SAUDAÇÃO AO 1º DE MAIO




SAUDAÇÃO AO 1º DE MAIO


Neste lº de Maio, Dia do Trabalhador, saudamos os trabalhadores portugueses e a sua central sindical, a CGTP – IN - e manifestamos a nossa total solidariedade com a luta por eles desenvolvida.

Neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, saudamos as massas trabalhadoras que - dando continuidade às importantes jornadas que foram, nomeadamente, as recentes greves gerais e as grandiosas manifestações de massas realizadas nos últimos meses - vêm à rua comemorar o seu Dia, lutando pelos seus direitos, por Abril, pelo futuro - e que, certamente, aqui afirmarão, hoje, a sua determinação de prosseguir, intensificar e ampliar a luta necessária.

Neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, saudamos a luta dos  trabalhadores pelo direito ao emprego com direitos, contra as alterações à legislação laboral, contra a precariedade e o desemprego, contra os salários em atraso, contra os roubos cometidos por sucessivos governos representantes dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros – com a certeza de que, lutando pelos seus interesses e direitos, é por Abril e pelas suas conquistas que os trabalhadores lutam.

Neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, lembramos o Primeiro 1º de Maio, aquele em que, uma semana após o Dia da Liberdade, os trabalhadores, o povo e os militares de Abril, iniciaram a caminhada rumo às grandes conquistas revolucionárias que viriam a transformar profunda e positivamente Portugal – e saudamos essas conquistas que, alcançadas através da unidade POVO/MFA, foram componentes estruturantes da democracia de Abril consagrada na Constituição da República Portuguesa.

Neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, saudamos a luta das massas trabalhadoras e populares enquanto instrumento de acção essencial para derrotar a ofensiva dos partidos da política de direita contra Abril e para conquistar um futuro de desenvolvimento, progresso, liberdade e justiça social para Portugal – e recordamos palavras do general Vasco Gonçalves, dirigidas em 17 de Maio de 1975 aos trabalhadores da Sorefame: «Vós tendes na mão, vós e os outros trabalhadores, e aqueles que estão interessados em construir um Portugal democrático, um Portugal que aponte para o socialismo, vós tende na mão o futuro da nossa Pátria»

VIVA O 1º DE MAIO!
VIVA A LUTA DOS TRABALHADORES!

Intervenção de José Nunes Maia na Sessão Comemorativa das Nacionalizações


 Intervenção de José Nunes Maia 

           Professor Aposentado do ISCTE;
  Ex-Membro da Comissão de Fiscalização da Siderurgia Nacional, E. P., em representação dos   trabalhadores;
     Gestor eleito por larga maioria dos trabalhadores da Siderurgia Nacional, E.P. para integrar o respectivo Conselho de Gerência. Não tomou posse, alegadamente porque, desde o Governo de Maria de Lurdes Pintassilgo, a lei enquadradora não foi regulamentada;  Ex-Membro do Comité Consultivo da CECA, em representação da CGTP.


