Intervenção de Jorge Sarabando na apresentação do Livro "25 de Novembro, o depois" escrito por Ribeiro Cardoso

 

25 de Novembro, o depois

Intervenção de Jorge Sarabando na apresentação do livro de Ribeiro Cardoso

Unicepe, 27 de Novembro de 2023


 Sabemos: as revoluções são sempre uma obra colectiva, destinos individuais que se cruzam num dado momento histórico e desencadeiam um processo de transformação. Destacam-se depois alguns protagonistas de quem se desvela um recorte biográfico. A narrativa mais comum centra-se no fluir dos acontecimentos, na ruptura operada, nos actos políticos e seus efeitos, no confronto de interesses sociais, no movimento da história e seu significado. Mas poucas vezes se detém no ser humano concreto, naqueles muitos, como em Portugal, que fizeram de um golpe de Estado uma revolução e transformaram uma ditadura revelha de 48 anos numa democracia desenvolvida, dotada de uma Constituição que consagra direitos sociais e continua em vigor, como carta de unidade de todos os democratas e lei matricial que a todos os portugueses obriga.

Um dos grandes méritos do livro de Ribeiro Cardoso é, justamente, o de trazer até nós o nome e o percurso de vida de capitães de Abril que pouco estiveram na ribalta, na maioria ignorados na historiografia corrente, a quem as instituições vigentes maltrataram, intentaram humilhar e vencer, ou mesmo eliminar, mas sem eles, e o seu contributo, a Revolução não teria sido possível, pois o MFA foi um todo e com todos cumpriu a sua missão e o seu programa.

O golpe de 25 de Novembro evocado ainda hoje como acto salvífico da democracia e da liberdade, tratou sem respeito pela legalidade democrática e por valores humanos essenciais militares do MFA da primeira hora e de todas as horas, entre centenas de oficiais e sargentos, e de praças da Armada, além de mais de uma centena de profissionais da Comunicação Social que foram demitidos das suas funções, e só muitos anos depois viriam a ser reparados das injustiças cometidas, para alguns tarde de mais, tema do anterior livro de Ribeiro Cardoso “O 25 de Novembro e os media estatizados”.

Pelas páginas do livro hoje apresentado passam situações indignas em que militares de Abril foram presos sem acusação ou culpa formada, mantidos incomunicáveis, sujeitos a tratamentos cruéis, como foi o caso de 1ºTenente Miguel Judas, que fora membro do Conselho da Revolução, levado a visitar seu pai no hospital, de noite e algemado. Outros actos abusivos das autoridades militares são descritos com rigor e verdade comprovada. Embora nenhum crime justificasse tais procedimentos, a verdade é que os militares de Abril assim maltratados não foram acusados de qualquer acto ilícito em concreto. Militares do MFA, alguns oficiais superiores, membros do Conselho da Revolução, foram detidos e presos sem o mínimo respeito pelos seus direitos como militares e como cidadãos. Como foi possível?

Falemos, então, do 25 de Novembro.

Antecedido pelo Pronunciamento de Tancos, em Setembro, em que foram afastados Vasco Gonçalves, Primeiro-ministro, Eurico Corvacho, Comandante da Região Militar Norte, e outros membros do Conselho da Revolução, e extintos órgãos democráticos das Unidades militares então existentes, o 25 de Novembro foi um golpe de direita que não chegou tão longe quanto os seus urdidores pretendiam.

Foi meticulosamente preparado, com a contratação atempada de ex-comandos para reforço do Regimento de Comandos, com a transferência em sigilo das barras de ouro do Banco de Portugal para o Porto, com a preparação da deslocação para esta cidade do Governo e da Assembleia Constituinte, com o afastamento cirúrgico de militares de esquerda de funções de chefia e a transferência de forças para a Base de Cortegaça. Dias antes, estava já redigida a resolução, com aprovação garantida, segundo o seu autor, prof. Jorge Miranda, em que a Assembleia Constituinte, reunida a norte, ganharia novos poderes e seria extinto o Conselho da Revolução. Escreveu um dos chefes da rede terrorista da extrema direita que “estavam preparados grupos para executar quem quer que fosse”. A norte ficaria o comando das tropas que marchariam sobre a inventada “Comuna de Lisboa”. O seu objectivo era dividir o País, provocar um banho de sangue e esmagar as forças de esquerda. Não conseguiram. A convergência de democratas e patriotas evitou, no limite, o pior.

