A LIBERDADE É UMA LUTA CONSTANTE

 Do nosso associado Manuel Rodrigues recebemos o texto que reproduzimos:

“A LIBERDADE É UMA LUTA CONSTANTE”

 

É este o título do livro de Ângela Davis, recentemente editado em Portugal pela Antígona.

Trata-se de uma selecção de intervenções da valorosa lutadora estado-unidense, durante os anos de 2013 a 2015. Se bem que os assuntos versados possam ser tomados como dizendo predominantemente respeito aos EUA, há neles aspectos que, pela sua importância e pela sua abrangência,  nos  tocam a todos.

É este o caso das actividades, relatadas pela autora, de poderosas empresas privadas ditas de segurança, que estão, crescente e ameaçadoramente,  a  condicionar gravemente a vida de populações por esse mundo fora.

 

Exemplos:

- O COMPLEXO PRISIONAL-INDUSTRIAL(CPI) - Com uma população prisional bem superior a dois milhões de pessoas, o CPI estado-unidense é um importante fornecedor de mão de obra às grandes corporações que operam no país; trata-se, de facto, de trabalho forçado, escravo, extorquido a cerca de 0,25US$ por hora!!!

Ora, se bem que o CPI tenha tido como epicentro os EUA, e como principal área de actuação o sistema prisional desse país, desde há muito que as empresas do ramo vêm estendendo os seus tentáculos para outras regiões e para outras sectores de actividade.

 

- A ACÇÃO  DO GRUPO G4S -  A operar em cerca de cem países, com mais de meio milhão de funcionários, esta empresa teve importância decisiva na montagem das estruturas do apartheid israelita e na formação e treino das forças que o aplicam.

O trabalho da G4S em Israel, é um dos pilares  em que se apoia o poder de índole fascista instalado em Telavive para,  de braço dado com o  trumpismo reinante na Casa Branca, aplicarem e difundirem doutrina racista e xenófoba nas forças de segurança e na aplicação das técnicas que lhes são inerentes.

 

 

- A DETENÇÃO E DEPORTAÇÃO DE EMIGRANTES - Actual e muito lucrativo negócio destes conglomerados, ditos de segurança.

A propósito desta  actividade, Ângela Davis relatou, em Outubro de 2013  na Faculdade de Direito de Birkberck no Reino Unido, o seguinte episódio:

“…falei com Deborah Coles, co-directora da  organização Inquest, acerca do caso de Jimmy Mubenga, que morreu às mãos de guardas da G4S durante uma deportação do Reino Unido para Angola. Num avião da British Airwais, com as mãos algemadas atrás das costas, Mubenga foi violentamente empurrado por agentes da G4S contra o banco da frente e a sua cabeça pressionada para baixo com força, numa manobra de imobilização proibida chamada carpet karaoke, para que ele não conseguisse vocalizar a sua resistência. É espantoso o uso deste termo para designar uma manobra que, apesar de ser ilegal, é praticada pela polícia. Indica que a pessoa sujeita a esta manobra é obrigada “a cantar para a alcatifa do chão” ou, no caso de Mubenga, para o banco estufado à sua frente,  abafando-se assim os seus protestos e tornando-os incompreensíveis. Enquanto Jimmy Mubenga esteve imobilizado durante quarenta minutos, ninguém interveio. Quando finalmente houve uma tentativa de lhe prestar os primeiros socorros, estava morto.”

                          

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 O livro de Ângela Davis não é só isto. E, sobretudo, obriga-nos a perguntar:

A quantos Mubenga e a quantos Floyd foram tiradas as vidas até  à visão do vídeo de Minneapolis?

E, a quantos mais teremos ainda de ver  sacrificados, às ordens e às mãos dos mandantes e dos executores dos apartheids inerentes à exploração imperialista?