O PAÍS DO FAZ DE CONTA | Manuel Begonha sócio da ACR

 

O PAÍS DO FAZ DE CONTA

Manuel Begonha
sócio da ACR

 

No meu tempo na Marinha, existia uma tradição muito significativa que era a revista do Comandante ao seu navio.
Toda a guarnição estava fardada com o uniforme número 1 e o Comandante usava umas luvas brancas. Acompanhado pelos chefes dos serviços, percorria todos os compartimentos do navio e passava as luvas frequentemente em locais como as casas das máquinas. 
Estas deveriam estar limpas no final da visita. 
Isto é, conhecia todos os espaços do navio, os postos de trabalho da guarnição e as condições dos respectivos alojamentos. Inteirava-se dos problemas existentes e do estado geral das instalações. 
Para além deste evento, o Comandante reunia semanalmente com os oficiais chefes de serviço e mandava executar exercícios para treino do pessoal, desde combate a incêndios e alagamentos, luta anti - submarina, fogo de artilharia e manobras para recuperação de homens caídos ao mar, bem como muitas outras actividades. 
Ficava assim, a conhecer plenamente todos os meios sob a sua jurisdição, reunindo portanto as condições para exercer eficazmente a arte e a técnica da liderança. 
Este exemplo naval, vem a propósito de constatar que os nossos governantes, de um modo geral, não possuem nem conhecimentos, nem capacidade de liderar, pois não foram preparados para o fazer, ficando inaptos para antecipar acidentes de percurso. 
São escolhidos para os lugares por jogos partidários, sem outra formação senão a que é proveniente de graus académicos, estando ainda permanentemente expostos e convivendo com a corrupção. 
Governam sempre atrás do prejuízo, porque não se dão ao trabalho de conhecer em profundidade os sectores que chefiam, não os visitam e após a ocorrência de um desastre, tantas vezes previsível, fazem duas coisas : despedem o responsável e vão a correr, inspeccionar o local afectado. 
Tivemos recentemente, um caso paradigmático que foi a fuga de cinco prisioneiros da prisão de Vale dos Judeus. 
A respectiva Ministra, nunca tinha visitado a prisão, ignorando além disso, obviamente, as condições em que se vive nos estabelecimentos prisionais portugueses. 
E assim, enquanto nos nossos detentores do poder político, de cima a baixo, reinar a incompetência, o desleixo e a irresponsabilidade, Portugal será cada vez mais o País " do faz de conta".

Saudação da ACR ao Congresso Mundial contra o Fascismo, o Neofascismo e Expressões Similares

 

Saudação da Associação Conquistas da Revolução
ao
Grande Congresso Mundial contra o Fascismo, o Neofascismo e Expressões Similares
Caracas 10 e 11 de Setembro de 2024

 
Amigos e Companheiros,
 
Em nome da Associação Conquistas da Revolução  saudamos o Congresso e estamos certos que o debate e as conclusões serão uma ajuda à continuação do combate de todos nós e à  luta  por uma Venezuela livre da ingerência imperialista.
Permitam-me começar por sinalizar de onde vimos. A  Associação Conquistas da Revolução, sediada em Portugal, Lisboa, tem por patrono o General Vasco Gonçalves, Primeiro Ministro dos II ao V Governos Provisórios no período revolucionário (1974 - 1975) sequente ao derrube do fascismo pelo Movimento das Forças Armadas em 25 de Abril de 1974.
Nas palavras que o Comandante Hugo Chávez endereçou ao General Vasco Gonçalves "O glorioso 13 de Abril é filho do não menos glorioso 25 de Abril. Nestas duas datas históricas os verdadeiros soldados das nossas duas pátrias converteram-se junto ao povo nos seus libertadores", para concluir assim "A pátria de Bolívar é e será sempre a sua casa. Receba um forte abraço impregnado de fervor revolucionário. Fraternalmente, com um profundo sentimento de solidariedade revolucionária".
 
