O ESTERTOR DO MUNDO UNIPOLAR Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 O ESTERTOR DO MUNDO UNIPOLAR

Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral

 


Ocorreu há poucos dias um acontecimento que poderá alterar profundamente a ordem mundial, com consequências de amplitude imprevisível para a humanidade.
Trata-se do encontro realizado em Moscovo entre Putin e Xi Jinping, líderes da Rússia e da China.
Quase em simultâneo decorreu também na Rússia, uma cimeira que reuniu 40 países africanos, preparatória da cúpula que se irá realizar na África do Sul, em Julho deste ano.
Complementarmente a Rússia perdoou a dívida destes países.
Desta forma, entra em desiquilibrio a globalização, com o fortalecimento das relações entre a Eurasia e o Oriente.
Os recentes acordos conseguidos entre o Irão e a Arábia Saudita, com a aproximação da Turquia, abrem caminho ao controlo do médio oriente pela Rússia, Irão e China.
Em termos de resultados do encontro acima referido, a Rússia passará a ser o maior fornecedor á China de petróleo, fertilizantes e grãos, para além de outras matérias primas, o que constituirá uma considerável alternativa ao corte de fornecimento à UE, decretado pelas sanções.
Estão assim abertas as portas da parceria da Grande Eurasia e à integração da Rota de Xangai.
Para tal encontra-se em pleno funcionamento o gasoduto Power of Siberia que exporta gas do leste da Siberia para o nordeste da China, estando quase pronto o Power of Siberia 2 que transportará gás natural da península de Jamal no Artico, também para o nordeste da China.
Também nesta expansão para o Oriente, está já operacional o Corredor Internacional de Transporte e Trânsito do Golfo Negro que irá impulsionar a iniciativa Rodoviária e do Cinturão Leste - Oeste, liderado pela China (BRI) e para o Corredor Internacional de Trasportes Norte - Sul, liderado pela Rússia e Índia. 
Este corredor envolve a Rússia, Ásia Central, Azerbeijão , Europa, Turquia, Irão, Afeganistão e Índia. É um sistema de trânsito multimodal de 7200 km em conexão com o (BRI). 
Para o reforço da união económica asiática - africana e Sul americana, é ainda bom lembrar que a Rússia e a China, integram o BRICS, bem como o Brasil, a maior potência da América Latina e que em breve o Presidente Lula visitará a China. 
Todos estes blocos têm mostrado interesse em criar uma moeda nova, que irá contribuir para o enfraquecimento do dólar, como moeda de troca universal, o que agravará a crise em que se encontra o sistema bancário dos EUA, abrindo assim as portas a um novo mundo multipolar. 
Este novo mundo deverá ser equilibrado, sem que venha a emergir uma nova potência, com tendências hegemónicas. 
Tal como aconteceu com a Rússia relativamente ao conflito com a Ucrânia, é preciso ter em conta que quando uma grande potência é encurralada, pode reagir mal. 
A reacção dos EUA, deve ser aguardada com atenção, uma vez que este país, aumentou o respectivo orçamento de defesa para 2024 em 24%, com o argumento de que a China representa uma ameaça. 
Nos últimos discursos de Xi Jinping, este declarou que a China se deverá preparar para uma agressão militar dos EUA. 
É claro que o futuro da humanidade parece estar ameaçado. 
Esperemos que o bom senso impere entre os senhores da guerra. 

- Para mais informação reler textos do autor:

"O Oriente próximo horizonte do mundo" e
" O alvorecer de um novo mundo"