Intervenção de Manuel Begonha, Presidente da Associação Conquistas da Revolução




Eis-me de novo agora numa situação diferente, a de Presidente da Associação Conquistas da Revolução.
É com grande orgulho e motivação que aceito esta exaltante tarefa de dar cumprimento ao contido no nosso Estatuto e Programa. Sinto-me honrado com a vossa presença e também grato aos nossos camaradas da Comissão Instaladora que fizeram tanto caminho para chegarmos a este momento.

Iniciámos este processo numa situação muito difícil para o País e sobretudo para os mais desprotegidos. Esta fase já é de há muito tempo conhecida e estudada, pois trata-se de mais uma crise típica do capitalismo em todo o seu esplendor.
Daqui resulta um ataque violento aos trabalhadores, com redução de ordenados, restrições ao estado social e criação de um enorme número de desempregados, em prejuízo do desenvolvimento da economia e da redução dos prazos e juros dos empréstimos a que por exclusiva responsabilidade dos nossos governantes, fomos obrigados.

Nas condições em que nos encontramos o programa da nossa Associação só pode reflectir uma postura de combate. Combate para travar esta política, desestabilizando e atemorizando o inimigo da classe.
Iremos massacrar através das acções que desenvolveremos; a crítica constante a censura e denuncia de todas as injustiças.

Muitos de nós fizeram o 25 de Abril e continuamos a deter um potencial revolucionário que massacra e atemoriza. Possuímos a superioridade moral de termos contribuído para as conquistas da Revolução tão bem personalizadas e identificadas no General Vasco Gonçalves, sócio de mérito número um da nossa Associação que será uma arma de ataque e de defesa contra o opressor. Queremos possuir uma grande capacidade de mobilização que lembre ao nosso adversário que não será fácil passar por nós, uma vez que iremos recorrer a todos os meios constitucionais para o impedir.
Para estarmos preparados, mobilizados e informados, pretendemos prosseguir com o tipo de actividades já levadas a cabo há mais de seis meses e que nas condições de que dispúnhamos foram valiosas e oportunas.

O nosso objectivo para o triénio 2012-2014 é dar cumprimento aos estatutos da ACR e dar resposta às propostas que satisfaçam a concretização do objecto fulcral da Associação: a defesa das Conquistas da Revolução.
O nosso combate irá orientar-se no âmbito da Cultura, da Informação, da Luta pela Paz e Defesa da Soberania, da Independência Nacional e da Solidariedade.
É conhecido que não haverá independência sem cultura. Somos permanentemente agredidos com meios de comunicação social cujos conteúdos dão pouco ou nenhum relevo à cultura.
Pretendemos promover em vários pontos do País todo o tipo de iniciativas culturais, desde exposições, conferências, incentivando as actividades teatrais, musicais, literárias e todas as que foram possíveis recorrendo, entre outras, à experiência e meios ainda existentes, utilizados nas Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica.

A informação é um instrumento fulcral para podermos entender a propaganda e manipulação que nos rodeia, com recurso a todo o tipo de novos profetas que tentam explicar-nos a razão das suas teorias com argumentos previamente mastigados e formatados.
Teremos que nos antecipar para entender as artimanhas económicas relativas à distribuição de riqueza e respectiva aplicação, e ripostar com inteligência política aos tentados desvios às matérias contempladas no que entendemos pelas conquistas da Revolução de Abril.
O que se passa no mundo não nos deve ser estranho. É nosso objectivo informar para se clarificarem as razões que estão por trás das tomadas de decisão; os objectivos estratégicos do capitalismo, a geografia das influências e os circuitos do dinheiro.
Necessitamos de estar atentos aos objectivos da estratégia de globalização que permite a flexibilidade sem limites do capital, não considerando condições de trabalho justas nem normas de segurança no trabalho, impedindo os países mais fracos, como o nosso, de defenderem os seus direitos, por exemplo sobre as pescas, agricultura, indústria e emprego.

Devemos estar prontos a repudiar a irresponsabilidade de martirizar esta geração em prol de interesses imorais, de empurar um país para a pobreza e destruir entidades que desempenhavam uma função social, negligenciando os trabalhadores e tudo o que parecia assegurado desde o 25 de Abril, para ir ao encontro de um estado supostamente rentável e com bem estar para o povo, num futuro longíquo.
Enfim uma boa informação é a nossa melhor defesa e um meio eficaz de obter argumentos para penetrar nos pontos fracos do adversário.
As medidas tomadas no âmbito da grande globalização, para limitar as crises que o próprio capital gerou, ofendem constantemente a nossa Soberania e Independência Nacional.

A busca desenfreada de matérias-primas e a hegemonia geoestratégica são uma ameaça permanente à paz. Estas movimentações exigem atenção e um esforço permanente para denunciar os seus verdadeiros objectivos.
Também aqui iremos procurar manter os nossos Associados informados do significado das transformações que vão ocorrendo.

Este é um tempo de SOLIDARIEDADE, a exigência será enorme para ajudar a superar as diferenças que se estão a verificar que têm um enorme potencial desestabilizador. Pode atirar pobres contra pobres, velhos contra novos, estudantes contra trabalhadores, homens contra mulheres. Porquê? Porque haverá os que têm subsídios e outros não; os que têm emprego e outros não; os que têm acesso à saúde e outros não; os que podem estudar e outros não, os que têm casas dignas e outros não. E no entanto poderão ser todos trabalhadores empobrecidos.

Ocorre-me uma citação de John Donne: “Aflige-me a morte de qualquer ser humano porque sou parte da Humanidade. E por isso nunca perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti ”.
Assim, sempre que se ataca o Serviço Nacional de Saúde os sinos dobram por nós; quando um trabalhador perde um emprego os sinos dobram por nós; quando se reduzem os ordenados aos mais pobres os sinos dobram por nós; quando se retira a diginidade a um português os sinos dobram por nós.
Há que pôr um fim a tamanho conjunto de injustiças. Não queremos que os sinos dobrem sobre as conquistas da Revolução.

Há que preparar uma mudança. É preciso construir os alicerces da mudança. Não é aceitável que um conjunto de políticos gananciosos e sem sentido humano, nos pretendam humilhar, transformando o nosso povo numa mera bolsa de desempregados para construir um mercado onde os empresários iriam contratar trabalhadores a baixo custo e em condições de trabalho degradantes, para assim fazerem triunfar os seus desígnios.
Devemos preparar-nos para a mudança; não queremos ser menorizados nem converter-nos num povo triste, submisso e sem ideiais transformadores.
A Associação assume aqui este compromisso.

Queremos afastar de vez o que em 1915 afirmou Henry Barbuse “o futuro está nas mãos dos escravos e percebe-se que vai surgir um novo mundo da aliança de todos aqueles cujo número e miséria não têm limites”.
O povo português sempre demonstrou ser orgulhoso e independente.
Iremos ser as gerações da mudança; saberemos desempenhar bem esta tarefa.
Contudo, a criação deste edifício deverá ter um forte contributo da juventude, por isso o nosso program nela terá grande incidência.
É responsablilidade de Todos trazer mais jovens para a Associação.
Queremos um Portugal diferente, melhor e com esperança no futuro. Devemos mobilizar-nos para atingir os desígnios da Associação e ter orgulho em contribuir com os nossos esforços para combater o conformismo e o desânimo que o nosso ideal do 25 de Abril exige.
Se conseguirmos cumprir este programa ficaremos todos nós honrados.

VIVA a ACR!

VIVA o 25 de Abril!

VIVA PORTUGAL!


Manuel Begonha