Sentimo-nos em casa e aqui trazemos a solidariedade de milhares de democratas que em Portugal estão contra a ingerência nos assuntos internos da Pátria de Simon Bolívar e repudiam a mais recente sequência de acontecimentos visando a subversão da democracia constitucional em vigor na Venezuela. Aqui como em Portugal, atente-se ao que ali se passou no chamado "Verão quente de 1975", quando a legalidade democrática é um obstáculo à tomada do poder pelas forças contra revolucionárias, instala-se a conspiração e a subversão alavancada pelos interesses do imperialismo americano e da sua subserviente e pro ativa União Europeia.
Vivemos tempos conturbados em que o confronto com as novas expressões do fascismo e a guerra que se vem propagando, da Europa à Palestina, impõem aos democratas e anti fascistas a coordenação de esforços e a unidade de ação para derrotar as pretensões do seu inimigo principal, o imperialismo americano.
Viva a República Bolivariana da Venezuela
Viva o Congresso

(Jorge Manuel Caldeira Aires)
Presidente da Associação Conquistas da Revolução
Lisboa, 3 de Setembro de 2024
 

O Cerco de Morte | Marques Pinto - sócio da ACR

 

O Cerco de Morte
Marques Pinto - sócio da ACR

 

 

Tendo seguido nos últimos dias a informação – a que temos acesso – sobre as operações militares em curso na Ucrânia e Rússia e pelo que é apontado nessas pouco explicitas noticias, apesar duma fraca cultura militar da minha parte, particularmente em estratégia, sou levado a crer que os “cabecinhas pensadoras” da NATO também devem ter sido mal interpretados pelas chefias militares Ucranianas.

 

Se a operação sobre Kursk estaria em estudo há algum tempo e parecia que seria lançada em conjunto com o aparecimento dos F-16 nos céus do conflito, algo estará em “desalinho”.

Segundo li a invasão e passagem de fronteira pelas brigadas Ucranianas deveria ser feita em vésperas de chuvas e inicio de outono, o que facilitaria a invasão com pouca reacção local e dificultaria a movimentação das tropas Russas que viessem em socorro da região.

 

Por outro lado, daria tempo para os interlocutores das negociações de tréguas conseguirem paralisar operações militares intensas e assim haveria tropas de ambos lados em ambos os territórios em disputa o que em caso de suspensão de acções militares criava um “melhor” ambiente para aceitar negociações entre as populações civis cujos filhos e familiares são sempre a maior perda em qualquer conflito.

 

Penso que terá havido precipitação dum lado e insuficiente colheita de informação militar do outro, ou acreditaram demasiado nos “intermediários” das negociações.

 

Contudo se Kursk foi na 2ª Guerra Mundial um lugar de perda de muitas vidas do Exército Russo e o inicio dum tremendo desastre militar e sacrifício de centenas de milhares de jovens para a Alemanha Nazi, penso que os pobres jovens ucranianos agora ali cercados com poucas capacidades de regresso pagarão um pesado tributo pelos erros de quem continua respaldado em bons gabinetes nos EUA e Europa dando ordens e sem correr qualquer risco de vida, fome ou de emprego.

 

Espero que a comunidade internacional apresse as negociações de paz e deixe de pensar apenas em ganhar fortunas com o fabrico e vendas dos “artifícios de morte”


AS ELEIÇÕES NOS EUA Manuel Begonha - Sócio da ACR

 

AS ELEIÇÕES NOS EUA
Manuel Begonha - Sócio da ACR

Não será expectável que as próximas eleições nos EUA, provoquem alterações significativas nas respectivas políticas, de consolidação dos objectivos estratégicos globais.
Estas irão decorrer num ambiente de crise em que se encontra o país, manifestando-se através de elevados índices de pobreza, com muitos sem abrigo, tóxicodependentes, falta de assistência médica, criminalidade, a que não será estranho o excesso de armas existente e especialmente o muito preocupante crescimento de movimentos de extrema direita, alguns radicais e com manifestações de tendência pro - fascista.
Esta situação obriga a vultuosas despesas com o aumento dos efectivos da polícia e da guarda nacional, para tentar por cobro a potenciais conflitos internos, precursores de uma guerra civil.
Enfim, vive-se perante uma gritante desigualdade.
Será com este cenário que o novo Presidente irá ser confrontado.
Estamos perante dois candidatos psicológica e culturalmente muito diferentes.
Vamos analisar os temas mais sensíveis em presença e o que será de esperar de cada um deles.

GUERRA NA UCRÂNIA / EUROPA

Donald Trump tem anunciado ser favorável ao fim da guerra e preconiza um maior distanciamento da Europa.
Se esta pretender continuar a combater a Rússia terá de ser à sua custa, com pelo menos 2% do PIB, dedicado à defesa e com menos NATO.
No entanto, esta postura não poderá afectar o complexo militar industrial, pelo que o material de guerra terá de ser comprado aos EUA.

Por sua vez com Kamala Harris, de acordo com a orientação democrata, a guerra é para continuar, com o reforço da NATO, tornando a Europa cada vez mais desindustrializada e dependente dos EUA, a caminho de se tornar um novo estado norte-americano.

