COMEMORAÇÕES POPULARES. DIA 25 de ABRIL Todos à Avenida da Liberdade em Lisboa e noutros locais do país.



 40 anos de ABRIL - 25 de Abril de 2014


Em Lisboa a concentração da ACR é às 14:30 na:
Av. Duque de Loulé junto às instalações do Banco do Brasil.


Apelamos à participação de todos numa grande, forte e unida confraternização comemorativa, desta data especial, que será também o protesto e a exigência da mudança necessária, de um Povo que não se resigna e nunca se deixará vencer.



Estamos a comemorar os quarenta anos desse dia, que repetimos, foi um dos mais luminosos da História de Portugal: o 25 de Abril de 1974.

Houve 25 de Abril porque havendo ditadura, colonização, opressão, isolamento, obscurantismo, demagogia, um pesado policiamento das consciências, houve também resistência e luta e o povo queria Liberdade e Paz e contribuir, com plena cidadania, para a construção do nosso futuro.

Os capitães, anos após anos, foram descobrindo que o inimigo não estava na mata tropical mas no Terreiro do Paço. Altas patentes militares e Governantes mentiam sem pudor. Paradoxalmente foi com a experiência da guerra, que souberam preparar com profissionalismo e competência a tomada do poder para o devolver ao povo soberano.

Culminando a persistente resistência do povo português durante décadas Portugal redimiu-se numa noite e fez surpreendentemente, dum conjunto de jovens militares, emergirem capitães, timoneiros do povo armado e sob a égide dum povo unido erguer a mais bela das alvoradas, ponto de partida para um processo revolucionário que, na base da aliança Povo /MFA, viria a produzir as profundas transformações económicas, sociais, políticas  e culturais que dariam origem à Democracia de Abril, consagrada na Constituição da República Portuguesa.


Gravadas a letras de ouro do Programa do MFA e sob o Sol da Liberdade que os portugueses finalmente disfrutavam, após 48 anos de escuridão e de luta, lá estava escrito democratizar, desenvolver e descolonizar.

[Durante cerca de dois anos o programa do MFA e os governos provisórios produziram quase 200 diplomas (Leis, DL e Portarias) que oficializaram as conquistas da Revoluçãopara alegria e satisfação popular. Podemos falar dessas conquistas que têm sido alvo de ataques de décadas :

         Liberdade de expressão e de pensamento sob qualquer forma*Liberdade de manifestação*Liberdade de reunião e associação*Liberdade de organização politica*Liberdade sindical*Salário mínimo nacional*Igualdade de direitos*Eleições livres*Direito de votar com mais de 18 anos*Direito à justiça*Independência e dignificação do poder judicial*Direito à educação*Direito à cultura*Direito à habitação*Direito ao trabalho*Direito à reforma*Direito à saúde*Direito à greve*Controlo operário*Nacionalizações*Reforma agrária*Poder local democrático*Politica económica democrática e estratégia anti-monopolista*Politica social essencialmente na defesa dos interesses da classe trabalhadora*Aumento da qualidade da vida de todos os portugueses*Lei do arrendamento rural e dos baldios*Fim da guerra colonial e reconhecimento do direito à independência dos povos colonizados. Ler livro "Conquistas da Revolução" edição ACR.]  
  

Temo-lo dito sempre: “a Revolução de Abril, ao pôr fim à ditadura fascista, abriu o caminho à participação dos cidadãos na vida pública, ao desenvolvimento económico, social e cultural dizendo não ao oportunismo, à corrupção, aos interesses ilegítimos dos grupos financeiros e sim à justiça social, ao direito ao trabalho, ao emprego, à saúde, à educação, à habitação, à paz, a mais futuro.”

No entanto e na sequência do gravoso ataque às conquistas da “Revolução dos Cravos”, um ataque com décadas de existência e agravado nos últimos anos com a invasão da troika FMI/BCE/EU, os portugueses vivem hoje  a  pior situação política, económico e social após o 25 de Abril.

Os desencantos de hoje e respectivas frustrações nada têm a ver com o 25 de Abril.
Os desencantos de hoje e respectivas frustrações são fruto duma coligação de interesses e conjugação de factores internos e externos a jusante da essência e natureza dum sistema predador responsável pela miséria, pela fome e pela doença de milhões de seres humanos. Chama-se: " capitalismo ", com diversas alcunhas, neo-liberalismo, ultra-liberalismo ou só, simplesmente  “mercado”.

Em 25 de Abril quisemos que as pessoas, os portugueses participassem no futuro. Quem deixou, quem permitiu (como e quando?) que nos dias de hoje, seja o “mercado” e seus tiranetes a mandar em nós? Há anos que vimos afirmando que o sistema gera desumanas situações sócio-económicas, com uma aparente e ilusória contrapartida de progresso económico, onde os ricos têm ficado cada vez mais ricos e os pobres, cada vez, mais pobres.

A economia social foi estrangulada e a vertente financeira (especulação) sobrepõe-se à vertente produtiva (economia real).Esta é a essência da crise : A banca e a alta finança a comandar a política como antigamente, na ditadura derrubada. Só que agora com novos trunfos.

Foi assim, com este mando do “mercado” e subserviência destes governantes, nacionais e europeus, que se chegou a esta situação de crise nacional e internacional pretendendo, os mandantes, curar as doenças com “remédios falsos” e insistindo na receita:completa e cega submissão aos números, desprezo pela pessoa e famílias, austeridade. Austeridade geradora da continuada desaceleração da economia, desemprego e pobreza com as mais altas taxas, jovens empurrados para a emigração, generalização da precariedade com a quebra dos salários e brutal redução das pensões dos reformados, despudorada e injusta carga fiscal, feroz ataque ao direito ao trabalho com a grave redução dos legítimos direitos na saúde, na segurança social, na educação e na justiça. Enfim, firme ensejo de destruir por completo o Estado-Social construído à custa de intensa luta de décadas.

Queremos a liberdade, a paz e a democracia de Abril. Queremos uma política social, económica e democrática, com os direitos e deveres consagrados na Constituição da República Portuguesa que submeta o poder económico ao poder político.

Impõe-se derrubar as actuais políticas e recuperar a esperança que a madrugada libertadora nos trouxe retomando os seus principais valores.


Queremos uma política que defenda o regime democrático, que edifique um Estado onde o trabalho, a solidariedade, a justiça,a educação e a cultura sejam pilares fundamentais, que coloquem o desenvolvimento da economia ao serviço de quem trabalha e de quem trabalhou, das novas gerações e do futuro do País. Futuro que terá de dar resposta aos enormes problemas com que as novas gerações se debatem. 
O 25 de Abril que evocamos não pode defraudar as expectativas criadas. Não cabem nele o abandono e a fome nas crianças, o aumento do trabalho infantil, o afastamento escolar nos vários patamares por razões económicas, o desemprego e a precariedade galopantes que forçam particularmente os jovens à emigração.

Entendemos que é possível inverter a actual situação.

Apelamos portanto à participação de todos numa grande, forte e unida confraternização comemorativa, desta data especial, que será também o protesto e a exigência da mudança necessária, de um Povo que não se resigna e nunca se deixará vencer.

Estamos certos, o nosso 25 de Abril faz quarenta anos e vencerá. Porque Abril é o Futuro.

A direcção da Associação Conquistas da Revolução

25 de ABRIL 2014