A “Comuna de Lisboa” era um cenário ficcionado, como se comprovou, mas instrumental para os objectivos de quem urdiu o golpe. Diziam que o País foi salvo duma ditadura comunista de tipo soviético, e ainda hoje o repetem com certa prosápia, sem que saibam apontar um único facto a fundamentar tão delirante acusação. Quem conhecer a história de países onde foi aplicado o “Método Jacarta” ou foram alvo da “Operação Condor” na América do Sul, com a CIA no comando, encontrará efabulações deste género.

Diria mais tarde o General Vasco Gonçalves: “ O plano não veio a ser concretizado porque a esquerda militar, o Partido Comunista e as forças progressistas não se deixaram envolver na provocação do 25 de Novembro e porque Costa Gomes chamou a si a dependência de todas as unidades militares do País”.

E diria o General Pezarat Correia, que pertenceu ao Grupo dos nove: “A democracia e a liberdade vingaram, não por causa do 25 de Novembro, mas apesar do 25 de Novembro”.

Disse também o General Franco Charais, igualmente do Grupo dos nove: “…,o 25 de Novembro não foi uma tentativa de golpe de Estado da esquerda revolucionária e/ou do PCP. Mas uma simples rebelião de para-quedistas abandonados pelas suas chefias”.

O livro de Ribeiro Cardoso permite reconstituir o percurso profissional dos militares do MFA presos na sequência do 25 de Novembro, restituir o seu bom nome e honradez, soezmente postos em causa.

Passado algum tempo depois de Novembro, diria Vasco Lourenço, então oficial General, comandante da Região Militar de Lisboa, um dos vencedores aparentes do Golpe, numa alocução às tropas, em Setúbal, como se lê na pg.53: “Continuo a ver cair nas prisões camaradas que nos são queridos. A eles nos ligam laços de amizade, camaradagem, de luta em comum que não são fáceis de destruir ou esquecer. Porque nos dividimos nós? Por questões puramente militares? Quem nos divide?”

Sim, quem dividiu o MFA?

Também neste plano se encontram no livro pistas valiosas que ajudam a encontrar respostas, a encontrar saídas nos labirintos de Novembro.

Mas vale a pena uma reflexão.

A aliança Povo-MFA era a expressão política de uma vasta frente social anti-monopolista e a sua acção revelou-se decisiva no avanço do processo revolucionário e na construção da democracia. Quebrar a aliança, dividir o MFA e dividir o movimento popular tornou-se um desígnio estratégico do grande capital ainda movente e do imperialismo norte-americano e suas extensões europeias, visando travar a revolução ou, se necessário e possível, destruí-la. Era imperioso formar uma outra aliança política capaz de travar o curso dos acontecimentos, reduzir a base social de apoio da Revolução, procurando afastar as camadas intermédias e as faixas mais conservadoras da população em relação às classes trabalhadoras. Foi esta a direcção tomada, que só foi possível concretizar por uma aliança espúria entre sectores democráticos e a direita mais extremada. 

Outro dos méritos desta obra, ainda incompleta, pois faltam 45 capítulos escritos pelo autor, é incidir sobre um dos períodos menos estudados do processo revolucionário, a sua fase final entre Novembro de 75 e Abril de 76, quando foi promulgada a Constituição, firme compromisso do MFA.

Foi o tempo dos saneamentos à esquerda, de varrer dos quartéis, dos órgãos de comunicação social, por vezes a partir de listas de antemão preparadas, de várias instâncias do Estado, do sector público da economia, então dominante, centenas de pessoas, que podiam ser as mais competentes e qualificadas, mas tinham de ser afastadas, por agirem de acordo com os ideais emancipadores da Revolução de Abril, para serem substituídas por verdadeiros comissários políticos, criaturas mais dóceis e serviçais, algumas chegadas das alfurjas da contra-revolução.

Foi o tempo em que se criaram expedientes, como o conhecido Relatório das Sevícias, um “nada jurídico” como lhe chamou um conjunto de reputados juristas, mas que serviu para lesar a carreira profissional de destacados militares de Abril, que não puderam ser acusados de qualquer envolvimento no 25 de Novembro.

Foi o tempo em que a direita tentou evitar a promulgação da Constituição e submetê-la a um referendo.

Foi o tempo de maior incidência dos atentados bombistas, que provocaram mais vítimas mortais, de que é um trágico exemplo o Padre Max e a jovem estudante Maria de Lurdes, assassinados em Vila Real no dia em que a Constituição foi aprovada, 2 de Abril de 76.