CHINA

Para Kamala, as sanções são para manter e a guerra será sobretudo no campo económico reflectido nas novas tecnologias e IA.

Trump, vê na China o inimigo principal.
Entende que se o crescimento vertiginoso desta não for travado, os EUA serão ultrapassados a curto prazo, quer nas tecnologias de ponta, cibernéticas e militares quer especialmente no arsenal de bombas nucleares.
Assim, há o risco de com o pretexto de uma invasão de Taiwan, ocorrer um ataque à China que poderia degenerar num conflito mundial devastador.

ISRAEL / IRÃO

Ambos para a opinião pública mundial, poderão apresentar , uma postura de contenção e paz no conflito israelo/ palestiniano mas na verdade qualquer deles não ousará desafiar o poderoso lobby judaico dos EUA.

Trump, precisa de Israel para manter controlado o conflito com a China e neutralizar o Irão, tendo desta forma garantida uma porta de entrada para a Eurasia.

 

AMÉRICA LATINA

Nos bloqueios a Cuba, Venezuela e Nicarágua não haverá diferenças.

Trump , irá reforçar o combate à imigração, tomando medidas severas contra os imigrantes ilegais, impermeabilizando cada vez mais a fronteira com o México e temendo - se que para o conseguir, mostre a sua face nacionalista, mais próxima do neofascismo.

Kamala, será mais intrusiva para com os países mais progressistas como a Nicarágua, Bolívia, Venezuela e com maior incidência na Colômbia, México e Brasil, recorrendo se necessário à promoção dos habituais golpes de estado militares.
Quanto à Argentina, ambos darão cobertura a Milei.

Contudo, quem quer que seja eleito sabe que quem mexe os cordelinhos nos EUA é o designado " Deep State" (" Estado Profundo") que
inclui os dirigentes da CIA, FBI e os grandes líderes financeiros, tecnológicos e industriais - associados à Costa Leste - e o complexo militar industrial que precisa de guerras permanentes para aumentar os lucros.
Trump que já denunciou o " Deep State", corre o risco, se este concluir que os seus interesses estão ameaçados, de não ter uma  vida longa.

 



 

A 5ª Divisão do EMGFA na Revolução de Abril | Palavras de abertura do Presidente da Direção da ACR

 

Palavras de abertura do Presidente da Direção da ACR em

18 de Julho

na Iniciativa dedicada a assinalar o papel da

 

A 5ª Divisão do EMGFA na Revolução de Abril

 

            Comemorar os 50 da Revolução de Abril vem acontecendo numa miríade de iniciativas que estão ancoradas numa leitura diferenciada do que foi a Revolução de Abril.

            Às comemorações oficiais juntam-se na sociedade portuguesa um sem número de outras iniciativas tão ou mais importantes que essas, desde logo o pujante desfile realizado a 25 de Abril que inundou a Avenida da Liberdade e foi acompanhado na nossa Pátria por incontáveis expressões de celebração de Abril que se espalharam por todo o mundo.

            Foquemo-nos no falar sobre o "Depois do adeus..." ter aberto a porta ao "Grândola vila morena".

            Há sectores na sociedade portuguesa que, impossibilitados de não falar sobre as comemorações de Abril, fazem-no para subverter o que foi e representa na História contemporânea da nossa Pátria a Revolução de Abril.   Outros querem circunscrever tais comemorações ao mero assinalar do que se passou na noite de 24 para 25 de Abril de 1974 e, outros, a contragosto, a isso pouco mais acrescentam.

            Para nós, Associação Conquistas da Revolução, falar da Revolução da Abril, é isso mesmo, é falar da Revolução que Portugal viveu e, na construção que emergiu do confronto com as forças que a ela se opuseram e a que as massas populares, em estreita aliança com o Movimento das Forças Armadas, tiveram que dar resposta. Resposta que se prolonga para lá de 2 de abril de 1976, data da promulgação da Constituição de Abril e que nos acompanha até aos dias de hoje em consequência dos avanços sociais que Abril nos trouxe e os retrocessos que as forças anti Abril introduziram e pretendem reintroduzir na nossa sociedade.

            Portugal viveu uma Revolução e vive uma Contra revolução que podemos datar a 25 de Novembro de 1975 mas cuja força foi insuficiente para impedir a promulgação da Constituição de Abril 1976, promulgada a 2 de abril desse ano.

