ACORDAI !!!

 

ACORDAI !!!

 Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral

 

No ano que agora finda, não há para a Europa, grandes motivos de satisfação.
Em vários países, verificou-se o crescimento de partidos e movimentos protofascistas que em alguns deles se encontram no governo.
Estes povos parecem estar a sofrer um ataque de masoquismo colectivo, ao se deixarem levar por um caminho cujos trilhos, cavaram enormes tragédias.
Esta opção poderá resultar de um conjunto de factores económicos e sociais, tais como :
- A insatisfação pela forma como os partidos de governo tradicionais interpretam a democracia, o que poderá significar que nem toda a esquerda, estará igualmente empenhada na mobilização da classe trabalhadora e dos restantes movimentos sociais, para a luta pela defesa dos seus direitos, pela melhoria das suas condições de vida e pela preservação da soberanía nacional.
- Dar crédito a falsas promessas  de mirificas transformações sociais, por meios que ficam por esclarecer.
- A tolerância demonstrada pela UE, para a ascensão do ideário fascista o que parece não constituir obra do acaso.
Se não questionarmos o que sucedeu no passado e não nos determinarmos a desbravar uma via de progresso e de esperança para o futuro, estamos condenados a repetir os mesmos erros.
Torna-se pois, imperioso resgatar do esquecimento a memória dos factos, para travar o fascismo que é a negação da liberdade, a banalização do ódio e da violência, a exploração desregrada do trabalho sem direitos e o desprezo pela vida e pela dignidade humana.
Recordamos como o grande poeta José Gomes Ferreira, inicia o seu poema :

"Acordai
  acordai
  homens que dormis
  a embalar a dor
  dos silêncios vis
  vinde no clamor
  das almas viris
  arrancar a flor
  que dorme na raiz"

Que no novo ano que aí desponta, se retome o combate, como mais ânimo e convicção pois, meus amigos, quem escolher a submissão, procura uma morte antecipada.



 Inauguração da Exposição - No Centenário de Vasco Gonçalves | Mercado Municipal de Silves | 3 de Dezembro de 2022, 10h00

Inauguração da Exposição
No Centenário de Vasco Gonçalves
Mercado Municipal de Silves
3 de Dezembro de 2022, 10h00


Na manhã de 3 de Dezembro passado, no Mercado Municipal de Silves, pelas 10 horas da manhã os populares começaram a concentrarem-se sob os efeitos da chamativa intervenção musical e vocal de Joaquim Ganhão, figura popular de todo o Algarve e arredores: assim arrancou a inauguração da Exposição “No Centenário de Vasco Gonçalves”, no local a perdurar duas semanas.
Telma Caroço, Chefe de Gabinete, deu o mote, a que se seguiu Luísa Conduto, Vice-Presidente do Município, sublinhando a grande satisfação de ali poderem evocar a figura do Primeiro-Ministro do Povo e dos Trabalhadores, o Companheiro Vasco, num espaço muito frequentado pela população de um Concelho que tem história na luta antifascista e na defesa do um Portugal democrático, soberano e independente, dos Valores de Abril, das Conquistas da Revolução.
Houve emoção, sentiam-se os efeitos do orgulho por aquele acolhimento.

 

Seguiram-se as intervenções do Presidente da Junta de Freguesia de Silves, Tito Coelho, e dos membros da Direcção da ACR, Carlos Vitoriano e Valdemar Santos.
Enquanto este, a encerrar a iniciativa, fez a apresentação dos 7 painéis ali afixados ao longo das paredes do Mercado, remodelado em Fevereiro, Carlos Vitoriano afirmou que “foi durante os quatro dos governos provisórios liderados pelo General Vasco Gonçalves que este país mais avançou. Assistimos a grandes transformações democráticas da sociedade portuguesa e ao reconhecimento dos direitos fundamentais dos cidadãos, que, em grande parte, foram transpostos para a Constituição da República, que urge defender perante mais ameaças de nova revisão”.
Igualmente presente o Vereador Tiago Raposo, entre os cerca de trinta fregueses que ali, naquele período, se fixaram.


Esta iniciativa para além da rede do Município, foi anunciada no litoralalgarve.pt, algarveprimeiro.pt, jornaldoalgarve.pt, terraruiva.pt, regiaosul.pt., maisalgarve.pt, sulinformacao.pt, algarve7.pt.
 

No Facebook do Município é assinalada de imediato a presença da Vice-Presidente Luísa Conduto, da Chefe de Gabinete do Município Telma Caroço, do Presidente da Junta de Freguesia de Silves Tito Coelho, de Carlos Vitoriano e Valdemar Santos, membros da Direção da ACR - todos intervenientes -, e do Vereador Tiago Raposo.

