O Adriano faria hoje 70 anos

Adriano Correia de Oliveira



(Avintes, 9 de Abril de 1942 — Avintes, 16 de Outubro de 1982)



"Memória de Adriano"


Nas tuas mãos tomaste uma guitarra.

Copo de vinho de alegria sã

Sangria de suor e de cigarra

que à noite canta a festa da manhã.

Foste sempre o cantor que não se agarra

O que à Terra chamou amante e irmã

Mas também português que investe e marra

Voz de alaúde e rosto de maçã.

O teu coração de oiro veio do Douro

num barco de vindimas de cantigas

tão generoso como a liberdade.

Resta de ti a ilha de um Tesouro

A jóia com as pedras mais antigas.

Não é saudade, não! É amizade.


José Carlos Ary dos Santos

Colóquio Debate sobre a conquista dos direitos à habitação

25 de Abril e Agora?

Colóquio / Debate

Casa do Alentejo

28 de Março de 2012 – 18,30h

A Associação Conquistas da Revolução convida-o a participar neste Colóquio/Debate sobre a conquista dos direitos à habitação, à vida com dignidade e futuro, ao trabalho, ao desenvolvimento e bem-estar em Lisboa e no país, com a Revolução de 25 de Abril de 1974.

Os temas, objecto de intervenção e debate, correspondem a mais uma das ofensivas deste governo e das políticas de direita dos últimos 35 anos, a que temos de nos opor com firmeza.

  1. Lei das rendas- Lei dos despejos *
  2. A política de habitação dos Governos Provisórios **
  3. Paragem das obras públicas, despedimentos e luta pelos direitos dos trabalhadores ***

Oradores:

Romão Lavadinho – Presidente da Associação de Inquilinos Lisbonenses *

Batista Alves – Engenheiro **

Tiago Cunha – Economista ***

25 de Abril Sempre!

A Associação apoia a Greve Geral de 22 de Março

A “Associação Conquistas da Revolução”, face à gravidade do momento que se vive no nosso país, declara total solidariedade com as lutas entretanto desenvolvidas pelos trabalhadores, pela juventude, pelos homens e mulheres de Abril, manifesta o seu total apoio à greve geral convocada para 22 de Março e apela à participação dos seus associados e de todos os democratas em defesa das conquistas soberanas do povo português na construção dum futuro melhor, livre de ingerências e imposições estrangeiras.

A concretização do pacto de agressão, nestes últimos dez meses, tem tido efeitos devastadores: as famílias estão cada vez mais pobres, regressa-se ao flagelo dos salários por receber, encerram milhares de empresas, multiplica-se o desemprego e a sua taxa atinge números, nunca vistos, afectando mais de um milhão e duzentos mil trabalhadores.

O ataque aos serviços públicos, com o intuito do seu encerramento ou privatização, é escandaloso. São os transportes públicos, com aumentos brutais nos seus preços e redução de serviços. São os ataques ao direito da Educação desviando-a para o sector privado.Com a Lei das rendas e Lei dos despejos, o conquistado direito à Habitação, atira para a rua milhares de familiares. E se já tudo isto, não fosse gravíssimo, o ataque ao Serviço Nacional de Saúde, é pura e simplesmente cruel, ao colocar centenas de milhares de portugueses sob a guilhotina do agravamento das suas doenças e/ou da morte antecipada.

O ataque ao Poder Local, justificado por um rol de excentricidades, não é mais do que um ataque ao enfraquecimento das condições de vida das populações, à sua apneia financeira e
quebra da participação democrática e acentuando, ainda mais, o abandono e desertificação de vastas áreas do território.

O pacote que configura o ataque ao Código de Trabalho, no seguimento do vergonhoso “acordo” UGT/Associações Patronais/Governo, a que se associa um pacote semelhante aos trabalhadores da Administração Pública, são peças fulcrais do pacto de agressão. Mecanismos diversos de eliminação de direitos, cortes de feriados, de dias de descanso e de férias, entre outras prepotências, mais não são que o concretizar do corte de remunerações aos trabalhadores. Todo um conjunto de medidas autoritárias, a mando dos interesses apátridas, produzindo menos emprego, mais despedimentos, precariedade, cortes nos salários e pensões, degradação das condições de vida e de trabalho, constituem efectivamente um impensável retrocesso social e civilizacional.

De facto o que este governo está a fazer, em conluio com a “troika”, é destruir a capacidade produtiva, de emprego e de produção de riqueza e de entrega das mais rentáveis empresas às multinacionais e ao estrangeiro, endeusando a austeridade e desprezando, sem vergonha, o empobrecimento das populações e de Portugal. Os cortes nos salários, nos subsídios, nas pensões, nos abonos às crianças e jovens, nos serviços de saúde e na educação têm um fim: engordar o grande capital enquanto o endividamento e dependência continuam a crescer.

A progressiva destruição das conquistas de Abril é inaceitável e obriga a recorrer às formas de luta adequadas no quadro constitucional. Impõe-se, assim, fazer deste dia - de greve geral contra o pacote de exploração e empobrecimento - uma grande demonstração de repúdio ao violento e injusto ataque à dignidade e independência dos portugueses e demonstrar a unidade dos trabalhadores e do povo.
Defender Abril. Conquistar o Futuro.