Reflexões sobre a Gestão das Empresas Nacionalizadas em 1975



Amigos, senhoras e senhores


Pode parecer um acaso que, em idade normal, eu tivesse cursado a licenciatura em engenharia no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, e, quase imediatamente, exercido a profissão de engenheiro durante 19 anos na antiga Siderurgia Nacional, onde me empreguei em 1972, quando a Empresa era controlada pelo Grupo Champalimaud, mas cabe-me confessar que, em meu cálculo pessoal, sempre admitira que essa minha opção pessoal, de me empregar na Siderurgia Nacional – com efeito, como jovem engenheiro acabado de sair do “Técnico”, eu fora convidado a integrar o então Grupo CUF –, talvez me viesse a compensar, em termos de enriquecimento pessoal, pela experiência profissional numa Empresa que, a meus olhos, prometia desempenhar um papel relevante no desenvolvimento industrial português, afastada que fosse a teia de interesses estabelecida em torno do Grupo Champalimaud, teia de interesses que, em muitos aspectos, impedia a Empresa de exercer aquele papel, obviamente por até então estar sobretudo ao serviço dos interesses, e dos caprichos, daquele Grupo.
Devo, pois, reconhecer que aquela aposta pessoal veio a ser razoavelmente ganha pela chegada do 25 de Abril, e, em particular, pela radicalização do processo revolucionário com a chegada das nacionalizações dos então chamados sectores básicos da economia, na sequência do 11 de Março de 1975.
A nacionalização da Siderurgia Nacional veio, está claro, a constituir-se como um elemento importante na consolidação do poder político democrático, e então revolucionário, ou não tivesse António Champalimaud jogado habilmente com a arma do vencimento mínimo logo em Maio de 1974, “decretando” então aumentos bem superiores aos reclamados pelos sindicatos, criando por essa demagógica via um sério problema ao Governo Provisório, como depois mo confirmou, aliás, o próprio General Vasco Gonçalves. E António Champalimaud não se inibiu de jogar aquela arma apesar de, à data do 25 de Abril, já se arrastar por perto de 30 meses o período de “negociação colectiva” que, num ápice, teve assim o seu epílogo após o célebre “1º de Maio” de 1974. Esvaziando, será oportuno sublinhá-lo, as manobras dilatórias conduzidas, no quadro da negociação colectiva, durante mais de 2 anos pela Administração da Siderurgia Nacional, por si controlada, mas para deitar mão, já se vê, a manobras noutro tabuleiro, sob o óbvio pretexto da mudança política que então se vivia em Portugal.
Invoco este pormenor por ser público, e por ser uma eloquente prova das manobras que, em particular quando está acesa a luta de classes, os detentores dum monopólio, ou dum oligopólio, podem desenvolver. Digamo-lo claramente: do ponto de vista da luta de classes, as formações monopolísticas são uma arma frequentemente poderosa a favor de quem as detém, pelo que, em termos de política económica, bem podemos proclamar que, se é certo que um monopólio só deve ser tolerado quando estamos perante a inevitabilidade da sua emergência por razões “naturais” como a economia de escala, a sua existência jamais é tolerável em mãos privadas. Por mais que nos venham com a conversa das entidades supostamente reguladoras da sua actividade, como, à saciedade, se vem verificando recentemente entre nós desde logo na questão dos preços nas áreas, hoje todas de importância capital, dos combustíveis, da electricidade ou das comunicações, após a reprivatização destes sectores.
A nacionalização da Siderurgia Nacional beneficia aqui de destaque pela mera circunstância da história pessoal deste orador, mas importa reconhecer que ela não é mais do que uma ilustração típica dos problemas com que se defrontou a implantação da democracia, que, após o golpe do 11 de Março de 1975, não pôde dispensar o recurso à nacionalização de várias indústrias então consideradas básicas.
Percebe-se assim a lógica de se ter vindo a incluir as nacionalizações das principais empresas industriais na bandeira das Conquistas de Abril.