Ver fotografias do evento clicando AQUI

Vasco Gonçalves de regresso ao Museu do Trabalho Michel Giacometti

 

Vasco Gonçalves de regresso
ao Museu do Trabalho Michel Giacometti

O filme que o próprio realizador – Paulo Guerra – não hesitou em qualificar como «poderoso», pela força que encerra no espaço de 26 minutos,
conjugando uma entrevista inédita a Vasco Gonçalves e a actuação da Brigada Vítor Jara num grande espectáculo comemorativo do Centenário que a
Associação Conquistas da Revolução desde Abril de 2021 chamou a si e projectou, foi base para um rico debate entre as duas dezenas de participantes
na sessão que teve lugar no Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal, no passada sexta-feira, 25 de Novembro.
Na apresentação da iniciativa, a Dra. Lucinda Fernandes, Técnica-Superior do Museu, congratulou-se com a retoma do ciclo que a Câmara Municipal sadina e
a ACR de há anos assumiram mas que a pandemia temporalmente interrompeu, lembrando as evocações de Vasco Gonçalves, Rosa Coutinho e
Ramiro Correia, Militares de Abril. Por isso, enfatizou a permanência já ao longo do Abril deste ano da Exposição do Centenário.
O Coronel Baptista Alves, Presidente da Associação, enquadrou inicialmente o debate, e foi acompanhado por outros dois membros dos Corpo Sociais, os
Comandante Henrique Mendonça e Capitão-de-Mar-e-Guerra Manuel Marques Pinto. Os aspectos marcantes da personalidade do Primeiro-Ministro do Povo e
dos Trabalhadores e do seu papel na defesa dos Valores de Abril, a sua permanente busca da unidade democrática entre os militares do MFA e o
reconhecimento determinante do papel dos trabalhadores e das massas populares organizadas na construção e defesa das Conquistas da Revolução, a
luta dos povos colonizados pela sua independência e soberania convergente com a do povo português contra a ditadura de Salazar e Caetano, a análise da
actual situação política e económica nacional e mundial, a denúncia da prossecução imperialista sob a égide dos EEUU e da NATO e da qual os
sucessivos governos não se descartam, desrespeitando a Constituição da República Portuguesa, o avanço do fascismo e do nazismo à escala dos vários
continentes perpassaram o conjunto de intervenções.
A data histórica do 25 de Novembro como data do início da contra-revolução que tão bem fez concertarem-se, entre outros, Mário Soares e Carlucci, não
deixou de ter resposta: esgotaram-se no Museu os dez exemplares à venda da obra muito recentemente editada pela ACR, «O Novembro que Abril não
merecia», do Professor Catedrático Jubilado António Avelãs Nunes.
Uma certeza: «Em 2023 voltaremos!»

RECORDANDO JOÃO VARELA GOMES

 

 


 

RECORDANDO JOÃO VARELA GOMES

 Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral

 

Nasceu em Lisboa a 25 de Maio de 1925.
Homem de extraordinária coragem, inteligência e espírito revolucionário, dedicou grande parte da sua vida, a combater a ditadura fascista, com enormes sacrifícios pessoais e familiares.
Era um dos militares mais cultos politicamente e de maior experiência do MFA.
Esteve envolvido na candidatura de Humberto Delgado à presidência da República em 1958.
Em 1961 apresentou uma candidatura à Assembleia Nacional.
Na passagem do ano de 1961 para 1962, foi gravemente ferido a tiro, no assalto que comandou ao Quartel de Beja, tendo então sido preso pela PIDE.
Colaborou na conspiração da Sé em 1969.
Após o 25 de Abril, ainda foi preso por um dos membros da Junta de Salvação Nacional.
Chefiou, sem nomeação oficial a 5ª Divisão do EMGFA, onde no respectivo Centro de Sociologia Militar, teve uma actividade relevante.
Liderou uma delegação militar a Cuba, sendo José Fernandes Fafe o embaixador português.
Foi então recebido por Fidel Castro.
Lembro uma conferência a que com ele assisti na Fundação C. Gulbenkian, na qual incomodado com várias afrontas à verdade acerca da Revolução de Abril, pediu a palavra e teve uma intervenção demolidora para os provocadores, ouvida num silêncio reverencial.
Era assim Varela Gomes. O seu passado e a sua frontalidade, impuseram respeito, não deixando margem para qualquer resposta consistente.
Na sequência do golpe do 25 de Novembro, face às ameaças que sofreu, viu-se obrigado a optar pelo exílio, fixando-se em Angola, de onde seguiu para Moçambique, regressando finalmente a Portugal em 1978.
Foi um grande amigo de Ramiro Correia e teve o desgosto de acompanhar os acontecimentos ligados à sua morte, ainda em Moçambique.
Acerca da 5ª Divisão, a que tanto se dedicou, escreveu em Fevereiro de 1984, um texto cujo final reproduzo.
".... Na realidade, a 5ª Divisão nunca emitiu um mandato de captura, nunca procedeu a qualquer busca, ou prisão, nunca exerceu actividades de natureza policial ou judicial. Apenas porque não era essa a sua função, não por se desconsiderar esse aspecto da defesa de um regime revolucionário.
As nossas missões situavam-se no campo das ideias, da Revolução cultural, consistiam em arrancar este nosso povo do obscurantismo, mostrando - lhe os caminhos do socialismo, os caminhos da redenção, da esperança, do progresso.
Também pegámos em armas e corremos para as posições mais expostas, sempre que a Revolução foi atacada. Mas esse é o dever elementar do revolucionário que tem alguma coragem e preza a sua honra. "
Manteve-se sempre um combatente até ao fim, tendo sido autor de numerosos livros e textos, fortemente críticos, relativos a acontecimentos ligados à contra - revolução.
Faleceu em Lisboa a 26 de Fevereiro de 2018.
Para um melhor conhecimento da personalidade e do percurso de Varela Gomes, junto o elogio fúnebre que proferi no Crematório do Alto de S. João:

