185 Aniversário da morte de Simón Bolivar



A convite da Embaixada da República Bolivariana da Venezuela, a ACR participou na cerimónia realizada na Av da Liberdade, em Lisboa, no passado dia 17, assinalando o 185 Aniversário da morte do Libertador Simón Bolivar.

2º Congresso Maria Lamas






Realizou-se no passado fim de semana em Almada, o Congresso Maria Lamas - Vida e Obra de Maria Lamas. Actualizar o pensamento, abalar a indiferença, promovido pela Câmara Municipal de Almada e o Movimento Democrático de Mulheres. A ACR esteve presente tendo apresentado a seguinte saudação:

Saudação ao 2º Congresso Maria Lamas - Vida e Obra de Maria Lamas. Actualizar o pensamento, abalar a indiferença.
A Associação Conquistas da Revolução agradece o convite que nos dirigiram para participarmos no vosso Congresso.
Desejamos os maiores êxitos nesta vossa iniciativa que pensamos será um valioso contributo para a continuação da vossa/nossa luta pelos direitos das mulheres num país mais livre, mais justo e mais fraterno tendo como referência as conquistas da Revolução consagradas na Constituição da República, alcançadas nos governos do único 1º ministro de Portugal identificado com os interesses e direitos do povo português, Vasco Gonçalves, cuja memória é a razão de ser da nossa Associação.

Maria Lamas, a par de algumas outras figuras marcantes da luta antifascista e da Revolução de Abril é sócia de mérito da nossa Associação, consagrada por proposta da Direcção aprovada por unanimidade e aclamação na Assembleia Geral de 3 de Abril de 2014 e divulgada aos nossos associados na Folha Informativa nº5 de que junto um exemplar.

Folha Informativa N.º 12













Portimão acolheu mais uma apresentação dos livros “Conquistas da Revolução” e “Vasco, Nome de Abril”



  “Um impossível adeus”, poema de César Príncipe que integra o conjunto de depoimentos da edição da Associação Conquistas da Revolução, “Vasco, nome de Abril”, foi objecto de leitura por parte de um associado, Daniel Costa Sequeira, na sessão levada a cabo no Café-Concerto do TEMPO, Teatro Experimental de Portimão, no passado sábado, 5 de Dezembro.
   Com o objectivo de dar a conhecer ainda o livro “Conquistas da Revolução”, a iniciativa, dirigida por Pedro Purificação, igualmente sócio, contou com a intervenção de Manuel Carvalho, Militar de Abril e membro da Direcção da ACR.
   A um dia das eleições na Venezuela, não podia deixar de ser evocada a solidariedade internacionalista com a luta de todos os povos em todos os continentes, ou o poema citado não dissesse de Vasco que ele era e ficou como um nome para transformar a História, general, soldado, engenheiro, operário, português, universal.

   Também foi recordada a prisão no Hospital São José da enfermeira Hortência Silva, natural de Portimão, julgada e absolvida a 3 de Fevereiro de 1955 depois de ter passado algum tempo isolada e de janela entaipada, tinha então cerca de 20 anos. Contra ela fora instituído o processo 14811/54 por ter assinado um documento protestando contra a proibição do casamento das enfermeiras e ser suspeitada de simpatia pela Revolução Socialista de Outubro.


