latina e que em breve o Presidente Lula visitará a China. 
Todos estes blocos têm mostrado interesse em criar uma moeda nova, que irá contribuir para o enfraquecimento do dólar, como moeda de troca universal, o que agravará a crise em que se encontra o sistema bancário dos EUA, abrindo assim as portas a um novo mundo multipolar. 
Este novo mundo deverá ser equilibrado, sem que venha a emergir uma nova potência, com tendências hegemónicas. 
Tal como aconteceu com a Rússia relativamente ao conflito com a Ucrânia, é preciso ter em conta que quando uma grande potência é encurralada, pode reagir mal. 
A reacção dos EUA, deve ser aguardada com atenção, uma vez que este país, aumentou o respectivo orçamento de defesa para 2024 em 24%, com o argumento de que a China representa uma ameaça. 
Nos últimos discursos de Xi Jinping, este declarou que a China se deverá preparar para uma agressão militar dos EUA. 
É claro que o futuro da humanidade parece estar ameaçado. 
Esperemos que o bom senso impere entre os senhores da guerra. 

- Para mais informação reler textos do autor:

"O Oriente próximo horizonte do mundo" e
" O alvorecer de um novo mundo"

 

Intervenção de Adrião Pereira da Cunha na apresentação da Colectânea na Universidade Popular do Porto no dia 24 de Março


 

Intervenção de Adrião Pereira da Cunha na apresentação da Colectânea na Universidade Popular do Porto no dia 24 de Março

O livro do “Centenário do Nascimento do general Vasco Gonçalves - Coletânea Documental”, apresentado no passado dia 14, na Casa do Alentejo, em Lisboa, elaborado e editado pela “Associação Conquistas da Revolução” tem hoje, dia 24, apresentação formal nesta Universidade Popular do Porto.

Batista Alves, Presidente da Direção da “Associação Conquistas da Revolução” na apresentação do livro, referindo as condições em que este trabalho se desenvolveu, agradeceu as colaborações e contributos valorativos que dão bem a dimensão do sentimento e do respeito pela figura ímpar do General. Enfatizando:

foi possível realizar com dignidade as comemorações do Centenário, enfrentando a indiferença dos órgãos de poder instituídos e o silenciamento da comunicação dominada. Confesso que não sei dizer qual das duas mais me envergonha: se a hipocrisia de uns se a cobardia dos demais.

Cremos sinceramente que este documento, para além do seu principal objetivo de ser a memória das comemorações do Centenário, dá acolhimento a um conjunto de reflexões e testemunhos presenciais indispensáveis para a compreensão da nossa história contemporânea.

Muito me honrou o convite formulado por Jorge Sarabando, em nome da – Associação Conquistas da Revolução -, para apresentar o livro que condensa uma coletânea de textos, sobre o general Vasco Gonçalves, no ano em que se comemora o centenário do seu nascimento.

Trata-se de um livro que se insere no género biográfico e noticioso, que permite conhecer parte do percurso político de Vasco Gonçalves.

Numa apresentação breve podemos referir que a “Coletânea Documental” contempla textos de autores diversos, além de notícia pormenorizada das ações desenvolvidas em Portugal pela Associação Conquistas da Revolução, ao longo dos dois últimos anos. Foi um longo percurso onde se confrontou com as condicionantes resultantes da situação epidémica que assolou o País e o Mundo.

Com excelente aspeto visual, e cuidado alinhamento, a “Coletânea” contempla uma abundante série de fotografias a par de excelentes trabalhos gráficos.

Para memória futura, a “Coletânea” identifica a Comissão de Honra das Comemorações do Centenário de Vasco Gonçalves. Com um prefácio de Manuel Begonha - Presidente da Assembleia Geral – que refere:

·     Não deixaremos que se ignore que Vasco Gonçalves não precisou de distribuir ou de recorrer ao dinheiro para que o povo confiasse nele, ganhar determinação revolucionária e esperança de conseguir um futuro mais igual para todos.