Mas importa ter em conta que, em termos de gestão destas importantes empresas na esfera nacional, e no quadro do necessário desenvolvimento económico almejado com o 25 de Abril, outras questões de grande alcance se impuseram. Destaco, em particular, a questão da adequação do aparelho técnico dessas empresas às necessidades do adensamento do tecido económico português, desde logo na vertente industrial.
Tornou-se então evidente para muitas mais pessoas que, também nesse aspecto, severas eram as consequências da herança da indústria monopolizada em mãos privadas, monopolização que, para total garantia dos interesses instalados, até tinha contado com a oferta, por Salazar, do chamado regime de condicionamento industrial. Note-se que este regime era, à época, tão anacrónico, que mesmo adeptos da via capitalista se distanciavam dele, tal o convite implícito que dele decorria a um considerável marasmo no desenvolvimento técnico industrial que os monopolistas privados impuseram ao país. Não estou, esclareça-se, a sugerir que nada de interesse existia em Portugal na esfera industrial, ou que a indústria existente à data do 25 de Abril lembrava mais a indústria existente nos nossos vizinhos europeus no início do século XX, estou apenas a sublinhar que, no geral, grande era o atraso do nosso ambiente industrial em relação ao desses países. E este atraso era tão pesado que não é exagero afirmar-se, sem pretender afastar os erros da política industrial anti-Abril seguida nas últimas décadas, que nele se podem encontar as profundas raízes da considerável fragilidade da nossa actual indústria, fragilidade que nem a ocorrência de 2 PEDIP, com apoio dito comunitário europeu, resolveu capazmente, longe disso, pelo que é de reconsiderar, à luz da história, que a necessária ultrapassagem deste problema de atraso vai ter de passar pela nacionalização dos sectores que a actual estrutura da indústria contenha e que possam desempenhar papel básico na dinamização da indústria em Portugal. Uma coisa é certa, e até alguns liberais, ou, na prática, convertidos ao neoliberalismo, vão reconhecendo: Portugal carece de re-industrialização, sob pena de, também por essa lacuna, não se vislumbrar saída duradoura para a crise em que a política anti-Abril de há muito vem mergulhando o país.
Quem se manteve mais longe da análise destes problemas poderá estranhar estas minhas palavras, por idealizar que a questão das nacionalizações só interessaria à esfera política, não vendo nas nacionalizações um caminho afinal indispensável à solução de muitas e sérias questões técnicas das empresas nacionalizadas. Pois, é caso para reconhecer que muito eficaz foi a propaganda anti-Abril: admito que grande parte dos portugueses se tenha deixado convencer de que os grupos monopolistas não cometiam erros técnicos e que, quanto a prejuízos, essas empresas só neles incorriam enquanto empresas nacionalizadas.
Deixem-me por isso, uma vez mais, recorrer aqui ao exemplo da Siderurgia Nacional para ilustrar 2 problemas técnicos da maior gravidade com que a nacionalização teve de se defrontar: a localização da fábrica do Seixal, a escala do alto-forno instalado.
A verdade é que a localização da fábrica no Seixal só satisfazia um bom critério de localização, a saber, o de o Seixal integrar a Grande Lisboa, a região maior consumidora de aço no país, pelo que a distribuição dos produtos siderúrgicos ficava deste ponto de vista facilitada. Mas já quanto ao meio de transporte, as soluções ao dispor da Empresa estavam, na prática, confinadas à via do camião, visto que, então, a fábrica não tinha ligação à rede ferroviária nacional. Dir-se-á que lhe cabia explorar a via marítima, mas a verdade é que esta via só podia ser usada com sérias limitações: os mais velhos talvez se lembrem da trasfega de minério e de carvão que se fazia em pleno estuário do Tejo, de barcos graneleiros de 30 milhares de toneladas para pequenas barcaças com capacidade nunca superior a 2 mil toneladas, barcaças que transportavam finalmente aquelas matérias-primas até ao muito modesto cais da fábrica do Seixal, no estuário do Coina, num processo caro e poluidor. Ou seja, a fábrica do Seixal estava geograficamente próxima do mar, podendo, pensaria qualquer especialista siderúrgico, retirar partido dessa localização como aconteceu a muitas empresas siderúrgicas que, por tal motivo, eram colectivamente consideradas “costeiras”, o que, obviamente, lhes permitia, e permite, receber matérias-primas e expedir produtos acabados em barcos grandes e mais económicos. Mas o problema é que a fábrica do Seixal não era “costeira”, porque os barcos grandes não chegavam lá. Como também não chegavam ao Barreiro, lembremo-nos, limitando igualmente a exploração do complexo da Quimigal. Enfim, tivesse a decisão de localização da fábrica do Seixal sido bem estudada pelo Grupo Champalimaud e facilmente se teria encontrado o porto de Setúbal como a decisão óptima para a localização da fábrica siderúrgica integrada. Eis por que, chegada a nacionalização, não pôde a Siderurgia Nacional cumprir tão exemplarmente quanto conviria a uma economia ao serviço do povo fornecer aço não só de qualidade como a preço mais módico.
Quanto à escala do alto-forno, parâmetro de enorme importância no plano de custos de produção fabril, bastará colocar a questão: quantos altos-fornos com capacidade anual inferior a meio milhão de toneladas (como era o caso do alto-forno do Seixal) existiam na Europa na circunstância de serem aparelhos únicos das respectivas empresas? Só já depois da nacionalização foi esta questão encarada, através da aquisição de 1 alto-forno de 1 milhão de toneladas. Mas foi sol de pouca dura, o então primeiro-ministro Cavaco Silva, em mais uma das suas fulgurantes decisões sob a dócil submissão aos interesses estrangeiros, tratou de mandar vendê-lo, não permitindo a sua instalação em Portugal, ferindo, no enquadramento comunitário, finalmente de morte a continuidade da siderurgia integrada[1] em Portugal. E remetendo-nos, é a amarga verdade, para a situação de país que actualmente dispõe de uma siderurgia afinal bem típica dos primeiros passos de insdustrialização dos países subdesenvolvidos, que, no essencial, reduz a sua actividade à fusão de sucatas ferrosas com a produção de varão para betão.
Isto é, a Siderurgia Nacional nacionalizada herdou importantes problemas técnicos, e económicos,  que apenas após a nacionalização começaram a ser equacionados. Mas na voragem anti-Abril subsequente parte desses equacionamentos sequer vieram a ter expressão prática. A curteza de vistas foi, aliás, tamanha, que, decidida a reprivatização, muito espantado ficou o Governo, então de Cavaco Silva, com a ausência de candidatos à reprivatização. Nem Champalimaud, então já regressado às lides intrafronteiras, lhe pegou. Porque, obviamente, a cartilha neoliberal já estava então, e em força, em marcha na Siderurgia Nacional, com a inevitável degradação de muitos índices organizativos, técnicos e económicos. Cumpriu-se a seguir o caminho lógico da integração europeia, em clara antecipação do que, depois e nos nossos dias se vê: em Portugal reduza-se a siderurgia à mínima expressão, em favor das potências europeias, com destaque para a Alemanha, que precisava de assegurar mercado para as suas já muito produtivas siderurgias, que, aliás, continua a modernizar.

