20 de Maio - Tributo e evocação a Carlos Paredes - Rio Maior


Realizou-se no passado dia 20 de Maio, no Cine Teatro - Casa da Cultura de rio Maior, um tributo evocação a Carlos Paredes e apresentação do núcleo da ACR de Rio Maior.
Promovido pela Escola de Música da Asseiceira e Câmara Municipal de rio Maior, cuja Presidente, Dra. Isaura Morais, esteve na sessão e procedeu a uma intervenção, bem como o Presidente da Direcção da ACR.
Estiveram presentes cerca de 150 pessoas, tendo actuado Luisa Amaro e Gonçalo Lopes, Clave de Lua, A Nossa Guitarra, Manuela soares, O Grupo de Canto e a Tuna da Universidade Sénior de Rio Maior.
O principal dinamizador e congregador deste núcleo é o professor Augusto Figueiredo que tem produzido uma obra notável e corajosa com o objectivo de defender as Conquistas de Abril e aproximar todos das mais variadas manifestações cívicas e culturais.
A festa decorreu num ambiente de grande alegria, entusiasmo, confraternização e de esperança no futuro.















Comte Manuel Begonha lendo a sua intervenção
Em nome da Direcção da Associação Conquistas da Revolução, quero agradecer à Comissão Promotora desta homenagem a Carlos Paredes o convite para estar hoje aqui presente, nomeadamente à Escola de Música da Asseiceira e à Câmara Municipal de Rio Maior na pessoa da sua Presidente.
A ACR foi constituída para defender as grandes transformações sociais, políticas e culturais que resultaram da Revolução do 25 de Abril de 1974 e que hoje designamos por conquistas da revolução, muitas delas ainda consagradas na Constituição da República Portuguesa. É também nosso objectivo não deixar esquecer aqueles que se distinguiram pelo pensamento e obra produzida na correspondente construção e consolidação, dos quais destacamos o General Vasco Gonçalves patrono da nossa Associação. No campo da Cultura e especialmente no da música é justíssima esta evocação e tributo a Carlos Paredes, músico e compositor de relevância internacional que abriu novos mundos à guitarra portuguesa.
Sócio de Mérito da nossa Associação, passei a conhecer melhor o Carlos Paredes na 5ª Divisão do EMGFA, no organismo coordenador das Campanhas de Dinamização Cultural, no qual desempenhava funções no departamento de música, intervindo em várias sessões públicas.
Criou inclusive um método de ensino da guitarra para crianças que lamentavelmente se perdeu. Encontrei-me também com ele algumas vezes nas ruas de Lisboa. Curvava-se ligeiramente e começava a falar iniciando a conversa com um “Oh Amigo Begonha” e dedilhava as frases e compunha o pensamento, com um discurso genuíno e envolvente, mas sabia também ouvir e defender convictamente os seus profundos ideais. Era modesto e tolerante mas não gostava que lhe chamassem “Mestre” pois dizia-se funcionário público e na verdade era arquivista de radiografias no Hospital de S. José. No entanto também era forte. Vivia para não atropelar os outros, pouco ambicionando para si. Contudo era a tocar a sua guitarra que se transformava. Fazia com ela um corpo só, como uma chama de onde emanavam os sons da alma portuguesa.
É por isto que acreditamos que as ideias tal como os homens apenas morrem quando nos esquecemos deles.
E é porque pretendemos um Portugal com um futuro justo, livre e democrático alicerçado nos valores de Abril, é com muito orgulho que nos encontramos na apresentação do Núcleo de Rio Maior da ACR, cuja iniciativa na concretização deste espectáculo não queremos deixar de enaltecer. Aliás já o tínhamos comprovado nas homenagens aqui prestadas a Ary dos Santos e a Adriano Correia de Oliveira.
Não é possível nesta efeméride esquecer o empenhamento e dedicação do Prof. Augusto Figueiredo no levantamento deste Núcleo que consideramos uma obra de muito mérito e grande relevância.
Finalmente, quero agradecer e felicitar à Comissão Promotora e aos artistas, em especial à Luísa Amaro que tanto tem cuidado do legado de Carlos Paredes, aos técnicos e pessoal do Cineteatro-Casa da Cultura, à Universidade Sénior de Rio Maior, à Rádio Hiper FM, à Região de Rio Maior e a todos os presentes que tornaram possível este magnífico espectáculo a que estamos a assistir.
Desejo que esta evocação seja inspiradora para que continuem a luta pela defesa dos ideais do 25 de Abril e da Constituição da República Portuguesa.
Muito obrigado.
Viva Carlos Paredes!