·     Também não se pode esquecer que com o seu exemplo de liderança, nos quatro governos provisórios a que presidiu, Portugal se libertou de uma cultura de dependência que nos havia sido instilada, geradora de corrupção e fator de empobrecimento e atraso na nossa economia. Percebemos então que para nos desenvolvermos, era necessário encorajar o investimento produtivo a ser partilhado a partir dos mais desfavorecidos.

·     Para terminar, importa referir o ponto culminante desta comemoração.

O monumento que pretendemos erguer ao General Vasco Gonçalves.

O respetivo autor, arquiteto Siza Vieira, não deixa dúvidas sobre os méritos desta significativa obra.

Constituirá uma fonte de inspiração, uma vontade de nos afirmamos como um País livre, sem medos – que são o instrumento de domínio que usados por políticos sem escrúpulos se podem tornar bloqueadores – e de remeter para o passado a necessidade de os mais pobres precisarem de mendigar uma fatia ao futuro.

Que fique bem gravado que os revolucionários não têm o direito de desistir, nem de se deixar pelo desespero.

Que este monumento seja um estímulo que nos conduza a não viver à espera do amanhã de cada novo dia.

 

Seguem-se artigos de:

·     José Goulão - O lugar de Vasco Gonçalves na História

·     Pedro de Pezarat Correia – Em memória de Vasco Gonçalves

·     Jorge Sarabando – A contra-revolução a norte

·     José Ernesto Cartaxo – Vasco Gonçalves – Aliança Povo/MFA, Luta de Massas e Valores de Abril

·     António Quintas – Vasco Gonçalves e os Direitos Laborais e Sindicais

·     Abílio Fernandes – Vasco Gonçalves e a génese do Poder Local Democrático

·     Raimundo Cabral – O contributo de Vasco Gonçalves – por uma melhoria de vida nos campos

·     V. Grandão Ramos – Vasco Gonçalves: das Conquistas de Abril à Descolonização de Angola

·     Domingos Boleiro – Vasco Gonçalves Uma Educação para Todos

·     Modesto Navarro – Vasco Gonçalves – Cultura, ética e exigência de mudança

·     Rui Namorado Rosa – A Ciência e o 25 de Abril a propósito de Vasco Gonçalves

·     Carlos Silva Ramos – Vasco Gonçalves e a revolução da saúde em Portugal

·     Catarina Ruivo – A questão da habitação

·     Américo Nunes – As Nacionalizações

·     Maria José Maurício – A governação do general Vasco Gonçalves – Direitos das Mulheres e Cidadania em Igualdade – Avanços

·     A. Melo de Carvalho – Vasco Gonçalves Do Homem e do Desporto

·     José Goulão – Uma coragem que abalou o mundo

·     Anabela Fino – Liberdade de imprensa – a grande ilusão

·     António Avelãs Nunes – No centenário do nascimento de Vasco Gonçalves

·     Batista Alves – Os valores de Abril plasmados na Constituição, o futuro de Portugal, a soberania e as conquistas a defender e a alcançar

Eventos nas comemorações do Centenário do nascimento do General Vasco Gonçalves:

·     Conferência de Imprensa na Casa do Alentejo em Lisboa a 15 de outubro de 2020;

·     Edição de medalha comemorativa de autoria de Acácio de Carvalho;

·     Edição de Cartaz comemorativo e imagem gráfica de autoria de José Santa Barbara, com trabalho gráfico de Alfredo Cunha

·     Edição de uma Folha Informativa especial;

·     Edição de uma brochura intitulada “Quem foi Vasco Gonçalves” com textos de Manuel Begonha e Miguel Urbano Rodrigues;

·     Livro “Vasco Gonçalves – essa gente é o que é, eu sou um homem do MFA”, com a participação do Professor Avelãs Nunes;

·     Concerto em Gaia, no Cineteatro Eduardo Brazão a 23 de abril de 2021;

·     Colóquio “Vasco Gonçalves – a obra e o homem” em 24 de abril de 2021, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos, com a participação de Jorge Sarabando, António Avelãs Nunes, Henrique Lopes de Mendonça, José Castro Carneiro e Manuel Loff;

