AS FORÇAS ARMADAS E AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES BRASILEIRAS
Presidente da Mesa da Assembleia Geral
AS FORÇAS ARMADAS E AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES BRASILEIRAS
Talvez a Oeste tenhamos novidades
Marques Pinto
Vogal da Direcção
Estamos a viver em quase todo o mundo, com particular gravidade para o que agora se designa pela Grande Eurásia, um período de grande instabilidade a todos os níveis mas talvez o mais preocupante para todos os que pela sua idade e vivencia, sabem que nestas situações de grave crise internacional, infelizmente, são sempre os mais desprotegidos ou mais próximos dos pontos de confronto que serão os mais atingidos, seja por risco da própria vida seja por todos os outros motivos e meios que indirectamente os atingirão mesmo vivendo neste recanto da Europa
Claro me refiro às constantes ameaças de uma confrontação entre os Estados Unidos - que naturalmente arrastarão os seus aliados da Nato, que com aprovação ou não da ONU sempre seguirão fielmente as ordens do dono – lembremos a guerra do Iraque – e a China ou a Rússia, por motivos diferentes, mas com um objectivo comum.
Claro que neste momento olhamos para a Ucrania e Taiwan, que antigamente todos os mais velhos conhecemos pela Iha Formosa, mas na realidade os Altos Comandos Militares Americanos pensam mais na tomada do poder politico interno que numa escaramuça distante que apenas serve e tem servido para aumentar de modo exponencial os gastos militares e.…as fabulosas compras e encomendas aos fabricantes.
Como sempre nestas situações é preciso criar um engodo dum “vil e ardiloso inimigo para enganar a opinião publica” e aí a Rússia e a China servem bem o propósito
Para explicar o que representa o presente objectivo do real poder nos Estados Unidos temos sempre de juntar a Grande Finança e as Grandes Petrolíferas com o Complexo Industrial e Militar dos EUA, que juntos manipulam totalmente os dois Grandes Partidos Estado-Unidenses com particular realce após a época Bush e desde que puseram ao seu serviço conhecidas figuras dos Democratas como a Hillary Clinton.
Todos os que no último ano e particularmente após a saída/fuga/abandono pelos EUA e UK do Afeganistão terão acompanhado os noticiários internacionais viram o recrudescer na opinião publica com particular realce para toda a imprensa Americana numa campanha anti governo Biden e o reacender dessa campanha com as noticias de um possível apoio ao regresso do “Trumpismo” com Trump ou outro que siga o seu ideal quase proto-fascista.
Passados que são 12 meses ainda nem sequer se culpabilizou ninguém pelo assalto ao Capitolio de 6 de Janeiro e embora se falem em muitas figuras políticas...nada se converteu em acusação.
Talvez uma tomada de poder real pelos Generais se aproxime...mas atenção que os Generais não são Capitães e Tenentes e os altos postos militares sempre se deram bem com sistemas autoritários e não democráticos.
Enquanto olhamos para o Oriente...talvez tenhamos surpresas a Ocidente.
Rodrigo de Freitas
Suplente da Mesa da Assembleia Geral
APÓS O SEU IGNÓBIL E BÁRBARO ASSASSINATO
19.DEZEMBRO.1961
1 – Não é possível esquecer! Não é possível ignorar! Torna-se imperioso e inadiável lembrar aqueles da sua geração, mas sobretudo os jovens de hoje, detentores do futuro. Viver, lutar, enfrentar 48 anos duma ditadura fascista salazarista, imposta ao povo português. Para que conste sobre José Dias Coelho:
Nasceu em Pinhel em 19 de Junho de 1923. Depois de ter passado por várias escolas e instituições, frequentou com sua companheira Margarida Tengarinha a Escola Superior de Belas Artes na área de escultura, sendo ambos expulsos e impedidos de ingressar em qualquer outro estabelecimento de ensino.
Foram demitidos de professores das escolas onde leccionavam. Era corrente em escolas superiores e universidades assim suceder a quem lutava pelos seus ideais, pela liberdade, pela igualdade colectiva, contra o obscurantismo e miséria da grande maioria dos portugueses.
2 – “A MORTE SAIU Á RUA”
Eram cerca das 18h30 de 19 de Dezembro de 1961, quando José Dias Coelho descia a Rua do Lusíadas para a Rua da Creche, Largo de Stº Amaro, Lisboa. De um carro saltaram vários indivíduos que o perseguiam. Agarraram-no, encostaram-no à parede e deram-lhe voz de prisão. Resistiu e gritou “É A PIDE! SOU COMUNISTA!”. Foram as suas últimas palavras. Um dos esbirros da PIDE de pistola na mão deu dois tiros, um deles à queima-roupa. Tombou encostado à parede. Momentos depois os esbirros que o agarravam meteram-no num carro e rapidamente arrancaram… testemunhas viram-no cair… Eram 19 horas em todos os relógios…!
3 – Cerca das 20 horas dois indivíduos deixam o corpo moribundo no hospital da CUF. Tiveram que se identificar. Tratava-se de agentes da PIDE da brigada de José Gonçalves.
4 – No Instituto de Medicina Legal de Lisboa, onde foi autopsiado em 23 de Dezembro de 1961, os peritos concluíram que a causa de morte foi “um tiro disparado no peito à queima-roupa com intenção de matar…” Tratava-se de um crime politico. Os nomes dos agentes e do responsável dos tiros, vieram a saber-se, após o 25 de abril de 1974, quando na sede da PIDE na Rua António Maria Cardoso, começou a funcionar a Comissão de Extinção da PIDE, sob a orientação da Marinha Portuguesas.
5 – DO TRIBUNAL MILITAR DE STª CLARA À FARSA DO JULGAMENTO DOS CARRASCOS QUE ASSASSINARAM JOSÉ DIAS COELHO.