Homenagem ao Coronel João Varela Gomes





Intervenção na “Voz do Operário”/25Fev2012

Em nome da Associação Conquistas da Revolução agradecemos o convite que nos formularam, associando-nos, não só, às comemorações dos 129 anos desta prestigiada Instituição -A VOZ DO OPERÁRIO- como particularmente à homenagem que é intenção prestar ao nosso querido companheiro de luta e camarada Coronel João Varela Gomes.
Em primeiro lugar queiram os representantes, associados e amigos presentes, receber da neófita Associação Conquistas da Revolução, os nossos mais calorosos parabéns e desejo de que a Voz do Operário continue a manter-se, por muitos e longos anos, firme, activa e jovem no cumprimento dos seus objectivos sociais, culturais e humanitários.
É “preciso tempo para nos tornarmos jovens”, alguém disse. Pois apesar da idade esta instituição continua viçosa.
Em segundo lugar,falar do homenageado, Coronel João Varela Gomes, - o que muito nos honra – será, pelo limite de tempo que temos, omitir, certamente, aspectos não menos relevantes da sua longa vida de acção e luta; disso nos penitenciaremos. É justo dizê-lo porque o conhecemos bem, que independentemente das fortes razões que justificam aqui a sua ausência, ele é alérgico, a estes actos, quando está em causa a sua pessoa.
Mas a história é feita de personagens. E estas pertencem a um universo que ultrapassa a sua individualidade. Os cidadãos de carácter, os tenazes lutadores de espinha dorsal, combatentes da liberdade, pertencem a todos nós, a todos os que queiramos tê-los como referência e exemplo. Por isso estarão sempre presentes com as suas imorredouras e singulares marcas, de vida de acção e combate.
É o caso do Coronel João Varela Gomes e também, porque seria grave não o mencionar, o de Maria Eugénia,sua companheira e aliada: nas batalhas que ambos travaram, na dor e sofrimento, durante tantos anos, na incansável e indestrutível missão, de contribuir :
- para a libertação do Portugal da ditadura fascista,
- para a dignificação das suas gentes agrilhoadas,
- e para o combate aos ímpetos retrógrados e saudosistas.
À ditadura fascista o casal Varela Gomes (mesmo com quatro filhos menores) fez uma guerra sem tréguas antes do 25 de Abril. E já depois, desta gloriosa data, à burguesia restauracionista e contra-revolucionária, João Varela Gomes não deixou de reagir com denodo e firmeza. Por isso, se em ditadura, foram presos, torturados, espancados e perseguidos, até já, em democracia formal, chegaram à condição de exilados.Quais os “crimes”?
-Antes, pela queda do regime opressor.
-Depois, pela defesa das conquistas de Abril, das conquistas da revolução.
-Sempre, por uma liberdade democrática, do povo e para o povo.
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Mas vamos aos factos mais salientes.
Depois de terem trabalhado afincadamente na candidatura de Humberto Delgado em 1958, João Varela Gomes e Maria Eugénia (esta, fazendo a ligação entre militares e civis) estiveram profundamente ligados à conspiração da Sé em 1959.
Precedendo, os acontecimentos de Beja, em 1961, o então Capitão Varela Gomes e outros oposicionistas, promovem uma candidatura para deputados à então Assembleia Nacional.Pela forma hábil,como fez o pedido,V.G. foi curiosamente autorizada pelo seu ministro que era, então, o ditador. Ficou célebre,entre os empolgantes comícios realizados no distrito de Lisboa, o comício realizado no Teatro da Trindade, onde com toda a sua coragem e frontalidade incentivou os presentes à revolta, levando-os ao rubro. No entanto terminada a campanha os candidatos decidiram, por maioria, desistir e não ir às urnas.
Surge, então, no final desse ano, o acontecimento mais marcante da sua vida.
João Varela Gomes foi o comandante militar no histórico assalto ao quartel de Beja, na noite de passagem para o ano de 1962.Foi ferido gravemente e a acção revolucionária não teve êxito. Esteve, entre a vida e a morte, nos primeiros tempos. Só seria julgado em 1964, não em Tribunal Militar, mas no “tristemente célebre Plenário”, Tribunal da Boa Hora ( primeiro caso na história da instituição militar). No seu julgamento, faz um depoimento (previamente decorado) que só por si o define como um homem de invulgar integridade e de amor à sua causa.Contra a vontade do seu advogado,como disse Maria Eugénia em entrevista: «ele foi para tribunal instigar que outros fizessem o que eles tinham feito. Instigar à revolta. E falou de Salazar de uma maneira que nem queiram saber…foi uma coisa de arromba!» Condenado a seis anos de prisão maior, quiseram lhe impor a lei especial, de contar por metade o tempo de reclusão anterior/preventiva. Face aos apelos e perante a visita do Papa, em 1967,acabaria por ser alterada esta disposição.A sentença é cumprida: três anos, entre a Penitenciária e o Aljube (em Lisboa) - sempre isolado, sempre vigiado - e os restantes três no Forte de Peniche. Nesse julgamento, a seu lado, como ré, esteve também Maria Eugénia, condenada a 18 meses, que já cumprira, na prisão de Caxias, onde,instigada a denunciar, resistiu estóicamente: à tortura de sono, na sede da PIDE,e de imediato a três meses de isolamento, na referida prisão.Nunca falou.
João Varela Gomes, no forte de Peniche, onde esteve três anos, diz ter recebido dos seus companheiros de prisão, quase todos, altos responsáveis do Partido Comunista, o melhor acolhimento - não tendo nunca sido,nem ele ,nem sua mulher, militantes ou filiados no PCP -,correspondeu, a esse acolhimento e trato, com uma profunda admiração e enorme respeito por eles. Sempre os viu como homens sérios,cultos e empenhados na mesma luta e a padecer por ideais.Saiu de Peniche em 1968,recebido pelos seus - mulher e filhos – no amanhecer dum dia especial. Diz Maria Eugénia que lhe viu “verter algumas lágrimas de comoção. Não era possível sair dali, dignamente, deixando atrás de nós tanta gente a penar em condições duríssimas.”
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Iniciam nova fase.Com quatro filhos menores. Tiveram a solidariedade de muitos e as dificuldades inerentes. João Varela Gomes, nunca deixara de ser militar em tempo algum, adaptou-se mal aos trabalhos que conseguiu, em regime precário, quer em publicidade, quer numa metalúrgica, quer noutra áreas e finalmente numa pequena editora. Mas era preciso manter uma família, não pequena. Maria Eugénia trabalhou na Seara Nova e, a partir de 1971, no Sindicato dos Seguros, com magras remunerações. Proibido de actividade política, vê Maria Eugénia encarregar-se dessa acção. Foi activista desde 1963 na Frente Patriótica de Libertação Nacional e em 1968 cria, com várias personalidades da oposição, a Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos. A sua acção foi sempre de enorme empenhamento e elevado dinamismo. Tendo ainda participado na campanha eleitoral da CDE em 1969,é presa pela PIDE durante uma semana, apenas por estar à procura dos filhos numa manifestação.
Para terminar esta fase “pré-25 de Abril”, durante o ano de 1973 J.V.Gomes e Maria Eugénia vêem os seus filhos ser presos pela PIDE: o Paulo, com 20 anos, por um mês, por causa do 1º de Maio, as filhas de 16 e 17 anos, durante uma semana, além de uma delas (a mais nova) com a mãe serem espancadas pela polícia de choque, num comício de campanha eleitoral na S.N.B.A.