João Varela Gomes, chegou à Revolução, já com muitos anos de luta, conhecedor das subtilezas da conspiração, da vida clandestina, dos sacrifícios pessoais, da solidariedade, do compromisso, do conhecimento dos homens, da lealdade e coerência, das traições, do arbítrio, da prisão e tortura, da proximidade da morte, da demonstração da coragem física e moral. Desses tantos pseudo revolucionários ignorantes, mas enfatuados e com muita prosápia que por aí proliferam, não tinha portanto nada a aprender. Teria mau feitio. Pois tinha, mas para quem era pusilânime, vira casacas, acomodado ou delator.
Afrontava qualquer tribuna, de olhar límpido, com uma lucidez tranquila, com uma auto confiança desarmante.
Sabia o que valia e por vezes parecia soberbo, mas respeitava a verticalidade e um espirito elevado, mesmo quando provenientes de um adversário político, era frontal, um avaliador arguto e um decisor implacável.
Nunca o vi apoucar ninguém que o enfrentasse com seriedade.
Tinha uma tal estatura ética e intelectual que o levavam a criticar sardonicamente, tantos, tão pequenos, que o pretendiam desacreditar.
Mesquinhos foram, os seus numerosos detratores, habituados ao reino da calunia, que por inveja e medo, lhe atribuíam, intenções e comportamentos que nunca teve.
A sua admirável cultura, da qual se destacavam a política e a histórica, era temida e certamente demolidora, porque era potenciada por uma inteligência fulgurante, e pela convicção profunda da justeza e necessidade da revolução, pela qual tantos anos combateu.
Sim era um inconformista, mas foi sem dúvida um exemplo e um modelo, para nós jovens que com ele convivemos, dentro e fora da 5ª divisão.
Vimos muitas vezes o seu empenhamento revolucionário ser tomado por destempero e insensatez.
Como se, mais uma vez, consumidos pelo medo, se enganaram  os que assim pensavam.
A coragem a coerência têm os seus caprichos e a urbanidade nem sempre é redonda.
É assim muitas vezes com os heróis.
Por não terem passados vergonhosos, por terem querido não dobrar a cerviz, são perseguidos, vilipendiados e abrem-lhes a porta do esquecimento.
Mas, os lutadores como o Varela Gomes, não passam pela estreiteza dessa porta.
A sua dimensão, a sua obra, fá-lo-ão sobreviver e a ser contemporâneos do futuro, e a sua memória perdurará para além desta morte que não é um fim.
Eis um homem, a quem a Pátria deve ficar reconhecida.
Obrigado João

 

Objectivos prioritários para 2023

 

Em 2023, teremos dois objectivos prioritários:

-Avançar na concretização da construção do Monumento de homenagem ao General Vasco Gonçalves;

-Comemorar o 49º Aniversário do 25 de Abril e preparar as grandes comemorações do 50º Aniversário.

Assim, propomo-nos levar a cabo um conjunto de iniciativas, especialmente direccionadas para a juventude, sobre as principais conquistas da revolução iniciada em 25 de Abril de 1974:

-Democracia de Abril-CRP de 1976;

-Descolonização-Apoio aos retornados das ex-colónias;

-Educação e Cultura para todos;

-Saúde para todos;

-Direito ao trabalho com direitos;

-Igualdade de direitos.

Entraremos em 2024 com uma grande Festa da Liberdade,  dando início às comemorações do 50ºAniversário do 25 de Abril de 1974.

Queremos que estas comemorações, 50 anos de liberdade, se estendam por todo no ano de 2024 e vamos procurar, em articulação com os Núcleos ACR, estabelecer um calendário para todas as iniciativas dando prioridade às sugestões e participação dos nossos associados, ficando aqui já um apelo a todos para, quanto antes, nos fazerem chegar as suas propostas.

Intervenção de Baptista Alves na AG do CPPC em 20221117


Intervenção na Assembleia Geral do CPPC
07
de Novembro de 2022

Baptista Alves
Presidente da Assembleia Geral do CPPC
Presidente da Direcção da ACR

 

A situação internacional de hoje é a pior situação já vivida no pós II Guerra Mundial.

