IMAGINEMOS...
Manuel Begonha | Presidente da Assembleia Geral
Imaginemos que uma grande
potência que continua a deter a hegemonia mundial, os EUA, apoiada ou
não, pelo seu braço armado, a NATO, verifica que um qualquer país,
pretende sair da sua órbita de influência, ou passar a ser governado de
uma forma não da sua ideologia ou interesse.
Ao longo dos séculos 20 e 21, ocorreram centenas de exemplos do que lhe sucederia:
- Ser invadido e normalmente massivamente bombardeado, como a Coreia, o Vietname, Laos, Camboja, Iraque, Sérvia, Síria, Granada, Afeganistão, etc.
- Serem-lhe criadas as condições para provocar um golpe de estado, mais ou menos sangrento como se verificou na Indonésia, Chile, Brasil, Argentina, Portugal, etc.
- Passar a sofrer um embargo como em Cuba e Venezuela.
Imaginemos que por exemplo, a Rússia ou a China, instalassem centenas de bases militares nos países vizinhos dos EUA, como o Canadá, o México, Cuba, Jamaica, Nicarágua e outros países da América Central, á semelhança do que levaram a cabo os norte-americanos que têm mais do que 400 instalações militares a cercarem a Rússia e a China.
Imaginemos finalmente que o território onde está sediada a base naval estadounidense de Guantanamo em Cuba, fosse periodicamente bombardeado pelo exército cubano.
Nos casos relatados, a prestimosa
comunicação social dos países ocidentais, pouco se preocupou com as
gritantes violações do direito internacional.
Mas como o passado existe, precisando de ser permanentemente recordado
na memória dos homens, recuperemos o que se passou na chamada crise dos
mísseis, sucedida em Cuba de 16 a 28 de Outubro de 1962 que certamente
responderá ao que nos foi solicitado imaginar.
A Rússia resolveu instalar mísseis balísticos naquele país.
John Kennedy ameaçou Nikita Khrushchev que se não retirasse de imediato
os mísseis, os EUA desencadeariam uma guerra nuclear em grande escala.
Todos os acordos em disputa foram então alcançados.
Quanto aos embargos atrás mencionados, que continuam a provocar um enorme sofrimento aos países afectados, é bom recordar que na Assembleia Geral da ONU de 4 de Novembro de 2022, pelo 30º ano, o embargo económico a Cuba foi condenado por esmagadora maioria, com 185 dos estados membros a pronunciarem-se contra o isolamento da nação caribenha, com os votos desfavoráveis dos EUA e Israel e a abstenção do Brasil e Ucrânia.
Na
grande política internacional, as potências como a Rússia e os EUA,
traçam linhas vermelhas que não toleram ver ultrapassadas, a bem da
harmonia e paz no mundo.
Seria bom que não se entrasse na via da provocação que é um processo chave para o equilíbrio da ordem internacional.