No falecimento de Francisco Lobo

 

No falecimento de Francisco Lobo

 

 

   No passado sábado, após um prolongado estado de saúde muito debilitado, faleceu no Barreiro outro nosso querido companheiro, Francisco Lobo. Francisco Leonel Rodrigues Lobo perfez, no passado dia 17, 90 anos naquela terra onde nasceu, e onde logo aos 14 anos começou a trabalhar numa empresa metalúrgica. Em meados dessa década foi admitido na CUF, e posteriormente fixou residência em Setúbal, ingressando na empresa de indústria automóvel, a IMA.

   Nas Notas Biográficas do seu livro “Histórias de Setúbal – 1974 a 1985” editado em 2008 pela Delegação de Setúbal da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), da qual foi membro da Direcção e Director do seu Boletim, recorda-se a sua prisão pela PIDE em Janeiro de 1962 na sequência da sua ligação ao assalto do Forte de Beja, tendo por isso estado nas prisões 33 meses.

   «Nas eleições de 1969 e 1973 participou activamente em acções de sensibilização dos cidadãos para os actos eleitorais promovendo o recenseamento, participando em reuniões, distribuído propaganda eleitoral, fiscalizando as urnas, tendo mesmo presidido, em 1973, a um comício distrital realizado no antigo Casino Setubalense».

   Aderiu ao Partido Comunista Português em 1974, integrou a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Setúbal em Maio, e entre 1979 e 1985 foi Presidente da mesma.

   Em 2003 a Câmara da sua terra natal atribui-lhe o galardão “Barreiro Reconhecido”, e no ano seguinte a de Setúbal a Medalha de Honra “Paz e Liberdade”.

    A páginas 193 da nossa 1ª edição de 2014 “Vasco, nome de Abril”, ele descreve uma das deslocações a Setúbal do General Vasco Gonçalves, e da sua estranheza do mesmo perante o Monumento ao 25 de Abril e às Nacionalização que durante cerca de 3 mil horas de trabalho noturno voluntário os operários da Setenave construíram nos estaleiros navais para, a 1 de Outubro de 1985, em plena Praça de Portugal e comemorativa do 15º aniversário da CGTP-IN, o oferecerem à cidade: «A escultura é construída por um cubo que significa estabilidade e as lâminas apontadas ao céu a força, a chama, a vida. Depois de lhe ter dado estas informações, Vasco agarrou-me nas mãos e disse: “Agora compreendo perfeitamente… que coisa maravilhosa!”».

   Membro da Comissão de Honra do Centenário de Vasco Gonçalves, podemos escrever: Francisco Lobo, Nome de Abril!

O APOIO SOCIAL ÁS FORÇAS ARMADAS - UMA OBRA PRIMA DE MALÍCIA

 

O APOIO SOCIAL ÁS FORÇAS ARMADAS - UMA OBRA PRIMA DE MALÍCIA
 
 
 Manuel Begonha
Presidente da Mesa da Assembleia Geral
 
Primeiro, fecharam os Hospitais da Marinha e do Exército.
Depois, transfere-se a assistência aos militares e respectivas famílias para o Hospital da Força Aérea.
Seguidamente, negam-se condições de trabalho e remuneratórias dignas ao pessoal aí prestando serviço que desgastado, sai para os hospitais privados.
No orçamento de Estado para 2022, acenam-se com 700 milhões de euros para o SNS que não passa de uma falácia porque esta quantia apenas pagará amortizações e dívidas, pouco restando para contratar mais médicos e restante pessoal de saúde, bem como para comprar e manter novos equipamentos.
No passo seguinte, empurram-se os militares para os Hospitais Privados.
Finalmente, numa obra prima de malícia, o dinheiro que os militares descontam obrigatoriamente para a ADM, 3.5% do correspondente vencimento, é desviado para outros fins que não o pagamento das dívidas aos hospitais privados.
Estes, ou os respectivos médicos, retaliam cortando progressivamente o crédito aos militares.
E assim despudoradamente, acaba-se com o apoio à saúde destes que passarão a pagar as despesas hospitalares do seu bolso.
Deste modo e em especial aos combatentes da guerra colonial ainda sobreviventes, parece que se pretende que o seu crepúsculo perca luz e passem a temer a noite.
Tristemente, vão envelhecendo, tentando afastar o tempo agreste da pobreza.

A Ignorância dos perigos que desconhecemos e que corremos

 A Ignorância dos perigos que desconhecemos e que corremos

 

Marques Pinto
Vogal da Direcção


Penso que muitos de nós vivendo neste pequeno cantinho da Europa, vamos ignorando muitos dos riscos que a nossa espécie corre, de um modo muito mais perigoso do que a grande maioria pensa.
Claro que de um modo geral e porque se têm acumulado nos últimos anos um enorme arsenal atómico na Europa Ocidental - fruto sobretudo das tensões criadas pelos que habitam na outra margem do Oceano Atlantico - que segundo os especialistas em conflitos atómicos bastaria a deflagração de 3 a 5% desse armamento para que grande parte do território mais populoso da Europa Central ficasse um deserto de seres vivos.
Contudo o que me levou a colocar esta chamada de atenção foi um facto muito pouco divulgado ou mesmo quase escondido pelos grandes meios de comunicação e que aconteceu há poucos dias no Mar da China.
O submarino nuclear USS “Connecticut” SSN ( da classe Seawolf ) bateu em imersão num objecto ou relevo desconhecido e terá vindo á superfície perto das Ilhas Paracel - 150 milhas duma base de submarinos Chinesa na provincia de Hainan.
Claro que alem do risco de poluição atómica, com todas as possíveis consequências para a fauna marinha e o próprio ambiente foram denunciadas não só pela China como pelas Filipinas.
Nada se sabe ou pelo menos nada tem transparecido nos meios de comunicação e o que levanta mais suspeitas sobre a gravidade do incidente é que a própria Marinha Americana proibiu a divulgação e toda a guarnição durante uma semana ficou totalmente incomunicável.
Apesar da ocorrência em aguas territoriais de outro país a Marinha Americana não autorizou qualquer investigação ou inspecção.
Evidentemente que só através dos Governos das Filipinas e da China se conseguiu detectar e publicitar tal incidente pois até agora a “ignorância” dos grandes meios de comunicação se tem mantido fiel ao encobrimento de tal incidente.
Penso que este incidente independentemente da causa e dos efeitos mais ou menos graves que tenha provocado ou venha ainda a provocar, demonstra e deve-nos fazer pensar seriamente no que poderia acontecer com uma ocorrência semelhante aquando duma das eventuais “visitas amigas” de tal tipo de navios nucleares aos nossos portos ou mesmo em secretas patrulhas submarinas tão frequentes junto ás nossas costas dado que são rotas de inúmera navegação civil e sobretudo militar de tantos países.

(*) O artigo completo, em inglês, encontra-se neste link

https://www.informationclearinghouse.info/56840.htm