Em Janeiro de 1967, 16 anos depois do crime realizou-se o julgamento com juízes da composição mais reacionária do corpo da justiça de Salazar, vindo à memória os juízes dos tribunais plenários sendo escolhidos a dedo pelo governo e os presidentes
escolhidos pelo ministro da justiça. A estes “juízes“ políticos, Aquilino Ribeiro, chamou prostibutários, longe de prever que após o 25 de Abril de 1974 pairaria no ar de alguns tribunais o fantasma de António Spínola, nomeado presidente da Junta de Salvação Nacional, instalada no Palácio de Belém. Spínola tudo fez para que a comissão de extinção da PIDE/DGS não fosse criada e pudesse desempenhar as suas funções com isenção e verdade…
Assim se revelou mais uma vez os “caracteres” e intenções de Spínola, concretizadas com golpes, ataques e traições a tudo o que o programa do MFA estava a levar à prática. É esta iminente figura que é louvado a Marechal, dado como “pai” da democracia. Mas o tempo e a história acabarão por colocar tal marechal na merecida prateleira do lixo tóxico.
Voltando ao julgamento, após a leitura da sentença, que absolveu os Pides, as pessoas que assistiram gritaram “Assassinos! Assassinos!”, gerando-se grande confusão no tribunal. Terminaria a saída da assistência indignada, com alas de Pides na escadaria do tribunal de Stª Clara, insultando provocatoriamente Margarida Tengarinha e sua cunhada Maria Adelaide com palavrões dos mais soezes, reles e sórdidos.
Assim, a sentença vergonhosa proferida por juízes reacionários o permitira.
Ainda sob estes acontecimentos, José-Augusto França, historiador e critico de arte escreveu um artigo no DL em 4 de Fevereiro de 1977, indignado, dedicado a José Dias Coelho, com o titulo, “O preço da vida de um escultor”.
Todo este dramático acontecimento, terá, sempre, como canção e música “A morte saiu à rua” que José Afonso dedicou a José Dias Coelho, num acto de coragem e risco, perpetuando a sua acção política, pela paz, pelos seus ideais, a sua corajosa militância, a sua coragem, a sua sensibilidade artística, tudo pela liberdade e felicidade do povo do seu país, e dos povos de todo o mundo, sujeitos às mais indignas formas de opressão e repressão.
Recordo, mais uma vez, José Dias Coelho, não deixando de registar os testemunhos vividos e escritos de Margarida Tengarinha, de Manuel Loff, entre muitos outros.
E um apelo faço às novas gerações para meditar, estudar, divulgar,
como foi penoso e arriscado conquistar a liberdade e o sonho que comanda
A VIDA.
Rodrigo de Freitas, aos 85 anos, num exercício de memória enquanto esta responde.
19 de Dezembro de 2021
No falecimento de Francisco Lobo
No passado sábado, após um prolongado estado de saúde muito debilitado, faleceu no Barreiro outro nosso querido companheiro, Francisco Lobo. Francisco Leonel Rodrigues Lobo perfez, no passado dia 17, 90 anos naquela terra onde nasceu, e onde logo aos 14 anos começou a trabalhar numa empresa metalúrgica. Em meados dessa década foi admitido na CUF, e posteriormente fixou residência em Setúbal, ingressando na empresa de indústria automóvel, a IMA.
Nas Notas Biográficas do seu livro “Histórias de Setúbal – 1974 a 1985” editado em 2008 pela Delegação de Setúbal da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), da qual foi membro da Direcção e Director do seu Boletim, recorda-se a sua prisão pela PIDE em Janeiro de 1962 na sequência da sua ligação ao assalto do Forte de Beja, tendo por isso estado nas prisões 33 meses.
«Nas eleições de 1969 e 1973 participou activamente em acções de sensibilização dos cidadãos para os actos eleitorais promovendo o recenseamento, participando em reuniões, distribuído propaganda eleitoral, fiscalizando as urnas, tendo mesmo presidido, em 1973, a um comício distrital realizado no antigo Casino Setubalense».
Aderiu ao Partido Comunista Português em 1974, integrou a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Setúbal em Maio, e entre 1979 e 1985 foi Presidente da mesma.
Em 2003 a Câmara da sua terra natal atribui-lhe o galardão “Barreiro Reconhecido”, e no ano seguinte a de Setúbal a Medalha de Honra “Paz e Liberdade”.
A páginas 193 da nossa 1ª edição de 2014 “Vasco, nome de Abril”, ele descreve uma das deslocações a Setúbal do General Vasco Gonçalves, e da sua estranheza do mesmo perante o Monumento ao 25 de Abril e às Nacionalização que durante cerca de 3 mil horas de trabalho noturno voluntário os operários da Setenave construíram nos estaleiros navais para, a 1 de Outubro de 1985, em plena Praça de Portugal e comemorativa do 15º aniversário da CGTP-IN, o oferecerem à cidade: «A escultura é construída por um cubo que significa estabilidade e as lâminas apontadas ao céu a força, a chama, a vida. Depois de lhe ter dado estas informações, Vasco agarrou-me nas mãos e disse: “Agora compreendo perfeitamente… que coisa maravilhosa!”».
Membro da Comissão de Honra do Centenário de Vasco Gonçalves, podemos escrever: Francisco Lobo, Nome de Abril!
A Ignorância dos perigos que desconhecemos e que corremos
Marques Pinto
Vogal da Direcção
Penso que muitos de nós vivendo neste pequeno cantinho da Europa, vamos ignorando muitos dos riscos que a nossa espécie corre, de um modo muito mais perigoso do que a grande maioria pensa.
Claro que de um modo geral e porque se têm acumulado nos últimos anos um enorme arsenal atómico na Europa Ocidental - fruto sobretudo das tensões criadas pelos que habitam na outra margem do Oceano Atlantico - que segundo os especialistas em conflitos atómicos bastaria a deflagração de 3 a 5% desse armamento para que grande parte do território mais populoso da Europa Central ficasse um deserto de seres vivos.
Contudo o que me levou a colocar esta chamada de atenção foi um facto muito pouco divulgado ou mesmo quase escondido pelos grandes meios de comunicação e que aconteceu há poucos dias no Mar da China.
O submarino nuclear USS “Connecticut” SSN ( da classe Seawolf ) bateu em imersão num objecto ou relevo desconhecido e terá vindo á superfície perto das Ilhas Paracel - 150 milhas duma base de submarinos Chinesa na provincia de Hainan.