Ao imenso rol de ingerências e intervenções militares directas em países não submissos aos interesses das potências dominantes, ao longo destes últimos 77anos, junta-se agora a grande ameaça de confrontação directa entre as maiores potências militares do planeta. Pior cenário não pode a imaginação humana conceber.

Com o fim da Guerra Fria e o desmantelamento do Pacto de Varsóvia, os EUA e seus aliados, ao invés de iniciarem o desmantelamento da NATO como seria plausível, lançaram-se numa desenfreada ocupação militar no Leste Europeu, reforçando e alargando a aliança com o evidente propósito de sitiar a Federação Russa.

E fizeram-no usando toda a panóplia de estratagemas e artimanhas adquirida no seu passado, recheado de ingerências externas noutros países e à revelia dos acordos a que estavam vinculados.

Aliás é oportuno dizer que, no passado recente, pós 11 de Setembro de 2001, a intervenção militar dos EUA em países soberanos, passou a ser decidida com base em legislação especial própria, à margem do direito internacional e mesmo dispensando a aprovação do próprio Congresso.

Tudo justificado no âmbito da “cruzada contra o terrorismo internacional”, com a anuência e mesmo parceria de outros países da NATO e com o silenciamento descarado por parte dos grandes meios de comunicação social, amestrados e rendidos aos interesses dominantes.

A história há-de fazer-se com verdade, escalpelizando acontecimento a acontecimento e tirando ilações outras que não as que nos querem a todos meter pelos olhos dentro.

Nada acontece por acaso, tudo se insere nas estratégias de domínio que têm norteado as lideranças no chamado Mundo ocidental, acorrentadas aos interesses dos grandes grupos económico-financeiros, apátridas e viciados na rapina das riquezas naturais do planeta, suportados num poderio militar nunca antes visto, espalhado por todo o Globo … e já não só (a militarização do espaço já não é só ficção).

E chegamos ao ponto em que estamos hoje, mais uma guerra na Europa. Desta feita, uma guerra pensada e trabalhada há catorze anos a esta parte, com inconfessáveis objectivos estratégicos e políticos:

1.  Enfraquecer a Federação Russa como primeiro passo para apontar a Pequim e esmagar o “milagre económico chinês”;

2.  Reforçar a dependência económica e militar da União Europeia em relação aos EUA, acabando de vez com qualquer pretensão a uma voz autónoma no concerto das grandes nações;

3.  Recuperar a supremacia militar mundial, abalada pela concorrência das potências emergentes dispostas a libertarem-se do abraço de ferro a que têm estado submetidas;

4.  Manter e reforçar o domínio do comércio internacional, do sistema financeiro baseado no dólar e de todas as “ferramentas” tecnológicas que utiliza para continuar a sugar as riquezas dos outros povos e evitar assim o previsível colapso da sua própria economia.

Destes quatro objectivos, numa análise simplista, diria que o segundo está já plenamente atingido: A União Europeia dobrou-se aos ditames do outro lado do Atlântico, deixando-se engajar nesta tenebrosa aventura belicista de consequências inimagináveis. Quanto aos outros três, só o futuro o dirá… se sobrar futuro!

A imensa capacidade de destruição dos armamentos actuais, a existência de arsenais nucleares, de armas químicas e biológicas, capazes de por em causa a sobrevivência da humanidade, associada ao facto de o conflito se centrar entre as duas maiores potências militares do planeta, não deixa qualquer outra saída para esta situação, que não seja: Parar isto, já!

Só mesmo mentes doentes podem acreditar numa qualquer solução militar para esta trapalhada e a escalada da guerra em curso, sub-reptícia, com o envolvimento indisfarçável de forças armadas de países inseridos na NATO, faz prever o pior, … e o pior nós sabemos bem o que é, por pura aritmética:

-     Basta lembrarmo-nos de que, no século XX, na II Guerra Mundial, o saldo foi de aproximadamente 50 Milhões de mortos para já não falar na destruição de cidades e países inteiros;

-     A capacidade de destruição do armamento existente hoje nos arsenais das grandes potências militares é incomensuravelmente superior ao existente na altura…

100 vezes? 200 vezes? Provadamente muito mais.

Mas então o que fazer?

-     Lutar! Lutar como sempre temos feito no CPPC, solidariamente com todos os movimentos defensores da paz no nosso país, em uníssono com os movimentos integrados no Conselho Mundial da Paz, em particular com os movimentos europeus que coordenamos, pelo fim imediato das hostilidades;

-     Apelar pela negociação duma Paz duradoura, construída no respeito dos direitos de todos os povos do Mundo, no âmbito de uma Conferência Internacional alargada e pugnar pelo “desarmamento geral, simultâneo e controlado” e “a dissolução dos blocos político-militares”, nos termos do Artigo 7º da CRP de 1976.