Amigos

Muitas e complexas questões se colocaram, portanto, à gestão das empresas nacionalizadas, mas, na minha perspectiva, essas dificuldades voltarão amanhã a ocorrer, quando encontrarmos colectivamente uma via capaz de contrariar as barreiras que se opõem ao nosso desenvolvimento económico, social, cultural. Um problema adicional é que essa dificuldades não vão repetir-se exactamente na espécie, na sequência, no ritmo.
Não quero empolar dificuldades, mas, em particular na minha qualidade de estudioso da gestão empresarial, gostava de deixar aqui a opinião de que, sem novo clima político, nada se conseguirá com efeito duradouro. Sequer recorrendo à ilusória segurança dada por uma boa Constituição, e por boas Leis-quadro, por exemplo relativas a novas nacionalizações. Digo ilusória porque, se atentarmos bem nas leis das nacionalizações e dos estatutos das empresas públicas que apareceram em 1975, concluiremos que, se não eram perfeitas, não foram os seus defeitos que impediram o almejado êxito perseguido pelas nacionalizações. Pelo contrário: posso testemunhar que, por exemplo no quadro da Siderurgia Nacional, era tão ampla e clara a leitura de obrigações mínimas dos gestores da Siderurgia Nacional, E. P., que, a partir de certa altura, se lhes ouviu: nós temos aqui obrigações estritas a cumprir, mas, afinal, só há um Partido, que por acaso não está no Governo, que defende as nacionalizações. Bem, acrescente-se, além do Partido, havia o empenho da maioria dos trabalhadores da Siderurgia Nacional e das suas organizações mais representativas, que bem podem orgulhar-se do que conseguiram realizar em termos de esclarecimento e mobilização.
Termino: as nacionalizações hão-de servir antes de mais como uma resposta e um instrumento políticos, mas o seu êxito vai depender também de uma delicada gestão nas diversas vertentes técnicas e económicas, doravante porventura até mais exigentes como, por exemplo, na dimensão ambiental, obviamente enquadradas por leis capazes, mas fraco alcance se conseguirá nessa caminhada se não houver empenho no trabalho dos respectivos trabalhadores e gestores. Sem esquecer que não há consolidações imutáveis ou irreversíveis em gestão, aqui como na política, pelo contrário: estamos no domínio do que apenas existe quando é construído e mantido, visando a criação de uma ordem que, por ser humanista, é complexa, é exigente, em busca não redutível a uma mera orientação como a de que o capitalismo se serve, a mera busca de lucro financeiro.
Não, o futuro que precisamos de construir é mais complexo do que o capitalismo pressupõe, mas é aquele que o nosso humanismo reclama.