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A saga de todo o cidadão - como João Varela Gomes - feito de frontalidade e empenho na acção, de coragem, de honestidade intelectual e de dignidade de carácter…de não quebrar, nem torcer -não fica por aqui.
Chegados ao 25 de Abril de 1974 João Varela Gomes é reintegrado, no Exército, com posto de Coronel. Também aquilo que tinha proclamado em julgamento (a incitação à revolta) fora ouvido pelos capitães. Também fizeram parte da sua aprendizagem, enquanto capitães de Abril, as lutas antifascistas.
Foi então criada em Junho, na Chefia do Estado Maio General das FFAAs, a 5ª Divisão, com o fim imediato de integrar os sete oficiais que constituíam a 1ª Comissão Coordenadora do Programa do MFA. Vasco Gonçalves foi o seu primeiro chefe por apenas um mês, porque toma conta do II Governo Provisório a 18 de Julho. Dentro do ENGFA o Coronel Varela Gomes transitara para esta nova 5ª Divisão. Como oficial de maior patente é Varela Gomes que assume, entre Julho e Outubro “oficiosamente” o lugar de chefe desta Divisão, seguindo-se lhe o Coronel Robin de Andrade e, mais tarde, o Comandante Ramiro Correia, que desde Outubro de 1974, já na 5ª Divisão, coordenava e impulsionava as Campanhas de Dinamização Cultural.
Nos seus 14 meses de permanência, nesta estrutura,Varela Gomes, tem particular relevância, não só no período em que está à frente da 5ª Divisão, na organização e coordenação dos seus diversos sectores, como depois,segunda figura hierárquica,vincando com a sua acção a marca do militar “intransigente na defesa dos ideais de Abril e na defesa da Revolução”. Somos testemunhas vivas ,aqui presentes,o Comandante Manuel Begonha e eu próprio, dessa sua pujança e dinamismo. Lá esteve, sempre no seu “posto de missão”. E quando necessário, nos momentos mais delicados do período revolucionário, a sua intervenção e a da 5ª Divisão revelaram-se essenciais, em defesa de Abril e contra os seus inimigos.Aconteceu no 28 de Setembro, no 11 de Março e no chamado Verão Quente…ou, mesmo ainda, no próprio, 25 de Novembro! Mas convirá ouvir o que ,de seu próprio punho, João Varela Gomes escreveu no preâmbulo do Livro Branco da 5ª Divisão, editado em 1984:
“…a 5ª Divisão foi um autêntico órgão revolucionário. …O mérito que porventura houve foi o de, observando o fluir do movimento popular, tentar assegurá-lo, defendê-lo, integrá-lo ao nível do poder militar.”
“…militares de carreira ou em serviço temporário; sargentos, soldados e marinheiros; funcionários civis; trabalhadores voluntários; intelectuais e artistas; dedicações sem número; foram centenas, mais de mil, quantos fizeram a 5ªDivisão e contribuíram para lhe moldar a sua singular feição revolucionária… resoluta, como marcha para o combate ...”
“ …em igual medida, as centrais de desestabilização imperialistas nos distinguiram como alvo a destruir. Prioritário. O mais perigoso. Essa distinção a assumimos. Como título de honra. De tão elevada quota no quadro dos valores revolucionários que, em sincera modéstia, a achamos imerecida.”
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Sabemos como as Revoluções - povo na rua e trabalhadores participativos, com a esperança renascida num melhor futuro, empenhados e mais felizes - são insuportáveis e intoleráveis para a burguesia e suas elites acomodadas, sedentas de poder que logo se apressam a considerá-las – como a bagunça na rua, a populaça efusiva, o desvario…mas muito (sobretudo) os seus haveres e privilégios em risco.
Os nossos 19 meses de período revolucionário, tão caluniado pelos seus inimigos, são um dos tempos mais belos e ricos da nossa história. É Varela Gomes quem o escreve “a gloriosa Revolução dos Cravos … é nossa, é de esquerda, é do povo trabalhador, das pessoas decentes, honestas, cultas. Luta por um melhor futuro para os desfavorecidos, por nascimento ou condição social.Não tem quaisquer afinidades com as minorias exploradoras, nem com os desfrutadores de privilégios abusivos, nem com fascistas ou filofascistas.”…” Mas não deixa de ser curioso que até uma «troika», no final de 1975, tenha lavrado um relatório (agora perdido!?) declarando o estado de boa saúde económico/ financeira de Portugal.
Paradoxalmente, ou não, esse período contém em si toda a dialéctica reaccionária de contra-revolução. João V.Gomes apercebeu-se disso muito cedo e daí o seu combate e tentativa de evitar que esta singrasse. Infelizmente a contra-revolução venceu. Terá começado, tímida, travestida. Hoje, e há muito tempo, já se passeia engalanada e arrogante.
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Por isso, a saga do nosso homenageado continua.
É sujeito a um mandato de captura,para se entregar, emitido pelos vencedores do 25 de Novembro, na qual se apela à própria população para denunciar o coronel Varela Gomes e outros militares. Porque que crime?
O crime, esse, fizeram-no os fautores do Novembro da nossa Primavera. Feito com planeamento e ordens de missão contra a Revolução. Não foi um golpe contra um golpe, como lhes soa bem, justificar. Foi um golpe contra a Revolução concretizado pelos que, tendo efectivamente traído Abril se deixaram seduzir, com maior ou menos grau de percepção, pelo aparente sossego duma ilusória tranquilidade de um regime democrático doente, em que o povo já não é quem mais ordena.
De acordo com os ditames da sua consciência, Varela Gomes e outros militares, não tinham motivos para se entregarem a novos verdugos.
Começa uma nova etapa na vida deste lutador (novamente acompanhado de Maria Eugénia): a de exilado político. Foi assim durante quatro anos, primeiro em Angola, onde, ainda teve a desventura de assistir à injusta prisão do saudoso e inocente, camarada e companheiro, Costa Martins. Depois em Moçambique, onde, para maior desgosto viveu, também, a trágica morte (por acidente) do não menos saudoso, camarada e companheiro, Ramiro Correia, com sua mulher e um dos filhos.
Regressou a Portugal em 1979.Nunca foi julgado, não obstante ter-lhe sido aplicada (a si e outros militares) a pena, administrativa e ilegal, de passagem ao quadro de complemento (a miliciano?!). O Tribunal Superior Administrativo ainda funcionou para anular semelhante aberração. Foi integrado, não sem peripécias grotescas, em 1982, como Coronel mas Reformado!
Tem nos últimos trinta anos dedicado o seu tempo a uma das suas, outra forma de contenda, publicando livros e artigos, divulgando, esclarecendo, desmascarando, vincando sempre as suas imorredouras características de cáustico, mas tenaz e sério, combatente da liberdade.
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Fomos mais longe do que nos tínhamos comprometido.
Exigência da personagem do homenageado. Exigência dos tempos actuais. Efectivamente a contra-revolução, de braço dado com o sistema neo-liberal global, entrou no nosso processo como um vírus, tem-se instalado no propósito de destruir as nossas conquistas de Abril, as nossas conquistas da Revolução…De tal sorte, passados 35 anos, estaremos estupefactos. Como foi possível ???
Obrigado João Varela Gomes pelo exemplo,mais um, que só pode revigorar a nossa coragem em prosseguir a Luta. A luta em que hoje, os trabalhadores, a juventude, os homens e mulheres de Abril, vão continuar a travar contra os que pretendem restaurar um caduco e tenebroso passado.
NÃO,tal como Varela Gomes sempre lhes disse.
Nós diremos também : NÃO PASSARÃO.
25 de Abril Sempre!


