Tendo
como pano de fundo uma gravura de João de Deus, natural da terra, da
autoria de Daniel Oliveira, a Junta de Freguesia de São Bartolomeu
de Messines, em colaboração com a ACR, foi espaço para uma sessão
sobre as Conquistas da Revolução e o papel de Vasco Gonçalves no
processo revolucionário do 25 de Abril de 1974 no passado sábado, 9
de Abril.
Dirigida pelo Presidente da
Autarquia, João Carlos Correia, e motivadora de um rico debate com
os participantes, a iniciativa assentou nas intervenções de Manuel
Begonha e José Baptista Alves, Presidente e Vice-Presidente da
Associação, o primeiro incindindo sobre a necessidade sentida de
dar corpo à ACR aquando a Homenagem a Vasco Gonçalves no 5º
aniversário da sua morte, no Cemitério do Alto São João, em
Lisboa, e o segundo a dar particular ênfase às sucessivas revisões
da Constituição da República Portuguesa, as quais, por muito que,
em inúmeros aspectos, a ferissem, não conseguiram apagar um
objectivo fulcral do seu Preâmbulo, o de «abrir caminho para uma
sociedade socialista, no respeito da vontade do povo português,
tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e
mais fraterno».
Manuel Begonha não se inibiu de
retomar um seu testemunho público de há algum tempo: «Eu sou
gonçalvista!», Baptista Alves, folheando «Vasco, nome de Abril»,
também reincidiu, lendo a páginas 36 e 37, linhas de Alice Vieira e
Eugénio de Andrade, a terminarem assim: «Punha os óculos, tirava
do bolso o papel do discurso que tinha feito, começava a ler. Por
alguns minutos. Porque logo a seguir o víamos a guardar o discurso,
a tirar os óculos e a falar como só ele sabia. E tudo, tudo ardia».
Sendo este o Primeiro-Ministro do Povo e dos Trabalhadores, o
Presidente da ACR recordou, segundo palavras suas da edição, que «a
ele devemos ter vivido momentos fixados pela História que se
tornaram irrepetíveis em que se conviveu com a Poesia na Rua de mãos
abertas, erguendo as aspirações e esperanças de um povo».