Homenagem a Salvador Allende - Intervenção de Baptista Alves (Presidente da Direcção da ACR)







Muito me honra estar aqui, hoje, em representação da Direcção da Associação Conquistas da Revolução, a participar nesta homenagem a Salvador Allende e aos democratas Chilenos.
Na pessoa do Jorge Sarabando, felicito todo o núcleo da ACR do Norte pela iniciativa.

0 11 de Setembro de 1973 é um dia negro para toda a Humanidade. Um hediondo crime manchou e mancha a história contemporânea dos povos do planeta “morreu um HOMEM”!
O palácio de La Moneda, cercado por  um exército sublevado contra o seu próprio povo, transformou-se no centro do Mundo... e o Mundo nada fez.

Pinochet ocupa a presidência e desencadeia uma feroz perseguição  a todos os revolucionários, mandando executar sumariamente milhares de patriotas chilenos... e o Mundo não fez nada.



Por trás de Pinochet a CIA puxava os cordelinhos, orquestrava todo o processo, financiava e apoiava o golpe e  que se desenvolvia no âmbito da chamada “Operação Condor”... e o Mundo nada viu, ou fingiu não ver, tudo se passava lá no “quintal das traseiras” do gigante do Norte.

Como nada viu em 1948, quando a CIA intervém em Itália para impedir a vitória quase certa da esquerda liderado pelo PCI, ou em 1953 nas eleições presidenciais nas Filipinas, ou ainda em 1953 na restauração do Governo do Xá Reza Pablavi, em 1954 na Guatemala, em 1957 no Líbano, em 1958 no Japão, em 1961 em Cuba. em 1964 no Brasil derrubando João Goulart, em 1965 na República Dominicana, e em 1967 na Grécia apoiando o golpe militar dos coronéis.

Como nada continuou a ver, desde então até hoje, das muitas de intervenções na América Latina, na Europa, em África e no Médio Oriente.

Nós também sabemos bem o que o embaixador Frank Carlluci veio fazer a Portugal em 1974/75.

É toda uma história de intervenções da CIA e do Pentágono com o apoio do Complexo militar-industrial americano, e ultimamente também com envolvimento da NATO, em:

  • Golpes de Estado;
  • Assassinatos políticos;
  • Financiamento de oposições;
  • Chantagem política;
  • Corrupção de governantes.
Até quando? Até quando vamos assistir a todas estas ingerências e intervenções militares em países soberanos, contra governos legítimos?

O Chile de Allende: 

  • nacionalizou os sectores básicos da economia,  pondo-os ao serviço do seu povo;
  • levou a cabo uma reforma agrária, distribuindo terras aos agricultores;
  • combateu o analfabetismo;
  • procurou garantir a saúde a todos os cidadãos, melhorar os rendimentos das classes trabalhadoras, proteger as comunidades indígenas;
  • procurou garantir o acesso ao ensino a todos os cidadãos, garantir o direito ao trabalho com direitos, o direito a habitação condigna e outros direitos fundamentais.
Foi isto mesmo que os senhores do Mundo, os grandes predadores dos povos do planeta, quiseram acabar e fizeram-no pelas mãos ensanguentadas duma corja de traidores do seu próprio povo.

Estivemos, estamos e estaremos sempre solidários com a luta do povo chileno. A pátria de Pablo Neruda, de Victor Jara, ficou para sempre gravada nos nossos corações.

Como nos ficou a certeza de que, servindo-me agora das últimas palavras de Allende, “muito mais cedo que tarde, abrir-se-ão as grandes alamedas por onde passe o homem livre, para construir uma sociedade melhor”

O Chile vencerá!

(Porto, 15 de Setembro de 2018)