            Como Varela Gomes respondeu ao interrogar-se a si próprio sobre quem resta para celebrar sinceramente a Revolução dos Cravos, cito "somos parte dos "culpados do costume": os revolucionários e antifascistas militares e civis , que não renegaram as suas posições" aludindo a uma maioria revolucionária. Escrito há 25 anos atrás, confirmado 25 anos depois no desfile popular das comemorações do 25 de Abril, a Associação Conquistas da Revolução faz parte desses "culpados do costume" e a iniciativa que hoje aqui trazemos assenta em três vetores:

            - O simbolismo da data;

            - O papel da 5ª Divisão na Revolução

            - Homenagear Varela Gomes na oportunidade de passarem 100 anos sobre o seu nascimento em 1924, a 24 de maio.

            A escolha da data de 18 de julho deriva do simbolismo que se lhe reconhece. Em 18 de julho de 1974 tomou posse o II Governo Provisório, o primeiro chefiado por Vasco Gonçalves que nesse dia cessou as funções de Chefe da 5ª Divisão.

            O II Governo Provisório sucede ao que ficou conhecido por golpe Palma Carlos, uma manobra spinolista que visava subverter o cumprimento do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) ao alterar o curso aí definido de realização de eleições para uma Assembleia Constituinte cujos deputados elaborariam uma Constituição a promulgar pelo Presidente da República.          O golpe Palma Carlos constituiu o desenvolvimento de anteriores iniciativas e ideias de Spínola que já tinham obrigado a ajustes no texto do Programa do MFA, ajustes com os quais Spínola ficara insatisfeito.

            Nesse tempo, Portugal era um caldeirão efervescente de correntes e contra correntes sociais, como se de uma tempestade se tratasse, e onde a 5ª Divisão, pela sua atuação e as forças contrárias que contra ela se revelaram, era alvo a abater pela contra revolução.

            A partir de 25 de Abril de 1974 viveu-se em Portugal o agudizar do confronto  com as forças nessa data derrotadas. Esse confronto desenvolveu-se em crescendo e teve um significativo embate a 28 de setembro de 74. Precedido dos apelos à manifestação da "maioria silenciosa" e do enxovalho público a Vasco Gonçalves, Primeiro Ministro, na Praça de Touros do Campo Pequeno (26 de setembro, onde acompanhou Spínola à tourada promovida pela Liga dos Combatentes) o embate foi ultrapassado com a saída de Spínola da Presidência da República e o confronto atinge um pico de conflitualidade com o golpe spinolista de 11 de março de 1975 e mais tarde com o golpe contra revolucionário de 25 de novembro de 1975.

            Na 5ª Divisão desenvolveu atividade o Cor Varela Gomes onde chefiou o Centro de Sociologia Militar. Nesse contexto, concomitantemente com o reconhecimento da importância da atividade que desenvolveu enquanto esteve colocado na 5ª Divisão e atento o facto de passarem 100 anos sobre o seu nascimento, entende a ACR prestar homenagem à personalidade de Varela Gomes e da sua vida de anti fascista e revolucionário.

 

            O que nos traz aqui ao propor um debate refletido sobre o papel da 5ª Divisão na Revolução tem a dupla finalidade de contribuir para

            - Preservar a memória

            - Desbravar caminho para o futuro - uma verdadeira Democracia, uma Democracia como Abril a potenciou e a sua Constituição acolheu.

            Na qualidade de Presidente da ACR agradeço desde já, a todos, o empenhamento colocado na preparação e mobilização para a Iniciativa. Estou certo que as palestras e debates, pela qualidade dos palestrantes e das audiências, preencherão as nossas mais exigentes expetativas.

 

            Vamos a isso!

 

 

Registo sucinto de como a Iniciativa se desenrolou

 

            Toda a sessão foi gravada e oportunamente será disponibilizada ao público.

            Contámos com um número de presenças que ao longo do dia foi oscilando, sempre bem acima da centena de presenças e momentos houve a meio da manhã e da tarde em que se contariam cerca de 150 pessoas no espaço da Voz do Operário em que a Iniciativa foi decorrendo.

            Ao debate sobre a 5ª Divisão sucedeu-se a homenagem a Varela Gomes com uma excelente comunicação de António Louçã a que se sucedeu o ainda mais excelente documentário de Paulo Guerra e Edgar Feldman "VARELA GOMES - um olhar próprio". Foi um documentário que a todos emocionou e é uma excelente peça sobre Varela Gomes.