Manuel Duran Clemente
Director da Associação Conquistas da Revolução

Zeca - 25 anos de Saudade





Um pássaro igual a ti

Provavelmente, o mundo está mesmo feito às avessas! Anda um tipo como este Zeca a vida inteira a dar a voz e o corpo pelas causas dos outros, passam-se anos a fio de viola às costas a cantar as utopias sonhadas no dia-a-dia, e acaba tudo assim. Estupidamente, numa madrugada de chuva indecisa, como se nada tivesse acontecido antes, como se todo o passado não fosse senão um sonho longínquo.
Nós, no entanto, sabemos que não foi um sonho. Crescemos a ouvir Menino de Oiro e Os Vampiros, aprendemos de cor os versos de Vejam Bem e de Grândola. Aprendemos, com o Zeca Afonso de todos os cantares andarilhos, a saborear o gosto dos encantos e das emoções, a desejar e a lutar pelas cores da liberdade.
Com Zeca e os seus companheiros aprendemos, ainda, que é muito menos fácil formular perguntas que encontrar respostas. Que as veleidades da ‘vida artística’, na qual ele nunca se encaixou, são como os foguetes de romaria, que desaparecem no ar após um instante de brilho e que, portanto, o importante é estar vivo, ter como única certeza a inquietação permanente.
Há coisas assim, que parecem impossíveis. Depois vêm as inevitáveis cortesias-de-velórios, mas quanto a isso estamos conversados. Afinal somos um país de homenagens póstumas, não é? Que o digam o Adriano, Jorge de Sena, Fernando Pessoa. Que o diga agora o Zeca, ele que foi sempre tão dado a encolerizar-se com estas coisas.
Veja-se a Televisão, que esperou a sua morte para mostrar, lacrimosa, as suas cantigas. Veja-se o poder, que tudo lhe negou em vida, para descobrir agora (só agora, ó céus?) que, afinal, Zeca é um símbolo da democracia e da resistência antifascista! E proclama hossanas em sua glória, como se já não bastasse a dor que ficou.
Felizmente, os que aprenderam com Zeca as mais belas lições de liberdade já se aperceberam também de todo o ridículo que se esconde por detrás destes lamentos hipócritas. E sabem que José Afonso, poeta e trovador, não é dos que morrem assim, sem mais aquelas.
Sabemos que o sonho permanece, em cada esquina, em cada rosto, em busca da terra da fraternidade. Quanto a ti, Zeca, faz como sempre fizeste até aqui: não lhes ligues, ri-te deles, lá desse cantinho onde agora te encontras, provavelmente a contar ao Adriano as últimas cá de baixo. Afinal, já sabes como é: o mundo está mesmo feito às avessas. Se assim não fosse ainda agora por cá te teríamos, a mandar vir como era teu hábito contra “essa cambada engravatada e escolopêndrica” que insiste em controlar a gente. E até vão fazer de ti nome de rua, imagina!
Olha: lá fora, aqui mesmo a dois passos desta mesa de onde te recordo, há um pássaro a recolher-se da chuva que, teimosa, vai caindo. Ou serão lágrimas? Seja como for, o pássaro é igualzinho a ti: por mais que tentem, ninguém consegue impedi-lo de voar..