(Deixem-me aqui abrir um parêntesis para dizer, que a Constituição de Abril está agora sob a ameaça de mais uma revisão constitucional, o que provavelmente não será também por acaso).

Impõe-se-nos ainda:

-     Denunciar a tremenda injustiça deste Mundo tão desigual em que vivemos hoje, que permite a concentração da riqueza mundial nas mãos de poderosos grupos económico-financeiros transnacionais que ditam e decidem das nossas vidas - á margem dos poderes políticos instituídos ou com a sua vassala conivência - e agora se arvoram no direito de jogar na “roleta russa” a sobrevivência de toda a humanidade.

-     E, em defesa da vida na Terra - desta maravilhosa realidade que, até prova em contrário, é única em todo o Universo - apelarmos à mobilização geral, de todas as pessoas de bem, para a luta pela Paz e pela Vida.

Paz sim! Guerra não!

 

 

 

 

 

 

 

 

O ALVORECER DE UM NOVO MUNDO

O ALVORECER DE UM NOVO MUNDO

 

Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral da ACR

 

Nos passados dias 15 e 16 de Novembro do corrente ano, decorreu em Bali, na Indonésia a 17 reunião da cúpula do G20.

Putin não esteve presente, tendo sido substituído por Sergei Lavrov, nem pela 1 vez Bolsonaro, ainda combalido pelas eleições no Brasil.

 O G20 é uma organização que integra as maiores economias mundiais.

Ficou clara nesta reunião, o despertar de uma divisão entre o Norte e o Sul Global, que culminou na ausência de consenso, na condenação expressa da Rússia na invasão da Ucrânia, na respectiva declaração final.

Esta fractura foi notória entre os países constituintes do G7, os EUA, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Dos restantes, a China emerge como um dos novos países em ascensão, dispostos a contrariar a hegemonia dos EUA.

Foi intensa a actividade da diplomacia chinesa nesta ocasião.

A 14 de Novembro, o seu dirigente Xi Jinping esteve reunido com Joe Biden, onde foram discutidos temas como a situação climática, a guerra na Ucrânia e especialmente vincadas as linhas vermelhas que foram traçadas, no que respeita a qualquer ingerência externa em Taiwan.

Foi ainda acordado manter abertas as linhas de comunicação.

Xi Jinping manteve ainda conversações com Trudeau, Macron, Alberto Fernandez, Presidente da Argentina, António Guterres e especialmente com o líder alemão Scholz que se fez acompanhar por uma importante comitiva de 12 empresários. Foi aprovado com a gigante BASF, um enorme investimento numa fábrica de plásticos em Guangdong.

Rishi Sunak, primeiro ministro do Reino Unido, viu a sua reunião cancelada devido a declarações desastrosas acerca de Taiwan, contrariando as declarações de Joe Biden.

Novos factores estão na origem de uma mudança da ordem mundial que estão a dar uma nova centralidade ao Sudeste Asiático.

 


 

➮ 1. BLOCOS COMERCIAIS REGIONAIS E INTERNACIONAIS

- ASEAN Associação de Nações do Sudoeste Asiático (Organização que inclui dez países):

Tailândia, Filipinas, Malásia, Singapura, Indonésia, Brunei, Vietname, Myanmar, Laos e Camboja,

sendo a principal parceira da: 

- OCX Organização de Cooperação de Xangai

Integra a China, Rússia, Índia, Paquistão e Irão e mais três países da Ásia Central.

Tem como parceiros de diálogo a Turquia, Arábia Saudita, Egipto e Qatar.

Representa mais de 70% do território euro-asiático, quase metade da população e cerca de 30% do PIB mundial.

- UEE União Económica Euro-Asiática

A ser construída pelo russo Sergei Glasiev e que compreenderia a Rússia, Bielorrússia, Casaquistão, Quirguistão e Tajiquistão.

Para além de Cuba, Moldávia e Uzbequistão como observadores, pretende ainda englobar vários Estados que fizeram parte da URSS.

Juntamente com a China, seriam países, onde seria testada uma nova moeda e constituiria um impressionante conjunto de países produtores de petróleo.

- NOVA ROTA DA SEDA

Em afirmação, como uma estratégia de desenvolvimento do governo chinês, integrando as vertentes económica e tecnológica mas não a militar.

Desenvolve infraestruturas e investimentos em países da Europa, Ásia e África, incluindo rotas marítimas e terrestres, numa perspectiva de cooperação e de ligação da China ao resto do mundo.

Acima descreveram-se as Organizações Regionais nas quais a China tem um papel determinante.

- APEC Organização Económica Asia - Pacífico

Inclui 21 países, localizados no círculo do Pacífico tão variados como a China, EUA, Rússia, Austrália, Canadá, Indonésia, Japão, Nova-Zelândia, Tailândia, México e Chile.

Na América Latina existem:

- CELAC Comunidade de Estados Latino-Americanos

Bloco intergovernamental composto por 33 países que promove também acordos com a China.