É útil aqui lembrar a acção da rede terrorista da extrema-direita, (ELP, MDLP, Maria da Fonte e outros), com centro logístico e comando na Espanha da ditadura franquista, que tão negativamente influenciou os primeiros passos da democracia nascida em Abril. Entre Maio de 75 e Abril de 77, foram cometidos 566 actos terroristas, entre os quais 310 atentados bombistas e 136 assaltos, a sedes de partidos de esquerda, de sindicatos, a Câmaras Municipais, na simulação de um levantamento popular.

Apesar dos esforços da Polícia Judiciária do Porto, então dirigida pelo Magistrado Dr. Álvaro Guimarães Dias, poucos foram os criminosos presos e condenados.

Na própria noite de 25 de Novembro, no Porto, foram destruídos à bomba os carros de três democratas, o advogado António Taborda, o engenheiro José Júlio Carvalho e o arquitecto Estrela Santos, e à porta do Sindicato dos Vidreiros foi morto a tiro um dos seus dirigentes, o operário António Almeida e Silva, por um bando de arruaceiros fascistas.

Foi o tempo em que uma manifestação pacífica de familias de militares de Abril presos em Custóias, alguns citados no livro hoje presente, foi reprimida a tiro pela guarda de serviço, provocando 4 vítimas mortais, 3 trabalhadores do Porto e um jornalista estrangeiro, e vários feridos graves entre os quais uma criança, sem que ninguém tenha sido responsabilizado.

Foi, então, este tempo de violência, marcada pela impunidade, a que o discurso dominante chama de normalização. Veio depois, com os governos constitucionais e as novas maiorias, a contra-revolução legislativa. Primeiro com novas leis, procurando contornar os limites constitucionais, depois com revisões da Constituição, sobretudo as de 82 e de 89, que em parte a desfiguraram, e com as privatizações permitiram reconstituir o poder dos grupos financeiros que dominaram o País durante a ditadura. 

Este livro é uma homenagem a militares do MFA dignos, coerentes, íntegros.

A eles, a todos os militares do MFA, à luta do povo português, devemos o viver numa democracia, que tem uma Constituição, que urge defender e cumprir.

Aqui fica uma sentida palavra de gratidão ao Albino Ribeiro Cardoso, um jornalista que honra a profissão que abraçou, por este valioso contributo para o conhecimento da verdade histórica. Com o seu trabalho paciente, sério, isento, escrupuloso, determinado, podemos conhecer muitos daqueles militares, como pessoas, cidadãos, seres humanos, que tudo arriscaram para que Portugal encontrasse a liberdade e a libertação.

 


 

Ciclo Conferências - A Comunicação Social, Liberdade condicionada? | 7 Dezembro 18:horas | Casado Alentejo

 

Realiza-se em 7 de dezembro, quinta-feira, às 18 h., na Casa do Alentejo, Rua Portas de Santo Antão 38), a apresentação, pelo jornalista Pedro Tadeu, do nº 6 dos Cadernos de Abril, com os textos da Conferência intitulada “Comunicação Social – liberdade condicionada?”, de que são autores Alfredo Maia, Joana Ascensão, Joana Fillol e Luís Loureiro.

Gostaríamos de contar com a sua presença e participação.
 Associação Conquistas da Revolução

 

“O Novembro que o 25 de Abril não merecia” apresentado na Quinta do Conde

 

 

   “O Novembro que o 25 de Abril não merecia”

   apresentado na Quinta do Conde

 

 

    


 


 
Por iniciativa da Comissão de Freguesia da Quinta do Conde do Partido Comunista Português o Salão João Favinha da Junta de Freguesia registou, no passado sábado, 25 de Novembro, trinta presenças num rico debate sobre, precisamente, a obra de António Avelãs Nunes, “O Novembro que o 25 de Abri não merecia”, editada pela Associação Conquistas da Revolução.

    

Para além do autor, na mesa estiveram Margarida Vilhena, membro da Direcção da Organização Regional de Setúbal do PCP, os jovens Liliana Martins, que dirigiu, e André Cordeiro, ambos da Comissão de Freguesia, e Valdemar Santos, da Direcção da ACR.

   Cativando a atenção dos presentes, Avelãs Nunes vincou em particular o comprometimento antidemocrático de Mário Soares com Frank Carlucci na preparação golpista do processo contrarrevolucionário, nos ataques anticomunistas que levaram a assaltos e ao incêndio de Centros de Trabalho do PCP, na aposta em parte conseguida na divisão dos Militares do próprio MFA, e a infame campanha da irredutível identificação do General Vasco Gonçalves com o Partido e os ideais comunistas. E por a iniciativa decorrer num 25 de Novembro, o de 2023, afirmou com enfâse, punho cerrado na mesa: “E cá estamos na caminhada das Comemorações do 50º Aniversário do 25 de Abril”.