Seixal, 28 de Abril de 2012



[1]              A que baseia a produção de aço a partir de minério de ferro e de carvão, em vez de a partir de sucatas ferrosas. 


Intervenção de Manuel Begonha na Sessão Comemorativa das Nacionalizações



Intervenção de Manuel Begonha, Presidente da Associação Conquistas da Revolução,  na Sessão Comemorativa das Nacionalizações



Como ouvimos nas importantes intervenções produzidas as nacionalizações foram uma imparável manifestação da vontade popular na defesa do interesse nacional numa época em que já ocorria todo o tipo e sabotagem económica.
As nacionalizações dos sectores básicos e estratégicos da economia enfraquecem os grupos monopolistas que dominavam o país, alterando radicalmente as suas estruturas económicas.
Como em todas as épocas singulares da história dos povos, surgiu um homem, o General Vasco Gonçalves, que com os seus governos provisórios foi capaz de transformar em lei estas fundamentais conquistas de Abril, que eram passos decisivos dados na criação das condições indispensáveis à construção do socialismo em Portugal.
Assim se pronunciou Vasco Gonçalves ao informar o decidido pelo Conselho da Revolução, no âmbito do Conselho Económico relativo à preparação dos programas de medidas económicas de emergência:
“Deverão ser completados os passos já dados no sentido da nacionalização dos sectores básicos da actividade económica (indústria, transportes e comunicações) e ainda garantir a independência nacional no arranque para um socialismo verdadeiramente português, evitando situações extremas de crise económica, que nos coloquem em reforçadas e delicadas dependências externas”.
Como sabemos os ideais de Abril têm vindo a ser combatidos por uma contra-revolução ultra liberal de carácter profundamente anti-social.
O governo decide e executa sem se preocupar com os reflexos que políticas não adequadas irão ter para o povo português e quais os custos associados.
Assistimos a permanentes actos de injustiça, como o apoio dado aqueles que no passado foram os responsáveis por esta situação – a banca e o capital internacional.
As empresas nacionalizadas, depois de tanta luta, são agora vendidas a preço de retalho.
As privatizações em curso não servem para reduzir o défice ou tornar as empresas rentáveis, mas representam a obediência cega à ideologia da direita.
Assim se compromete o futuro, deixando o nosso povo à beira de novos sacrifícios, pedidos àqueles que já se encontram no limite da sobrevivência e de uma forma de vida digna.
Hoje a tarefa revolucionária é desenvolver o espírito de luta.
Não podemos baixar os braços, mas sim criar o ânimo que nos empurrará para os grandes combates, neste caso a defesa do que resta das nacionalizações.
Para nós não poderá haver desistência, conformismo ou abandono de ideais.
Faremos de novo uma caminhada para um Portugal diferente, mais feliz, mais justo e mais solidário.

VIVA O 25 DE ABRIL
VIVA PORTUGAL




Seixal, 28 de Abril de 2012

Participação da ACR nas comemorações populares do 25 de Abril


SAUDAÇÃO AO 25 DE ABRIL





No momento em que comemoramos mais um aniversário do Dia da Liberdade, passo decisivo para a Revolução de Abril e para as suas conquistas históricas - que transformaram profunda e positivamente Portugal e constituíram a matriz da democracia mais avançada alguma vez existente no nosso País - a Associação Conquistas da Revolução saúda fraternalmente,
                                                           
os militares de Abril que, na madrugada do dia 25 de Abril de 1974, dando sequência à longa resistência dos trabalhadores e do povo ao regime fascista, derrubaram o governo de Marcelo Caetano e restituíram a liberdade aos portugueses, pondo fim a quase meio século de opressão e repressão.

