EM MEMÓRIA DE VASCO GONÇALVES

 

EM MEMÓRIA DE VASCO GONÇALVES
Intervenção de Manuel Begonha em 2022/01/20 na Casa do Alentejo
– Reunião com a Comissão de Honra -

 

Estamos aqui hoje reunidos para dar início a um difícil combate que torne possível a edificação de um monumento evocativo do General Vasco Gonçalves, o ponto culminante das comemorações do centenário do seu nascimento.

Foi um homem íntegro, de grande cultura humanitária e que lutava por um Portugal melhor, erradicando o elevado grau de pobreza e de ignorância que a todos diminuía. E fê-lo por uma razão muito simples. Punha o seu Povo, a Pátria, acima de quaisquer ambições políticas.

São dele as seguintes palavras:

“A Pátria não é uma entidade abstracta, não é uma entidade mítica, mas é uma entidade concreta, constituída por todo um Povo de carne e osso, que vive dia a dia os seus problemas, que sofre e tem alegrias”

É necessário que para o futuro fiquem as nossas referências positivas, aquelas que foram justas, porque não se pode perder a vontade de ter coragem, porque há quem por deturpação do pensamento tolere o autoritarismo e o fascismo.

Não devemos esquecer, nem que seja por cansaço ou para não prolongar o sofrimento que o que foi mais cedo ou mais tarde volta com maior virulência.

Põe Shakespeare numa fala de Macbeth:

“Chamuscámos a serpente, não a matámos.
Curar-se-á e será a mesma, já a nossa medíocre aleivosia permanece exposta ao perigo da sua antiga presa.”

Por isso nada está feito enquanto não o estiver completamente.

No monumento que pretendemos erguer, o respectivo autor, arquitecto Siza Vieira, não deixa dúvidas sobre os méritos da grande obra que lhe cabe; a necessidade de preservar para sempre e inculcar na nossa juventude a memória dos valores deste homem, aquele que esteve ao nosso lado para subir as montanhas mais difíceis.

Constituirá uma fonte de inspiração, uma mostra de nobreza de carácter, uma vontade de nos afirmarmos detentores de um País livre, sem ter medo e sem a necessidade de os mais pobres terem de pedir uma fatia ao futuro.

Que fique lá bem recordado que os Revolucionários não têm o direito de desistir, nem de admitir desesperar.

Que fique lá que queremos que a luz de Vasco Gonçalves, continui a iluminar o nosso pensamento.

E assim ficará nas nossas mãos esta missão para levar a cabo, certamente com grande esforço, mas que a todos dignificará.


A Esquerda e as ELEIÇÕES

 

A ESQUERDA E AS ELEIÇÕES 
 
 
Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral 
 
 
Relativamente às próximas eleições tem-se verificado que a direita e a extrema-direita fascizante, serão tentadas a unir-se, com o objectivo de tomar o poder.
Tal significaria, um forte ataque à Constituição da República Portuguesa,(CRP) ou seja, a reversão das principais conquistas da revolução nela integradas e a instituição de uma política de mais deveres e menos direitos.
É por isto que a esquerda deve encontrar uma estratégia centrada na defesa do essencial que é a CRP e no honrar um passado de luta anti - fascista que não pode renegar, cedendo a cantos de sereia europeístas, ou por sentir ameaçados os seus interesses.
Os partidos políticos não são todos iguais.
Não basta proclamar-se de esquerda senão transportarem um forte ideal motivador e transformador.
A esquerda tem de ser motora de uma sociedade nova, onde cesse a exploração do homem, subsista a dignidade humana e se lute pela paz entre os povos.
Um partido de esquerda não pode coexistir com situações intoleráveis que estão a corroer a nossa sociedade, devendo ser implacável no combate à corrupção, à desigualdade social e à ineficácia da justiça.
Um partido de esquerda jamais poderá alienar a soberanía nacional, vendendo a grupos estrangeiros sectores básicos da nossa economia, nem vergar-se acriticamente aos ditames da UE.
E é por isto que os seus partidos devem ter extremo rigor, na selecção dos seus representantes para cargos públicos.
Os partidos de esquerda devem preservar a respectiva independência não recorrendo ao voto útil na primeira volta em quaisquer eleições.
Nem deverá haver contemplações, com o oportunismo político e o taticismo calculista na Assembleia da República ou nas Autarquias.
Pelo contrário, os partidos de esquerda devem lutar denodadamente por defender e divulgar os seus programas e conquistar novos eleitores.
Se não garantirmos o presente, o futuro nunca abandonará o nosso penoso passado. O presente, não é o nosso único tempo.

Centenário nascimento Américo Leal

 

 

 

 

 


Fotografia Américo Leal

 

Comemora-se hoje, dia 20 de Janeiro, o centenário do nascimento de Américo Leal, lutador antifascista e sócio fundador da ACR.

Nascido em Sines a 20 de Janeiro de 1922, Américo Leal começou a trabalhar na indústria corticeira com apenas 12 anos de idade tendo, nos anos 40, integrado o Comité Nacional da Cortiça, juntamente com corticeiros do Barreiro, Évora, Silves e Sines.

Em 1943 foi preso pela PIDE, permanecendo durante 45 dias na prisão do Aljube, em Lisboa. E em 1944 aderiu ao PCP.

Fez parte do Movimento de Unidade Democrática (MUD) e após o 25 de Abril teve um papel destacado na luta pela concretização e defesa da Reforma Agrária.

Foi deputado, pelo distrito de Setúbal, à Assembleia Constituinte e nas duas primeiras legislaturas da Assembleia da República.

 

Américo Leal é ainda autor dos livros “O rosto da Reforma Agrária”,

O Vale do Sado no Mundo de dois opostos” e “Quem somos! - Testemunhos “.

 

Ao assinalar os 100 anos do seu nascimento a ACR presta, assim, homenagem a um homem cuja vida foi um exemplo na luta contra o fascismo, pela liberdade e pela democracia.