Claro que alem do risco de poluição atómica, com todas as possíveis consequências para a fauna marinha e o próprio ambiente foram denunciadas não só pela China como pelas Filipinas.
Nada se sabe ou pelo menos nada tem transparecido nos meios de comunicação e o que levanta mais suspeitas sobre a gravidade do incidente é que a própria Marinha Americana proibiu a divulgação e toda a guarnição durante uma semana ficou totalmente incomunicável.
Apesar da ocorrência em aguas territoriais de outro país a Marinha Americana não autorizou qualquer investigação ou inspecção.
Evidentemente que só através dos Governos das Filipinas e da China se conseguiu detectar e publicitar tal incidente pois até agora a “ignorância” dos grandes meios de comunicação se tem mantido fiel ao encobrimento de tal incidente.
Penso que este incidente independentemente da causa e dos efeitos mais ou menos graves que tenha provocado ou venha ainda a provocar, demonstra e deve-nos fazer pensar seriamente no que poderia acontecer com uma ocorrência semelhante aquando duma das eventuais “visitas amigas” de tal tipo de navios nucleares aos nossos portos ou mesmo em secretas patrulhas submarinas tão frequentes junto ás nossas costas dado que são rotas de inúmera navegação civil e sobretudo militar de tantos países.
(*) O artigo completo, em inglês, encontra-se neste link
Texto de Manuel Begonha
Presidente da Mesa da Assembleia Geral
Neste momento que vivemos de crise e de legítimas dúvidas para alguns, ocorreu-me um texto que escrevi inspirado no pensamento de Vasco Gonçalves.
"Não devemos ter dúvidas que estando a memória viva, é tempo de encontrar e firmar a verdade, é tempo de escrever páginas da nossa História Contemporânea sem omissões e distorções, com registos, factos e palavras certas.
Não há alternativa :ou assumimos uma atitude passiva e alienamos o que resta das conquistas de Abril ou combatemos por elas.
Se o não fizermos, bastamo-nos a nós mesmos para nos derrotarmos.
Só lutando venceremos, cumprindo assim o sonho de um Homem cuja memória, estamos neste momento de comemorações a honrar."
Jorge Sampaio
Acabamos de tomar conhecimento da morte de Jorge Sampaio.
Não faltarão com certeza muitos elogios em memórias escritas e faladas acerca do Homem, do Politico e do Presidente de Portugal que foi de 1996 a 2006.
Não pretendemos, como é óbvio, vir repetir elogios a um Homem cuja vida ficou marcada pela sua coragem pessoal e desprendimento em relação a possíveis prejuízos na sua carreira política.
Em 1976, poucos dias antes da comemoração do 2º aniversário da nossa revolução de Abril, e num jantar que reuniu alguns militares que tinham estado presos na sequencia dos acontecimentos de Novembro, O Dr Jorge Sampaio manifestou em voz alta e numa breve alocução a sua total disponibilidade para como advogado apoiar e ajudar na defesa desses mesmos militares, que como se sabe sofreram represálias na suas carreiras e alguns o afastamento definitivo da vida militar.
Não podemos nem devemos esquecer a sua posição frontal ao manifestar, enquanto Supremo Comandante das Forças Armadas Portuguesas, a sua oposição em relação ao abjecto acto de sujeição que o 1º ministro da altura cometeu ao servir de hospedeiro nos Açores ao “encontro da aldrabice” (mais tarde este ex-militante do MRPP viria a ser premiado com uma estadia paga nos EUA e um alto cargo no Parlamento Europeu, donde aliás saiu com uma despedida desonrosa ....mas com um alto cargo num Banco Americano).
Foi graças á corajosa posição assumida por Jorge Sampaio que as nossas Forças Armadas nessa altura não
foram incluídas na farsa montada pelos EUA e a sua força de apoio -NATO – num ataque ao Afeganistão, não autorizado nem apoiado pela ONU, que 20 anos depois mostrou á evidencia a sua natureza aventureira.
À Família enlutada apresentamos as nossas sinceras condolências
A China, e as suas relações com Taiwan e Hong-Kong
Marques Pinto
Vogal da Direcção
A Direcção da ACR, na sua reunião de 29 de Julho de 2021, aprovou um voto de pesar pela morte do coronel Otelo Saraiva de Carvalho, capitão de Abril a quem coube planear e comandar a gloriosa operação militar do 25 de Abril de 1974 que derrubou a ditadura fascista numa das mais brilhantes acções militares da nossa história. Brilhante pelo resultado obtido, a libertação do nosso povo do jugo fascista e brilhante por ter sido executada com tal mestria que a vitória se consumou em poucas horas e sem derramamento de sangue.
CUBA RESISTE!
Frei Betto*
Poucos ignoram minha solidariedade à Revolução Cubana. Há 40 anos visito com frequência a Ilha, em função de compromissos de trabalho e convites a eventos. Por longo período intermediei a retomada do diálogo entre bispos católicos e o governo de Cuba, conforme descrito em meus livros “Fidel e a religião” (Fontanar/Companhia das Letras) e “Paraíso perdido – viagens ao mundo socialista” (Rocco). Atualmente, contratado pela FAO, assessoro o governo cubano na implementação do Plano de Soberania Alimentar e Educação Nutricional.
Conheço em detalhes o cotidiano cubano, inclusive as dificuldades enfrentadas pela população, os questionamentos à Revolução, as críticas de intelectuais e artistas do país. Visitei cárceres, conversei com opositores da Revolução, convivi com sacerdotes e leigos cubanos avessos ao socialismo.
Quando dizem a mim, um brasileiro, que em Cuba não há democracia, desço da abstração das palavras à realidade. Quantas fotos ou notícias foram ou são vistos sobre cubanos na miséria, mendigos espalhados nas calçadas, crianças abandonadas nas ruas, famílias debaixo de viadutos? Algo semelhante à cracolândia, às milícias, às longas filas de enfermos aguardando anos para serem atendidos num hospital?
