À JUVENTUDE PORTUGUESA NO DEALBAR DE UM ANO NOVO

 

À JUVENTUDE PORTUGUESA NO DEALBAR DE UM ANO NOVO

Manuel BegonhaPresidente da Assembleia Geral  

Bem sei que devido à nossa crónica incapacidade estrutural, não têm existido condições para vos proporcionar um primeiro emprego digno, com salários não aviltantes.

É verdade que o trabalho que vos oferecem, não tem muitas vezes qualquer relação com a formação académica que obtiveram.

Lamento que estejam sujeitos à humilhação de continuarem a sobrecarregar os pais, a casar cada vez mais tarde e a ter cada vez menos filhos.

Encontram-se normalmente como subordinados , sem proteção jurídica e social, contra a prepotência dos patrões.

E tudo isto vos tem empurrado para a emigração.

No entanto, surpreende-me a vossa ausência em iniciativas politico-culturais.

Ou a falta de um compromisso civico, para colaborar com associações que dão continuidade à defesa da Constituição da República e dos grandes referenciais de Abril.

Parece que têm relutância em conhecer a nossa história recente o que é preocupante, porque pode fazer - vos voltar à penúria do passado.

Vocês jovens parecem compactuar com um diálogo de silêncio, nada fazendo contra estas medidas discricionárias, como se as considerassem inevitáveis.

Aconselho - vos a não se deixarem adormecer.

Podem acordar sob as garras de uma qualquer extrema direita populista e fascizante.

Quero lembrar - vos, que embora num contexto diferente, na década de 60 do século passado, as lutas dos estudantes abalaram e descridibilizaram a ditadura fascista então vigente.

Embora seja preciso acarinhar as utopias nem sempre são elas que vos fazem sobreviver.

Dizia Marx "que o problema não é compreender o mundo mas sim de o mudar.

E quem melhor que a juventude o pode fazer, fazendo uso das suas qualidades."

Não pretendemos impor o nosso trajecto.

Mas foi o nosso.

O vosso são vocês que o hão - de fazer, como quiserem mas desde que o façam.

A mudança é o futuro.

E o futuro é vosso!