Intervenção de Manuel Gonçalves de Carvalho, membro da Direcção da ACR


Caras amigas e amigos,
Antes de mais, o nosso muito obrigado à Câmara municipal de Portimão por nos ceder este belíssimo espaço do café-concerto do ainda mais belo Teatro municipal de Portimão. Lamentamos a impossibilidade da Sra. Vereadora da Cultura e da ciência, Ana Fazenda de estar aqui presente, por ter outro evento inadiável. DE QUALQUER FORMA, PELO EMPENHO, O NOSSO OBRIGADO.
O nosso obrigado, também, pela vossa presença, -- presença que muito nos honra e que saudamos.
Não fora os desígnios da vida, gostaria de ver aqui uma pessoa por quem tive grande estima e que com ele estive embarcado, no já longínquo ano de 1968, na fragata Diogo Cão. Falo do Comandante Nuno Mergulhão, Presidente desta Câmara até 1999, data em que, lastimavelmente, nos deixou tão cedo e de forma trágica. Poder-se-á dizer que o Nuno morreu na defesa dos interesses da sua terra. --- Que descanse em paz.
Posto isto:
Permitam-me que tenha aqui umas breves palavras relativas, à ASSOCIAÇÃO CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO: 
Ela é constituída por cidadãs e cidadãos civis e militares amantes da liberdade e da democracia e que pretendem defender e repor toda a verdade sobre as acções concretizadas dentro do programa das forças armadas (MFA) e lembrar e homenagear os seus promotores quer civis ou militares, das conquistas legítima e democraticamente obtidas no período mais fecundo, patriótico e criativo do 25 de abril.
Conquistas do povo trabalhador português entretanto destruídas por quem tem ocupado o poder político contra-revolucionário.
A ACR tem pautado a sua actuação cultivando o espírito revolucionário e a consciência social progressista, pela construção de uma democracia política, económica, social e cultural amplamente participada, que a Constituição da República Portuguesa, aprovada em 2 de Abril de 1976, viria a consagrar. 
Assim tem levado a efeito:
 Palestras e colóquios, por todo país. Produção de documentação e livros de modo que a história recente não seja deturpada, reescrita ou simplesmente esquecida, como é o caso da tentativa de prescrição da memória e o legado do General Vasco Gonçalves.
As ganâncias humanas do poder, quer político quer económico, não deram descanso ao MFA e, rapidamente, ele vê surgir no seu seio, um projecto pessoal à volta de António de Spínola, que tudo faz para subverter o projecto colectivo que estava em marcha.
Foi a tentativa de rasgar o Programa do MFA, logo no dia 25 de Abril; foi o “Golpe Palma Carlos” menos de três meses depois; foi o 28 de Setembro, com a própria auto resignação de Spínola e foi o 11 de Março de 1975.
Mais tarde, também, a muralha de aço construída pelos trabalhadores em volta do companheiro Vasco sofreu um rombo significativo com a contra-revolução a dividir o MFA o que levou à demissão do General após a conturbada Assembleia de Tancos, onde à última hora foram nomeados de forma “hadoque” muitos militares, cujo único objectivo era travar a luta dos trabalhadores, Mas o povo português e os seus trabalhadores saberão, mais dia, menos dia, reparar essa muralha.
Lembro aqui e homenageio o companheiro Vasco que foi o único 1º ministro que diminui, consideravelmente o fosso entre ricos e pobres. 
Cito  Vasco Gonçalves quando disse:
 “Fui simplesmente o que me impunha a minha consciência e a minha formação de militar e de cidadão solidário com o seu povo.
O futuro com que sonhei não é cada vez mais saudade, é sim, cada vez mais, necessidade imperiosa.
ASSIM O POVO O COMPREENDA”
E volto a citar o companheiro VASCO, com uma frase completamente actual:
“Hoje em dia, falar de gonçalvismo é identificar o gonçalvismo com as conquistas da revolução; hoje, em dia, a luta contra o gonçalvismo é, na realidade, uma luta contra a constituição.” FIM DE CITAÇÃO.
Atualmente, no nosso dia-a-dia, vemos um povo que clama por justiça social e que a constituição seja cumprida:
E assim vejo no meu amigo Rafael que trabalhou no duro mais de cinquenta anos e  que para se poder alimentar (mal) corta nos medicamentos e na ida ao médico – É UM GONÇALVISTA;
Vejo, na minha rua, um casal de idosos que depois de tanto esforço para poderem dar um futuro às suas duas filhas, hoje morrem de saudades delas e não vão ver o crescimento dos seus netos, porque as suas filhas tiveram que emigrar – SÃO GONÇALVISTAS;
Vejo uma jovem, minha parente, com uma grande depressão porque depois de tanto esforço a tirar a sua licenciatura e mestrado, não consegue arranjar emprego – diz ela que cumpriu aquilo que o país lhe exigia, ou seja a sua preparação para ser útil à sociedade e esse mesmo país que hoje lhe volta as costas – É UMA GONÇALVISTA; 
Poderíamos falar de muitos outros injustiçados não importando o partido em que votam ou mesmo se votam, verdade, porém, é que clamam por justiça social e é por todos eles que mulheres e homens democraticamente mais conscientes lutam todos os dias.
  Felizmente muitos e muitos portugueses e portuguesas continuam a lutar, nos seus locais de trabalho, nos seus sindicatos, nas suas organizações de classe e no poder local democrático, por Abril e que saberão responder com dignidade e patriotismo reafirmando os valores de Abril de que são depositários. Mas é responsabilidade de cada um de nós, que está com Abril, mobilizar outros. 
A Revolução de Abril é património do povo e é património do futuro. 
Nunca, como hoje, foi tão importante e decisivo, como dizia o poeta “FAZER FLORIR - ABRIL DE NOVO”
Felizmente, com a recente derrota parlamentar das forças de direita, abre-se uma nova fase da vida política nacional e cresce a esperança dos mais desfavorecidos na diminuição do fosso das vergonhosas desigualdades e penso, também, que muitos portugueses e portuguesas começam a aprender que a força do voto pode alterar as suas vidas.
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PASSO ENTÃO A APRESETAR O PRIMEIRO LIVRO “CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO”
É uma edição da ACR, com capa de José Santa-Bárbara (artista plástico) e paginação e ilustração da Ana Neves, uma jovem nossa associada. 
A introdução e o prefácio são da responsabilidade da ACR e dividido em 4 capítulos.
Na introdução descreve-se as medidas constantes do programa do MFA, que ficaram conhecidas pelos 3 D’s (democratizar, desenvolver e descolonizar) 
Algumas dessas medidas mais significativas, como sejam:
Liquidação das estruturas fascistas;
Mais e melhor justiça;
Poder local democrático;
Direito ao trabalho com direitos – salário mínimo e pensão social, subsídio de férias, direito à greve e regulamentação das relações colectivas de trabalho;
Diretos culturais – direito à educação e à cultura;
 couberam aos governos provisórios a sua concretização.
Nos dois capítulos seguintes - LIBERDADES DE ABRIL e PROCESSO REVOLUCIONÁRIO apresenta e compila todas as medidas de forma sustentada, nos diplomas legais publicados, (muitos deles com a assinatura de Vasco Gonçalves) com ordenação cronológica e sempre que é oportuno com recurso a bibliografia específica,
O capítulo III São registados quatro depoimentos de dois militares de Abril e do escritor Modesto Navarro – membro da direcção da ACR.
No capítulo IV – conclusão – podemos ler as notas biográficas de um jornalista escritor, de um cronista e de militares de Abril, membros da direcção da ACR, intervenientes na produção, deste livro de importância histórica.
Se me permitem e sem me alongar de mais, passo a ler alguns pequenos trechos do constante no livro “CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO”
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DE SEGUIDA, PASSO A APRESETAR O LIVRO “VASCO NOME DE ABRIL”
É uma edição, também, da ACR inserida nas comemorações do 40º aniversário de Abril, particularmente, a tomada de posse do 2º Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves.
Pretende homenagear aquele que é referência primeira e a maior desta associação, o General Vasco Gonçalves, assinalando, quando publicado, o 40º aniversário da tomada de posse do 2º Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves.
O design e paginação é também de Ana Neves
 Vasco nome de Abril inicia-se com uma nota biográfica de Vasco Gonçalves seguida por um prefácio escrito pelo nosso presidente da direcção Manuel Begonha e de 75 testemunhos de militares (muitos deles que conviveram ou trabalharam com Vasco Gonçalves) de escritores, de políticos, de sindicalistas e de artistas. De referir, também, uma carta de Fidel de Castro à Aida Gonçalves (viúva do VASCO) após o seu falecimento. Também, uma carta de saudação de Hugo Chaves após a solidária intervenção de Vasco Gonçalves, no 2º encontro Mundial de Solidariedade com a revolução Boliviana. 
Este livro traça, no essencial, o perfil do cidadão, do homem, do militar e do político que tão bem conseguiu interpretar os anseios do povo português saído duma ditadura obscurantista, sem liberdade, sem direitos e de pobreza. 
Passo a ler-lhos alguns trechos dos vários depoimentos.
 Assim no prefácio, poderemos ler: ------
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POR FIM, RESTA-ME AGRADECER A VOSSA PACIÊNCIA PARA ME OUVIR – OBRIGADO A TODOS.

Portimão, 05 de Dezembro de 2015

Michel Giacometti evocado em Setúbal


Michel Giacometti evocado em Setúbal como precursor 
do Estatuto de Património Cultural Imaterial da Humanidade
 atribuído pela UNESCO ao Cante Alentejano

   Mais de 150 pessoas deram corpo à evocação de Michel Giacometti no Museu do Trabalho que porta o seu nome, em Setúbal, na passada sexta-feira, 27 de Novembro, iniciativa promovida pela Associação Conquistas da Revolução em que actuaram o Coro Lopes Graça da Academia de Amadores de Música e os Grupos Corais Alentejanos “Os Amigos do Independente” e “Os Amigos dos Sadinos”, e tomaram a palavra Manuel Begonha, Militar de Abril e Presidente da ACR, Modesto Navarro, escritor e membro de Direcção da mesma, e Carlos Rabaçal, vereador da Câmara Municipal.
   Na mensagem de congratulação com que a Casa do Alentejo de Lisboa quis marcar presença, o etnólogo e musicólogo francês corso falecido há 25 anos e sepultado a seu pedido em Peroguarda, no Concelho de Ferreira do Alentejo, é justamente considerado como precursor da atribuição pela UNESCO ao Cante Alentejano do Estatuto de Património Cultural Imaterial da Humanidade, havia exactamente um ano naquele dia. O texto lido sublinhava a frase de Giacometti: “Povo que canta não morrerá".
   No tempo da história falou-se ainda de duas datas.
   A de há 40 anos atrás, quando os jovens do Serviço Cívico Estudantil, nos chamados tanques da Paz do MFA e sob a égide dos Governos de Vasco Gonçalves, 1º Ministro dos Trabalhadores e do Povo, como era tratado, se deslocaram aos campos para dele trazeram as mãos cheias de ferramentas cujo acervo no Museu do Trabalho sadino é riqueza de Portugal.

   A do falecimento, num outro 27 de Novembro, o de 1994, de Lopes Graça, o grande compositor português que conjuntamente com Michel Giacometti, a PIDE na peúgada, gravou o incomensurável Cancioneiro de vozes sempre ao alto.