In "As Voltas de um Andarilho - Fragmentos da vida e obra de José Afonso"

Manifestação Nacional - 11 Fevereiro 2012

Não à exploração, às desigualdades e ao empobrecimento
Outra política é possível e necessária!



A concentração da Associação Conquistas da Revolução para a manifestação far-se-á às 15h00 junto ao Martinho da Arcada.

Intervenção de Manuel Begonha, Presidente da Associação Conquistas da Revolução




Eis-me de novo agora numa situação diferente, a de Presidente da Associação Conquistas da Revolução.
É com grande orgulho e motivação que aceito esta exaltante tarefa de dar cumprimento ao contido no nosso Estatuto e Programa. Sinto-me honrado com a vossa presença e também grato aos nossos camaradas da Comissão Instaladora que fizeram tanto caminho para chegarmos a este momento.

Iniciámos este processo numa situação muito difícil para o País e sobretudo para os mais desprotegidos. Esta fase já é de há muito tempo conhecida e estudada, pois trata-se de mais uma crise típica do capitalismo em todo o seu esplendor.
Daqui resulta um ataque violento aos trabalhadores, com redução de ordenados, restrições ao estado social e criação de um enorme número de desempregados, em prejuízo do desenvolvimento da economia e da redução dos prazos e juros dos empréstimos a que por exclusiva responsabilidade dos nossos governantes, fomos obrigados.

Nas condições em que nos encontramos o programa da nossa Associação só pode reflectir uma postura de combate. Combate para travar esta política, desestabilizando e atemorizando o inimigo da classe.
Iremos massacrar através das acções que desenvolveremos; a crítica constante a censura e denuncia de todas as injustiças.

Muitos de nós fizeram o 25 de Abril e continuamos a deter um potencial revolucionário que massacra e atemoriza. Possuímos a superioridade moral de termos contribuído para as conquistas da Revolução tão bem personalizadas e identificadas no General Vasco Gonçalves, sócio de mérito número um da nossa Associação que será uma arma de ataque e de defesa contra o opressor. Queremos possuir uma grande capacidade de mobilização que lembre ao nosso adversário que não será fácil passar por nós, uma vez que iremos recorrer a todos os meios constitucionais para o impedir.
Para estarmos preparados, mobilizados e informados, pretendemos prosseguir com o tipo de actividades já levadas a cabo há mais de seis meses e que nas condições de que dispúnhamos foram valiosas e oportunas.

O nosso objectivo para o triénio 2012-2014 é dar cumprimento aos estatutos da ACR e dar resposta às propostas que satisfaçam a concretização do objecto fulcral da Associação: a defesa das Conquistas da Revolução.
O nosso combate irá orientar-se no âmbito da Cultura, da Informação, da Luta pela Paz e Defesa da Soberania, da Independência Nacional e da Solidariedade.
É conhecido que não haverá independência sem cultura. Somos permanentemente agredidos com meios de comunicação social cujos conteúdos dão pouco ou nenhum relevo à cultura.
Pretendemos promover em vários pontos do País todo o tipo de iniciativas culturais, desde exposições, conferências, incentivando as actividades teatrais, musicais, literárias e todas as que foram possíveis recorrendo, entre outras, à experiência e meios ainda existentes, utilizados nas Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica.

A informação é um instrumento fulcral para podermos entender a propaganda e manipulação que nos rodeia, com recurso a todo o tipo de novos profetas que tentam explicar-nos a razão das suas teorias com argumentos previamente mastigados e formatados.
Teremos que nos antecipar para entender as artimanhas económicas relativas à distribuição de riqueza e respectiva aplicação, e ripostar com inteligência política aos tentados desvios às matérias contempladas no que entendemos pelas conquistas da Revolução de Abril.
O que se passa no mundo não nos deve ser estranho. É nosso objectivo informar para se clarificarem as razões que estão por trás das tomadas de decisão; os objectivos estratégicos do capitalismo, a geografia das influências e os circuitos do dinheiro.
Necessitamos de estar atentos aos objectivos da estratégia de globalização que permite a flexibilidade sem limites do capital, não considerando condições de trabalho justas nem normas de segurança no trabalho, impedindo os países mais fracos, como o nosso, de defenderem os seus direitos, por exemplo sobre as pescas, agricultura, indústria e emprego.

Devemos estar prontos a repudiar a irresponsabilidade de martirizar esta geração em prol de interesses imorais, de empurar um país para a pobreza e destruir entidades que desempenhavam uma função social, negligenciando os trabalhadores e tudo o que parecia assegurado desde o 25 de Abril, para ir ao encontro de um estado supostamente rentável e com bem estar para o povo, num futuro longíquo.
Enfim uma boa informação é a nossa melhor defesa e um meio eficaz de obter argumentos para penetrar nos pontos fracos do adversário.
As medidas tomadas no âmbito da grande globalização, para limitar as crises que o próprio capital gerou, ofendem constantemente a nossa Soberania e Independência Nacional.