o movimento operário e popular que, em aliança com o MFA, liquidou o regime fascista e os seus sustentáculos essenciais – os grande grupos monopolistas e os latifundiários – nacionalizando os sectores básicos da nossa economia e construindo a Reforma Agrária, com a entrega da terra a quem a trabalhava, pondo a riqueza e a produção nacionais ao serviço dos interesses dos trabalhadores, do povo e de Portugal.

os governos provisórios, que tiveram como preocupação maior, nas políticas que executaram, o bem-estar dos trabalhadores e do povo –   em especial, os governos que tiveram à sua frente aquele que foi o único primeiro-ministro, até hoje, a identificar-se totalmente com os interesses de Portugal e da imensa maioria dos portugueses: o General Vasco Gonçalves;

os trabalhadores que, nos últimos 35 anos, com grande coragem e determinação, têm feito frente à ofensiva dos partidos da política de direita e do grande capital contra Abril, a sua democracia e as suas conquistas – e que no momento actual se batem pelo direito ao emprego com direitos, contra os roubos nos salários e reformas, contra a liquidação do SNS e de outros serviços públicos, contra os aumentos brutais dos preços dos bens essenciais, contra a política de direita das troikas;

os jovens - a pensar nos quais nasceu o projecto de futuro que foi a Revolução de Abril -  dos quais depende em muito o futuro de Portugal e que  hoje constituem as primeiras vítimas da política anti-Abril das troikas;

os homens, mulheres e jovens que, de Norte a Sul do País, em iniciativas do mais diverso tipo, participam nas Comemorações Populares e assumem com essa participação o compromisso de prosseguir a luta pelos ideais e valores da Revolução de Abril.

25 de Abril Sempre – Fascismo Nunca Mais

Sessão Comemorativa das Nacionalizações

Sessão Comemorativa das Nacionalizações

Sábado, 28 de Abril, 15.30h
Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho (CCRAM)
Corroios, Seixal



Com a participação de:

Manuel Begonha - Presidente da Associação Conquistas da Revolução

Anselmo Dias - Ex-Dirigente do Sindicato dos Bancários

Armando Farias - da Comissão Executiva do Conselho Nacional da CGTP-IN

José Nunes Maia - membro da Comissão Fiscalizadora da Siderurgia Nacional- Empresa Pública (18 de Dezembro 1976), em representação dos Trabalhadores 

Comandante Manuel Begonha no uso da palavra no almoço comemorativo do 25 de Abril promovido pela Associação Conquistas da Revolução em 21 de Abril de 2012

Intervenção do Comandante Manuel Begonha, presidente da Direcção da Associação conquistas da Revolução, no almoço comemorativo do 25 de Abril