Saudação de Manuel Begonha, Presidente da ACR

Em nome da Direcção da ACR desejo-vos a todos uma boa noite.
Para a concretização desta iniciativa quero agradecer à Presidente da Câmara Municipal de Setúbal aqui representada pelo Vereador Carlos Rabaçal, pelo apoio prestado e nomeadamente pela cedência das magnificas instalações do Museu do Trabalho Michel Giacometti, à Câmara Municipal de Almada pelo apoio disponibilizado, ao Coro Lopes Graça da Academia de Amadores de Musica, aos Grupos Corais “Os Amigos dos Sadinos” e “Os Amigos do Independente”, e finalmente à vossa presença que muito nos satisfaz e honra.
A ACR foi criada pela razão fundamental de preservar o pensamento e a obra do General Vasco Gonçalves, que liderou os quatro Governos Provisórios aos quais se ficaram a dever a maioria das Conquistas da Revolução responsáveis pelas enormes transformações sociais, políticas e económicas e a democratização do nosso país após o 25 de Abril. Apesar de todos os ataques entretanto ocorridos, algumas ainda perduram, com especial destaque para a Constituição da Republica, onde se encontram consignadas. A ACR vem-se dedicando à defesa destas conquistas, percorrendo o país. Promovendo várias sessões para a divulgação dos livros que entretanto publicou, “Vasco, Nome de Abril” que inclui depoimentos de 75 personalidades que tiveram oportunidade de descrever várias facetas do nosso General  e “Conquistas da Revolução” que a partir dos preâmbulos dos decretos-lei dos vários Diários da Republica, regista e comenta as mais significativas dessas conquistas.
Ainda no âmbito da defesa da memória dos que se distinguiram na consolidação da revolução em diversas actividades públicas, políticas, sociais e culturais estamos aqui a evocar Michel Giacometti, notável etnólogo, natural da Córsega, vindo de Paris, que desde o final da década de 50, calcorreou o país, recolhendo a voz do povo, sem olhar a sacrifícios, apenas pelo grande amor que dedicava a Portugal.
Resta-me desejar-vos uma sessão inspiradora.



Intervenção de António Modesto Navarro, membro da Direcção da ACR

Michel-Marie Giacometti, nascido na ilha mediterrânica da Córsega (França), veio para Portugal e, entre 1959 e 1990, recolheu, estudou e divulgou a música tradicional portuguesa. Em 1960, fundou os “Arquivos Sonoros Portugueses” e editou, com Fernando Lopes Graça, uma discografia fundamental para o conhecimento do património musical do país. Foi um investigador decisivo da nossa etnologia e a sua obra cinematográfica e televisiva constitui também uma referência incontornável para conhecer o Portugal do século XX e reflectir sobre os percursos da nossa identidade nos dias de hoje. A filmografia completa, editada há poucos anos, em 12 volumes, inclui não só a série televisiva “Povo que Canta”, produzida pela RTP e com realização de Alfredo Tropa, entre 1970 e 1974, dedicada à música e cultura de raiz tradicional portuguesa, como também outros dois filmes realizados por Michel Giacometti entre 1962 e 1963.

Michel Giacometti conheceu em França uma mulher portuguesa com quem iria casar e com quem veio para Portugal. Ele tinha encontrado, no Museu do Homem, em Paris, um livro decisivo para a sua vida pessoal e intelectual, “Folk Music and Poetry of Spain and Portugal”, de Kurt Schindler, alemão radicado nos Estados Unidos da América, que, em 1929, visitara Espanha e em 1931 estivera no norte de Portugal, em Trás-os-Montes. Foi na região transmontana que Michel iniciou a sua longa e extraordinária missão de etnólogo, de estudioso, de investigador e recolector das raízes culturais populares, dos cantos, das músicas, dos instrumentos musicais e de trabalho, da medicina popular, de tudo o que trouxesse ao de cima o que identificava e identifica um povo a perder-se na emigração e na guerra colonial do fascismo e, mais tarde, nessa desastrosa integração europeia que destruiu o trabalho, a nossa vida no interior e nas áreas metropolitanas, nas regiões desapossadas do essencial na agricultura, na indústria e nas pescas, dessa reforma agrária nos campos do Alentejo e do Ribatejo, a mais bela conquista da Revolução, destruída por mentecaptos e servidores do capitalismo. 

Como Associação Conquistas da Revolução, tudo fizemos e faremos para prestar homenagem e não deixar esquecer quem lutou por nós, pela nossa cultura, presente e futuro, Michel Giacometti, que veio de longe para se aliar ao maestro Lopes Graça, que era o criador e erudito no apoio e trabalho conjunto, a João Honrado, também comunista, saído das cadeias do fascismo em 1972, que foi seu apoio companheiro em Lisboa e no Alentejo, antes e depois de Abril, a Manuel Jorge Veloso, intelectual comunista decisivo na RTP, em 1970, para que Filipe de Sousa, então responsável por uma área de programas, desse luz verde para a realização da série “Povo que Canta”.

Alfredo Tropa, o realizador, Manuel Jorge Veloso, o responsável pela organização e trabalho no terreno, Francisco d’Orey e outros trabalhadores da cultura deram asas ao sonho para que, entre 1970 e 1974, essa série magnífica e verdadeira passasse na televisão, mostrando o essencial da nossa vida e identidade. Tudo isto aconteceu face à mistificação e à destruição operadas por um programa reaccionário apresentado por Pedro Homem de Mello, com ranchos folclóricos negativamente influenciados pelo fascismo, nas vestes, nas cantigas e nas músicas, desde logo pela introdução do acordeão, instrumento que nada tinha a ver com a tradição dos cantos e das músicas criadas pelo povo de cada aldeia, vila e lugares por onde Michel Giacometti andou e recolheu o essencial que nos dava força e gosto de sermos portugueses, apesar da fome e da miséria que encontrou por todo o lado. Foram 37 filmes a preto e branco que realizaram e exibiram com o título “Povo que Canta”, título que faz parte de um verso de um poeta e filósofo revolucionário, Jesús Lópes Pacheco, “Pueblo que canta no morirá”.

Com os jovens das campanhas de alfabetização, depois de Abril, criou o Plano Trabalho e Cultura, na recolha e estudo da nossa vida e cultura, no sentido de terem memória e experiência para construírem uma consciência política.

Trabalhou no INATEL, na sua reestruturação, dirigindo o Gabinete de Etnografia e Folclore, de onde saiu em 1978, doente com o que lhe fizeram.

Escreveu, em parceria com Fernando Lopes Graça, o “Cancioneiro Popular Português”, editado em 1981 pelo Círculo de Leitores.

Ao longo da sua vida em Portugal esteve 95 meses na investigação no terreno, na recolha de mais de 4 000 repertórios musicais, de para cima de 50 000 fichas com informações e 6 000 fotografias, para além de outros dados da vida social, económica, espiritual e política do povo português.

Michel Giacometti, que em jovem passou por aventuras na Argélia, que viveu revoluções e conheceu Albert Camus, foi operário fabril no norte da Europa, intelectual, poeta, aluno na Sorbonne, e veio para Portugal por motivos familiares e de doença.

Todo o nosso país foi seu território de pesquisa. Sabendo da importância da edição e da divulgação e entendendo o papel do cinema e da televisão, actuou como profissional e investigador e esteve ligado aos cineclubes.

Ainda em Paris, em 1959, um médico aconselhou-o a procurar um clima mais propício à cura da tuberculose que acabara de contrair. Deixa Paris e vem para Lisboa, sem ideias de se fixar por cá, apesar de ter casado com uma portuguesa. Tem 30 anos e na memória traz esse livro encontrado no Museu do Homem, no qual o musicólogo alemão mas radicado nos EUA, Kurt Schindler, descrevia, entusiasmado, uma passagem por aldeias de Trás-os-Montes. Ainda em convalescença, em Lisboa, decide ir conhecer aquela província.