Advirto os amigos: se você é rico no Brasil e for viver em Cuba conhecerá o inferno. Ficará impossibilitado de trocar de carro todo ano, comprar roupas de grife, viajar com frequência para férias no exterior. E, sobretudo, não poderá explorar o trabalho alheio, manter seus empregados na ignorância, “orgulhar-se” da Maria, sua cozinheira há 20 anos, e a quem você nega acesso à casa própria, à escolaridade e ao plano de saúde.
Se você é classe média, prepare-se para conhecer o purgatório. Embora Cuba já não seja uma sociedade estatizada, a burocracia perdura, há que ter paciência nas filas dos mercados, muitos produtos disponíveis neste mês podem não ser encontrados no próximo devido às inconstâncias das importações.
Se você, porém, é assalariado, pobre, sem-teto ou sem-terra, prepare-se para conhecer o paraíso. A Revolução assegurará seus três direitos humanos fundamentais: alimentação, saúde e educação, além de moradia e trabalho. Pode ser que você tenha muito apetite por não comer o que gosta, mas jamais terá fome. Sua família terá escolaridade e assistência de saúde, incluindo cirurgias complexas, totalmente gratuitas, como dever do Estado e direito do cidadão.
Nada é mais prostituído do que a linguagem. A celebrada democracia nascida na Grécia tem seus méritos, mas é bom lembrar que, na época, Atenas tinha 20 mil habitantes que viviam do trabalho de 400 mil escravos... O que responderia um desses milhares de servos se indagado sobre as virtudes da democracia?
Não desejo ao futuro de Cuba o presente do Brasil, da Guatemala, de Honduras e ou mesmo de Porto Rico, colônia estadunidense, à qual é negada independência. Nem desejo que Cuba invada os EUA e ocupe uma área litorânea da Califórnia, como ocorre com Guantánamo, transformada em centro de torturas e cárcere ilegal de supostos terroristas.
Democracia, no meu conceito, significa o “Pai nosso” – a autoridade legitimada pela vontade popular –, e o “pão nosso” – a partilha dos frutos da natureza e do trabalho humano. A rotatividade eleitoral não faz, nem assegura uma democracia. O Brasil e a Índia, tidas como democracias, são exemplos gritantes de miséria, pobreza, exclusão, opressão e sofrimento.
Só quem conhece a realidade de Cuba anterior a 1959 sabe por que Fidel contou com tanto apoio popular para levar a Revolução à vitória. O país era conhecido pela alcunha de “prostíbulo do Caribe”. A máfia dominava os bancos e o turismo (há vários filmes sobre isso). O principal bairro de Havana, ainda hoje chamado de Vedado, tem esse nome porque, ali, os negros não podiam circular...
Os EUA nunca se conformaram por ter perdido Cuba sujeita às suas ambições. Por isso, logo após a vitória dos guerrilheiros de Sierra Maestra, tentaram invadir a Ilha com tropas mercenárias. Foram derrotados em abril de 1961. No ano seguinte, o presidente Kennedy decretou o bloqueio a Cuba, que perdura até hoje.
Cuba é uma ilha com poucos recursos. É obrigada a importar mais de 60% dos produtos essenciais ao país. Com o arrocho do bloqueio promovido por Trump (243 novas medidas e, até agora, não removidas por Biden), e a pandemia, que zerou uma das principais fontes de recursos do país, o turismo, a situação interna se agravou. Os cubanos tiveram que apertar os cintos. Então, os insatisfeitos com a Revolução, que gravitam na órbita do “sonho americano”, promoveram os protestos do domingo, 11 de julho – com a “solidária” ajuda da CIA, cujo chefe acaba de fazer um giro pelo Continente, preocupado com o resultado das eleições no Peru e no Chile.
Quem melhor pode explicar a atual conjuntura de Cuba é seu presidente, Diaz-Canel: “Começou a perseguição financeira, econômica, comercial e energética. Eles (a Casa Branca) querem que se provoque um surto social interno em Cuba para convocar “missões humanitárias” que se traduzem em invasões e interferências militares.”
“Temos sido honestos, temos sido transparentes, temos sido claros e, a cada momento, explicamos ao nosso povo as complexidades dos dias atuais. Lembro que há mais de um ano e meio, quando começou o segundo semestre de 2019, tivemos que explicar que estávamos em situação difícil. Os EUA começaram a intensificar uma série de medidas restritivas, endurecimento do bloqueio, perseguições financeiras contra o setor energético, com o objetivo de sufocar nossa economia. Isso provocaria a desejada eclosão social massiva, para poder apelar à intervenção “humanitária”, que terminaria em intervenções militares”.
“Essa situação continuou, depois vieram as 243 medidas (de Trump, para arrochar o bloqueio) que todos conhecemos e, finalmente, decidiu-se incluir Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo. Todas essas restrições levaram o país a cortar imediatamente várias fontes de receita em divisas, como o turismo, as viagens de cubano-americanos ao nosso país e as remessas de dinheiro. Formou-se um plano para desacreditar as brigadas médicas cubanas e as colaborações solidárias de Cuba, que recebeu uma parte importante de divisas por essa colaboração.”
“Toda essa situação gerou uma situação de escassez no país, principalmente de alimentos, medicamentos, matérias-primas e insumos para podermos desenvolver nossos processos econômicos e produtivos que, ao mesmo tempo, contribuam para as exportações. Dois elementos importantes são eliminados: a capacidade de exportar e a capacidade de investir recursos.”
“Também temos limitações de combustíveis e peças sobressalentes, e tudo isso tem causado um nível de insatisfação, somado a problemas acumulados que temos sido capazes de resolver e que vieram do Período Especial (1990-1995, quando desabou a União Soviética, com grave reflexo na economia cubana). Juntamente com uma feroz campanha mediática de descrédito, como parte da guerra não convencional, que tenta fraturar a unidade entre o partido, o Estado e o povo; e pretende qualificar o governo como insuficiente e incapaz de proporcionar bem-estar ao povo cubano.”