A busca desenfreada de matérias-primas e a hegemonia geoestratégica são uma ameaça permanente à paz. Estas movimentações exigem atenção e um esforço permanente para denunciar os seus verdadeiros objectivos.
Também aqui iremos procurar manter os nossos Associados informados do significado das transformações que vão ocorrendo.

Este é um tempo de SOLIDARIEDADE, a exigência será enorme para ajudar a superar as diferenças que se estão a verificar que têm um enorme potencial desestabilizador. Pode atirar pobres contra pobres, velhos contra novos, estudantes contra trabalhadores, homens contra mulheres. Porquê? Porque haverá os que têm subsídios e outros não; os que têm emprego e outros não; os que têm acesso à saúde e outros não; os que podem estudar e outros não, os que têm casas dignas e outros não. E no entanto poderão ser todos trabalhadores empobrecidos.

Ocorre-me uma citação de John Donne: “Aflige-me a morte de qualquer ser humano porque sou parte da Humanidade. E por isso nunca perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti ”.
Assim, sempre que se ataca o Serviço Nacional de Saúde os sinos dobram por nós; quando um trabalhador perde um emprego os sinos dobram por nós; quando se reduzem os ordenados aos mais pobres os sinos dobram por nós; quando se retira a diginidade a um português os sinos dobram por nós.
Há que pôr um fim a tamanho conjunto de injustiças. Não queremos que os sinos dobrem sobre as conquistas da Revolução.

Há que preparar uma mudança. É preciso construir os alicerces da mudança. Não é aceitável que um conjunto de políticos gananciosos e sem sentido humano, nos pretendam humilhar, transformando o nosso povo numa mera bolsa de desempregados para construir um mercado onde os empresários iriam contratar trabalhadores a baixo custo e em condições de trabalho degradantes, para assim fazerem triunfar os seus desígnios.
Devemos preparar-nos para a mudança; não queremos ser menorizados nem converter-nos num povo triste, submisso e sem ideiais transformadores.
A Associação assume aqui este compromisso.

Queremos afastar de vez o que em 1915 afirmou Henry Barbuse “o futuro está nas mãos dos escravos e percebe-se que vai surgir um novo mundo da aliança de todos aqueles cujo número e miséria não têm limites”.
O povo português sempre demonstrou ser orgulhoso e independente.
Iremos ser as gerações da mudança; saberemos desempenhar bem esta tarefa.
Contudo, a criação deste edifício deverá ter um forte contributo da juventude, por isso o nosso program nela terá grande incidência.
É responsablilidade de Todos trazer mais jovens para a Associação.
Queremos um Portugal diferente, melhor e com esperança no futuro. Devemos mobilizar-nos para atingir os desígnios da Associação e ter orgulho em contribuir com os nossos esforços para combater o conformismo e o desânimo que o nosso ideal do 25 de Abril exige.
Se conseguirmos cumprir este programa ficaremos todos nós honrados.

VIVA a ACR!

VIVA o 25 de Abril!

VIVA PORTUGAL!


Manuel Begonha

Intervenção de José Casanova na Assembleia-Geral Electiva




Amigos, companheiros, camaradas

Passados menos de oito meses sobre a realização da Assembleia-Geral Constitutiva da Associação Conquistas da Revolução, aqui estamos, agora em Assembleia-Geral electiva dos órgãos sociais – ou seja, dando mais um importante passo no processo de construção deste nosso projecto.
Sobre a oportunidade e a necessidade da criação de uma Associação com estas características, o tempo e a evolução da situação política, económica, social e cultural no nosso País, têm-se encarregado de nos dar múltiplas provas de que tínhamos toda a razão quando decidimos criá-la.
Com efeito, neste tempo em que tudo o que ainda cheira a Abril é alvo da feroz ofensiva contra-revolucionária da política de direita das troikas, a existência de uma Associação que tem a Revolução de Abril e as suas conquistas históricas como referência maior, é, mais do que necessária, indispensável.
Acresce que temos como referência, também, um vasto conjunto de personalidades, civis e militares, que deixaram os seus nomes para sempre ligados à Revolução de Abril e a tudo o que ela nos trouxe e nos permitiu conquistar.
Dessas personalidades, emerge, em primeiro lugar a figura ímpar do General Vasco Gonçalves. Tudo já foi dito e tudo resta para dizer do Companheiro Vasco, exemplo de dignidade, de coragem e de inteireza de carácter; de extrema dedicação a Portugal e ao povo português; de elevada estatura moral, política, intelectual, humana, revolucionária.
Por isso – pelo seu exemplo, pela sua obra, pelo seu pensamento -quisemos, inicialmente, que o seu nome fosse o nome da nossa Associação – o que só não aconteceu por obstáculos impossíveis de superar e que todos conhecemos.
Entretanto, optando pela actual designação, estamos convictos de que optámos bem. Por um lado, porque as Conquistas da Revolução de Abril continuam, e de que maneira, sob o fogo da brutal ofensiva contra-revolucionária e nunca serão demais os que se propõem defendê-las; por outro lado, porque falar das Conquistas da Revolução é falar do revolucionário Vasco Gonçalves, da sua acção decisiva enquanto primeiro-ministro de quatro governos provisórios – os governos dos grandes avanços revolucionários, das grandes e profundas transformações que fizeram de Portugal um pais a caminho da justiça social plena, do respeito pelos direitos dos trabalhadores e do povo, da independência e da soberania nacional, da liberdade, da democracia. Não de uma democracia qualquer, mas sim de uma democracia avançada, em construção nas suas vertentes social, económica, política e cultural, e amplamente participada; uma democracia como nunca antes tinha existido em Portugal e como, de então para cá, não voltou a existir; uma democracia de facto, em que os direitos e interesses da imensa maioria dos portugueses eram respeitados, ao contrário do que acontece nesta democracia burguesa em que vivemos, nesta democracia-de-faz-de-conta, que outra coisa não é do que uma ditadura do grande capital.
Digamo-lo uma vez mais: com Vasco Gonçalves, os portugueses tiveram, pela primeira e única vez, um primeiro-ministro que tinha como preocupação permanente a defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores, do povo e de Portugal. E digamo-lo muitas vezes mais, pois há verdades que, pela importância de que se revestem, nunca é demais repetir.