Nunca mais parou, este andarilho nascido na Córsega, em 1929, criado por um tio funcionário na Rota do Império Francês, desde os confins argelinos, à porta do deserto, até às margens do Mediterrâneo. Raptado por uma tribo aos três anos, salvo por uma criada negra, Herratin (descendente de antigos escravos negros de árabes), vê os tios dormirem com uma espingarda à cabeceira, “à espera dos maus”, na queda lenta do império. Os jogos de criança disputa-os em espanhol e árabe; chora ao ver um amigo árabe das brincadeiras de rua a cantar, de punho erguido, “A Internacional”. A Frente Popular ganhara as eleições em França e o amigo (tinham ambos sete anos) explica-lhe: “Agora somos todos iguais”.

Naqueles anos das suas viagens de Lisboa para todo o Portugal, em condições difíceis, com ou sem dinheiro, com um primeiro gravador e depois com um segundo gravador Nagra, que custou 40 contos e foi comprado pelo arquitecto e arqueólogo Gustavo Marques e emprestado para fazer melhor o seu trabalho, ele tinha mágoa de ver a maioria da intelectualidade portuguesa divorciada da realidade dos trabalhadores e do povo. Não era o caso de Fernando Lopes Graça, que o trouxe pela primeira vez a Peroguarda e o levou a outros encontros e culturas, ou de Alves Redol, que escrevera já “Glória, uma aldeia do Ribatejo”, “Fanga, Marés e Avieiros” e livros como os do ciclo do Vinho do Porto, de Soeiro Pereira Gomes, com “Engrenagem”, “Esteiros” e “Contos Vermelhos”, de Manuel da Fonseca com “Aldeia Nova”, “Seara de Vento”, Cerromaior” e outros livros que são honra e orgulho de todos nós.

Mas muitos intelectuais seguiam a postura dominante do fascismo e do abandono do país real, o que Michel Giacometti criticava e enfrentava, partindo para as terras onde havia amigos que o acarinhavam e apoiavam, nas suas pesquisas e recolha da cultura popular, como aconteceu sempre no Alentejo e também em Peroguarda, terra da sua afeição e amizade.

Conta ele, a certa altura das suas entrevistas e depoimentos, o que aconteceu um dia, em terras entre Miranda do Douro e Bragança, e diz, amargamente, que chegou a fazer prospecção sem nada na algibeira. Então, tinha de fazer uma deslocação de 10 Km, por caminhos cheios de neve, para ouvir uma pessoa, e que havia um casal que tinha uma mula velha. “Emprestaram-ma”, contava ele, “mas a mula parava no caminho, coitada. Desci dela, comecei a empurrá-la. A certa altura, a mula caiu na neve. Gosto muito de animais, pus a cabeça dela no meu colo, para lhe dar calor, ela estava a ficar fria. Fiquei sem transporte, no meio do caminho, frio e vento, com uma fome desgraçada, e eu sem saber o que haveria de dizer aos donos. “Vou fugir”, pensava. Voltei. “Olhem, aconteceu uma desgraça, a mula morreu”. Estavam a fazer uma sopa de couves com batatas. “Deus leva o que lhe pertence”, disseram. Comi em silêncio; era terrível para eles a falta da mula e propus-lhes: “Agora não tenho dinheiro, mas, quando chegar a Lisboa, arranjo duzentos escudos. Quero compensar-vos”. Não aceitaram. “Deus leva o que lhe pertence…”

Podemos assim imaginar o que foram anos e anos de trabalho, por entre situações de grande pobreza, que as pessoas a viverem nessas condições denunciavam para as gravações e filmagens, mas que eram cortadas pela censura e os censores da televisão e da rádio. No início dos anos 1960/1970, saiu uma famosa colecção de discos com capas de serapilheira, a Antologia da Música Regional Portuguesa, discos que muito nos surpreenderam e deram consciência da ausência de apoios para conhecermos as canções e as músicas essenciais do cancioneiro das regiões e do país. As pessoas conscientes e interventivas quotizavam-se, formaram quase uma cooperativa e os discos foram editados, foram perseguidos e apreendidos pela Pide em muitas casas e marcaram profundamente a nossa evolução musical e política. Evolução que iria afirmar-se na luta contra a guerra colonial que destruía milhares de jovens, nos combates contra a exploração, o custo de vida e a miséria, pela cultura integral do indivíduo que Bento de Jesus Caraça, Álvaro Cunhal, Soeiro Pereira Gomes, Fernando Lopes Graça, Maria Lamas, Virgínia de Moura, Irene Lisboa, Matilde Rosa Araújo e tantos outros intelectuais defendiam e impulsionavam.

O trabalho pioneiro de Michel Giacometti, um português estrangeiro dos mais portugueses que conhecemos, ali estava, naquela casa da Rua dos Navegantes, em Cascais, em milhares de fichas, gravações, fotografias e outros materiais que ele organizava meticulosamente e com rigor, num exemplo que não era bem português, de exigência, dedicação e sacrifício.

Michel foi um construtor da democracia e da Revolução de Abril, desde logo estabelecendo contactos com intelectuais e trabalhadores empenhados nas lutas de libertação e afirmação da cultura e dos saberes populares. Pertenceu à Base socioprofissional da CDE – Comissões Democráticas Eleitorais, desde 1969, com Manuel Jorge Veloso, Celeste Amorim, que gravou a locução de “Povo que canta”, que o visitavam e com ele reuniam, entre outros militantes e cantores do Coro Lopes Graça, da Academia de Amadores de Música. Foi militante comunista, com cartão que teve de ser publicado no Avante!, quando quiseram pôr em causa as suas opções pela revolução e pelo futuro do nosso povo.

Disse ele: “O PCP pertence ao património do povo português. É indispensável que haja em Portugal um partido que critique a corrupção, as injustiças e os gangsterismos políticos e se possa manter como consciência crítica da sociedade”.

Michel deveu ao investigador e grande estudioso da nossa vida e cultura Ernesto Veiga de Oliveira o acesso a uma lista de tamborileiros do Baixo Alentejo ou o conhecimento de Catarina Sargento, a voz impressionante dos cantares de Penha Garcia e da Beira Baixa, no caminho da construção de um arquivo primacial sonoro que fundou em 1960, responsável pela recolha, tratamento, depósito e edição de sons e da música regional portuguesa até à sua morte, em 1990.

Do seu saber e acerca do Maestro Lopes Graça disse: Eu não sou um musicólogo, mas apenas um etnólogo. Por isso, às vezes preciso de ouvir meia centena de canções para descobrir uma que seja inteiramente original. A primeira selecção é feita por mim; a segunda é feita pelo maestro Lopes Graça.

Fernando Lopes Graça organizou cerca de 200 canções, com arranjos à mão, para o Coro da Academia de Amadores de Música e para fruição de todos nós. Com Jorge Dias e Artur Santos, integrou a Comissão de Etnomusicologia da Fundação Calouste Gulbenkian.

Quando Michel Giacometti faleceu, no Hospital de Faro, pediu para avisarem quem ele queria que avisassem, para avisarem Octávio Pato, dirigente do PCP, dizendo que queria ficar sepultado no Alentejo, entre este povo que amava e de quem se tornara irmão de sangue, de luta e de cultura.

Aqui, em Peroguarda, em 1917, o visconde de Villa Moura ouviu cantos acompanhados à viola de arames, e, mais tarde, Michel veio pela mão de Lopes Graça e também por influência de António Reis, cineasta que realizou “Trás-os-Montes”, filme incómodo para o fascismo, e que era amigo entranhado desta terra. Foi aqui que Michel e Lopes Graça gravaram “Menino”, um canto de Natal, em 1965, pelas vozes de Ilda e Palmira, irmãs de Virgínia Dias, que também gostava de cantar mas o pai achava que ela ainda tinha muito que aprender. Mais tarde ela fez poemas sobre Michel Giacometti e foi o seu marido, Agostinho Pereira, então presidente da Junta de Freguesia de Peroguarda, que disse que sim, que Michel podia ficar para sempre nesta aldeia que ele tanto amava.

