A IRRESPONSABILIDADE MATA
Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral
Ao nível global, vivemos numa época em que se sucedem os atropelos à responsabilidade social dos cidadãos, numa clara demonstração de défice de espírito cívico e de uma interpretação enviesada da cidadania.
Por provocação, exibição, ou auto complacência, muitos prejudicam os sacrifícios e esforços de outros, correndo também riscos desnecessários.
Vem isto a propósito, do ocorrido num recente acontecimento festivo em Odiáxere, Lagos, onde cerca de uma centena de irresponsáveis, ao iniciarem um novo foco de contágio de COVID-19, puseram em causa a abnegação do tempo de confinamento e penosos cuidados de muitos algarvios que assim preservaram a sua mais valiosa fonte de financiamento que é o turismo.
Talvez fosse pedagógico que pessoas com este comportamento, fossem levadas a assistir ao inenarrável sofrimento dos doentes mais afectados pela doença.
Apenas respiram ligados a uma máquina que lhes fornece oxigénio através de um tubo agressivamente invasivo.
Talvez que então através do medo, fosse possível suplantar o facilitismo.
Estes cidadãos parecem esquecer que o presente não é o seu único tempo e que estão em guerra contra um inimigo com armas desiguais.
Ele não se vê.
Também por vezes, não sabemos se estamos perante uma obra do acaso, ou da intervenção dolosa de alguém.
Infelizmente, há quem conviva bem com o "quanto pior melhor" ou por razões eleitoralistas extremas, ou para assim desgastar e exacerbar posições dos elementos do SNS.
Quando a pandemia parecia entrar em tempo de relativa Paz e com os mais velhos a continuarem a proteger - se, seria bom que os irresponsáveis tivessem presente o que escreveu Ana Margarida de Carvalho.
"Em tempo de paz enterram-se os pais em tempo de guerra enterram-se os filhos".