Há mais de 35 anos que estamos a ser vítimas das malfeitorias de sucessivos governos PS, PSD, CDS – sozinhos ou de braço dado - todos ao serviço dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros nacionais e internacionais; todos vendendo a independência e a soberania nacional como mercadoria em saldo; todos afrontando e rasgando a Constituição da República Portuguesa, Lei fundamental do País; todos roubando conteúdo democrático à Democracia de Abril; todos desprezando e violando os interesses dos trabalhadores e do povo; todos destilando um ódio feroz à Revolução de Abril e às suas conquistas; todos tentando afastar Abril das nossas memórias e dos nossos horizontes e todos fazendo tudo para o substituir pelo passado que em Abril, Abril venceu. Há mais de 35 anos!...
E aos que fingem interrogar-se sobre de quem são as culpas da dramática situação em que está o Pais hoje, respondemos com uma pergunta: de quem hão-de ser as culpas senão de quem está no poder há 35 anos consecutivos, com sucessivos governos fazendo a mesma política de direita e com sucessivos presidentes da República abençoando esses governos e essa política? De quem hão-de ser as culpas senão deles?
De facto, foi com esses governos, esses presidentes e essa política que chegámos à situação actual, com o País ocupado por uma troika representante dos interesses do grande capital e governado pelas troikas colaboracionistas: a que assinou, de joelhos e a lamber as mãos dos donos, o miserável pacto de agressão e a que assinou o chamado «acordo social», esse «acordo» odioso que só tem paralelo com o sinistro Estatuto do Trabalho Nacional de 1933.
Foi assim que chegámos a este reino da exploração máxima; das injustiças sociais e do roubo de direitos humanos fundamentais; do desemprego e dos salários, pensões e reformas de miséria; dos aumentos brutais dos bens de consumo essenciais e da liquidação desumana de serviços públicos indispensáveis à vida das pessoas; da pobreza, da miséria, da fome – enquanto do outro lado de tudo isto, crescem todos os dias as grandes fortunas dos chefes dos grandes grupos económicos e financeiros, alguns dos quais são os mesmos que foram sustentáculo do regime fascista, enquanto outros são filhos da política de direita e da destruição de conquistas da Revolução.
E só a luta organizada dos trabalhadores e das populações os tem impedido de ir mais longe na sua ofensiva anti-social, anti-democrática e anti-patriótica.
E só com a intensificação e o alargamento da luta poderemos derrotá-los.

Daí a importância do prosseguimento da acção das populações, a partir das suas comissões de utentes existentes por todo o País – batendo-se contra a destruição do SNS e do sistema de Educação, rejeitando os cortes de serviços de transportes e os roubos nas portagens.
Daí a importância da luta dos reformados e pensionistas organizados nas suas estruturas representativas – dizendo «não» aos roubos nas suas reformas e pensões e exigindo respeito pela sua dignidade, pelos direitos que uma vida de trabalho lhes conferem.
Daí a importância decisiva da luta dos trabalhadores, organizados na sua central sindical de classe – a CGTP-IN -, luta a levar a cabo nas empresas, locais de trabalho e sectores, rejeitando frontalmente o famigerado acordo anti-social e os roubos nos salários e todos os atentados aos seus direitos conquistados através da luta de sucessivas gerações.
E, voltando ao que aqui nos trouxe, daí a importância da existência de organizações como a Associação Conquistas da Revolução – lembrando a todos que Abril existiu e está vivo na nossa memória; mostrando a todos que o futuro de Portugal se situa nesse momento maior e mais luminoso da nossa história colectiva que foi a Revolução de Abril.

E agora – com a manifestação convocada pela CGTP para dia 11, no Terreiro do Paço - chegou o tempo de fazermos convergir todas essas lutas numa luta comum; numa luta que junte todas essas forças e todos esses esforços; numa grandiosa jornada de acção do povo de Abril.
Porque esta é uma manifestação que aponta o caminho, para ela convergirão, vindos de todo o País, trabalhadores, reformados, intelectuais, homens, mulheres e jovens de Abril – e entre eles, lá estará, no lugar que lhe compete, a nossa Associação Conquistas da Revolução.
Para que o Terreiro do Paço, no próximo sábado, seja Terreiro da Luta, Terreiro do Povo – e, por isso mesmo, seja também Terreiro de Abril.