E, por isso, também por isso, estamos hoje a recordar e a conviver com Michel Giacometti, com a sua memória e sorriso de amigo, aqui, nesta sala, ao nosso lado, para dizer que as conquistas da Revolução de Abril foram e são nossas, se quisermos ser cultos e inteligentes, na denúncia e no combate ao novo fascismo que sub-repticiamente se instala, nesse ódio à cultura dos Passos Coelhos e dos Portas, de tantos outros que pelos poderes passaram, tão pequeninos e insidiosos como perigosos para a nossa vida e para o nosso futuro.

Michel diria e diz, na sua obra e no seu exemplo, “precisamos de mudar de vez esta vida”. Sim, precisamos de mudança a sério e nova, como também diria Manuel da Fonseca, esse alentejano tão amigo e criador do mundo do trabalho e da liberdade humana.

Hoje, ficamos mais livres e operativos neste encontro, como quis e quer Michel Giacometti, como quis e quer Fernando Lopes Graça, como quiseram e querem os que lutaram e lutam pela nossa identidade, soberania e independência.

Levamos a música e o Cante Alentejano connosco, esse património imaterial da humanidade que José Gomes Ferreira sintetizou naquele verso famoso, “Nunca vi um alentejano cantar sozinho”, dando assim o sinal mais forte da nossa união na defesa e impulsionamento das Conquistas da Revolução de Abril e do futuro que temos de construir.

Viva o 25 de Abril
Vivam a obra e o exemplo de Michel Giacometti.

Conquistas da Revolução e Vasco Gonçalves evocados em Montemor-o-Novo








    Evocando em particular uma das Conquistas da Revolução que não foi liquidada de imediato pelo golpe reacionário do 25 de Novembro de 1975, a Reforma Agrária, a Associação Conquistas da Revolução levou a cabo, no passado sábado, no Auditório da Junta da União de Freguesias da Vila, Vila do Bispo e Silveiras, em Montemor-o-Novo, uma sessão de apresentação dos livros por si editados, “Conquistas da Revolução” e “Vasco, nome de Abril”.
   Dirigida por António Danado, Presidente da Junta, e perante quase meia centena de presenças, a sessão contou com intervenções de Manuel Begonha e José Baptista Alves, Militares de Abril e respectivamente Presidente e Vice-Presidente da ACR, Hortência Menino, Presidente da Câmara Municipal, e, naturalmente, António Gervásio, resistente anti-fascista, preso político nas masmorras da ditadura e obreiro daquela que foi chamada a mais bela das Conquistas de Abril.
   António Gervásio não podia deixar de recordar a presença de Vasco Gonçalves quer na I Conferência dos Trabalhadores Agrícolas do Sul, a 9 de Fevereiro de 1975, quer na XI Conferência da Reforma Agrária, a 24 e 25 de Outubro de l987, ambas realizadas em Évora, esta sob o lema “Portugal precisa da Reforma Agrária”: “A Reforma Agrária foi destruída, tal como outras Conquistas da Revolução. Mas a bandeira da Reforma Agrária mantem-se viva e actual, como valor de Abril a apontar para o futuro de Portugal… A Reforma Agrária é uma exigência incontornável para um governo patriótico e de esquerda” - enfatizou.
    

   

Recordando a Reforma Agrária

Considerando, que a Reforma Agrária é uma das mais significativas Conquistas da Revolução,  a Associação Conquistas da Revolução convida os seus associados a estarem presentes no lançamento do livro "As 12 Conferências da Reforma Agrária".

Proposta de Plano de Actividades e Orçamento para 2016


Proposta de REGULAMENTO ELEITORAL e REGULAMENTO INTERNO

REGULAMENTO ELEITORAL
da
ASSOCIAÇÃO CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO

Artigo 1º
Organização das Eleições
A organização do processo eleitoral compete a uma Comissão Eleitoral constituída pela Mesa da Assembleia Geral, um representante de cada lista e quando necessário outros Delegados nomeados pelo Presidente da Assembleia Geral.

Artigo 2º
Atribuições
1. Compete à Comissão Eleitoral:
a) Organizar o processo Eleitoral.
b) Verificar a regularidade das Candidaturas.
c) Promover a produção e distribuição dos boletins de voto a cada um dos Associados participantes na votação.
d) Elaborar o Caderno Eleitoral.
e) Fiscalizar o Acto Eleitoral.
2. A Comissão Eleitoral elaborará os Cadernos Eleitorais inscrevendo nos mesmos a identificação e número de cada associado em pleno gozo dos seus direitos. A actualização dos associados far-se-á até à data da convocatória da respectiva Assembleia Geral eleitoral.

Artigo 3º
Assembleia Eleitoral
1. A eleição dos Órgãos Sociais pode ter lugar em Assembleia Geral ordinária conforme convocatória do seu Presidente ou excepcionalmente em qualquer Assembleia Geral convocada para o efeito.
2. A Assembleia Geral será convocada no caso de Eleições para os Órgãos Sociais, nos mesmos termos da do artigo 20º dos Estatutos, com a antecedência mínima de 20 dias.

Artigo 4º
Candidaturas
1. As candidaturas serão entregues à Mesa da Assembleia Geral, até 10 dias antes do acto eleitoral.
2. Cada lista de candidatura conterá a designação dos membros a eleger, com:
a) Identificação dos seus componentes (nome, numero de associado e número de BI ou CC).
b) Indicação do órgão e cargo a que se candidatam e respectivas declarações pessoais de aceitação.
c) Identificação dos representantes da lista.
3. As listas de candidatura terão que ser subscritas por, pelo menos 30 associados, com indicação de nome legível, assinatura, e número de sócio.
4. As listas são consideradas quando apresentem candidatos a todos os órgãos sociais.
5. Cada candidato só pode apresentar-se numa lista de candidatura.
6. As listas são aceites ou rejeitadas em bloco.


Artigo 5º
Admissão das Candidaturas
1. A Mesa da Assembleia Geral verificará a regularidade das candidaturas, nos 3 dias subsequentes ao encerramento do prazo para entrega de listas.
2. Caso existam irregularidades a documentação terá que ser regularizada pela candidatura no prazo de 48 horas, a partir da notificação das irregularidades.
3. Findo o prazo estabelecido no número anterior, a Mesa da Assembleia Geral decidirá em definitivo pela aceitação ou rejeição da lista candidata.
4. A cada lista de candidatura será atribuída uma letra maiúscula de acordo com a ordem de entrada.

Artigo 6º
Campanha Eleitoral
A campanha eleitoral será orientada pelas listas concorrentes tendo início a partir da decisão referida no nº 3 do artigo anterior e termina na antevéspera do acto eleitoral.

Artigo 7º
Boletim de Voto
Os boletins de voto serão em papel liso não transparente, sem marcas ou sinais exteriores e com a dimensão apropriada.
Os boletins de voto estarão à disposição dos sócios nas mesas de voto.

Artigo 8º
Assembleia de Voto
1. Sempre que se justifique, havendo mais do que uma Assembleia de Voto, estas funcionarão nos locais devidamente assinalados, por ordem do número do associado ou por ordem alfabética do seu respectivo nome.
2. Cada Assembleia de Voto será presidida por um representante da Mesa da Assembleia Geral, auxiliado por um Vogal, por esta designado e um representante de cada lista concorrente.
3. Das decisões da Mesa da Assembleia de Voto, cabe reclamação à Mesa da Assembleia Geral que decide em última instância.

