É preciso prestigiar e dignificar os professores


É preciso prestigiar e dignificar os professores


Texto de Manuel Begonha, presidente da mesa da Assembleia Geral da nossa Associação

O que distingue as sociedades e os países é o seu grau de conhecimento humanístico, técnico e científico, bem como a cultura que é um conceito que contém alguma complexidade.
Assim, a sua falta pode tornar os cidadãos vulneráveis à subversão das ideias, veículadas pelas forças destruidoras do mercado, dos meios de comunicação de massas e da promoção publicitária.
Por outro lado poderemos considerar o ignorante como o que não sabe o que pode ou deve saber; o que se recusa a informar-se e não gosta de aprender; o que fica impedido de se libertar dos instintos e motivações primárias e ter acesso à reflexão criativa.
Numa sociedade, onde cada vez mais se verifica uma falta de valores éticos e morais que estão na base de condutas que levam a todo o tipo de crimes desde a corrupção, à violência doméstica para apenas distinguir os que estão na ordem do dia, para além da transmissão de conhecimento, também aos professores deveria competir, incutir na nossa juventude uma cultura cívica.
Tal seria preparar os jovens para entender a manipulação da informação recorrente na comunicação social, e que exerçam o seu direito de voto conscientes em quem e porque votam, serem actuantes em questões vitais para a nossa sociedade, como a ambiental e a defesa da paz.
É óbvio que esta função deverá ser da responsabilidade da família, mas infelizmente nos dias de hoje esta não está muitas vezes em condições de a desempenhar, não esquecendo que onde existe pobreza, pode não haver lugar para a cultura.
Já fora do âmbito da escola, a ausência de um SMO (Serviço Militar Obrigatório), adequado à presente situação, integrando uma significativa componente de acção cívica, constituiria um relevante instrumento de coesão nacional e de aprendizagem de cidadania.
Com professores com qualidade, competência e dedicação, deveria ser possível criar no país, uma cultura de cidadania integral e uma forte opinião pública crítica e respeitada, suficientemente inibidora para constituir um poderoso meio de censura social.
Julgo que os professores se forem valorizados, prestigiados e dignificados, poderão assumir esta tarefa, porque acredito que serão o sector da nossa sociedade que tem o futuro do país na mão.


Lisboa, Agosto de 2019