·     Inauguração da Placa toponímica na Rua General Vasco Gonçalves, no Lumiar, em 3 de maio de 2021;

·     Sessão convívio na Sede da ACR, assinalando a data do nascimento de Vasco Gonçalves;

·     A 9 de maio de 2021, Sessão Solene na Voz do Operário;

·     A 15 de maio de 2021 por iniciativa da Câmara Municipal de Loures – participação em evento comemorativo do nascimento do General Vasco Gonçalves no anfiteatro do Museu de Cerâmica de Sacavém;

·     Sessão Comemorativa do nascimento do General Vasco Gonçalves, em 23 de junho de 2021, no Teatro Sá de Miranda, em Viana do Castelo;

·     Apresentação do livro “Cem cravos para Vasco Gonçalves”, de autoria do Professor Avelãs Nunes, em 2 de novembro de 2021, na Universidade Popular do Porto;

·     Conferência sobre Vasco Gonçalves em 27 de novembro de 2021, na Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, com intervenções do contra-almirante Martins Guerreiro, major-general Pezarat Correia, coronel Pinto Soares, coronel José Castro Carneiro e comandante Henrique Mendonça;

·     Sessão / Debate sobre o salário mínimo, em 20 de janeiro de 2022, na Casa do Alentejo;

·     Sessão de encerramento das comemorações em 3 de maio de 2022, na Casa do Alentejo, com a participação da atriz Cármen Santos, poemas Armando Silva Carvalho e Ramos Rosa, música com o pianista Joana Bagulho, com música de Carlos Paredes. Do realizador Paulo Guerra, apresentação do filme de sua autoria conjuntamente com Edgar Feldman, intitulado “Vasco Gonçalves na Revolução”;

·     A terminar um “Epílogo”, onde, entre outros assuntos, se dá notícia do monumento a Vasco Gonçalves de autoria de Siza Vieira.

Permitam-me que refira que tivemos o privilégio, e a honra, de ter privado com Vasco Gonçalves, e com sua mulher, tanto no Porto, como na sua residência em Lisboa, onde estabelecemos inesquecíveis e proveitosas conversas, sobre os mais diversos assuntos.

Eu e minha mulher, acompanhamos o general Vasco Gonçalves e sua mulher, na sua primeira deslocação a Vigo, com a companhia dos saudosos e inesquecíveis amigos, Drs.: Ferreira Alves e Lúcia Treló, Eduardo Teixeira de Sousa e Maria Emília Teixeira de Sousa.

Vasco Gonçalves, nas palavras de Maria Manuela Cruzeiro, era um homem com tocante sinceridade, com uma entrega total de vida a um ideal, com a força e autenticidade de que só são capazes os grandes homens nos grandes momentos. O mais elementar ato justiça obrigará a reconhecer em Vasco Gonçalves um desses homens a quem o destino concedeu o dom raro de viver o sonho da única forma possível. O quase total apagamento de uma vida cortada ao meio, por um acontecimento que a transfigurou e lhe deu pleno sentido, por ter vivido à escala que desejava viver.

Armando de Castro refere que Camus escreveu que há épocas na história em que aqueles que afirmam que dois mais dois são quatro são condenados à morte enquanto noutras são simplesmente ignorados.

À nossa conjuntura sociopolítica nenhuma destas situações é evidentemente aplicável. Porém, quado a luta política criou  uma gigantesca campanha ideológica que sob o neologismo de «gonçalvismo» procura cegar as pessoas para o papel histórico do homem que consubstanciou a política, de acordo com a qual praticamente se concretizou o essencial da Revolução Democrática Portuguesa, e que de resto encontra a sua consagração na Constituição Política, promulgada em 2 de abril de 1976, para entrar em vigor no dia em perfaz dois anos a “Revolução de Abril”, quando isto é assim, importa ter a coragem de com a lucidez possível, repor a objetividade histórica, independentemente de posições de classe, de visões ideológicas e de conceções partidárias.