    Não deixou de ser lembrada a projecção do filme de Paulo Guerra na base de uma entrevista inédita de Vasco Gonçalves, comemorativo do Centenário do Primeiro-Ministro do Povo e dos Trabalhadores, exactamente há um ano, a 25 de Novembro 2022, no Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal, onde se esgotaram os 10 exemplares da obra de Avelãs Nunes, enquanto na Quinta do Conde tal aconteceu aos 15 que para lá foram transportados – prova provada de que se bem quisermos não há metas inultrapassáveis.


Não podia ser perdida a oportunidade de evocar-se a iniciativa que teve lugar neste mesmo espaço sadino a 11 de Novembro passado, dando-se a conhecer a campanha de fundos visando a construção do Monumento de Homenagem a Vasco Gonçalves na Alameda, em Lisboa, e a reincidência do Coronel Baptista Alves, presidente da ACR, na sua ideia-chave de que “o Monumento já existe, porque do génio de Álvaro Siza” (autor do projecto) “já nasceu e já é património cultural e político de todos nós, gente de Abril”.    

Entre as intervenções contaram-se as dos deputados Bruno Dias, do PCP, e José Luís Ferreira, do PEV, e momento cultural também houve, logo de início, com a bela sonoridade da actuação de dois membros, homem e mulher, do Grupo de Gaiteiros da Freguesia da Quinta do Conde.

  




TEMPOS DE LUTA | Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 

TEMPOS DE LUTA
Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 

 Estamos a viver em Portugal um período muito complexo e em breve seremos chamados a fazer escolhas que podem ser decisivas para o nosso futuro. 
Contudo, ainda há muitos portugueses democratas e patriotas que se revêm e defendem o 25 de Abril e a Constituição da República, capazes de garantir que como disse Dolores Ibárruri, acerca dos fascistas "Não passarão". 
Porque o considero oportuno volto a publicar o texto seguinte :

 

A banalização da violência | Marques Pinto | Vogal da Direcção

 

A banalização da violência
Marques Pinto | Vogal da Direcção


 

Recordo, as palavras e observações que meu pai tantas vezes proferia
acerca da violência que se observava em fotografias em alguns artigos da
imprensa a que se ia tendo acesso, sobretudo imagens obtidas na 2ª
Grande Guerra, na Guerra da Coreia e dos conflitos na Indochina e na
Argélia onde ainda se lutava pela Independência.
Tenho de esclarecer que hoje sou já octogenário e lamentavelmente fiquei
órfão de pai nos anos sessenta do seculo passado e não era frequente ter
acesso a imagens de reportagens pela televisão, que na altura em Portugal
nos brindava com um único canal de total controlo estatal e de curta
duração nas últimas horas do dia.
Mas retomando o assunto da violência e do seu impacto nas populações
queria acrescentar que na altura, meu Pai que tinha vivido em criança
todo o período da 1ª Guerra Mundial e já adulto acompanhara a 2ª Guerra
Mundial, em que as publicações produzidas e distribuídas por ambos os
lados eram profusamente espalhadas nas grandes cidades e das quais
ainda recordo quando comecei a ler, as muitas e variadas reportagens em
que cada um dos lados mostrava os estragos provocados nas cidades do
inimigo.
Contudo nunca esquecerei as críticas que meu pai fazia sobre a violência e
sofrimento que as populações civis eram obrigadas a suportar, o que para
ele como médico de profissão era a preocupação principal, pois recordo
sempre as suas palavras – “os soldados morrem ou ficam muito feridos e
incapacitados, mas quando acaba o confronto, todos, quer civis quer
militares, dum lado e doutro precisam de casa para se abrigarem e agora
vangloriam-se de estarem a destruir o tecto dos outros”
Passado pouco tempo também fui observador local noutro tipo de guerra
e de como algumas chefias militares enumeravam nos seus relatórios “ a
destruição de residências, abrigos e dos meios de subsistência” das
populações que abrigavam - e quantas vezes forçadas – os guerrilheiros
que lutavam pela Independência nas guerras no Ultramar .