Artigo 9º
Votação
1. O voto é feito pela inscrição no boletim de voto, da letra que identifica a lista escolhida.
2. A votação pode ser presencial ou por correspondência, não sendo permitido o voto por procuração.
3. Na votação presencial o eleitor identifica-se como associado perante o Presidente da Mesa da Assembleia de Voto, com o bilhete de identidade ou equiparado.
a) O eleitor entrega o boletim de voto dobrado em quatro ao Presidente da Mesa que o introduz na urna.
4. A votação por correspondência obedece às seguintes regras:
a) O eleitor encerrará o boletim de voto com a letra da lista escolhida, dobrado em quatro, num sobrescrito branco, não transparente, sem quaisquer dizeres exteriores.
b) O sobrescrito é acompanhado de documento, com a identificação do votante, número de sócio, local de residência e assinatura.
c) O referido sobrescrito e documento de identificação são encerrados num outro sobrescrito dirigido ao Presidente da Mesa da Assembleia Gera para a sede da ACR de modo a ser recebido até início da votação.
d) Para os votos por correspondência existirá uma Assembleia de Voto própria.
e) A votação inicia-se pela abertura do sobrescrito exterior, retirando-se o documento de identificação, sendo lido em voz alta, afim de individualizado e descarregado no caderno eleitoral.
f) Seguidamente, é introduzido na urna o sobrescrito interior sem ser aberto.


Artigo 10º
Validade dos Votos
1. São considerados votos válidos numa lista os que tiverem uma letra correspondente a uma das listas candidatas.
2. É considerado voto branco, o do boletim que não contenha qualquer inscrição.
3. É considerado voto nulo, aquele que:
a) Esteja expresso em boletim diferente do distribuído.
b) Esteja expresso em mais de um boletim, no caso da votação por correspondência.
c) Contenha erro, corte, desenho ou rasura no boletim.


Artigo 11º
Resultados
1. Após a votação realizar-se-á a contagem dos votos e a conferência com os votos descarregados em caderno eleitoral, e será elaborada a acta de cada Assembleia de Voto, que depois de assinada pelos membros da respectiva Mesa, será entregue à Mesa da Assembleia Geral.
2. A acta final será elaborada pela Mesa da Assembleia Geral.
3. O Presidente da Mesa da Assembleia Geral proclamará a lista vencedora e promoverá à posse dos membros dos Órgãos Sociais eleitos.

Artigo12º
Interpretação ou integração de lacunas
A interpretação ou integração de lacunas nos casos omissos do presente regulamento será da exclusiva competência da Mesa da Assembleia Geral eleitoral.

Artigo 13º
Entrada em vigor
Este Regulamento, após aprovação em Assembleia Geral, entra imediatamente em vigor.

…………………………………………………………………………………………….

REGULAMENTO INTERNO
da
ASSOCIAÇÃO CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO

Artigo 1º
Objectivo
O presente regulamento tem por objectivo regulamentar as questões internas de funcionamento dos órgãos sociais, das delegações locais e grupos de trabalho que sejam criados nos termos dos estatutos da ACR e bem assim regular alguns aspectos menos desenvolvidos nos referidos estatutos.

Artigo 2º
Assembleia Geral e Conselho Fiscal
1. O funcionamento da assembleia geral e respectiva mesa assenta nos princípios prescritos nos artigos 16º ao artigo 22º dos estatutos e da lei geral.
2. Igualmente o funcionamento do conselho fiscal assenta nos princípios expressos nos artigos 26º,27º e 28º dos estatutos e da lei geral.

Artigo 3º
Direcção
O funcionamento da direcção assenta nos princípios prescritos nos artigos 23º,24º e 25º dos estatutos e da lei geral.

Artigo 4º
Reuniões da Direcção
Relativamente às reuniões da direcção deve ter-se em consideração o seguinte:
1. As reuniões podem ser ordinárias (dentro da periodicidade regulamentada), extraordinárias ou reuniões de direcção alargadas às delegações, convocadas para o efeito.
2. A periodicidade das reuniões, consideradas ordinárias, deve ser, no mínimo, quinzenal, exceptuando-se os meses de Verão. Conforme dispõe o artigo 25º dos estatutos as reuniões são convocadas pelo presidente ou vice-presidente e podem ser efectuadas a título de reuniões extraordinárias fora da periodicidade normal.
3. Nas reuniões ordinárias ou extraordinárias apenas os membros da direcção eleitos têm direito a voto em quaisquer deliberações. Nas reuniões alargadas às delegações os vogais distritais têm direito a voto nos assuntos específicos da sua delegação regional ou naqueles que a direcção aprove merecerem votação mais ampla.
4. A direcção deverá reunir semestralmente com os vogais distritais para análise das actividades, quer distritais quer nacionais.
5. Nas reuniões apenas podem ser tomadas decisões vinculativas se estiverem presentes o presidente ou o vice-presidente.
6. Às reuniões poderão assistir e tomar parte vogais suplentes, vogais distritais e membros da mesa da assembleia geral e igualmente, até por força da lei, os membros do conselho fiscal. Procurar-se-á, assim, garantir uma melhor distribuição de tarefas e enriquecimento das tomadas de decisão. Também nesse sentido a direcção poderá convidar consultores ou especialistas, caso se considere necessário ou conveniente.
7. Das reuniões deve ser elaborada acta , pelo secretário, a enviar a todos os membros da direcção antes da reunião seguinte, em que deverá ser aprovada.

Artigo 5º
Grupos de trabalho
1. Em conformidade com a alínea g) do artigo 24º dos Estatutos, compete à direcção criar grupos de trabalho para prossecução do objecto da ACR.
2. Estes grupos de trabalho são constituídos pelos membros da direcção responsabilizados pelos pelouros e por associados membros dos órgãos sociais que trabalhem mais directamente ligados à direcção e terão os pelouros da informática, da comunicação e informação, de publicações, de iniciativas e eventos, de secretariado, de finanças e contabilidade e de outras especialidades que se achem necessárias. Apesar duma certa autonomia, estes grupos de trabalho, reportam à direccão donde emanam as respectivas orientações e aprovação das suas acções.
3. Poderão ser constituídos grupos de trabalho, por iniciativa da direcção, agregando associados para execução de certas tarefas especiais. Cada um desses grupos deverá incluir um membro da direcção que coordena as respectivas acções.

Artigo 6º
Delegações Distritais ou Regionais
1. Conforme estabelecido na alínea h) do artigo 24º dos Estatutos, deve a direcção “estimular e apoiar a criação de delegações em qualquer ponto do território nacional ou estrangeiro”.A criação das mesmas deve ser ratificada em assembleia geral [alínea h) do artigo 18ºdos estatutos].
2.  A constituição das delegações será sempre promovida e orientada pela direcção, sob proposta de qualquer número de associados ou por sua iniciativa, desde que esteja verificada e existência de um número mínimo de vinte associados efectivos na região.
3.  O órgão directivo das delegações distritais ou regionais será composto por um número ímpar de associados, a quem competirá genericamente:
a) Cumprir e fazer cumprir os estatutos da ACR e o presente regulamento, assim como as deliberações da assembleia geral e da direcção;
b) Elaborar e submeter à aprovação da direcção:
-o respectivo regulamento interno;
-as propostas de actividades e orçamento para o ano seguinte.
-os relatórios anuais de actividades e respectivas contas.
c) Fazer a gestão corrente das actividades respectivas, sem prejuízo das orientações e deliberações dos órgãos sociais da associação;
d) Representar a delegação.
4. As delegações poderão nascer de núcleos locais que se criarão conforme a manifestação da vontade de um conjunto de associados cuja proposta seja aceite pela direcção.Do concerto do seu funcionamento com a direcção e face ao desenvolvimento da sua actividade poderão os núcleos evoluir para delegações.

