A encerrar o convívio comemorativo do 44ª Aniversário da Revolução dos Cravos interveio Baptista Alves, actual Presidente da Direcção da ACR.
Baptista Alves - Actual presidente da direcção da ACR |
Antes de dar início à minha intervenção propriamente dita, na qualidade de Presidente da Direcção, seja-me permitido evocar a memória dos nossos associados que estarão para sempre connosco:
-Ramiro Correia- presente!
-Vasco Gonçalves- presente!
-Álvaro Cunhal- presente!
-Zé Casanova- presente!
-Rosa Coutinho- presente!
-Costa Martins- presente!
-Varela Gomes- presente!
-Maria Lamas- presente!
-Victor Lambert- presente!
-Joaquim Gomes- presente!
-José Saramago- presente!
-José Carlos Ary dos Santos- presente!
-Carlos Paredes- presente!
-Nápoles Guerra- presente!
-Adriano Correia de Oliveira- presente!
Seja-me permitido também, uma nota de apreço pelo trabalho realizado pelas sucessivas Direcções, presididas pelo Cmte Manuel Begonha, os incansáveis obreiros da nossa Associação Conquistas da Revolução.
Realço apenas algumas das suas realizações:
-Iniciativas culturais diversas e de grande apreço e qualidade;
-Folha Informativa, com periodicidade trimestral;
-Livro “Conquistas da Revolução”, já na 2ª edição;
-Livro “Vasco, nome de Abril”
-A concretização da nova sede, na Rua Abel Salazar, nº37A, em Telheiras;
-Livro “Diário da Contra-Revolução”, um livro lançado recentemente e cuja leitura vivamente aconselhamos.
Aconselhamos também que o divulguemos:
-Junto dos nossos amigos
-Junto dos nossos filhos e dos amigos dos nossos filhos;
-Junto dos filhos dos nossos filhos e dos amigos dos filhos dos nossos filhos;
-Junto dos filhos dos filhos dos nossos filhos.
Esta é a pirâmide de valor, que faz de todos nós activistas imprescindíveis na defesa das Conquistas da Revolução.
Cabe agora à nova Direcção, a que muito me honra presidir, dar continuidade a este excelente trabalho.
-Não regatearemos esforços;
-Procuraremos estar à altura da confiança que em nós depositaram;
-Contamos beneficiar do indispensável apoio dos nossos associados.
Darei agora início à minha intervenção, em nome da Direcção da Associação Conquistas da Revolução.
Desde há 44 anos a esta parte que a evocação da gloriosa data do 25 de Abril de 1974 mobiliza milhares e milhares de cidadãos de todo o país: os que tiveram o privilégio de viver aquele período ímpar da história de Portugal e não se vergam ao peso dos anos; os que nasceram ao som dos muitos hinos à liberdade reconquistada e resistem na sua defesa... e não se cansam; e os mais jovens, que abraçam a vida com a mesma força que animou os nossos jovens fardados naquela madrugada libertadora.
Jovens sim! Jovens os comandantes e jovens os comandados, que não se furtaram a tomar o futuro em suas próprias mãos.
São portanto para os mais jovens as minhas primeiras palavras.
Vivemos hoje num país melhor? Sem dúvida:
- Longe vai o tempo da ditadura feroz que esmagava o nosso povo;
- Longe vai o tempo em que ser jovem significava ser candidato à mobilização para a guerra colonial;
- Longe vai o tempo da cultura e do do ensino só para uns poucos, da saúde e habitação para poucos mais e do tudo sempre para os mesmos.
Mas a verdade que não devemos e não queremos ignorar, é que, apesar da enorme resistência manifestada com tenacidade pelo povo trabalhador, a ofensiva contra-revolucionária logrou afastar-nos dos sonhos e dos caminhos que brotaram do processo revolucionário e destruiu muitas das conquistas da nossa revolução.
E, falar do Processo Revolucionário é, no essencial, falar do período correspondente aos 4 Governos Provisórios presididos por Vasco Gonçalves, referência primeira da nossa Associação Conquistas da Revolução que aqui muito me orgulho de representar.
Em pouco mais de 500 dias, vividos sob a bandeira da liberdade, da fraternidade, da justiça social, quando na rua as pessoas se abraçavam como irmãos sem nunca se terem visto; quando nas assembleias populares se discutiam e resolviam os problemas do dia a dia, todos de igual para igual, homens e mulheres, velhos e novos, sem qualquer distinção; em pouco mais de 500 dias, dizia, fomos capazes de transformar radicalmente a sociedade portuguesa, sonhando e traçando o futuro a caminho duma nova sociedade, mais justa e mais fraterna, a sociedade socialista.
É para a riqueza deste período, um dos mais gloriosos da nossa história, que chamo a atenção dos nossos jovens.
Estudem-no e abracem a vida, sem medos.
Por muito que nos tenham já roubado das conquistas da nossa revolução, este ainda o Portugal de Abril, o Portugal que não se revê naqueles que nos negam o direito ao trabalho com direitos para todos, que nos mandam emigrar, que discutem até à exaustão uns míseros euros no salário mínimo enquanto a si próprios se atribuem reformas leoninas e obcenas, que nos roubam descarada e impunemente, que nos humilham na cena internacional fazendo-nos aparecer como um dos países europeus com maiores desigualdades.
Isto no país que fez Abril? Não! Basta!
Os últimos tempos têm provado que este é o caminho. Basta!
É preciso engrossar as nossas fileiras, reforçar a luta, dizer não àqueles que nos querem amedrontar para não nos metermos na política, porque esses só pretendem que lhes deixemos o caminho livre para melhor nos explorarem.
É preciso voltar a colocar os valores de Abril como o código de honra da nossa caminhada colectiva.
O futuro está nas vossas mãos!
Hoje, aqui, estamos para festejar Abril, o 44º aniversário da Revolução dos cravos. A revolução que pôs fim à ditadura fascista (instituição terrorista institucionalizada) de Salazar e Caetano, que durou 48anos.
Festejar e homenagear os militares do MFA pelo feito histórico vitorioso, sem derramamento de sangue, homenagear os resistentes anti-fascistas pela tenacidade da luta desigual e sem quartel que travaram ao longo de toda a noite fascista e festejar a pujança do movimento popular que, abraçando e legitimando o programa do MFA, deu início à mais bonita revolução que o Mundo já viu, a Revolução dos Cravos.
Festejemos pois! 44 anos volvidos, estamos aqui todos, aqui e em muitos outros sítios espalhados por todo o país, como o temos feito ano a ano, “unidos como os dedos das mãos”, sentindo húmidos os olhos ao ouvir as canções de Abril, vibrando com as palavras de ordem revolucionárias e com uma imensa saudade do Futuro com que sonhámos e continuamos a sonhar. E, com a certeza de que esse Futuro, nas palavras do nosso General Vasco Gonçalves, ...”é cada vez mais, necessidade imperiosa. Assim o povo o compreenda,”
E somos já muitos, muitos e seremos cada vez mais.
Todos pelas conquistas da revolução!
Abril vencerá
Viva o 25 de Abril
Viva Portugal