- MERCOSUL Mercado Comum do Sul

É basicamente uma tentativa de união aduaneira com Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela ( suspensa), tendo como associados a Bolívia, Chile, Colômbia, Peru, Guiana e Suriname.

Daqui se depreende, a enorme importância que a eleição de Lula teve para o reforço da unidade da América Latina e o ressurgimento da CELAC.

2. EXPANSÃO DOS BRICS NOS PRÓXIMOS 4 ANOS

·      A parceria estratégica BRICS PLUS, encontra-se com uma dinâmica multiplicadora que pretende ter na correspondente 4 fase mais 30 países até 2027.

·      Assim, já efectuaram o pedido oficial de adesão a Argentina, Irão, Argélia, Indonésia e Tailândia.

·      Mostraram-se já oficialmente interessados a Turquia, Arábia Saudita, Afeganistão, Egipto, Nicarágua, Nigéria, Casaquistão e Emiratos Árabes Unidos

·      A confirmar-se este projecto os BRICS PLUS, ficarão a controlar a maioria da produção de gás no planeta.

3. NOVAS APROXIMAÇÕES ENTRE ALGUNS PAÍSES E ORGANIZAÇÕES

·      Têm ocorrido aproximações entre países, algumas muito surpreendentes

·      Verificaram-se novos acordos entre a Arábia Saudita, a Índia e o Irão com a Rússia.

·      A Argentina e o Chile já manifestaram interesse na Nova Rota da Seda.

·      A China está a aproximar-se da CELAC.

·      É preciso ter especial atenção à aproximação à China de países chave do Sudeste Asiático, como a Turquia, Irão, Paquistão e notavelmente a Indonésia, grande produtor de petróleo e minérios.

4. CRIAÇÃO DE UM NOVO SISTEMA FINANCEIRO

A desconfiança causada pelos EUA ao confiscar os dólares da Venezuela, Afeganistão e Rússia, bem como a condução da Rússia e China para a concretização de um mundo multipolar, implicará a criação de um novo sistema financeiro a ser utilizado por muitos dos países que estão incluídos nas organizações atrás apresentadas.

Tal começará, com experiências regionais com a nova moeda e irá recorrer ao recurso ao ouro e a matérias primas (commodities).

5. ESTRATÉGIA DOS EUA

-     Os EUA continuam a investir em movimentos pro- ocidentais na Rússia, para conseguir obter a queda de Putin e suas políticas.

-     A emenda de Jim Inhofe e Jack Reed na lei de Alocação de Recursos para a Defesa Nacional FY2O23 (NDAA), a ser aprovada implicaria um enorme aumento no orçamento de Defesa, muito para além do previsível apoio à Ucrânia, especialmente na qualidade e sofisticação do armamento, destinado a preparar uma guerra convencional em terra contra a Rússia.

-     Por outro lado, o Congresso discute a proposta de colocar Taiwan como parceiro especial da NATO e trata-lo como uma Nação, o que vai contra as linhas vermelhas definidas por Xi Jinping nas recentes conversações com Biden.

-     Aumentar as sanções contra a China especificamente no que se refere a chips de alta tecnologia.

- Finalmente reforçar o QUAD-DIÁLOGO DE SEGURANÇA QUADRILATERAL - constituído pelos EUA, Índia, Japão e Austrália, organização militar destinada à contenção da China na região do Indo- Pacífico.

-     Desta união militar, decorre a AUKUS, mais sofisticada e confiável, apenas com os EUA, Austrália e Reino Unido.

Ver:

·      Pepe Escobar: G20 em baixa BRICS em alta - Brasil 247 em 17 Nov 22

·      Meden Benjamin é Nicholas J. S. Davies – Countercurrents

·      Notas e apontamentos dispersos de Michael Hudson, Douglas McGregor, Larry Johnson, Scott Rider e Thomas Palley

NOTA FINAL

A notável ascensão da China a caminho para um mundo novo, que acabamos de observar, pelos caprichos próprios da memória, fez-me recordar vivamente, a arrebatadora interpretação da grande actriz Fernanda Alves, do Grupo de Teatro da Cornucópia, na peça "A grande imprecação diante dos Muros da Cidade" de Tankred Dorst e encenada por Mário Barradas.

Ocorreu numa Campanha de Dinamização Cultural no distrito de Castelo Branco em Janeiro de 1975.

É uma fábula passada na antiga China sobre uma camponesa que vai até às muralhas da cidade implorar ao Imperador pelo marido, um soldado que está ao seu serviço.

Pode ser a metáfora, de uma sociedade que está num beco sem saída, tem as portas fechadas e os muros têm de ser transpostos.