“O exemplo da Revolução Cubana incomodou muito os EUA durante 60 anos. Eles aplicaram um bloqueio injusto, criminoso e cruel, agora intensificado na pandemia. Bloqueio e ações restritivas que nunca realizaram contra nenhum outro país, nem contra aqueles que consideram seus principais inimigos. Portanto, tem sido uma política perversa contra uma pequena ilha que apenas aspira a defender sua independência, sua soberania e construir a sua sociedade com autodeterminação, segundo princípios que mais de 86% da população têm apoiado.”
“Em meio a essas condições, surge a pandemia, uma pandemia que afetou não apenas Cuba, mas o mundo inteiro, inclusive os Estados Unidos. Afetou países ricos, e é preciso dizer que diante dessa pandemia nem os Estados Unidos, nem esses países ricos tiveram toda a capacidade de enfrentar seus efeitos. Os pobres foram prejudicados, porque não existem políticas públicas dirigidas ao povo, e há indicadores em relação ao enfrentamento da pandemia com resultados piores que os de Cuba em muitos casos. As taxas de infecção e mortalidade por milhão de habitantes são notavelmente mais altas nos EUA que em Cuba (os EUA registraram 1.724 mortes por milhão, enquanto Cuba está em 47 mortes por milhão). Enquanto os EUA se entrincheiravam no nacionalismo vacinal, a Brigada Henry Reeve, de médicos cubanos, continuou seu trabalho entre os povos mais pobres do mundo (por isso, é claro, merece o Prêmio Nobel da Paz).”
“Sem a possibilidade de invadir Cuba com êxito, os EUA persistem com um bloqueio rígido. Após a queda da URSS, que proporcionou à ilha meios de contornar o bloqueio, os EUA tentaram aumentar seu controle sobre o país caribenho. De 1992 em diante, a Assembleia Geral da ONU votou esmagadoramente pelo fim desse bloqueio. O governo cubano informou que entre abril de 2019 e março de 2020 Cuba perdeu 5 bilhões de dólares em comércio potencial devido ao bloqueio; nas últimas quase seis décadas, perdeu o equivalente a 144 bilhões de dólares. Agora, o governo estadunidense aprofundou as sanções contra as companhias de navegação que trazem petróleo para a ilha.”
É essa fragilidade que abre um flanco para as manifestações de descontentamento, sem que o governo tenha colocado tanques e tropas nas ruas. A resiliência do povo cubano, nutrida por exemplos como Martí, Che Guevara e Fidel, tem se demonstrado invencível. E a ela devemos, todos nós, que lutamos por um mundo mais justo, prestar solidariedade.
*Frei Betto é escritor (freibetto.org). Assine e receba todos os artigos e livros do autor: mhgpal@gmail.com
Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral
Todas as campanhas obedeciam a directivas e eram suportadas por textos de apoio, onde se registava claramente que as Forças Armadas eram rigorosamente apartidárias mas não a políticas.
As directivas emanavam do CEMGFA, General Costa Gomes e ainda ratificadas por Ramiro Correia, primeiro coordenador das campanhas.
Para melhor conhecimento dos costumes, tradições, linguagem e cultura dos locais onde se previam intervenções, procedia-se a uma formação prévia dos militares, normalmente no Centro de Sociologia Militar, integrado na 5ª Divisão do EMGFA.
Apesar do objectivo fundamental destas campanhas ser a divulgação e o esclarecimento do Programa do MFA e consolidar progressivamente, com confiança mútua, a ligação Povo - MFA, outros objectivos foram determinados e que eram :
- Esclarecimento sobre o acto cívico de votar.
- Movimentar as FA nas zonas fronteiriças interiores , como demonstração que a Revolução iniciada com o 25 de Abril tinha dimensão nacional.
- Desencorajar tentações da Espanha franquista de intervir militarmente em Portugal , devido à existência do Pacto Ibérico.
- Demonstrar a disciplina, coesão e capacidade das Forças Armadas, lançando no terreno forças especiais (Fuzileiros, Comandos e Paraquedistas), bem equipadas, uniformizadas, preparadas e enquadradas, bem como cadetes das Escolas Militares, nomeadamente da Academia Militar e Escola Naval.
- Evidenciar que o MFA não era apenas constituído por oficiais, mas igualmente por sargentos e praças.
Para dar cumprimento a estes objectivos a primeira campanha designada por Nortada, decorreu na Região de Trás-os-Montes, apenas após a queda de Spínola, ocorrida a 30 de Setembro de 1974 que não permitia a saída dos militares dos quartéis.
A unidade militar escolhida foi o Batalhão de Comandos, chefiado pelo então major Jaime Neves que teve um comportamento digno , tendo sido uma componente importante no sucesso da operação e no prestígio dos militares.
Levou - me inclusivamente a casa de sua mãe que nos ofereceu uns deliciosos fumeiros assados nas brasas da sua lareira.
Nada faria então prever a sua posterior evolução ideológica, com uma deriva permanente para a direita, até ao golpe do 25 de Novembro de 1975, no qual pretenderá transformar - se no braço justiceiro e sangrento contra elementos afectos a Vasco Gonçalves e ao PCP.
Vem a propósito, esclarecer como algumas das mais relevantes personalidades da época, encaravam a Dinamização Cultural.
Álvaro Cunhal com reservas porque temia a inabilidade e alguma linguagem esquerdista dos militares.
Costa Gomes aceitava mas sem entusiasmo.
Mário Soares começou a perder o fulgor revolucionário com a queda de Spínola que se tornou bruxuleante desde que Vasco Gonçalves começou a dar cumprimento integral ao Programa do MFA e passou a conspirar contra a revolução após o 11de Março de 1975.
No entanto, foi quem mais beneficiou nas eleições para a Assembleia Constituinte, pois nas campanhas falava-se muito em socialismo.
Vasco Gonçalves apoiava, sem nunca ter interferido.
São dele as seguintes palavras :
"Os militares quando regressam destas sessões, eles próprios vêm mais politizados, mais conscientes das suas tarefas. Vêm mais democráticos".
Como sabíamos que a Revolução do 25 de Abril , muito ficou a dever à luta de tantos anti-fascistas nas mais diversas áreas culturais , decidimos integrar os intelectuais que se voluntariaram gratuitamente para nos ajudar a fazer chegar ao povo português uma formação cultural indispensável , para a libertação que se pretendia.