“Após 48 de fascismo, 14 anos de Guerras Coloniais, 32% de analfabetos, 10% da população emigrada e milhares de mortos e inválidos de guerra. Após termos índices sanitários dos mais baixos da Europa, problemas dramáticos na habitação e conomia desastrosa. Com o prestígio internacional nulo. Repressão. Tortura. Censura. Corrupção.
Foi neste clima de tragédia que na madrugada do 25 de Abril o MFA e o povo iniciaram a árdua caminhada para a construção da sociedade socialista em Portugal”.
Assim escreveu Ramiro Correia no 1º aniversário do 25 de Abril.
Levantou-se então uma força revolucionária imparável que percorreu toda a sociedade portuguesa, conduzida essencialmente pelos trabalhadores.
Como em todas as épocas singulares da história dos povos, surgiu um homem, o General Vasco gonçalves que nos governos provisórios a que presidiu e apesar das dificuldades e obstáculos próprios destes processos transformadores, decorrentes dos momentos contrarevolucionários nacionais e internacionais, foi capaz de responder às necessidades mais prementes da população, combatendo e identificando as injustiças sociais mais flagrantes provenientes do regime fascista e assim lançando os alicerces para a construção de uma sociedade rumo ao socialismo. Tal objectivo foi conseguido  mantendo a economia a funcionar, melhorando mesmo os indicadores económicos como aliás foi reconhecido por uma delegação do FMI que à época esteve em Portugal.
Viveu-se um momento da nossa história no qual quem mais ordenou foi o povo, estando o poder também com o povo.
No entanto, um país nestas condições era inaceitável e perigoso para o capital internacional que de imediato desencadeou uma enorme investida contra este Portugal, fortemente apoiada pelas forças reaccionárias internas. Foram adoptadas as orientações estratégicas do expoente máximo das actividades contra revolucionárias, o embaixador Frank Carlucci.
O socialismo foi então encaixotado, Cavaco silva e os seus discipulos tentaram enterrá-lo, para finalmente José Sócrates, o entregar, já descaracterizado, ao presente governo, que agradeceu, e diligentemente continuou a recuperar os grandes grupos económicos.
Aumentou o abismo entre os ricos e os pobres. Prolifera a corrupção, a ganância, o compadrio e a insensibilidade social.
Uma fúria destruidora e vingativa apoderou-se destes dirigentes para varrer as conquistas da revolução, conseguidas com tantas lutas e sacrificios pelo nosso povo, numa simbiose única entre forças revolucionárias consequentes e a legislação criada que legitimava as suas acções.
Os ideais de Abril têm vindo a ser combatidos por uma contrarevolução ultra liberal de carácter profundamente anti-social. Anti social poruqe pretende eliminar os mais velhos, expatriar os jovens e empobrecer todos os outros, tentando até alterar o movimento da história, retirando o poder ao povo para o entregar fragilizado, como instrumento de domínio do novo poder globalizado, aqueles que melhor sabem gerir a exploração enfim querem transformar-nos num povo de dispensáveis, multiplicando acções governativas que procura a penalização e a agressão do universo do universo do trabalho.
Não há respeito, nem confiança mútua entre o governo e o cidadão. O governo decide e xecuta sem se preocupar com os reflexos que políticas não adequadas, irão ter para o povo e quais os custos associados. Quanto mais lesivas são as medidas tomadas para a grande maioria da população, maior é a reserva e o secretismo que as acompanham.
Estes procedimentos unilaterias, atentam contra o bem estar, cultura e tradições dos portugueses, provocando angústia, vulnerabilidades e desespero, o que a prazo trará para todo o povo consequências imprevisíveis.
Assistimos a permanentes actos de injustiça, como o apoio do Governo aqueles que no passado foram os responsáveis por esta situação, a banca e o capital internacional.
Vende-se a retalho o património conquistado com o 25 de Abril.
O medo de perder o posto de trabalho vai inibindo cada vez mais os trabalhadores de se exporem às mais diversas formas de luta dentro e fora das empresas, acredirabdo até por vezes, que nada se pode fazer, quando pelo contrário tudo se conquista lutando para consolidar os seus legítimos ideais.
A comunicação social procura muitas vezes estimular a noção da inevitabilidade das medidas em curso, alimentando assim o pessimismo e o conformismo.
A mensagem é que não há alternativa para a austeridade e que as lutas populares são inúteis agravando até a crise.
Por outro lado a Coligação no poder continua a veicular um cenário optimista ocultando pateticamente a dimensão da nossa dívida pública que, a não ser reestruturada, mantendo-se as actuais condições do prazo de pagamento e dos juros, as actuais medidas são insuficientes para o crescimento da economia o que nos irá levar seguramente a pedir novos empréstimos e consequentemente novos sacrifícios àqueles que já se encontram no limite da sobrevivência e de uma forma de vida digna.
Temos a responsabilidade inalienável de ir ao encontro daqueles que aspiram a ser felizes e livres deste sofrimento.
Devemos entender como é que passados 38 anos sobre a Revolução do 25 de Abril, nos encontramos de novo oprimidos pela mesma classe que aquela revolução parecia ter afastado. No acto comemorativo do 5 de Outubro ouvimos do Presidente da República que é preciso “reinventar a República”…!
Nestes tempos de contra revolução é necessário agir.
Hoje a tarefa revolucionária é desenvolver o espírito da luta. Não podemos baixar os braços, mas sim criar a confiança que nos empurrará para os grandes combates.
Sozinhos, temos de reaprender o que em conjunto devemos pôr em prática.
De nada servirão os nossos pensamentos íntimos, se não forem utilizados pela força de um colectivo. Não haverá local onde os possamos esconder.
Nada se pode fazer contra o espírito de liberdade que resiste a todo o tipo de injustiças.
Contudo não devemos procurar rever-nos excessivamente nas conquistas do passado. Há que dinamizar uma reflexão sobre o nosso futuro estudando as transformações que vêm ocorrendo na sociedade e em toda a humanidade. Temos de despertar a consciência para definir e construir o futuro. Os tempos mudam e nós mudamos com eles? Nada de essencial muda verdadeiramente.
Relembremos José Saramago, quando da inauguração da exposição “Portugal um ano de Revolução” – “Vejamos os soldados, os operários, os camponeses, as gentes das cidades e dos campos, ouçamos nas gargantas abertas os gritos da Revolução. Vejamos o trabalho e a construção de tudo. Vejamos o ondular das bandeiras, os braços erguidos no ar, a força dos punhos, o cântico das imagens sobre a memória dos sons gigantescos das grandes caminhadas. É este o povo Português enfim recolhendo e frutificando a herança de oito séculos. Agora são as nossas verdadeiras Descobertas: este ser enfim o que tanto esperávamos – Portugal”.
Então qual a mudança? A vontade de um mundo diferente permanece, os conceitos que norteiam o desejo humano que vai da solidariedade à justiça prevalecem.
Olhemos Vasco Gonçalves empunhando agora cravos brancos que reflectem a pureza dos seus ideais que não morreram mas se desvaneceram numa neblina que não ofuscaram as planícies e montanhas vestidas de vermelho, neblina essa que será dissipada pelo vento forte da determinação do povo português.
Aquilo que se está a perder será recuperado noutros moldes, porque justos e em novos tempos.
Vamos continuar a resistir, avançando, quando por vezes o desistir parece fácil.
Para nós nunca haverá a desistência, o conformismo e o abandono dos ideais progressistas, mas sim uma caminhada para um País Novo e um mundo melhor.

