VÊM AÍ OS RUSSOS - DO MITO Á REALIDADE

 

VÊM AÍ OS RUSSOS - DO MITO Á REALIDADE
 
Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral 
 
 
Neste momento em que tanto se tem discutido acerca do golpe do 25 de Novembro de 1975 que foi para alguns uma gesta heróica para livrar Portugal de uma ditadura comunista , com o apoio da então URSS, entendo ser relevante, para desmontar esta falácia, dar-vos a conhecer um texto extraído do comunicado oficial russo, que publiquei na 2 edição do meu livro , 5 Divisão - MFA - Revolução e Cultura.
"De 23 a 30 de Março de 1975, visitou a URSS uma Delegação Governamental da República Portuguesa, presidida pelo Ministro do Trabalho, Major José da Costa Martins.
Integraram a Delegação, o Major António Carlos Fernandes Gomes, da Presidência da República, o Capitão-Tenente Manuel Begonha, o Capitão Vítor Manuel Pinto Ferreira e o Tenente Vítor Manuel da Silva Godinho, representantes do MFA, o Dr José Barros Moura, da Secretaria de Estado do Trabalho, o Eng. Vítor Faria e Silva, da Secretaria de Estado do Emprego e o Dr. João Inácio Cidade de Alpiarça, do Ministério da Educação e Cultura.
Na ausência do nosso Embaixador em Moscovo, Dr. Mário Neves que regressado à capital soviética, esteve presente no final dos trabalhos, acompanhou a Delegação o Ministro Conselheiro, Dr. Pedro Madeira de Andrade, nas visitas à Moscovo e Leninegrado.
O Major Costa Martins e a parte não militar da Delegação, efectuaram reuniões no Comité de Estado do Conselho de Ministros da URSS para o Trabalho e Salários.
Posteriormente, a Delegação contactou com o Comité de Estado para a Educação Técnico-Profissional.
Num programa de visitas carregado, quer no aspecto político - militar quer cultural, podemos destacar para os militares da Delegação a deslocação à Academia Militar e ao Museu de Frounze, à Base Naval de Sebastopol e ao Ministério da Defesa da URSS onde teve lugar um encontro com o primeiro vice-ministro e o General Sergei Sokolov, chefe do Departamento de Relações Internacionais.
O Ministro Costa Martins foi recebido pelo Presidente do Conselho de Ministros da URSS A. Kossyguine, com o qual durante cerca de três horas, trocou impressões acerca de diversos problemas da situação portuguesa ".
Das reuniões havidas e das conclusões tiradas por nós, membros da Delegação, ficou bem claro que a URSS não estava interessada em ter qualquer tipo de intervenção ou interferência em Portugal, por não pretender desencadear um conflito com a NATO.
E assim foi.