Mas o que hoje verificamos na televisão – qualquer que seja o canal que
se procure – é a constante passagem muitas vezes repetida até á exaustão
de cenas de bombardeamento, destruição de pessoas e bens -muitas
vezes com imagens chocantes de homens mulheres e crianças mortas ou
mutiladas, ou em fuga de zonas de conflito ou mesmo de
bombardeamento real.
Percebi e compreendi há dias através dum artigo elaborado por um
professor que aquilo que nos choca e deixa horrorizados e preocupados
durante uns dias dentro de pouco tempo tornou-se quase numa
banalidade e a sensação de repugnância por tais factos de violência
começam a ser cada vez mais tolerados no nosso espírito, sendo essa a
razão pela qual tanta insistência se pratica.
Claro que ao fim de algum tempo as criticas vão sendo menores, a
motivação para as manifestações publicas de repudio vão diminuindo em
intensidade e aderentes e até nos poderes políticos se vão esbatendo as
referencias a tais atrocidades qua tanto chocavam há umas semanas atrás.
È por esse motivo que a imprensa internacional superiormente dirigida e
subsidiada nos inunda permanentemente e profusamente com relatos
fotográficos e filmagens de cenas de devastação – quer seja na Ucrânia,
quer seja agora em Gaza - e começamos a ver que o grande publico cada
vez encara com menos sensação de horror e pena pelo sofrimento
daquelas dezenas de milhares de adultos e crianças que vemos na busca
de abrigo e alimento expulsos das suas casas e que nunca mais as verão
pois passaram a ser escombros e ruinas.
A memória é curta e principalmente quando tudo se vai passando muito a
Leste deste cantinho onde se vão criando outros “fait-divers” e o
sofrimento de tantos milhões vai perdendo importância mas nossas
mentes...e tudo se vai banalizando.

GAZA e os 4 cavaleiros do Apocalipse | E depois de Gaza? | autores Manuel Begonha e Marques Pinto

 

Dado que os artigos que vamos reproduzir remetem-nos para situação vivida actualmente no Médio Oriente resolvemos juntá-los. Aos autores agradecemos a sua colaboração.


Artigo de Manuel Begonha - Presidente da Assembleia Geral

GAZA E OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE

De acordo com os ditames de Benjamin Netanyahu, o povo de Israel que foi objecto de um inesquecível holocausto perpetrado pela Alemanha nazi, parece estar a cumprir a terceira visão profética do Apóstolo João no livro bíblico do Apocalipse.
Fez entrar em Gaza, os quatro cavaleiros :
Conquista/Peste, Guerra, Fome e Morte, montados em cavalos bestiais com o freio nos dentes e sob o signo da vingança.
Enquanto os acobardados países ocidentais o permitirem, haverá pasto para os cavaleiros até ao Juízo Final do povo palestiniano.


Artigo de Marques Pinto - Vogal da Direcção

E DEPOIS DE GAZA??

Temos no momento uma verdadeira carnificina em marcha com milhares e milhares de civis mortos e perseguidos na sua fuga ou sujeitos a serem escoltados como prisioneiros por militares e qua imprensa nacional e internacional chama descaradamente a “Guerra em Gaza”, com acções militares realizadas por Israel de  bombardeamentos aéreos e movimentos de tropas no terreno apoiados por blindados de vários tipos,  realizados com praticamente pouca resistência armada por parte dos palestinianos sejam eles do grupo ”Hamas” ou meros civis palestinianos armados em relação aos pesados meios bélicos  utilizados  por Israel e seus apoiantes declarados  -os Estados Unidos da América-que tendo colocado as suas tropas especiais a dar colaboração activa e fornecendo munições de todo o tipo, nomeadamente em bombas de aviação  de características especiais, sendo algumas delas de modelos experimentais de alta penetração no solo.

Tem sido noticiado frequentemente que tudo começou pela acção do Hamas no dia 7 de Outubro que através duma infiltração bem planeada e de surpresa teria atacado algumas esquadras de policia Israelita -onde teria feito 44 vitimas mortais-e surpreendido uma festa de espectáculo ao ar livre onde o confronto entre o grupo do Hamas e os espectadores (muitos deles jovens e pertencentes a unidades militares de Israel) teria provocado a morte de mais de 200 militares e cerca de 750 civis, alem dos confrontos havidos nos aldeamentos de judeus existentes na Cisjordânia. onde teriam sido mortos civis e militares.

Na realidade e de acordo com algumas fontes noticiosas, cada vez é mais referida a notícia de que algumas figuras de topo no Governo Israelita e alguns Serviços de Informações de Israel teriam com certa antecedência e um grau elevado de consistência tomado conhecimento que se estaria a preparar dentro do Hamas um levantamento armado e insurgente contra a política de estrangulamento económico que Israel estava a praticar há algum tempo na “Faixa de Gaza”.

