O CDS E A CRISE DA DIREITA PORTUGUESA

 

O CDS E A CRISE DA DIREITA PORTUGUESA

 
 Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral

 
Na sequência do 25 de Abril, Amaro da Costa e Freitas do Amaral criaram um partido político, o CDS, respaldado na Democracia Cristã.
Contudo , os saudosistas mais radicais ou seja, os representantes residuais do fascismo não se reconheceram maioritariamente neste partido e foram fazendo o seu caminho.
Tornou-se um partido constitucional embora não tivesse aprovado a Constituição da República.
Neste processo, ocorreram conversões surpreendentes como a de Adriano Moreira que aderiu ao CDS, pese embora a nódoa no seu currículo, de como Ministro do Ultramar no governo de Salazar, ter em 1961, instituído no Chão Bom ( Ilha de Santiago, Cabo Verde), uma colónia penal com a finalidade de receber prisioneiros oriundos das colónias portuguesas.
Curiosamente no Chão Bom, já anteriormente tinha funcionado o Campo de Concentração do Tarrafal.
Adelino Ferreira Torres, um dos fundadores do MDLP, foi o elemento comprometedor incomodando o partido durante muito tempo.
Com o passar do tempo o CDS com altos e baixos, foi-se adaptando ao regime democrático, acabando por constituir o último baluarte de contenção às forças da extrema direita.
Um notável sinal dos tempos em que vivemos, é ver com apreensão que está a ameaçar extinguir-se, absorvido por forças anti- democráticas à sua direita.
Os partidos que integraram os diferentes governos Constitucionais que se sucederam, foram dando o flanco aos movimentos de extrema direita, como por exemplo com a sua gritante incapacidade de combater a corrupção generalizada, e, controlar a crescente e intolerável desigualdade social.
De acordo com o plano norte-americano conduzido por Steve Banon e Mike Pompeo , para financiar a criação na Europa de partidos de extrema direita proto-fascistas , era inevitável que tal ocorresse também em Portugal.
É é assim que hoje temos no Parlamento, um partido com tais características, pelo qual tanto ansiou o remanescente dos saudosistas do salazarismo.
Tais forças facilmente atacam demagogicamente o poder instituído, o SNS, a Escola Pública e os organismos do Estado , uma vez que previligiam a privatização generalizada, excepto como é evidente em situação de crise, como é a resultante do Covid19, em que desesperam pelo apoio do Estado.
Para demonstrações de ordem unida, ou para acções de violência ou de intimidação, recorrem encapotadamente a grupos neo-nazis do tipo skinheads.
Como no passado os que hoje integram os partidos de direita, salvo raríssimas excepções, jamais combateram a ditadura e o fascismo, pactuando factualmente com estes.
E também não é com eles que hoje podemos contar para defender a democracia e as conquistas da revolução, como se pode bem constatar pela postura colaboracionista do Presidente do PSD.
Mais uma vez compete à esquerda unir-se e erradicar esta ameaça constituída por estes ensaios filo-fascistas.