            Da parte da tarde a sessão destinada às diferentes áreas de atuação da 5ª Divisão no domínio da Cultura e das Artes manteve o nível de qualidade e interesse e encerrámos o dia com a brilhante, pela performance e reportório executado, atuação do Pires da Rocha e músicos que aqui nos trouxe e do declamador António Levy que nos ofertou com excelentes textos, vários deles recuperados de publicações no Boletim do MFA.

            A todos a assistência manifestou o seu agrado.

 

            Aos que com a ACR colaboraram na realização da iniciativa deixo aqui o agradecimento da ACR e de mim próprio permitindo-me referir especificamente um especial agradecimento à Voz do Operário e aos seus trabalhadores.

 

            Oportunamente publicaremos fotos e outros materiais de registo da iniciativa.

 

                        Saudações de Abril

                              Jorge Aires

                      18 de julho de 2024

  

  

Daqui a um mês faz 50 anos que foi publicada a Lei 7/74. | Reconhecimento de Portugal do direito dos povos à autodeterminação

 

Daqui a um mês faz 50 anos que foi publicada a Lei 7/74. 
 

Esta Lei reconhece "o princípio de que a solução das guerras no ultramar é política e não militar.... implica o reconhecimento por Portugal do direito dos povos à autodeterminação".

É também importante rever a entrevista que Vasco Gonçalves deu a Fialho Gouveia.
 

ACR presente no Congresso da CPCCRD

 

A ACR esteve no Congresso da CPCCRD onde foi representada pelo Nuno Cavaco autor da sucinto registo ora publicado.

Para ler o registo clique AQUI

 

A ENCRUZILHADA DA RÚSSIA | Manuel Begonha, sócio da ACR

 

A ENCRUZILHADA DA RÚSSIA
Manuel Begonha, sócio da ACR

Até finais de 1990, a economia da URSS foi confrontada com um grande desenvolvimento dos meios militares e tecnológicos dos EUA.
Enquanto que numa sociedade capitalista como a norte-americana, a produção de armamento e a respectiva venda é essencial para o crescimento da máquina militar industrial, para uma sociedade socialista manter-se em paridade com esta escalada é inviável..
As verbas desviadas para a indústria militar, impedem a obtenção de recursos essenciais para o povo, como a saúde, a educação, a habitação, os salários e outros.
Tal sucedeu na URSS, aumentando progressivamente o descontentamento, ajudando e muito, para além de outros desvios, os que conspiravam para a correspondente implosão o que veio a acontecer em 26 de Dezembro de 1991.

Presentemente, agora a Rússia, está envolvida numa nova guerra.
Desta vez os EUA, através da NATO, tentam assegurar a correspondente duração, julgo que com dois objetivos :

1. A curto prazo

Aproveitar o sacrifício subserviente da UE, proporcionando à Ucrânia armas capazes de atingir infraestruturas críticas de segurança, com o fim de provocar uma resposta russa - para não mostrar fraqueza -, recorrendo a bombas nucleares tácticas. 

Poderia assim ser aberto o caminho para que a NATO invocasse o artigo 5, envolvendo-se numa guerra quente. 

Julgam também que tal atitude não se enquadra nos objetivos da política externa da China, contribuindo assim para minar a unidade entre os dois países. 

2. A médio e longo prazo 

Utilizar o método de desgaste semelhante ao atrás descrito que levou à queda da URSS. 

Analisemos alguns factores em presença 

De acordo com algumas fontes, as sanções internacionais parece não terem afectado a economia russa que até se fortaleceu com o PMI- que representa as compras em empresas dos sectores industrial e de serviços - subiu para 54.4 pontos, segundo inquérito da "S&P Global". 
A componente produção subiu para 56.2, o melhor resultado desde 2008. Esperam assim um crescimento de 4% do PIB em 2024. 
Os economistas do "JP Morgan", referem :
"O crescimento económico tem sido largamente impulsionado pelas despesas relacionadas com a guerra. Quase um terço do orçamento russo vai para a Defesa Nacional, representando cerca de 6% do PIB, o que excede as despesas sociais. 
Apesar das sanções impostas á indústria de armas russa , a produção manufactureira disparou em sectores relacionados à guerra, como computação, electrónica e óptica, produtos metálicos acabados e veículos."(1)