VIVA O 25 DE ABRIL!

VIVA PORTUGAL!

21 Abril 2012

Almoço Comemorativo da Revolução do 25 de Abril







Almoço Comemorativo da Revolução do 25 de Abril


Almoço Comemorativo da

Revolução do 25 de Abril



Dia 21 de Abril de 2012

13.00h, na Casa do Alentejo

Ementa: pão, queijo, chouriço, saladas frias, vinho, águas, Bacalhau à Espiritual, Carne de Porco à Alentejana, arroz doce, pudim, mousse de chocolate, salada de fruta, café.

17 euros

Inscrições pelo email: conquistasdarevolucao@gmail.com

Lançamento do livro A VIAGEM DA CORVETA de Manuel Begonha



O livro A VIAGEM DA CORVETA - uma década de episódios navais
Edições Colibri será lançado no dia 12 de Abril às 18.00h
no Clube Militar Naval.




O Adriano faria hoje 70 anos

Adriano Correia de Oliveira



(Avintes, 9 de Abril de 1942 — Avintes, 16 de Outubro de 1982)



"Memória de Adriano"


Nas tuas mãos tomaste uma guitarra.

Copo de vinho de alegria sã

Sangria de suor e de cigarra

que à noite canta a festa da manhã.

Foste sempre o cantor que não se agarra

O que à Terra chamou amante e irmã

Mas também português que investe e marra

Voz de alaúde e rosto de maçã.

O teu coração de oiro veio do Douro

num barco de vindimas de cantigas

tão generoso como a liberdade.

Resta de ti a ilha de um Tesouro

A jóia com as pedras mais antigas.

Não é saudade, não! É amizade.


José Carlos Ary dos Santos