Artigo 7º
Funcionamento na sede, recursos humanos, materiais e financeiros
1. Os recursos humanos da ACR serão, nesta fase inicial, os seus associados que com espirito associativo e de missão desenvolverão as suas actividades em conformidade com os estatutos e regulamentos da associação.
2. Num futuro próximo e se se justificar a direcção poderá contratar recursos humanos próprios para tarefas administrativas, similares ou outras.
3. Para a execução de tarefas específicas, no quadro de planos de actividades aprovados, a direcção poderá recrutar outras pessoas, em regime de prestação de serviços.
4. Os recursos materiais e financeiros da ACR serão constituídos por:
4.1. Receitas da associação:
a) As quotas e contribuições pagas pelos associados;
b) Os subsídios concedidos por outras entidades, as heranças, legados ou doações que lhe sejam atribuídos ou que sejam instituídos a seu favor;
c) Os rendimentos de bens ou capitais próprios;
d) O pagamento de quaisquer serviços prestados pela associação.
4.2. Despesas da associação:
a) Os encargos indispensáveis à realização dos seus objectivos;
b) As remunerações de pessoal;
c) Os encargos com a deslocação dos membros dos órgãos sociais para a realização dos objectivos previstos no plano de actividades e que venham a ser definidos pela direcção.


Artigo 8º
Revisão do regulamento interno
1. O regulamento interno pode ser revisto extraordinariamente a qualquer momento, devendo as alterações ser aprovadas pela direcção e ratificadas em assembleia geral.
2. As propostas de alteração devem ser apresentadas pela direcção, por sua iniciativa ou sob proposta de qualquer associado à assembleia geral.

Artigo 9º
Casos omissos
As situações omissas no presente regulamento serão decididas, nos termos da lei, pela direcção, cabendo recurso para a assembleia geral.

Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril toma posição

Face à actual situação política decidiu convocar uma concentração sob o lema “ A Constituição é para cumprir! Democratas e patriotas mobilizemo-nos!” a realizar na próxima terça-feira dia 24 de Novembro às 18H00 no Largo do Carmo em Lisboa
Acção para a qual convida todos os que estejam verdadeiramente empenhados na defesa dos valores de Abril, consubstanciados na Constituição da República Portuguesa.

ACR repudia atentados terroristas perpetrados em Paris

A ACR manifesta o seu repúdio pelos atentados terroristas perpetrados em Paris, lamentando ainda o elevado numero de mortos deles decorrentes.

A ACR defende também a liberdade, soberania e democracia de todos os países, apelando á erradicação das causas destes ataques á Paz e á solidariedade entre os povos, sem ingerências externas, nomeadamente nos conflitos que ocorrem nos países do médio oriente. 

José Casanova faleceu há um ano



José Casanova, Vice-presidente da ACR, destacado antifascista, foi um dos grandes impulsionadores da fundação da ACR - Associação Conquistas da Revolução.

Sessão sobre o 40.º Aniversário da Descolonização




A Associação Conquistas da Revolução realizou no passado dia 11 de Novembro, em Almada, uma sessão comemorativa dos 40 anos da descolonização. Esta iniciativa teve como intervenientes José Gonçalves, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Almada, Joaquim Judas, Presidente da Câmara Municipal de Almada, o Comandante Manuel Begonha, Presidente da ACR, António Modesto Navarro, escritor e membro da direcção da ACR, que falou sobre a luta conta a guerra colonial em Portugal, o Coronel Francisco Faria Paulino, que falou sobre Guiné-Bissau e Cabo Verde, o Coronel António Mascarenhas Pessoa, que falou sobre Moçambique, o Comandante Jorge Correia Jesuino, que falou sobre o processo de descolonização de Angola, e o Major-General Pedro Pezarat Correia, que falou sobre o processo de descolonização no plano global.



Saudação de Manuel Begonha, Presidente da ACR

Agradeço ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Almada a cedência destas instalações, assim como outras facilidades.
Agradeço aos intervenientes nesta sessão e ainda a vossa presença que muito nos honra.
Estamos a comemorar o 40.º aniversário da descolonização. A descolonização constituiu um dos três “D” – objectivos fundamentais do programa do MFA.
A ACR, no cumprimento do disposto nos seus estatutos pretende não deixar esquecer efemérides como esta que teve importância relevante na nossa história contemporânea.
Portugal foi conduzido a uma guerra cheia de episódios dramáticos que provocaram milhares de mortos e feridos de ambas as partes. Contudo, tal tragédia podia ter sido evitada, se os nossos dirigentes da época, tivessem sabido ou teimosamente não quisessem entender os sinais da conjuntura internacional que antecipavam o fim dos impérios coloniais.

Encontramo-nos hoje, a recordar a conclusão de uma época de má memória para os nossos povos, que tanto sofrimento provocou.




Intervenção de Modesto Navarro, membro da direcção da ACR

A questão colonial pesou sempre muito na vida e na história do nosso país. Desde os descobrimentos, desde a entrada dos portugueses no que foi inicialmente o combate à pirataria dos berberes, primeiro no mediterrâneo e depois no oceano atlântico. Lutas de defesa das populações e bens da nossa costa e incursões em pleno mar, foram o caldo de cultura que impulsionou essa procura de outros mundos e riquezas.

O conhecimento de marinheiros portugueses e estrangeiros, a experiência e os primeiros passos da navegação mais ousada para além da costa, a vontade de inventar instrumentos, de explorar novas oportunidades, a incapacidade da nobreza para o desenvolvimento interno, essa imensa ignorância e impotência face a um povo e a um país pobre que submetiam a impostos, à ignorância e à fome, levaram à criação de condições para a saída cada vez mais audaciosa e organizada para a costa de África; e, depois, essa progressão já conhecida e cantada, dos novos mundos ao mundo, de caminhas marítimos e estabelecimento de feitorias e fortificações nas costas de África, de descoberta e ocupação do Brasil, de possessões na Índia e noutras paragens.

As riquezas imensas que foram trazidas das terras mais próximas e mais longínquas, que faziam a alegria e o bem-estar da nobreza e de quem comerciava e vendia; os tantos tesouros dissipados na corte e no império; a continuação do esquecimento dos vários interiores do país; a vida e a morte de portugueses e os povos desbaratados e vencidos; a escravatura e venda de seres humanos, com as incursões mata adentro e estabelecimento de postos de venda, embarque e desembarque, fazem parte da nossa história e do rasgamento indesmentível de novos horizontes e progressão dos povos, de descobrimentos, do conhecimento prático e cientifico com influência no desenvolvimento do mundo.

Nada é só preto e branco, e de tudo isso resultaram acontecimentos que marcaram os séculos e, por exemplo, o século XIX, no célebre mapa cor-de-rosa e não só, no impulso a novas ocupações para o interior das colónias e na resistência armada a exigências de outras potências coloniais.

Durante a 1ª República, houve grande desenvolvimento da colonização e exploração das riquezas das então colónias. Armando de Castro, ensaísta que conviria reeditar e conhecer, num livro sobre a 1ª parte do século XX em Portugal, dá bem conta das decisões dos republicanos, aliados ao capital nacional e estrangeiro, quanto à ocupação de novos espaços e exploração das riquezas e da força de trabalho dessas regiões colonizadas.