Contudo, outros analistas realçam que apesar da resiliência face às sanções  a Rússia está a viver numa economia de guerra. 
O problema é por quanto tempo, se poderá aguentar este dispêndio. 
Por enquanto, o défice orçamental consegue ser equilibrado pelas receitas provenientes da exportação de petróleo e gás natural para novos mercados. 
Mas esta situação pressupõe um aumento dos preços globais do petróleo e a invulnerabilidade ao alargamento das sanções. Mas a Rússia não deixa de estar sujeita à diminuição da procura e á queda de preços.
A verificarem-se estes factores negativos e face aos mortos que a Rússia também sofre, ao cansaço da guerra e à estagnação da economia, poderiam estar criadas as condições para levar à queda de Putin e conseguir assim uma liderança mais do agrado do Ocidente.
Mas é claro que todos estes cenários não passam disso mesmo e poderão ser modificados por acontecimentos imprevisíveis como por exemplo a eleição para Presidente dos EUA de um qualquer Trump.

(1) Ver "Dados económicos indicam uma realidade dura para o Ocidente : fábrica de guerra da Rússia está em pleno funcionamento". - Francisco Laranjeira

O tempo que vamos vivendo | Marques Pinto | Sócio da ACR

 O tempo que vamos vivendo
Marques Pinto | Sócio da ACR

 

Nestes últimos dias qualquer leitor mais atento aos noticiários publicados na imprensa estrangeira e a alguns comentários merecedores de tal nome, se bem que poucos merecem realmente credibilidade e a atenção de serem lidos, deixam contudo a percepção para um facto credível:

 

Parece que a maioria dos Países Europeus seguem cegamente as ordens do Pentágono ou Nato, que neste caso são coincidentes na quase totalidade de instruções que levem ao consumo imediato e em grande numero de qualquer tipo de munição ou armamento que ofereça a certeza de uma rápida escalada na Guerra da Ucrânia, que embora com esse nome é realmente um conflito que abrange mais que uma grande parte do território da Ucrânia, bem como uma faixa relativamente larga de território da Rússia, e com alvos e destruições de áreas e equipamentos de uso apenas civil.

 

Penso que qualquer cidadão desta Europa, particularmente dos países centrais e limítrofes do conflito, minimamente consciente, deveria enquanto é tempo chamar a atenção dos seus elementos responsáveis, quer no governo quer nas instancias de poder, que as dezenas de milhões de habitantes que poderão vir a sofrer de qualquer rebentamento de uma arma nuclear, não serão apenas os que poderão morrer mas sim todos os que irão sofrer a médio e talvez mesmo longo prazo dos efeitos da radioactividade que permanecerá sobre os nossos céus.

 

Claro que todos assistimos ao crescente interesse de domínio económico e não só com que os grandes grupos financeiros do outro lado do Atlantico olham sobre uma Europa desgastada e diminuída dos seus recursos que se pôs inteiramente á sua total disposição, esperando os seus políticos que as benesses que podem almejar lhes valerão de consolo para a sua atitude de submissão servil e empobrecimentos dos seus cidadãos.

Mas a tal atitude dos políticos responsáveis, em tempos não muito longínquos chamava-se traição e servilismo ignóbil.


Serviço Cívico Estudantil foi uma opção conjuntural ou um auxiliar da democratização do ensino e da cultura? | Jorge Aires |

O Presidente da Direcção da nossa Associação. Jorge Aires, proferiu, em 1 de Junho de 2024, no Museu do Trabalho Michel Giacometti um intervenção subordinada ao tema "Serviço Cívico Estudantil"

 Para ler a intervenção completa clique

AQUI

Como o cartaz anuncia, dia 1 de Junho a ACR estará em Setúbal. O nosso Presidente da Direção fará uma comunicação em que as referências ao que foi o Serviço Cívico Estudantil serão contextualizadas e ilações serão sublinhadas para refletirmos no ponto em que se encontra a democratização do acesso ao ensino e à cultura em consequência do processo contra revolucionário sequente ao 25 de novembro de 1975.

 

Como o cartaz anuncia, dia 1 de Junho a ACR estará em Setúbal. O nosso Presidente da Direção fará uma comunicação em que as referências ao que foi o Serviço Cívico Estudantil serão contextualizadas e ilações serão sublinhadas para refletirmos no ponto em que se encontra a democratização do acesso ao ensino e à cultura em consequência do processo contra revolucionário sequente ao 25 de novembro de 1975.

