Homenagem a Fernanda Lapa

 Reproduzimos texto escrito pelo nosso Presidente da Assembleia Geral



FERNANDA LAPA

 

Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral

 

Conheci a Fernanda Lapa em 1974.
Privei com ela na Direcção da ex Associação de Amizade Portugal - RDA.
Fizemos nesse ano uma visita à RDA, com uma numerosa delegação de intelectuais e muitos jovens.
Desde logo, apreciei na Fernanda a sua combatividade, determinação revolucionária e capacidade de se dedicar a causas justas.
Visitamos em Berlim o teatro Brecht que teve grande significado para ela, pois desde cedo, manifestara a sua vocação para o teatro , onde acabou por se revelar uma notável e polifacetada actriz.
Acompanhei-a desde então, na sua extraordinária carreira a que foi juntando a encenação, o estudo até chegar a professora numa Escola de Teatro.
Lutou muito por ela e pelos outros.
Teve momentos felizes e outros de desilusão.
Por vezes, foi incompreendida porque incomodou e também injustiçada.
Mas nunca desistiu. Não vergou.
A verticalidade era a sua condição.
Manteve-se até ao fim fiel aos seus ideais políticos e sociais.
Foi uma grande mulher do teatro e da cultura.
É uma figura inspiradora.
Estava com J. L. Borges, quando este dizia "que a função libertadora da arte, deita raízes na sua capacidade de sonhar contra o mundo, de dar forma a mundos que são de outra maneira".
Liberta já das máscaras que foi sendo, não encontrará na morte o apagamento.

Manuel Begonha