Associação Conquistas da Revolução comemora 25 de Abril no Barreiro

ACR no 42º aniversário do 25 de Abril 
e dos 40 anos da Constituição no Barreiro

   Coube a Manuel Custódio, Militar de Abril, representar a Associação Conquistas da Revolução no almoço-convívio que as Autarquias Locais do Concelho do Barreiro promoveram no passado domingo, nas instalações da Escola EB da Quinta da Nova Telha.
   Seguindo-se às intervenções dos Presidentes das Uniões de Freguesia do Alto Seixalinho, Santo André e Verderena, Carlos Moreira; do Barreiro e Lavradio, Ana Porfírio; de Palhais e Coina, Naciolinda Vicente; de Santo António da Charneca, Vicente Figueira, e do Presidente da Câmara Municipal, Carlos Humberto Carvalho, Manuel Custódio vincou o papel de Vasco Gonçalves na afirmação da Revolução dos Cravos pela defesa da unidade do Povo com o MFA e o alcance histórico da Constituição de Abril que dela emanou.
    A iniciativa encerrou com a actuação de Joana Amendoeira, dando voz às canções de antes como do depois da data que comemoramos, quer de autores portugueses, quer de outros países da Europa ou da América Latina. 





Estimadas amigas e amigos, camaradas;
O nosso obrigado pelo convite que foi endereçado à Associação Conquistas da Revolução para estar aqui presente um militar de ABRIL.

Convite que muito nos honra. Pois, como sabeis, a constituição da nossa Associação foi inspirada, nos valores e ideais desse grande Homem, que foi o general Vasco Gonçalves, o único 1º Ministro que governou para o seu povo e um dos objectivos da Associação é fazer emergir, na sociedade, os seus ideais e valores.

Camaradas e amigos,

Juntamo-nos hoje, para comemorar os 42 anos da Revolução de Abril. A Revolução que trouxe ao nosso povo a alegria, a esperança e a paz. A revolução que culminando anos e anos de lutas de muitos democratas e patriotas, abriu os portões da liberdade e da democracia. 

Portões que muitos tentaram fechar com golpes, invenções e agressões mas não conseguiram, porque a mobilização das massas era real. E é fantástico que poucos meses após o 25 de Novembro, que constituiu uma derrota da esquerda militar e desequilibrou a relação de forças, tivesse sido aprovada a Constituição da República, ela própria também, conquista de Abril, que este ano assinala os seus 40 anos. 

Uma Constituição que consagrou as conquistas fundamentais dos trabalhadores e das massas – as conquistas da Revolução, uma Constituição ao serviço dos explorados, dos mais pobres, da afirmação da soberania nacional, dos direitos dos trabalhadores e de um Portugal desenvolvido. 

Uma Constituição que começou a ser atacada nesse próprio dia e continuou até aos dias de hoje. Todos nos recordamos da mais de uma dezena de inconstitucionalidades decididas pelo Tribunal Constitucional relativamente a medidas do Governo PSD/CDS. 

Desses anos vertiginosos de 74 e 75, para muitos de nós, os mais felizes da nossa vida, há uma lição fundamental para os dias de hoje e de sempre: foi a luta, foi a iniciativa, foi a intervenção das massas que produziram as conquistas. Elas antes de estarem em lei ou na Constituição, elas já eram realidade concreta, vida concreta, nos campos, nas fábricas, nas vilas e freguesias rasgando ruas, casas, escolas. 

Hoje, precisamos de novo dessa intervenção por novas razões e causas. 
O momento que vivemos não é de espera, de expectativa, mas sim de luta e de acção.
Precisamos dessa intervenção na luta pelo aumento de pensões e reformas; de salários; de acesso à saúde; de direitos dos trabalhadores e combate à precariedade. Precisamos dessa intervenção na luta pelo direito do nosso povo decidir do seu destino sem ingerências e pressões do FMI, do BCE e outras estruturas.

Precisamos dessa intervenção e luta, para o combate contra as novas tentativas de rever a Constituição, as Leis Eleitorais e outros aspectos do sistema político, não porque as consideremos vacas sagradas, mas porque, como a experiência nos mostrou e mostra, as 7 revisões constitucionais que houveram foram para a desfigurar e retirar valores de origem, à Constituição Portuguesa de 1976.
Da mesma forma que não foi com os contra revolucionários que se defendeu a revolução de Abril, não é com os opositores da Constituição que esta se revê em sentido positivo. 
Se o País está como está a culpa não é da Constituição. Ao contrário, é porque sucessivos Governos a não respeitaram. 

Amigos e camaradas,

Olhamos o mundo e temos razão para estarmos preocupados. Vemos como a extrema-direita tem vindo a reforçar a sua influência por toda a Europa. Vemos como em resultado de intervenções na Libia, Iraque, Afeganistão se generalizou a guerra, arrastando com ela um êxodo em massa, acirrando ódios. Os mesmos que desencadearam a guerra são os mesmos que agora choram lágrimas de pena e dó pelos refugiados. Os mesmos que falam em restringir direitos e liberdades por causa do terrorismo, são os mesmos que financiam os países e vendem armas aos que abrigam os terroristas. Olhamos para o outro lado do Atlântico e vemos como se desestabiliza países que optaram por querer seguir rumos diferentes daquilo que querem, os que acham que dominam o mundo. 

Estes são pois tempos de preocupação. Mas preocupação não pode ser sinónimo de expectativa, paralisia ou desistência. De ficar à espera para ver. De pensar que outros resolverão por nós aquilo que a nós compete. 

Amigos e camaradas; a grande virtude da solução governativa construída após as eleições de 4 de Outubro, foi ter afastado o PSD e o CDS do Governo e com isso a interrupção do seu projecto demolidor. O ter-se conseguido isso já foi muito. 
Mas se a esperança criada com a janela que se abriu com  essa solução, se não deve desvanecer, também é preciso não ter ilusões que, com o actual Governo, problemas fundamentais que afectam a nossa vida, vão ter resolução.

Mas se a esperança criada com a janela que se abriu com essa solução, não deve desvanecer-se, também é preciso não ter ilusões que, com o actual Governo, problemas fundamentais que afectam a nossa vida, vão ter resolução.

Mas todos temos consciência das soluções, visões e propostas que separam as forças políticas que suportaram a formação do governo do PS. Conhecemos 39 anos de políticas do PS, sabemos das suas opções. No entanto, sabemos também que querer cumprir as regras da União Europeia e satisfazer direitos básicos dos portugueses é o mesmo que querer sol e sombra ao mesmo tempo. 

Logo, das duas, uma: ou ganha corpo pela exigência popular, a satisfação dos interesses dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas, do direito à saúde, etc; Ou retoma a satisfação dos interesses do Banco Central Europeu, com a obecessão pelo tecto do déficit, e a destruição das nossas vidas. 

E como há ainda quem não tenha compreendido bem esta situação, compete-nos esclarecer, mobilizar e agir, para combater os planos Bês e se exijam os planos À.

Não quero terminar esta minha intervenção sem manifestar a mais profunda solidariedade da Associação Conquistas da Revolução a todos os trabalhadores, às suas lutas por uma vida com qualidade e dignidade. E em especial manifestar a esperança e a certeza, de que as gerações mais jovens saberão dar continuidade à luta pelos valores e ideais da Revolução de Abril. 

Viva a Associação Conquistas da Revolução 
Viva a Constituição da República
Viva a Revolução de Abril

Sargento Manuel Custódio


 Barreiro, 17 de Abril de 2016