 

 
Em 6 de Novembro de 2022 no Teatro Sá de  Miranda em Viana do Castelo
realizou-se um espectáculo "Recordar Adriano"
fotografias podem ser vistas clicando AQUI

 

UM PAÍS COM DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

 

UM PAÍS COM DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral

 

Vários militares que se distinguiram de variadas formas na concretização da Revolução de 25 de Abril de 1974, quando da sua morte e respectivo funeral, foram ignorados pelos poderes políticos.
No entanto, foram combatentes pela libertação do país, revolucionários que lutaram contra o estado fascista, ou tiveram um papel determinante nesse dia luminoso, ou continuaram a sua actividade transformadora para além dessa data.
E nada lhes foi concedido. O que conseguiram teve que ser imaginado e conquistado.
Como foram muitos, a quem não conseguiram deturpar o pensamento, fazendo-os tolerar o autoritarismo, e para não cometer nenhuma injustiça irreparável por omissão, limitar-me-ei a destacar adiante aqueles que conheci bem e de quem fui amigo.
E contudo, a estes nenhuns erros foram perdoados.
Por outro lado, outros que estiveram com a ditadura salazarista em funções governativas, e ainda que após o 25 de Abril, tivessem feito obras meritórias, quando do seu funeral tiveram honras de Estado.
Rapidamente o seu passado foi esquecido e nada pesou na avaliação do respectivo percurso de vida.
Valeram por aquilo que quiseram apreciar neles.
Parece então que lutar pela liberdade, penaliza e desvirtua os que nesta tarefa se envolveram, também porque não quiseram ficar presos ao acaso. Escolheram um caminho para o futuro.
Para estes, não houve no seu funeral a presença do Presidente da República ou do primeiro-ministro, nem votos de pesar no parlamento, passagens pelo Mosteiro dos Jerónimos, ou decretados dias de luto.
São figuras de todos conhecidas.
É preciso então nomeá-los, como quem nomeia o tempo, para que apesar de tudo não se afastem da nossa memória.
Vasco Gonçalves e Rosa Coutinho, Dinis de Almeida e Costa Martins, Varela Gomes e Ramiro Correia, Costa Santos e Eurico Corvacho.
Lembro aos mais jovens que procurem conhecer melhor quem foram estes militares que cumprindo ao longo da sua vida os seus ideais sem tergiversações, garantiram que vivam hoje num Portugal mais moderno, livre e democrático, com uma Constituição da República avançada , embora ainda com uma gritante desigualdade social.
Aos mais velhos, apelo a que não se esqueçam da obrigação de reparar as injustiças, a que estes homens foram sujeitos.
Mas, o seu passado não está morto. Nada está quieto. Não há ninguém que consiga calcar aquela terra.
Dizia Marguerite Yourcenar "que a vida para cada homem é uma derrota assumida".
Para estes não foi.
No fim, para tais patriotas haverá sempre uma luz do outro lado do silenciamento.

 

Recordando Ramiro Correia

 

RECORDANDO RAMIRO CORREIA

Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral

 
 
Ramiro Pedroso Correia, nasceu em 15 de Outubro de 1937, no bairro de Alfama, em Lisboa.
Faria nesta data 85 anos.
Era um desportista de eleição, tendo-se distinguido especialmente no badminton, em que foi campeão nacional.
Começou cedo a despertar para os problemas políticos e sociais, tendo na sequência da crise académica de 61/62, ficado ligado à criação da secção editorial da Comissão Pro-Associação de estudantes de medicina em Coimbra , em cuja universidade concluiu o Curso Geral de Medicina.
Posteriormente , optou pela especialidade de cardiologia e investigador na área de vecto-cardiografia no Hospital de Santa Maria em Lisboa.
A sua carreira naval, embarcado, terminou em 1970 numa comissão em Moçambique na fragata "Álvares Cabral", onde desenvolveu uma intensa actividade cultural e desportiva com a respectiva guarnição, nomeadamente no jornal de bordo "O Chocalho". Foi numa altura em que estando na corveta "João Coutinho", aprofundei o meu contacto com ele que se intensificou, a partir de 1972 no Grupo n 1 de Escolas da Armada em Vila França de Xira.
Em 16 de Março de 1974, Ramiro Correia liderou comigo um grupo de oficiais que prendeu o respectivo Comandante, a fim de evitar que ele enviasse forças para impedir o avanço da coluna militar, proveniente das Caldas da Rainha em direcção a Lisboa.
Ramiro era também poeta e em Janeiro de 1973, edita o seu primeiro e único livro de poesia, intitulado "Na Clivagem do Tempo".
No entanto, escreveu muitos outros poemas dispersos por várias publicações.
Lembro do seu livro o seguinte :
"Um dia dei por mim a chorar
e meu avô que é marinheiro
e morreu agarrando o Sol com as duas mãos
atravessou o riacho
e com o seu sorriso de búzio e maio
atirou-me um cacho de uvas
foi assim "
Em 25 de Outubro de 1974 é apresentada publicamente numa conferência de imprensa no Palácio Foz, a Comissão Dinamizadora Central (CODICE), para a qual me convidou, integrada na 5ª Divisão do EMGFA que em conjunto com a Direcção Geral de Cultura Popular e Espectáculos, irá levar a cabo o Programa de Dinamização Cultural, coordenado por Ramiro Correia.
Em 17 de Março de 1975 passa a fazer parte do Conselho da Revolução, escolhido pelos seus camaradas da Armada.
Em 24 de Junho de 1975, primeiro tenente médico naval, graduado em Capitão-de-Mar-e-Guerra, assume o cargo de chefe da 5ª Divisão do EMGFA.
A partir desta data, substitui-o como coordenador da CODICE.
Na sequência do golpe de 25 de Novembro, desiludido, Ramiro oferece-se como médico cooperante em Moçambique.
A 1 de Maio de 1976, partirá com a família, onde com a sua mulher Isabel Lacximy, igualmente médica foi colocado no Hospital Central do Maputo.
Por indicação do Presidente Samora Machel, passa a ocupar funções no Conselho Coordenador deste Hospital.
Apesar de fervilhar em projectos, numa tarde trágica no Bilene, cessam estas ideias e planos , quando juntamente com a mulher e o filho mais novo morrem, ao virar-se a embarcação na qual velejavam, devido a uma onda mais forte.
Lacximy morre por congestão e Ramiro com o filho às costas, ao tentar trazer para terra o corpo dela, não resiste e afoga-se. O filho mais velho mandado nadar para terra salvou-se.
E assim desaparece jovem um homem de quem tanto se poderia esperar da sua inteligência, criatividade, amor à liberdade e indomável espírito revolucionário.
 