Amigos, companheiros, camaradas

A montante desta Assembleia-Geral Eleitoral que hoje aqui estamos a realizar, está muito trabalho feito, muito esforço de muitos amigos, muitos obstáculos ultrapassados – sendo certo que, como todos sabemos, muito mais há que fazer de hoje em diante.
Vale a pena deixar aqui uma breve informação sobre o trabalho desenvolvido, primeiro pela Comissão Promotora e, depois, pela Comissão Instaladora – trabalho que, para além de todo o processo de debate em torno da criação da Associação, se traduziu, posteriormente, num vasto conjunto de iniciativas de que aqui vos queremos prestar contas.
A primeira iniciativa foi um jantar de confraternização, realizado aqui na Casa do Alentejo, no decorrer do qual foram relembrados momentos marcantes da Revolução de Abril.
Por outro lado, a nossa Associação participou, identificada, nas manifestações do 25 de Abril e do 1º de Maio e na manifestação da CGTP de 1 de Outubro «Contra o empobrecimento e a injustiça» - e lá estaremos, no dia 11, no Terreiro do Paço; e lá estaremos em todas as acções de massas inequivocamente contra a política de direita, com os trabalhadores, com o povo, com Abril.
Organizámos uma romagem à campa do General Vasco Gonçalves e assinalámos o 90º aniversário do seu nascimento.
Realizámos a Assembleia Constitutiva da Associação – que elegeu a Comissão Instaladora, a qual ficou encarregada de proceder, e procedeu, à Escritura da ACR e de preparar a Assembleia-Geral, esta, que elege os corpos sociais da Associação; na Assembleia Constitutiva foram ainda aprovados os Estatutos e a proposta de, neles, o General Vasco Gonçalves ser considerado «sócio de mérito da Associação Conquistas da Revolução, a título póstumo».
Promovemos a realização de dois debates, o primeiro em torno do «35º aniversário da Constituição da República Portuguesa e a acção e o papel dos governos de Vasco Gonçalves»; o segundo sobre «a defesa das conquistas da Revolução»
A Comissão Instaladora organizou, ainda, um jantar de confraternização, em Almada. Produziu comunicados de imprensa sobre temas da actualidade política, económica e social e encetou diligências junto da Câmara Municipal de Lisboa no sentido de esta nos facultar as instalações para a Sede da Associação e assim podermos resolver um dos maiores problemas que se nos deparam.
Assegurámos o funcionamento do blogue Associação Conquistas da Revolução – que regista neste momento mais de 10 mil visitas.
Para além disso, procurámos dinamizar a inscrição de novos sócios – e podemos informar que, hoje, à data desta Assembleia-Geral, temos mais de 600 sócios, o que mostra as enormes potencialidades existentes: na realidade, mostra a experiência, que é possível e que não é difícil multiplicar este número: basta, para isso e para já, que cada associado traga um novo associado - e nesse sentido daqui vos dizemos: amigo, traz outro amigo, também…

Há que abordar, ainda, uma outra questão central: a dos encargos financeiros da Associação e das necessárias fontes de receita para lhes fazer face - fontes que residem, essencialmente, nos contributos dos associados, sendo a cotização o mais importante de todos.
Não tendo sido ainda definido o valor da cotização (tarefa de que a Direcção que hoje vai ser eleita se encarregará), mesmo assim - e aproveitando a realização desta Assembleia para, desde já, se possível, começarmos a cobrar cotizações - avançamos com um valor para a cota: 1 euro mensal, ou 12 euros anuais.
Trata-se de um valor baixo, muito baixo, e só possível de entender no quadro da situação extremamente difícil em que vivem todos os que trabalham e vivem do seu trabalho e todos os que já trabalharam e vivem de reformas e pensões – ao fim e ao cabo, a situação em que vivem os sócios actuais e futuros da nossa Associação – que constituem as vítimas preferenciais da política de direita das troikas.
Trata-se de um valor que propomos que seja visto por cada associado como o mínimo dos mínimos, sendo muito bem vindos os casos dos associados que decidam pagar cotizações mais, ou muito mais, elevadas. Vale a pena fazermos mais este esforço, tanto mais que sabemos que dele depende muito o futuro da nossa Associação.
E esse futuro depende, também e essencialmente, de nós todos, os associados, e da participação de todos na vida e na actividade da Associação, apoiando os esforços da Direcção que hoje aqui elegeremos, colaborando com ela, ajudando-a a cumprir e, se possível, ultrapassar o seu Programa.
Se sabemos que é assim - que quantos mais formos a participar mais fortes seremos - então vamos a isso.

Viva a ACR.


José Casanova

ELEIÇÕES DOS ÓRGÃOS SOCIAIS da ASSOCIAÇÃO CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO




Foram eleitos os órgãos socais da ASSOCIAÇÃO CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO.
Sendo a Lista "A" a única lista apresentada.
Associados já inscritos:602.
Associados presentes e votantes na Assembleia Geral Eleitoral:126.
Votos expressos na lista "A":124.
Votos em branco: 2.



Eleitos:

Assembleia Geral

Presidente da Assembleia Geral: Prof.Dr Avelãs Nunes

Vice-Presidente:Capitão de Mar e Guerra,Henrique Mendonça

Secretário:José Capucho

Suplente:Rodrigo de Freitas

Direcção

Presidente da Direcção:Capitão de Mar e Guerra,Manuel Begonha

Vice-Presidente:Escritor e jornalista, José Casanova

Secretário:Vitor Lambert

Tesoureiro:Beatriz Nunes

Director:Escritor, Modesto Navarro

Director:Coronel, Baptista Alves

Director:Coronel, Duran Clemente

Director:Joaquim da Ponte

Director:Nuno Lopes

Suplentes

Dr.Armando Myre Dores

Coronel João Bilstein Sequeira

Dra.Lina Seabra Dinis

(Distritais)

Rogério Leite da Silva(Braga)

Jorge Sarabando(Porto)

Joaquim Augusto da Piedade Gaspar(Aveiro)

José Domingos Gomes Coutinho(Coimbra)

Luís Alberto Ferreira(Santarém)

Joaquim Manuel(Portalegre)

Célia Cristina Oliveira Lopes(Setúbal)

Ramiro Beja(Setúbal)

Valdemar Lopes dos Santos(Setúbal)

António Joaquim Gervásio(Évora)

Manuel Vicente(Évora)

Alfredo Graça(Faro)

Conselho Fiscal

Presidente do Conselho Fiscal:Coronel José Emílio da Silva

Secretário:Dr.José Sucena

Relator:Capitão de Mar e Guerra, António Vieira Nunes

Suplente:João Rato Vitor Proença