 




Apelo | 10 de junho é Dia de Luta Contra o Racismo

 

A Associação Conquistas da Revolução subscreveu o apelo,  solidariza-se com os seus propósitos e apela à participação na concentração convocada para 10 de Junho,

na Rua Garret, em Lisboa, pelas 11h

 

Para ler o apelo clique
AQUI

"Revolução dos cravos - vivências a norte" | Casa da Cultura de Avintes

 No âmbito das Comemorações dos 50 anos 25 de Abril, no dia 23 de Maio, quinta feira, pelas 21:30, vai a Associação Conquistas da Revolução, em parceria com o Centro Adriano Correia de Oliveira, organizar uma sessão evocativa intitulada "Revolução dos cravos - vivências a norte", na Casa da Cultura de Avintes (Rua da Sobreira, 79), com a participação do Coronel Castro Carneiro e de Jorge Sarabando.

 

 




Texto de Jorge Sarabando na Reitoria da Universidade do Porto em 13 de Maio de 2024

Texto da autoria do Jorge Sarabando, Vice Presidente da Direcção, tornado público a 13 de maio de 2024, aquando da apresentação, na Reitoria da Universidade do Porto, do livro

 

Crisântemo branco

abril rostos e vozes liberdade

de Eugénia Soares Lopes

Edições Afrontamento

 

Para ler o documento clique

AQUI

Intervenção da juventude no dia 25 de Abril de 2024

 

 

50 anos depois, o povo continua a sair à rua para mostrar que Abril é atual e necessário. Pois enquanto houver injustiças é em Abril que encontraremos as respostas para enfrentá-las.

 

Isto vai meus amigos, isto vai! Olhem à vossa volta: os muitos sotaques e línguas diferentes que ouvimos aqui hoje nesta manifestação deixa muito claro os quantos que procuram Abril no seu futuro. Abril interessa a todo o povo, aos portugueses, aos imigrantes, a todos que estudam, trabalham e vivem em Portugal. Assim como interessou aos povos Angolano, Moçambicano, Guineense, Cabo-verdiano, São-tomense, que foram também construtores de Abril quando se levantaram contra um regime colonialista, caduco e opressor, quando se levantaram contra o fascismo. 

 

Abril une a todos nós. As forças da extrema-direita dizem que não. E dizem que não pois lhes interessa. Aquele braço direito com tiques do passado, é o mesmo que ao final do dia aperta a mão dos senhores do dinheiro, a quem interessa que estejamos divididos. Que o português, o brasileiro, o angolano, o indiano, não percebam que aquele autocarro que apanham juntos para encher o bolso do patrão os une, mais do que os divide. Daqui dizemos, somos todos Portugal, pelo Portugal de Abril!

 

O fim das propinas interessa a todos nós, aos portugueses que continuam a não ter a educação gratuita prevista na Constituição e têm de pagar propinas, taxas e emolumentos, mas também a nós imigrantes que pagamos propinas que por vezes chegam a ultrapassar os 7 mil euros por ano.

 

Interessa a todos nós uma escola pública de qualidade, com mais professores, mais

funcionários e mais condições, tanto àqueles que vão desde pequenos a uma escola

com amianto, com o teto a cair, com infiltrações, quanto àqueles pais e mães

imigrantes que chegaram agora e vão de escola em escola tentando matricular seus

filhos, mas não conseguem por não haver vagas.

 

Interessa a todos nós que se cumpra o direito à habitação. Aos que se veem cada vez

mais afastados dos lugares onde nasceram, empurrados para fora das suas cidades

pelos hotéis, pelo alojamento local, pelas habitações de luxo, pela especulação

imobiliária, quanto àqueles que chegam agora e se deparam com rendas

incomportáveis, incompatíveis com os salários, e são empurrados para casas

sobrelotadas, forçados pela sua situação socioeconômica a partilhar a casa, ou a

partilhar o quarto, ou mesmo a ir morar na rua. E quando o valor da renda não é um

impeditivo, o tom da pele ou o sotaque estrangeiro é. “Não arrendamos a brasileiros”,

escutaram muitos dos que vieram para cá.

 

Interessa a todos nós o aumento dos salários e o fim da precariedade. E há quem diga

que a entrada de imigrantes faz os salários baixarem e as condições de trabalho

piorarem. Mas não foram os trabalhadores imigrantes que criaram a precariedade, afinal ela já existia antes de virmos para cá. Quem a cria é quem com ela lucra. Diante dessa realidade só há uma resposta possível: é preciso que todos os trabalhadores, portugueses ou imigrantes, tenham um vínculo de trabalho efetivo, tenham o direito ao trabalho com direitos. É só com uma legislação laboral justa, com mais meios e recursos, e, acima de tudo, com trabalhadores organizados e com força que se travará o projeto daqueles que lucram com a vulnerabilidade e a miséria dos outros.

