AS ELEIÇÕES NOS EUA Manuel Begonha - Sócio da ACR

 

AS ELEIÇÕES NOS EUA
Manuel Begonha - Sócio da ACR

Não será expectável que as próximas eleições nos EUA, provoquem alterações significativas nas respectivas políticas, de consolidação dos objectivos estratégicos globais.
Estas irão decorrer num ambiente de crise em que se encontra o país, manifestando-se através de elevados índices de pobreza, com muitos sem abrigo, tóxicodependentes, falta de assistência médica, criminalidade, a que não será estranho o excesso de armas existente e especialmente o muito preocupante crescimento de movimentos de extrema direita, alguns radicais e com manifestações de tendência pro - fascista.
Esta situação obriga a vultuosas despesas com o aumento dos efectivos da polícia e da guarda nacional, para tentar por cobro a potenciais conflitos internos, precursores de uma guerra civil.
Enfim, vive-se perante uma gritante desigualdade.
Será com este cenário que o novo Presidente irá ser confrontado.
Estamos perante dois candidatos psicológica e culturalmente muito diferentes.
Vamos analisar os temas mais sensíveis em presença e o que será de esperar de cada um deles.

GUERRA NA UCRÂNIA / EUROPA

Donald Trump tem anunciado ser favorável ao fim da guerra e preconiza um maior distanciamento da Europa.
Se esta pretender continuar a combater a Rússia terá de ser à sua custa, com pelo menos 2% do PIB, dedicado à defesa e com menos NATO.
No entanto, esta postura não poderá afectar o complexo militar industrial, pelo que o material de guerra terá de ser comprado aos EUA.

Por sua vez com Kamala Harris, de acordo com a orientação democrata, a guerra é para continuar, com o reforço da NATO, tornando a Europa cada vez mais desindustrializada e dependente dos EUA, a caminho de se tornar um novo estado norte-americano.

CHINA

Para Kamala, as sanções são para manter e a guerra será sobretudo no campo económico reflectido nas novas tecnologias e IA.

Trump, vê na China o inimigo principal.
Entende que se o crescimento vertiginoso desta não for travado, os EUA serão ultrapassados a curto prazo, quer nas tecnologias de ponta, cibernéticas e militares quer especialmente no arsenal de bombas nucleares.
Assim, há o risco de com o pretexto de uma invasão de Taiwan, ocorrer um ataque à China que poderia degenerar num conflito mundial devastador.

ISRAEL / IRÃO

Ambos para a opinião pública mundial, poderão apresentar , uma postura de contenção e paz no conflito israelo/ palestiniano mas na verdade qualquer deles não ousará desafiar o poderoso lobby judaico dos EUA.

Trump, precisa de Israel para manter controlado o conflito com a China e neutralizar o Irão, tendo desta forma garantida uma porta de entrada para a Eurasia.

 

AMÉRICA LATINA

Nos bloqueios a Cuba, Venezuela e Nicarágua não haverá diferenças.

Trump , irá reforçar o combate à imigração, tomando medidas severas contra os imigrantes ilegais, impermeabilizando cada vez mais a fronteira com o México e temendo - se que para o conseguir, mostre a sua face nacionalista, mais próxima do neofascismo.

Kamala, será mais intrusiva para com os países mais progressistas como a Nicarágua, Bolívia, Venezuela e com maior incidência na Colômbia, México e Brasil, recorrendo se necessário à promoção dos habituais golpes de estado militares.
Quanto à Argentina, ambos darão cobertura a Milei.

Contudo, quem quer que seja eleito sabe que quem mexe os cordelinhos nos EUA é o designado " Deep State" (" Estado Profundo") que
inclui os dirigentes da CIA, FBI e os grandes líderes financeiros, tecnológicos e industriais - associados à Costa Leste - e o complexo militar industrial que precisa de guerras permanentes para aumentar os lucros.
Trump que já denunciou o " Deep State", corre o risco, se este concluir que os seus interesses estão ameaçados, de não ter uma  vida longa.