De entre muitos e para se ter uma ideia da elevada qualidade destes homens e mulheres e na impossibilidade de os referir a todos, dou como exemplo dois em cada área em que intervieram homenageando-os desta forma na sua totalidade.
Artes Plásticas e Gráficas
João Abel Manta e Marcelino Vespeira
Teatro
Mário Barradas e João Mota
Música , Canto e Dança
Fernando Lopes Graça e Carlos Paredes
José Afonso e Adriano Correia de Oliveira
Jorge Peixinho
Cinema
Carlos Albuquerque e Francisco Patrício
Apoio Literário
José Saramago e Bernardo Santareno
Circo
João de Lemos Menezes Ferreira e Teresa Ricou(Tete)
Não devem ser esquecidas as actividades político culturais desenvolvidas também desde antes do 25 de Abril por Michel Giacometti em todo o país , por Joaquim Namorado na região de Coimbra e por Rodrigo de Freitas no sector de artes plásticas e gráficas , a face mais visível da representação da Revolução.
Todos cumpriram exemplarmente e a eles devemos estar reconhecidos , tal como hoje aos nossos intelectuais progressistas que os seguiram e amanhã aos jovens que já desabrocham e que mantêm vivo o combate contra a cartilha fascista de falsificar a história, para construir uma mitologia nacionalista.
Ver :"5ª Divisão - MFA Revolução e Cultura -" Edições Colibri
Ser presidente “tipo” á Gaidó...
Marques Pinto
Vogal da Direcção
A administração Estado Unidense no tempo do Sr Trump – que para cerca de metade da população Americana - deixou segundo parece e escrevem alguns cronistas, memórias inesquecíveis através de manifestações populares tão originais como o tão badalado assalto ao Capitólio em 6 de Janeiro.
Mas uma das muito originais “criações” dessa Administração foi “nomear” presidentes para outros países, como foi o caso da nomeação dum senhor que ocupava o lugar de presidente da Assembleia e manifestava frequentemente oposição ao presidente da Republica da Venezuela, pela divina vontade da administração Americana -que prontamente deu ordens a outros países Latino Americanos dentro da sua “dependência” e até a países europeus que secundassem a sua ordem e desejos e também considerassem o Sr Gaidó como único e legal Presidente da Venezuela.
Curioso foi o facto que este sr. e a sua comitiva até em Portugal teve tratamento de excepção e até permitiram que metesse na sua bagagem á partida de Lisboa, artigos pouco recomendáveis que foram fruto de reclamação diplomática do governo Venezuelanos junto do governo Português.
Mas tal tipo de “presidência eleita em gabinetes estrangeiros“ parece começar a ser “moda” – ou não fosse criada pelos Estados Unidos - e assim temos agora noticias e fotos da Senhora que representa a oposição ao Governo da Bielo Russia a reclamar que tal como Gaidó também ela seja reconhecida pelos Estados Unidos e Grã-Bretanha - e possivelmente pelos seus países “obedientes e seguidores” como presidenta.
Preparemo-nos meus caros....se isto “pega”, talvez em Portugal algum ex-candidato mais ousado vai requerer na ONU ou qualquer outro areópago internacional o seu reconhecimento como presidente, e
pelo estado demencial que os noticiários estão a propagar quanto aos desconexos discursos do Biden no G7...poderemos ser desagradavelmente surpreendidos...
Enfim a brincar e como historieta de divertimento...cá deixo o aviso.
A UNIDADE DA ESQUERDA
Texto de Manuel Begonha
Tem-se verificado que a direita e a extrema-direita fascizante, têm tentado unir-se, com o objectivo de tomar o poder, beneficiando de fortes apoios financeiros e logísticos nacionais e internacionais.
Tal significaria, um forte ataque à Constituição da República Portuguesa,(CRP) ou seja, a reversão das principais conquistas da revolução nela integradas e a instituição de uma política de mais deveres e menos direitos que se traduziram nas seguintes medidas :
- Exploração do trabalho
- Reforçar o controlo da Comunicação Social
- Privatizar a Saúde e a Educação
- Desvalorizar a Cultura
- Degradar a Democracia
- Alienar a Soberania Nacional , vendendo a grupos estrangeiros sectores básicos da nossa economia.
Não podemos esquecer que a finança internacional, tenta subverter os governos globalmente.
Esta nova ordem , significa que a economia seria unificada num único mercado.
Os Estados transformam- se em empresas , uma vez que a unificação neoliberal é basicamente económica.
O que interessa que circule livremente, são as mercadorias não as pessoas.
É por isto que a esquerda deve encontrar uma estratégia comum de unidade , na defesa do essencial que é a CRP e o honrar um passado de luta anti - fascista que não pode renegar, cedendo a cantos de sereia europeístas, ou por sentir ameaçados os seus interesses.
Os partidos políticos não são todos iguais.
Os da esquerda, não podem comportar-se como se uma paixão clubística os movesse.
Devem transportar um forte ideal motivador e transformador.
A esquerda tem de ser motora de uma sociedade nova , onde cesse a exploração do homem, subsista a dignidade humana e se lute pela paz entre os povos.
A esquerda não pode coexistir com situações intoleráveis que estão a corroer a nossa sociedade, devendo ser implacável no combate à corrupção , à desigualdade social e à ineficácia da justiça.
E é por isto que os seus partidos devem ter extremo rigor , na selecção dos seus representantes para cargos públicos.
Contudo, esta unidade de esquerda não deve retirar a independência aos respectivos partidos.
Não implica o voto útil na primeira volta de quaisquer eleições.
Nem deve haver contemplações , com o oportunismo político e o taticismo calculista na Assembleia da República ou nas Autarquias.
Pelo contrário, os partidos devem lutar denodadamente por defender e divulgar os seus programas e conquistar novos eleitores.
Se não garantirmos o presente , o futuro nunca abandonará o nosso penoso passado. O presente, não é o nosso único tempo.