 

Compreende-se que esses não estejam com Abril. Abril une todos os que estão com

a liberdade, mas não é de todos! Abril não é dos exploradores, Abril não é dos que

dão a mão ao mercado privado e destroem os serviços públicos. Esses vêem em Abril

um grande obstáculo.

 

Abril não é dos racistas e xenófobos.

Abril não é dos que querem humilhar as mulheres. Abril não é dos que discriminam as pessoas LGBTQIA+!

Abril não é dos que defendem a Guerra!

 

Por isso carregamos connosco a bandeira de Abril. É em Abril que encontramos as respostas para nos livrarmos das amarras que nos impedem de sermos livres. O 25 de Abril não foi só uma madrugada, mas sim o fruto de um processo, de anos de duras lutas nas quais a juventude teve um papel fundamental, estando na linha de frente tanto no combate ao fascismo, como pelo que viria depois, pela construção de um mundo novo, pela transformação revolucionária da sociedade, apontando o caminho a se seguir. E ao apontarem o caminho, Abril se projetou no futuro.

 

Abril não foi só essa madrugada pela qual, lutando, esperávamos, assim como Abril não é só uma ideia abstrata. Abril é concreto. Abril é democracia nas escolas, é formar associações de estudantes, abril é se manifestar, é fazer greve.

 

A cada trabalhador que se sindicaliza Abril ganha força. A cada trabalhador ou estudante que sai à rua Abril ganha força, tal como fizeram as dezenas de milhares de jovens que saíram às ruas em Março para assinalar o Dia Nacional do Estudante e o Dia Nacional da Juventude: os estudantes do Ensino Superior, que se manifestaram em Lisboa pelo fim das propinas, por mais ação social, pelo alojamento estudantil, os estudantes do ensino secundário, que se manifestaram em dezenas de escolas por todo o país, os jovens trabalhadores, que se manifestaram no dia 27 pelo aumento dos salários, pelo fim da precariedade e pela redução do horário de trabalho, mas também os muitos jovens de diversos sectores nas suas lutas específicas, desde os centros de contacto aos jornalistas que fizeram uma greve geral histórica, e também as mulheres que se manifestaram pela sua emancipação, pela efectivação de seus direitos, pela igualdade salarial, pela igualdade no trabalho e na vida e pelo fim às violências.

 

Ações que invocam Abril tanto pela forma quanto pelo conteúdo. Porque Abril é o direito à greve e à manifestação, mas também é serviço público de qualidade, com profissionais e com investimento necessário, é educação, saúde, transportes, segurança social, é democracia, é o acesso à informação, é o direito a informar e ser informado. Abril é enfrentar a gula do lucro, é o poder político acima do poder económico.

 

E 50 anos depois, os filhos, os netos, os bisnetos da Revolução continuam aqui a lutar para fazer florescer a semente que ficou num canto de jardim que nos cantava Chico Buarque, a lutar e a combater a política de direita que afronta os valores de abril. Combater a política de baixos salários, de degradação dos serviços públicos, de divisão, de instigação da guerra, de reforço do militarismo, a política de roubo aos trabalhadores e ao povo para o benefício dos monopólios. Luta que se faz tendo Abril como bússola. Luta cujas fileiras hoje, nós imigrantes, também engrossamos.

 

50 anos depois, Abril continua a ser um exemplo nos caminhos para a Paz. O ideal de

Abril, que se evidenciou no fim da guerra colonial, ideal que ficou plasmado na Constituição da República Portuguesa, nomeadamente no seu artigo 7º, é muito claro: Abril é a abolição do imperialismo e do colonialismo, é o direito à autodeterminação dos povos, é o fim dos blocos político-militares. Quando nos vemos diante dos horrores da Guerra, seja na Ucrânia, seja na Palestina, fica claro que Portugal e o seu Governo têm de honrar Abril, defendendo a Paz.

 

Abril exige que nos mantenhamos vigilantes, para que não haja retrocessos, e que nos

mantenhamos confiantes, pois há muito por conquistar, e é na rua que se conquista.

Foi na rua que se fez a Revolução, e é na rua que os filhos da Revolução estarão de

novo amanhã. Resistindo. Sempre.

 

E como disse há pouco, e citando o poeta Ary,

Isto vai meus amigos isto vai

o que é preciso é ter sempre presente

que o presente é um tempo que se vai

e o futuro é o tempo resistente

 

Abril é passado, presente e acima de tudo futuro.

 

Viva a luta da juventude!

Viva Abril!

25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!