Intervenção proferida por Manuel Carvalho
Sr.
Presidente da Casa do Pessoal do Arsenal do Alfeite
Sr.as
e srs convidados
Caras
amigas e amigos,
O
nosso obrigado pelo convite que foi endereçado à Associação
Conquistas da Revolução para estarmos aqui presentes.
Convite
que muito nos honra.
Permitam-me
que tenha aqui umas breves palavras relativas, à ASSOCIAÇÃO
CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO:
Ela
é constituída por cidadãs e cidadãos civis e militares amantes da
liberdade e da democracia e que pretendem defender e repor toda a
verdade sobre as acções concretizadas dentro do programa das forças
armadas (MFA) e lembrar e homenagear os seus promotores quer civis ou
militares, das conquistas legítima e democraticamente obtidas no
período mais fecundo, patriótico e criativo do 25 de abril.
Conquistas
do povo trabalhador português entretanto destruídas ou em vias de
desaparecimento por quem tem ocupado o poder político a partir de
1976.
A
ACR tem pautado a sua actuação cultivando o espírito
revolucionário e a consciência social progressista, pela construção
de uma democracia política, económica, social e cultural amplamente
participada, que a Constituição da República Portuguesa, aprovada
em 2 de Abril de 1976, viria a consagrar.
Assim
tem levado a efeito:
palestras,
colóquios, e a produção de documentação e livros de modo que a
história recente não seja deturpada, reescrita ou simplesmente
esquecida, como é o caso da tentativa de prescrição da memória e
o legado do General Vasco Gonçalves.
A
muralha de aço construída pelos trabalhadores em volta do
companheiro Vasco sofreu uma fenda com a contrarrevolução a dividir
o MFA o que levou à demissão do General após a atribulada
Assembleia de Tancos. Mas o povo português e os seus trabalhadores
saberão, mais dia, menos dia, reparar essa muralha.
Lembro
aqui e homenageio o companheiro Vasco que foi o único 1º ministro
que diminui, consideravelmente o fosso entre ricos e pobres.
E
pegando neste tema “o fosso entre ricos e pobres” oferece-me
fazer os seguintes comentários:
-
Nunca se criou tanta riqueza como agora. Riqueza que só pode ser
criada pelos trabalhadores;
-
Nunca o grande capital concentrou nas suas mãos tanta riqueza, como
agora, espoliando os trabalhadores;
-
Nunca a mão de obra foi tão barata como agora;
-Nunca
a oferta de mão de obra foi tão grande como agora, devido ao
criminoso e inaceitável desemprego.
O
neoliberalismo e a sua tão defendida ditadura do mercado livre com
os seus gestores de topo gananciosos, manhosos e trafulhas, abre uma
verdadeira guerra entre oprimidos
contra os opressores,
GUERRA
ENTRE QUEM TRABALHA E CRIA RIQUEZA CONTRA O GRANDE CAPITAL
ESPECULATIVO CRIMINOSO E GANANCIOSO.
A
generalidade dos portugueses está a sofrer e a pagar os efeitos
desta guerra iniciada em 2008, mas alimentada por décadas de
política de direita, e provocada pelo capital estrangeiro
especulativo.
Parte
da dívida tem origem externa, outra parte resulta de fenómenos de
corrupção, de compra de favores, de uma política ao serviço dos
detentores do dinheiro.
Não
usufruímos nem beneficiámos com muitos desses créditos que agora
nos estão a fazer pagar por diversas vias:
PRIVATIZAÇÃO
DE BENS PÚBLICOS, BAIXOS SALÁRIOS, REDUÇÃO DE PENSÕES, REDUÇÃO
CRIMINOSA DE SERVIÇOS SOCIAIS, DESEMPREGO EM VALORES INACEITÁVEIS
MESMO NUMA ECONOMIA DE MERCADO.
Paralelamente
crescem a evasão fiscal e a fraude de quem tem influência política
e económica, cresce a economia virtual do sistema financeiro ilegal,
dos offshore, dos bancos virtuais, das empresas fantasma,
CRESCE
A SUA IMPUNIDADE.
O
sistema financeiro produz o crédito e a dívida como mecanismos de
apropriação de mais-valias geradas pelos trabalhadores.
Ao
povo grego que pretende outras alternativas de modo a diminuir os
inaceitáveis sacrifícios e miséria dizem-lhes com cinismo e forte
dose de chantagem:
se
precisam de ajuda têm que fazer mais reformas;
– LEIA-SE
MAIS ROUBO AOS TRABALHADORES.
A
nós que fomos um caso de “dito sucesso” através do roubo aos
trabalhadores, aumentado o fosso entre ricos e pobres.
Dizem-nos:
embora a austeridade tivesse ido longe de mais têm que continuar a
fazer reformas
–
leia-se:
mais do mesmo - ou seja, mais roubo aos trabalhadores.
A
luta está a agudizar-se. Este é, pois, um tempo de organização,
de resistência, de tomada de consciência e acumulação de forças
para o combate.
Importa
afirmar:
que
-
Não desistiremos de ser cidadãos de corpo inteiro,
-
Não desistiremos de ser portugueses,
-
Não desistiremos de Portugal.
Felizmente
muitos e muitos portugueses e portuguesas continuam a lutar, nos seus
locais de trabalho, nos seus sindicatos, nas suas organizações de
classe e no poder local democrático, por Abril e que saberão
responder com dignidade e patriotismo reafirmando os valores de Abril
de que são depositários. Mas é responsabilidade de cada um de nós,
que está com Abril, mobilizar outros.
TRAZ
MAIS UM AMIGO TAMBÉM - OU VENHAM MAIS CINCO – COMO CANTAVA O POETA
CANTOR - JOSÉ AFONSO.
Todas
as homenagens ao Zeca nunca são demais mas esta será a melhor
homenagem que lhe prestamos. Homenagem feita pela luta dos
trabalhadores.
Organizemo-nos,
então, com base na Constituição da República e nos valores de
Abril. ----- Após as grandiosas comemorações populares do 41º
aniversário do 25 de Abril num forte movimento de resistência e
luta e de um grande 1º de Maio nunca visto seguem-se outras lutas
que nos aguardam.
Nunca,
como hoje, foi tão importante e decisivo, como dizia o poeta “FAZER
FLORIR ABRIL DE NOVO”
A
finalizar quero Saudar aqui todos os trabalhadores do Arsenal do
Alfeite, consubstanciados nesta CASA, com toda a sua tradição de
luta antifascista e de resistência, por um Portugal digno e
democrático DE ABRIL.
VIVAM
OS TRABALHADORES DO ARSENAL DO ALFEITE!
VIVA
O INTEMPORAL ZECA AFONSO!
VIVA
O 25 DE ABRIL!
VIVA
PORTUGAL!