Faleceu esta madrugada o sócio fundador da nossa associação Armando Myre Dores.
Lutador anti fascista esteve muitos anos exilado tendo regressado após o 25ABR74.
Foi dirigente da Associação Portugal URSS e mais tarde o fundador da Associação Iuri Gagarine.
Foi co-fundador do Grupo de Estudos Marxistas.
O corpo encontra-se na Igreja de Santa Joana
Princesa, hoje, até às 22h00, e amanhã, a partir das 9h30.
Às 16h45 de amanhã, terça-feira, dia 25, sai para o cemitério do Alto de São João, onde terá lugar a cremação.
À família enlutada apresentamos os nossos sentimentos.
No âmbito da comemoração do centenário do nascimento do General Vasco Gonçalves, a Associação Conquistas da Revolução promove no próximo dia 27 de Maio pelas 1800h na Casa da Imprensa, uma sessão de apresentação do livro Vasco Gonçalves - " ESSA GENTE É O QUE É. EU SOU UM HOMEM DO MFA", de que é autor, o Dr AVELÃS NUNES, Professor Catedrático Jubilado da Faculdade de Direito de Coimbra.
A apresentação do livro estará a cargo do cmd. Almada Contreiras.
É obrigatório o uso de máscara.
A lotação da sala está limitada de acordo com as regras sanitárias em vigor.
Faleceu Diniz de Almeida, militar de Abril, um dos principais obreiros do levantamento militar que deu origem ao 25 de Abril de 1974.
Era um homem de grande carácter, corajoso e leal aos seu princípios e aos seus amigos.
A sua trajectória honra as Forças Armadas, e muitos portugueses se identificaram com ele na luta contra as forças antidemocráticas do nosso país.
Lamentamos profundamente a sua morte.
Os seus ideiais permanecem vivos e actuais e dão-nos a força para continuar a defender Abril.
Enviamos os mais sinceros pêsames à sua família e amigos
Do Coronel Manuel Duran Clemente, militar de Abril e sócio fundador da nossa Associação, na impossibilidade de estar presente por motivos de doença recebemos a saudação que transcrevemos
Realizada em 9 de Maio de 2021 no salão nobre da Voz do Operário
Boa Tarde
Cumpre-me em primeiro lugar, saudar a família do General Vasco Gonçalves (aqui representada pelos filhos, Maria João e Victor, pelos sobrinhos, Maria Eduarda, José Diogo e Vasco) que muito nos honram com a sua presença, saudar a distinta Comissão de Honra, saudar as associações e organizações aqui representadas (A25A, CGTP, Voz do Operário, CPCCRD, Casa do Alentejo, ANS, MURPI, AOFA, CPPC, MDM, MPPM, URAP, FENPROF, SGPL, AAPC e AP) e saudar todos os nossos associados e amigos aqui presentes e também todos aqueles que não podendo estar aqui, estão connosco nesta homenagem ao General Vasco dos Santos Gonçalves, no Centenário do seu nascimento.
Cumpre-me também felicitar os órgãos sociais da ACR, pelo trabalho realizado e pela teimosia em não permitir que as dificuldades muitas que houve que vencer, nos vencessem: nem o silêncio dos poderes instituídos, nem o ostracismo a que a comunicação social nos votou, nem a situação pandémica que nos fustiga, foram capazes de nos fazer desistir.
E, assim, aqui estamos hoje a viver, a recordar e reviver - pelo “engenho e arte” dum magnífico elenco de autores e intérpretes - o tempo que foi de Abril, o tempo que foi do povo e dos militares de Abril, o tempo que foi das conquistas da revolução, o tempo que foi do Companheiro Vasco.
O nosso muito obrigado, à Carmen Santos, ao Manuel Pires da Rocha, à Sofia Lisboa, à Vanessa Borges, ao Fausto Neves, ao Carlos Canhoto e ao Coro Lopes Graça dirigido pelo maestro Alexandre Branco.
O nosso agradecimento também à Direcção da Voz do Operário por ter aceitado associar-se a nós nesta homenagem, pela cedência das instalações e pelo apoio inexcedível que nos facultou.
Do Programa das comemorações que apresentámos publicamente em Outubro de 2020, realizámos já:
-A medalha comemorativa da autoria de Acácio Carvalho que se encontra disponível na nossa banca;
-Editámos um cartaz comemorativo, trabalho do escultor José Santa-Bábara sobre fotografia de Alfredo Cunha que julgamos poder ser uma excelente recordação deste evento e por isso se colocaram à parte para facilitar o acesso a todos os interessados, de forma rápida e segura, a troco da contribuição que cada um entender fazer;
-Editámos uma Folha Informativa, especial, dedicada ao Centenário, com textos de personalidades ligadas às áreas de intervenção mais representativas da acção do General- trabalho coordenado por Modesto Navarro, que, pela importância e qualidade das participações e pelo acolhimento que tem merecido, se encontra também disponível para quem ainda a não tenha recebido- dispensamo-nos de nomear os autores dos textos por os mesmos se encontrarem devidamente identificados na própria FI;
-Editámos também uma brochura, intitulada “Quem foi Vasco Gonçalves”, com textos de Manuel Begonha e Miguel Urbano Rodrigues, também disponível na nossa banca;
-Realizámos uma exposição fotográfica, em suporte adequado, coordenada por Manuel Begonha, com vista ao apoio de intervenções nas escolas, associações e autarquias e outras iniciativas locais de comemoração do centenário, para as quais seja pedida a nossa colaboração;
-Participámos na edição do livro do Professor Avelãs Nunes, cujo lançamento esperamos fazer brevemente, intitulado “Vasco Goncalves-essa gente é o que é eu sou um homem do MFA”;
-Realizámos um Concerto em Gaia, no Cine-Teatro Eduardo Brazão, em 23 de Abril, organizado pelo Núcleo ACR do Porto;
-Realizámos um Colóquio “Vasco Gonçalves - a obra e o homem”, em 24 de Abril, no Salão Nobre da Câmara de Matosinhos, organizado pelo Núcleo do Porto com apoio da Câmara Municipal de Matosinhos;
-Participámos, em 3 de Maio, na inauguração da Placa toponímica na Rua General Vasco Gonçalves, no Lumiar, cerimónia que contou com a presença da Vereadora da cultura da Câmara Municipal de Lisboa, do presidente Junta de Freguesia do Lumiar, família do General e nós próprios, ACR, enquanto dinamizadores da concretização deste evento na data em que se completaram os 100 anos do nascimento do General Vasco Gonçalves;
-Realizámos uma sessão-convívio na Sede da nossa ACR, em 3 de Maio, assinalando a data do nascimento do General Vasco Gonçalves com a inauguração da nossa exposição.