A generosa personalidade de Vasco Gonçalves não pode, com toda a certeza, ser sequer beliscada, pelos múltiplos ataques, que lhe são dirigidos, quantas vezes perpassados duma aversão e dum rancor que só amarrará os seus autores ao pelourinho da História”.


César Príncipe, sobre Vasco Gonçalves refere: “Este general soube ser homem e soube ser português: soube iluminar com as estrelas da madrugada do 25 de abril nos seus ombros, um povo acordado da «longa noite fascista». Vasco Gonçalves passou como um meteoro, fugaz e límpido. Mas o traço da sua passagem foi profundo e não é mais possível apagá-lo das páginas da História”.

Jacinto Prado Coelho, sobre Vasco Gonçalves escreveu: “Muitos terão esquecido, outros decidido esquecer. Mas Vasco Gonçalves foi, humanamente, a mais invulgar figura que emergiu na cena política depois do 25 de abril de 1974.

A mais capaz de mobilizar espíritos e as vontades, de conquistar o povo, de acordar um anseio de justiça e de reconstrução nacional, em homens de todas as condições – isto graças a um tom de profunda sinceridade -, ao entusiasmo de uma entrega generosa, por uma espécie de absorção no sonho que ele teimava em comunicar, apesar de milhentas dificuldades e armadilhas.

Os seus discursos, as suas falas não tinham apenas a força do sonho que o impelia: tinham, também, a força dum bom senso, que os ouvintes aceitavam.

Em vez de sufocar o ímpeto popular, procurou, sim, orientá-lo. Em perspetiva histórica existe a necessidade de homenagem à força duma singular personalidade, ao combate dum português que amava Portugal.

Personagem ativa da Revolução do 25 de abril de 1974, continua a desencadear ainda hoje, passados tantos anos, reações emocionais tão vivas quanto contraditórias.

Vasco Gonçalves abandonando, cedo demais, a cena política, confirma a trágica verdade de que as revoluções devoram sempre, ou quase sempre, os seus principais atores”. É o caso.

Nas suas intervenções procurou ser um igual entre iguais, com uma linguagem espontânea, galopante, torrencial, integra-se com eficácia na vertigem da transformação revolucionária.

“Com veemência, com esperança, com ódio. Vasco Gonçalves, nessa altura, consubstancia um produto de situações inevitáveis que quase meio século de repressão criou, sedimentou, e fez explodir”, conclui Veiga Leitão.

Sobre o “legado histórico do gonçalvismo”, Óscar Lopes escreveu:

Poupemo-nos ao mau gosto de uma comparação com aqueles que, com uma insistência maníaca e quase desesperada, se agarram ao termo intencionalmente caricato de «Gonçalvismo», como que a esconjurar a grande catástrofe, o fim de um mundo que, certamente, seria o seu mundo.

Se o termo «Gonçalvismo» ficar na história, será para assumir o significado de dois padrões de exemplaridade política.

Eça de Queirós em “Notas Contemporâneas” refere a propósito de patriotismo:

“Há em primeiro lugar o nobre patriotismo dos patriotas: esses amam a Pátria, não lhe dedicando estrofes, mas com a serenidade grave e profunda dos corações fortes. Respeitam a tradição, mas o seu esforço vai todo para a nação viva, que em torno deles trabalha, produz, pensa e sofre.

Põem a pátria acima do interesse, da ambição, da glória. Tudo o que é seu o dão à pátria. Sacrificam-lhe a vida, trabalho, saúde, força, o melhor de si mesmo. Dão-lhe sobretudo o que as nações necessitam mais, e o que só as faz grandes: dão-lhe a verdade. A verdade em tudo, em história, em arte, em política, nos costumes”.

É este patriotismo autêntico que transparecia nas palavras e nas atitudes de Vasco Gonçalves, enquanto primeiro-ministro. Era linguagem da verdade a unir a «malta» toda para um trabalho comum: - fazer desta pátria que é Portugal, uma nação próspera, livre, democrática e feliz.