“ Em África não se toca”, era a directiva dos governos de então, aprofundada com o advento do 28 de Maio de 1926 e com a instalação da ditadura fascista de Salazar. Norton de Matos e outros tentaram mostrar como se poderia agir nesse colonialismo que acabou por ser aprofundado e agravado na interligação de capitais e grupos económicos portugueses e de outros países, a Inglaterra, os Estados Unidos da América, a França e a República Federal Alemã, por exemplo, interligação que marcou o apoio à continuação do fascismo depois da 2ª guerra mundial.

Os acontecimentos na Europa e noutros continentes, a afirmação social e política dos trabalhadores e o ascenso da luta dos povos colonizados pela libertação e independência foram ganhando força e reconhecimento nas organizações internacionais. Surgiram grupos e movimentos que puseram em causa a presença, ocupação e exploração das então colónias e, em Portugal, há uma primeira força política que, na clandestinidade, analisa e põe no seu programa o objectivo de lutar pela independência e libertação dos países e povos colonizados pelo regime fascista de Salazar.

Foi em 1943, no 1º Congresso ilegal do PCP, que no informe de Duarte, pseudónimo de Álvaro Cunhal, se afirmou que “Os aliados do proletariado na actual etapa da revolução não são apenas o campesinato e a pequena burguesia. Os povos das colónias portuguesas são um aliado natural do proletariado “.

Em 1946, no 4º Congresso (2º ilegal), o PCP avançava numa maior caracterização do caminho para o derrubamento do fascismo e o fim do colonialismo e, nos 5º e 6º Congressos, em 1957 e 1965,incluía nos programas os objectivos que, em 1965, já eram resultado das lutas desenvolvidas em Portugal e na experiência e apoio às lutas armadas dos povos da Guiné-Bissau, Angola e Moçambique. Amílcar Cabral, Agostinho Neto e outros dirigentes e futuros combatentes nos seus países ocupados foram amigos e companheiros da nossa luta em Portugal contra o fascismo e em toda essa imensa história de sacrifícios, de prisões, de preparação de saídas clandestinas para os seus países e destinos de construtores de libertação e de independências.

Depois de acontecimentos iniciais de rebelião nas então colónias e expulsão de ocupantes do forte ex-negreiro de S. João Batista de Ajudá, depois de Dadrá e Nagar Aveli e da integração de Goa, Damão e Diu na soberania da Índia, a 4 de Fevereiro de 1961 avançou a luta anticolonial e armada do MPLA em Angola. Na Guiné-Bissau e em Moçambique, o PAIGC e a Frelimo deram início à luta armada e combateram pela libertação e independência dos seus países e povos.

Em Portugal, Salazar e o fascismo lançaram essa cruzada intensa de “Para Angola e em força”, tal como para as outras colónias, contra povos e movimentos em luta, numa declaração de guerra que atingiu profundamente o país até ao fim do fascismo e ao 25 de Abril.

A emigração massiva e clandestina para a Europa marcava a crise imensa da agricultura e da impossibilidade de viver e subsistir em regiões e terras atrasadas e esquecidas. A essa fuga juntaram-se as razias sucessivas de jovens que iam à inspecção e à vida militar para serem preparados para a guerra em África.

À ausência de dezenas de milhares de homens, e depois de mulheres na imigração, juntava-se esse drama imenso de uma guerra colonial que nos trouxe cerca de 10.000 mortos e mais de 30.000 estropiados e marcados pelas experiências brutais nas frentes de combate. Uma guerra que significava em cada ano 43% das despesas gerais do Estado fascista, para além de armas, crédito e apoio diplomático de países que sustentaram Salazar e o fascismo no poder.
A organização clandestina nas forças armadas; a consciencialização dos trabalhadores e do povo português nas lutas contra o custo de vida e a fome; a revolta crescente contra guerras que nada traziam a não ser perdas humanas e mais desastre; os apelos à paz, a denúncia e o combate de sectores mais avançados, com destaque param os comunistas e a oposição democrática clarividente e corajosa; a luta de oficiais do quadro e de outros militares; a consciência crescente nas universidades, do movimento estudantil, de associações, de jovens trabalhadores, a retirada de milhares de estudantes das universidades e a integração forçada nas tropas destinadas à guerra colonial; o grande impulso e desenvolvimento destas lutas a partir de 1969, com a criação da CDE – Comissões Democráticas Eleitorais, que colocaram como um dos grandes objectivos o fim das guerras coloniais, a partir das posições corajosas e decisivas sobretudo de comunistas e católicos progressistas; os acontecimentos na Capela do Rato, numa vigília pela Paz cercada e interrompida pelas forças da repressão fascista, com espancamentos, prisões e torturas; as sessões e manifestações, a publicação de boletins, volantes e outros documentos denunciadores da guerra colonial; os espectáculos que eram proibidos, os comícios cercados e alvo de forte repressão da PIDE e da GNR; a organização clandestina, as actividades da ARA – Acção Revolucionária Armada, as organizações semi-legais, nomeadamente as comissões democráticas em distritos, concelhos e freguesias; todos esses movimentos, iniciativas, lutas e combates criaram condições para a realização dos Congressos de Aveiro, para a participação da juventude trabalhadora e dos estudantes, de forma cada vez mais corajosa e interventiva, nessas frentes importantes que vieram a contribuir para a consciência e o crescente posicionamento democrático das forças armadas portuguesas.

As reuniões clandestinas e a criação do Movimento das Forças Armadas foram o corolário decisivo de um enorme movimento de revolta levantada no povo português, nas famílias, nos trabalhadores, nas empresas, nas universidades e em cada terra, face à miséria e ao desastre, aos gastos insustentáveis, à exploração acentuada dos trabalhadores, do custo de vida, das dificuldades de sobrevivência e dessa enorme injustiça e violência de ocupação de países e morte de povos que eram explorados pelas grandes multinacionais do petróleo, dos diamantes, do algodão, do café e de todas as riquezas da África revoltada e em luta.

Foi a vitória de todos nós, essa imensa revolução de 25 de Abril de 1974, a libertação dos presos políticos, tantos deles por causa das lutas contra a guerra colonial, a preparação de condições para que a descolonização e a independência dos povos e países avançassem.

Não foi fácil. Coube aos movimentos de libertação da Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola e Moçambique um papel fundamental e determinante ao longo dos anos. Coube ao povo português, aos trabalhadores, às suas organizações políticas e sindicais, a oposição democrática que soube ser consequente; coube aos corajosos Capitães de Abril e a todos os militares que prepararam e ergueram os princípios e programa do MFA, que fizeram esse levantamento militar, que acompanharam e apoiaram os trabalhadores e o povo na transformação do 25 de Abril em revolução imparável e popular; coube a todos os que foram patriotas e revolucionários essa imensa conquista que foi o fim da guerra colonial e o apoio determinado à independência das ex-colónias.


A nossa cidadania, a nossa participação democrática, revolucionária e popular, essa Aliança Povo – MFA que foi impulsionada e conquistada, valeu o principal das nossas vidas, da nossa alegria e liberdade. Hoje, comemoramos o 40º Aniversário de uma das conquistas principais do 25 de Abril e da Revolução e saudamos os povos e países da Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique e Angola, conscientes das nossas forças e vontade de prosseguir nos caminhos da democracia, da construção de um Portugal livre e independente, a caminho de um futuro melhor, no regresso ao que é principal e decisivo: o desenvolvimento económico, social e cultural do nosso povo, a afirmação dos direitos dos trabalhadores, das forças armadas e militarizadas, do país que amamos e que precisa da Constituição da República respeitada e cumprida em todos os seus vectores essenciais para o futuro democrático e avançado de Portugal.