Claro que analisando certos acontecimentos e informações disponíveis com elevada credibilidade e juntando também dados públicos e noticias surgidas nos últimos anos, podemos ser levados a juntar todos os elementos que temos e fazer algumas analises.

Analisemos então os seguintes elementos:

Terá sido confirmada por empresas especializadas na prospeção de jazidas de petróleo e gás que haviam sido contratadas para o efeito, que há grandes depósitos no mar territorial da faixa de Gaza e até algumas jazidas mesmo em terra.

Na reunião havida em Washington em Setembro de 2023 entre Nataniel e Biden e que talvez na altura foi pouco noticiada, foi, contudo, publicada uma foto da reunião em que o 1º ministro Israelita mostra um mapa de Israel em que não é mostrada qualquer fronteira delimitando Gaza ou Cisjordânia e considerando como todo o território entre a Jordânia e o Mar Mediterrâneo fosse um pais só.

Muita gente se interroga como estavam dois dos maiores porta-aviões dos EUA e os cerca de 70 navios de vários tipos e submarinos que normalmente os acompanham, tão próximos que em poucas horas se presentavam no Mediterrâneo frente a Israel.

Porque já haviam sido produzidos estudos e projectos de construção dum pipe-line submarino a ligar os locais de extracção frente á costa de Gaza a um terminal na costa sul de Itália, é certo que tal projecto teria de ter sido falado e aprovado pelo Governo Italiano.

São estes e muitos outros factores de menor relevo  - como o rápido desenvolvimento de uma grande Base Aérea dos EUA em território Israelita – nas semanas que precederam o ataque do Hamas, que criam grande duvidas sobre quem foi criando sucessivas provocações de menor ou maior relevo mas sempre conducentes a agravar a vida das populações palestinas tanto em Gaza como na Cisjordânia e qual o fim provocatório de tais acções que deixam pairar a duvida de quem realmente queria esta sublevação e que para já está a roubar a vida de milhares e milhares de crianças, mulheres e homens que possivelmente nem tocaram alguma vez numa arma e o seu único “crime” – se tal pode ser assim chamado - é de terem nascido na Palestina ou lá habitarem nesta altura.

Por ultimo deixo apenas aos leitores a pergunta:

SE TANTO SE LUTA POR UM PLANETA MENOS POLUÍDO PORQUE TANTO SE MATA PELOS COMBUSTIVEIS FÓSSEIS?

 

Assembleia Geral | CONVOCATÓRIA | 20231123 17:00horas | NA SEDE DA ACR

 

 

 


 

 

 

ASSOCIAÇÃO CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO

 

CONVOCATÓRIA

 

Nos termos do nº 2 do Artigo 19º dos Estatutos da Associação Conquistas da Revolução, convoco a Assembleia Geral desta Associação para se reunir em Sessão Ordinária, no próximo dia 23 de Novembro de 2023 pelas 17h00 na Sede da ACR – Rua Abel Salazar, 37 A - r/C 1600-817 LISBOA, com a seguinte Ordem de Trabalhos:

1.    Leitura, discussão e votação da acta da sessão anterior;

2.    Informações;

3.    Apresentação, discussão e votação do “Plano de Actividades e o Orçamento para o ano de 2024;

4.    Marcação data Assembleia Geral Eleitoral;

5.    Diversos.

 

Se à hora marcada para o início dos trabalhos não estiver presente ou representada, pelo menos, metade dos seus associados efectivos, a Assembleia reunirá uma hora depois com qualquer número de associados presentes. (Artigo 20º dos Estatutos).

 

Os documentos “Plano de Actividades e o Orçamento para o ano de 2024”, encontram-se, para consulta, na sede da ACR e divulgados em:

www.conquistasdarevolucao.pt

www.conquistasdarevolucao.blogspot.com.

 

 

Lisboa, 08 de Novembro de 2023

 

 

O Presidente da Mesa da Assembleia Geral



Manuel Begonha

 


Museu do Trabalho - Setúbal - 20231111 | Intervenção de Fernando Casaca | Centenário de Vasco Gonçalves

 

 

Começo por partilhar convosco que gosto de histórias, de as ouvir e de as contar. 