Falar de Vasco Gonçalves é relembrar uma importante reviravolta no estar, sentir e viver dos portugueses, com memórias de ânsia de liberdade, que estruturaram formas de luta social e política rumo à liberdade do cidadão e da sociedade, ao bem-estar, sucesso, e progresso social de todo um povo.

Numa aproximação mais atenta, rapidamente se conclui que a ação política de Vasco Gonçalves assume relevância social, que as tramas procuram esbater no bem estra, sucesso e progresso social, sempre repletas de dificuldades no rumo à esforçada conquista.

Para Vasco Gonçalves, o conceito de revolução do 25 de abril, exigia uma profunda mudança de propósitos nos relacionamentos interpessoais; foram tempos de uma nova politica socialmente agitados e conturbados, de indignação nos espíritos mais conservadores, tornando-se geradores da metamorfose social a que se assistiu, nos direitos de cidadania para os quais se impunha a intervenção política de cada individuo, - de cada um nós -, numa perspetiva da liberdade do cidadão. Sendo objetiva e constante a resistência à inovação e ao progresso que se impunha à sociedade em geral, em oposição à opulência ociosa, egoísta e inútil.

Nesta tensão de diferentes mundivisões; de contrariedades e perplexidades, face a uma nova era, os portugueses puderem pensar livremente, afirmando, sobretudo, o direito à liberdade no trabalho, de pensar e de agir, enquanto atores principais de uma nova sociedade a construir.

Procurando criar o espaço para o direito à liberdade, não ser invadido pela intromissão alheia. Pela criação de liberdades, que não eram reconhecidas aos cidadãos, num ambiente já sem restrições, ou constrangimentos, em espontânea abertura social e política.

Metamorfose de libertação nos ideais pelos direitos do homem e do cidadão, numa mudança que se impunha no sentido da justiça social.

Era então necessário que a revolução acolhida pela opinião pública recaísse sobre si mesma, num exercício de ponderação indispensável ao aperfeiçoamento e rigor de análise, acerca de comportamentos humanos, possibilitando-se, por esse duplo processo, a conjugação de dois processos de libertação e mudança social – a de opinião e da regulação de opinião.

Consistência variável, fragilizada, pelo que se exigia renovação e equidade nos direitos do cidadão, deixando sem resposta imensas interrogações relativas ao castigo dos perversores, dos atos da política, da ética, das mentalidades e da liberdade.

É, em suma, de todo este pensar político, que trata o livro, que aqui apresentamos sobre comemoração do Centenário de Vasco Gonçalves.

Simbolismo que integrou evocação de processos históricos, cívicos e políticos, que importa estudar, debater, compreender no presente, os então encetados processos de construção de liberdades.

O livro trata da apresentação de conferencistas com a publicação dos respetivos textos na obra coletiva, na construção da liberdade.

O tema em discussão é candente, pertinente e oportuno.

No país e no mundo discute-se, ou poem-se em causa liberdades e garantias tidas por adquiridas, assumindo que a História, e o fazer História, refletem preocupações do presente, quanto dinâmicas marcantes do passado, tema que acaba por ganhar importância e relevância acrescida e inesperada.

Todo o programa do “Centenário de Vasco Gonçalves, está condensado nos vários textos que constam desta “Coletânea”, que tentam analisar as mudanças verificadas no país.

Celebramos, assim, um tempo que foi de evolução na História de Portugal, propondo-se uma reflexão sobre os momentos de rotura e evolução, ou seja; compreender e aprofundar o entendimento sobre o processo evolutivo do 25 de abril de 1974.

Os valores da revolução não estão perdidos, com avanços e recuos, encontram-se plasmados na Constituição, e o momento atual contribui para que seja relevante uma reflexão sobre os valores de Abril.

Os fenómenos de populismo e de violência, associados a processos de demagogia, constituem hoje um conjunto de ameaças que estão por aí e que nos exigem cuidados acrescidos na salvaguarda dos valores defendidos por Vasco Gonçalves, que o livro agora apresentado reproduz.

Muito obrigado.

Universidade Popular no Porto, 24 de março de 2023