O seu funeral, ocorrido a 13 de Outubro de 1977,
constituiu uma impressionante manifestação de pesar. Por decisão popular e de alguns camaradas mais íntimos, dezenas de milhares de pessoas empunhando cravos vermelhos, fizeram a pé o percurso desde a Capela de S. Roque no Ministério da Marinha ao cemitério do Alto de S. João.
Terminei o elogio fúnebre que então lhe fiz afirmando :
"... Tolerante, era ao mesmo tempo, implacável para quem responsavelmente, tentasse perpetuar o estado de aviltamento do povo português. Era aliás, um homem simples e cativante, de uma estatura intelectual e humana invulgares.
Ramiro Correia, morreu, mas o seu espírito, e a sua obra, continuarão a iluminar as noites do nosso desencanto. "
 
Nutria uma grande admiração pelo General Vasco Gonçalves. 
Acerca dele escreveu :
" Vasco Gonçalves, defesa lúcida dos trabalhadores, o democrata que não pactua com manobras palacianas, que não aceita pressões externas humilhantes, que sabia bem como a divisão dos militares progressistas enfraquecia a Revolução."
 
O pensamento e obra de Ramiro que tinha uma excepcional formação cultural e política, ficaram bem marcados em todos os campos em que interveio.
No militar, a sua acção nas campanhas de dinamização cultural e ação cívica. 
Na escrita, deixou numerosos textos sobre as mais diversas matérias.
Lembro as suas reflexões, acerca da arte, tema que muito o interessava, num discurso no Centro Nacional de Cultura em 1975.
"Sempre foi claramente afirmado pelos militares, que desde os primeiros momentos contactaram escritores, artistas plásticos, cineastas, críticos, actores, músicos, cineclubistas, todos, que não nos encontramos perante um golpe militar, mas de algo muito mais profundo e belo, de uma Revolução em marcha a caminho do socialismo.
A Arte não deve estar ao serviço da Revolução.
A Arte é, em si própria Revolução. "
E numa intervenção na RTP em 6 de Junho de 1974 :
"... o fascismo é irreconciliável com a Arte. A Arte é apelo permanente à inteligência e sensibilidade de um povo. O fascismo fomenta a degradação, conduz à morte. Portanto, há logo aqui uma oposição absoluta entre o fascismo e a Arte."
Encontrei-me com o Ramiro em muitos locais ao longo dos seus últimos anos de vida. No entanto, parece-me tê-lo sempre conhecido. Não precisávamos de trocar muitas palavras para nos entendermos quer nos momentos de euforia, quer nas horas de tensão, como nos tempos de desencanto, nos sentimos velhos, muito velhos (quase crianças).
Olhava a vida com um profundo sentido poético, mas na prática conseguia os rasgos geniais para as soluções mais concretas.
Dou comigo a pensar que após este encontro com o trajecto de Ramiro quase nada ficou dito. Não é fácil em poucas linhas apreender o universo dos que se debruçaram sobre um país, à beira da vontade de seguir, e atiraram para dentro dele uma proposta, uma réstia de sol, lutando até ao fim, dizendo sim à vida.

MFA E LUTA DE CLASSES - - Ramiro Correia, Pedro Soldado, João Marujo
RAMIRO CORREIA SOLDADO DE ABRIL - - Eduardo Miragaia, Joaquim Vieira, Manuel Vieira
5ªDIVISÃO MFA REVOLUÇÃO E CULTURA - - Manuel Begonha