As histórias - que resultam da invenção humana - ajudam-me a melhor entender a História - correspondem à forma mais genuína e popular de entender a realidade, na minha perspetiva. A realidade que, por sua vez, é o edifício que resulta de um imenso, de um gigantesco movimento humano - grandioso, quer na dimensão material quer na sua forma imaterial. Movimentação - e motivação - humana, sonhada e executada, de acordo com as lógicas e dinâmicas sociais coletivas, de uma época determinada, que me fascina. Que tanto me fascina, de facto! É o devir histórico, no sentido do progresso!

Progresso...?! Chegou a altura de mudar o rumo deste texto, porque pode correr muito mal...

As histórias... A minha opinião é que as histórias são os relatos mais fidedignos da vida, das nossas vidas e das coisas dessas vidas. Das coisas que vão sucedendo, no mundo que nos rodeia e envolve, sem as rédeas e o espartilho classista dominante.

E porque estou eu a falar de histórias? - estarão, provavelmente, a perguntar na privacidade dos vossos pensamentos... Eu respondo: porque todos os textos e, em particular, todas as narrativas precisam de uma introdução. Uma introdução e um conflito - ou será ‘uma' luta de classes?...

Nova mudança, no rumo que isto está a levar...

Vou ser direto. Falo de histórias, num dia como o de hoje, porque sempre vi o Vasco, o companheiro Vasco, sob o manto das metáforas.

Como sabemos, todas as histórias contêm metáforas, em abundância... para além de introdução e conflito.

Por esta altura, já estarão a perceber a relação, entre o que nos trouxe a este lugar e as minhas palavras - não?...

Vasco Gonçalves era o militar, o general que trajava à civil, tal como sempre o conheci.
Era o primeiro-ministro da Revolução. Nenhum outro personificou o 25 de abril, como o Vasco, o companheiro Vasco. E isto - esta imagem que persiste, na minha memória de abril - isto está cheio de metáforas, de histórias.

Quero contar-vos, então, um pouco da minha experiência, em jeito de história. As histórias são como os jogos, precisam de jogadores motivados, conscientes e engajados.
Vou, pois, lançar as pistas para que, todos juntos, possamos recriar os enredos, as narrativas, desta História de verdade. Estão de acordo? Obrigado.

Estamos aqui por causa do cem. Cem, com c de companheiro, c de centenário, c de conquistas, c de cinquenta - que outros tantos tem abril! ou tantos quantos contam os anos da Liberdade! C de cinco - o número dos dedos a que, cerrados, chamamos punho.
Cinco que corresponde ao mês de maio, o quinto do nosso calendário - o mês em que celebramos o trabalho. Mas não haveria nenhum cinco no mundo, sem um quatro - o que nos leva de novo a abril, de facto. Cinco que multiplicado por outros cinco, ou seja, por si próprio, se faz em vinte e cinco - o dia em que faz anos a Liberdade. E não há nisto outra ciência, que as histórias da minha infância não possam explicar. Que a História não é
senão uma invenção coletiva, em que o conflito - a luta de classes, ainda se lembram?... - gera as mudanças, os desfechos; gera novas realidades. Um conhecimento do mundo - a matemática, a álgebra e a alegria, de construir um edifício ou de levantar uma muralha - uma muralha feita do aço, de que somos feitos, quando sabemos enfrentar o fascismo, o obscurantismo; quando combatemos a exploração dos homens pelo homem; quando não
nos permitimos substituir a grandeza da Humanidade pela pequena dimensão do homem individualista.

E também há o c com cedilha - aquele acento que lembra uma mola. O acento que ressalta na imaginação, como mola propulsora do movimento ascendente e do progresso social e da humanidade. Um segredo guardado no abecedário do futuro, escondido sob a letra c. É o c da muralha d’aço. Ergamos de novo esta muralha, feita com o aço, agora, forjado nestes cinquenta anos de abril. O aço que sustenta a vontade, individual e
comum, de construir um mundo melhor. O aço temperado com a consciência de ser classe - o aço, que está no braço e no abraço, que vos deixo neste dia.

Museu do Trabalho - Setúbal - 20231111 | Síntese da intervenção de Baptista Alves | Centenário de Vasco Gonçalves

 

 

 


Síntese da intervenção de Baptista Alves
Presidente da Direcção

 

Esta iniciativa insere-se nas comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril de 1974 e tem como objectivo principal a apresentação do projecto de construção de um Monumento de homenagem ao General Vasco Gonçalves.