Tudo isto que conseguimos realizar até aqui, só foi possível pelo excepcional carinho e admiração que a figura ímpar do General Vasco Gonçalves desperta em todos nós e só isso explica que tenha sido possível associar a estas comemorações tantos e tão valiosos contributos. Em nome da ACR, o nosso muito obrigado a todos.
Outros eventos comemorativos do centenário, por nós promovidos ou por iniciativas locais das Câmaras Municipais com a nossa participação activa, terão ainda lugar:
-Em Loures, em 15 de Maio, no Museu Nacional de Loures;
-Em Silves;
-Em Viana do Castelo, por iniciativa do Núcleo ACR;
-No Porto, em Outubro, exposição com apresentação do nº3 dos cadernos de Abril, iniciativa do Núcleo do Porto;
-Em Setúbal;
-Em Angra do Heroísmo;
-Em Lisboa, com um colóquio sobre a “Vida e Obra do General.”
Oportunamente daremos informação mais concreta sobre estas iniciativas.
Sabemos que a figura de Vasco Gonçalves, pelo muito que deu a este povo que somos, mereceria muito, muito mais, não fora a maleita, ou melhor, as maleitas que nos assolam.
Por muito que os adversários de Abril se esforcem, não vão conseguir apagar a sua vida exemplar, o seu passado anti-fascista, a sua participação no movimento dos capitães- sendo então já coronel e tendo sido um dos responsáveis pela elaboração do Programa do Movimento das Forças Armadas- e a sua importante participação em todo o processo que conduziu ao 25 de Abril de 1974 e ao derrube da ditadura.
E, muito menos, vão conseguir apagar o seu excepcional desempenho enquanto Primeiro-Ministro de quatro dos seis Governos Provisórios, no período mais criativo da Revolução de Abril, iniciada em 25 de Abril de 974, “esse que foi o dia mais luminoso da história de Portugal.”
Abriram-se então as portas do futuro, aquele mesmo futuro que o General sonhou e que, nas suas próprias palavras, “não é cada vez mais saudade, é, sim, cada vez mais necessidade imperiosa.
Hoje, mais do que nunca, quando os contra-revolucionários deixam cair a sua máscara de democratas e exibem, despudoradamente, a sua índole fascista, se torna imperioso afirmar a verdadeira dimensão da herança de Abril.
E, exigir que Abril se cumpra.
Por pura estultícia, ou má-fé, alguns se afadigam em afastar as novas gerações do conhecimento da Revolução de Abril e dos homens e mulheres que a tornaram possível.
Não o permitiremos!
Por imperativo estatutário, da nossa ACR e por consciência revolucionária, nos propomos como principal objectivo das nossa existência, “preservar, divulgar e promover o apoio dos cidadãos aos valores e ideais da Revolução”.
O rumo é este e nesta caminhada que urge fazermos, cabem todos quantos se identifiquem com os valores de Abril e as conquistas da revolução plasmadas na CRP de 1976.
Mas que fique claro: não nos assumimos como donos de coisa nenhuma, mas não pactuaremos com coisa alguma, disfarçada do que quer que seja, que invoque em vão os valores de Abril e as conquistas da revolução com o intuito manifesto de as diminuir e de as destruir.
E, àqueles que do alto da sua sobranceria bacoca, se arrogam não saber quem somos, diremos, parafraseando Vasco Gonçalves:
Cada um é o que é. Nós somos gente de Abril.
Daqui desta tribuna, com o peso da responsabilidade de o fazer nesta sentida homenagem ao General Vasco dos Santos Gonçalves, perante, uma Comissão de Honra que integra: resistentes anti-facistas; Militares de Abril com destacada intervenção no processo revolucionário; ex- Conselheiros da Revolução (aqui presentes, Almirante Martins Guerreiro e Coronel Pereira Pinto) e (O Major General Pezarat Correia que aqui não estando, por razões de saúde, aqui também gostaria de estar); ex- Deputados à Assembleia Constituinte (aqui presente, Jerónimo de Sousa, que se faz acompanhar por uma delegação do PCP); ex- Ministros e ex-Secretários de Estado dos Governos Provisórios (aqui presentes, Avelino Gonçalves, Carlos Carvalhas e Fernando Vicente); o Conselheiro de Estado (Domingos Abrantes); o coronel Pinto Soares, capitão de Abril e amigo íntimo que foi do General; e muitos outros Homens e Mulheres de Abril que viveram e fizeram a Revolução e nos abriram as portas do Futuro. Daqui, dizia, exorto as novas gerações à defesa intransigente das conquistas da revolução e à luta, sem tréguas, para que Abril se cumpra.
Agarrem o Futuro com as duas mãos, sem medos. As atoardas bafientas dos adversários de Abril são só isso mesmo, são o desespero de causa de hordas desconcertadas pela melodia do toque a reunir que há tempos se ouve nas hostes de Abril.
Antes de terminar, seja-me permitido pedir uma salva de palmas muito especial para todos quantos: camaradas de armas, amigos e companheiros do General, gente de Abril, a lei da vida já levou… Lado a lado, com Vasco Gonçalves, ficarão para todo o sempre, a iluminar o nosso caminho, os nossos sócios de mérito (Costa Martins, Ramiro Correia, Rosa Coutinho, Zé Casanova, Nápoles Guerra, Victor Lambert, José Saramago, Carlos Paredes, Adriano Correia de Oliveira e Vasco Costa Santos)
Abril vencerá!
Viva o 25 de Abril!
Viva Portugal!