O primeiro grande passo para a sua concretização foi o convite ao Arquitecto Álvaro Siza, em cumprimento de decisão da Comissão de Honra das  comemorações do Centenário do nascimento do General Vasco Gonçalves e foi um auspicioso início deste processo pela adesão imediata e, diria mesmo, entusiástica do Arquitecto e seus colaboradores e, muito particularmente, do Arquitecto António Madureira.
 

O segundo grande passo foi o contacto com a CMLisboa, para cuja concretização foi criada uma delegação da Comissão Executiva do Monumento. Foi marcado por um inconcebível rol de peripécias que se encontram bem documentadas na “ Colectânea das comemorações do Centenário do nascimento do General Vasco Gonçalves”, editada pela nossa ACR: uma primeira declaração de apoio e adesão por parte do PCMLisboa, provocou a reação do Presidente do CDS e outros adversários de Abril e na sequência um manancial de bloqueios administrativos nada consentâneos com a democracia de Abril. Mas, foi marcado também pelo desenvolvimento do estudo prévio do Monumento que apresentámos publicamente, na Casa do Alentejo, no Jantar comemorativo do 49º Aniversário do 25 de Abril de 1974. E, como não podia deixar de ser, divulgámos por todos os meios ao nosso alcance, com especial relevância por via NET, dado adquirido que é
o total silenciamento por parte dos grandes meios de comunicação social dominantes,… dominados.
Façam o que fizerem os semeadores de escolhos, de todos os matizes, o Monumento já existe, porque do génio de Álvaro Siza já nasceu, e é já património cultural e político de todos nós, gente de Abril.

O terceiro grande passo foi dado no dia 5 de Outubro, dia de afirmação republicana, com o lançamento da subscrição pública para a construção do Monumento, a que se seguiu a inauguração virtual do Monumento, pelas 19H00, na Alameda D.Afonso Henriques. Esta iniciativa marcou também o início do processo de construção física do Monumento, em mármore de Estremoz, a ser doado à cidade de Lisboa, onde nasceu o General V.G., no Bairro da Graça, e onde viveu, lá para os lados das Avenidas Novas.

O quarto grande passo, estamos a dá-lo agora, aqui hoje e nos amanhã em qualquer lado do Portugal de Abril, com um grande objectivo:
Comemorar o 50º Aniversário do 25 de Abril de 1974, no dia 25 de Abril de 2024, com a inauguração do Monumento de Homenagem ao General Vasco dos Santos Gonçalves, na Alameda D. Afonso Henriques.

Ali mesmo, a meio do espaço entre a Graça, onde nasceu o General e as Avenidas Novas, onde viveu:

  • Na belíssima Alameda D. Afonso Henriques que acolhe anualmente as comemorações do 1º de Maio;
  • Frente ao IST, referência da Engenharia Portuguesa e símbolo que também foi do Movimento estudantil que corajosamente afrontou a ditadura, engrossando assim o movimento anti-fascista português que não concedeu tréguas ao regime de Salazar e Caetano;
  • Naquele espaço que ostenta o nome do fundador da nação que somos, queremos deixar gravado o nome do refundador da nação que queremos ser: o Portugal de Abril.

ASSEMBLEIA GERAL - Convocatória

 

 


 

 

 

ASSOCIAÇÃO CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO

 

CONVOCATÓRIA

 

Nos termos do nº 2 do Artigo 19º dos Estatutos da Associação Conquistas da Revolução, convoco a Assembleia Geral desta Associação para se reunir em Sessão Ordinária, no próximo dia 23 de Novembro de 2023 pelas 17h00 na Sede da ACR – Rua Abel Salazar, 37 A - r/C 1600-817 LISBOA, com a seguinte Ordem de Trabalhos:

1.    Leitura, discussão e votação da acta da sessão anterior;

2.    Informações;

3.    Apresentação, discussão e votação do “Plano de Actividades e o Orçamento para o ano de 2024;

4.    Marcação data Assembleia Geral Eleitoral;

5.    Diversos.

 

Se à hora marcada para o início dos trabalhos não estiver presente ou representada, pelo menos, metade dos seus associados efectivos, a Assembleia reunirá uma hora depois com qualquer número de associados presentes. (Artigo 20º dos Estatutos).

 

Os documentos “Plano de Actividades e o Orçamento para o ano de 2024”, encontram-se, para consulta, na sede da ACR e divulgados em:

www.conquistasdarevolucao.pt

www.conquistasdarevolucao.blogspot.com.

 

 

Lisboa, 08 de Novembro de 2023

 

 

O Presidente da Mesa da Assembleia Geral



Manuel Begonha