A iniciativa foi promovida pela União das Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas.
Representou a ACR o militar de Abril, Manuel Custódio
intervenção de Manuel Custódio |
Estimadas amigas e amigos, camaradas;
O nosso obrigado pelo convite que foi endereçado à
Associação Conquistas da Revolução para estar aqui presente um militar de
ABRIL.
Convite que muito nos honra.
A nossa Associação foi constituída e inspirada, nos valores
e ideais desse grande Homem, que foi o general Vasco Gonçalves, o único 1º
Ministro que governou para o seu povo e um dos objectivos da Associação é fazer
emergir, na sociedade, os seus valores e ideais.
Camaradas e amigos;
Juntamo-nos hoje, na prestigiada Academia Almadense, para
comemorar os 43 anos desse importante levantamento militar, dirigido pelos
capitães, naquela radiosa madrugada de 25 de Abril, que derrubou o regime
fascista de Salazar. Esta acção dos militares culminou longos e negros anos de
lutas, do povo, de muitos democratas e patriotas portugueses, o que permitiu logo
a seguir, aquele grandioso 1ºde Maio, dando
inicio à Revolução Portuguesa que, por isso, ficou conhecida por Revolução de Abril. Revolução
que trouxe ao povo a alegria, a esperança e a paz. A revolução que escancarou os
portões da liberdade e da democracia. Portões que muitos tentaram fechar com
golpes, invenções e agressões mas não conseguiram, porque a mobilização das
massas era real.
Foram anos vertiginosos esses anos de 74 e 75, para muitos
de nós, os mais felizes da nossa vida, há uma lição fundamental para os dias de
hoje e de sempre: foi a luta, foi a iniciativa, foi a intervenção das massas
que produziram as conquistas. Elas, as conquistas, antes de estarem em lei ou
na Constituição, já eram realidade concreta, vida concreta, nos campos, nas
fábricas, nas vilas e freguesias rasgando ruas, casas, escolas. Como está bem documentado
no livro Conquistas da Revolução, que a nossa Associação publicou
Foi isso que permitiu aquele acto fantástico de poucos meses
após o 25 de Novembro que constituiu uma derrota da esquerda militar e
desequilibrou a relação de forças, tivesse sido aprovada a Constituição da
República, ela própria conquista de Abril. Uma Constituição que consagrou as
conquistas fundamentais dos trabalhadores e das massas – as conquistas da
Revolução, uma Constituição ao serviço dos explorados, dos mais pobres, da afirmação
da soberania nacional, dos direitos dos trabalhadores e de um Portugal
desenvolvido. Uma Constituição que começou a ser atacada nesse próprio dia e
continuou até aos dias de hoje. Todos temos conhecimento das mais de uma dezena
de inconstitucionalidades decididas pelo Tribunal Constitucional relativamente
a medidas do Governo PSD/CDS
Constituição, que por proposta das Associações e Clubes
militares, na comemoração do seu 40º aniversário, a Câmara Municipal de Almada
editou em tipo de livro escolar e distribuiu a todos os alunos do 1º ao 11º ano
de escolaridade do seu concelho.
Camaradas e amigos;
Olhamos o mundo e temos razão para estarmos preocupados.
Vemos como a extrema-direita tem vindo a reforçar a sua influência por toda a
Europa. Vemos como em resultado das intervenções na Libia, Iraque, Afeganistão
se generalizou a guerra, arrastando com ela um êxodo em massa, acirrando ódios.
Os mesmos que desencadearam a guerra são os mesmos que agora choram lágrimas de
pena e dó pelos refugiados. Os mesmos que já restringem direitos e liberdades,
como já faz a França e outros países, são os mesmos que, por causa do terrorismo, financiam
os países e vendem armas aos que abrigam os terroristas.
Olhamos para o outro lado do Atlântico e vemos como se desestabilizam
países que optaram por querer seguir rumos diferentes daquilo que querem, os
que acham que dominam o mundo. O último ataque à Líbia e as ameaças à Coreia do
Norte, por parte dos Estados Unidos de Ronald Tramp, aumentam cada vez mais os perigos
de guerra, a qual, a ser lançada com a capacidade de destruição que possuem os
beligerantes, será uma catástrofe difícil de prever, pois como dizem os
especialistas, nem os vencedores de te tal guerra sobrevirão.
Estes são pois tempos de preocupação. Mas preocupação não
pode ser sinónimo de expectativa, paralisia ou desistência. De ficar à espera
para ver. De pensar que outros resolverão por nós aquilo que a nós diz
respeito.
Amigos e camaradas;
A grande virtude da solução governativa construída após as
eleições de 4 de Outubro, de 2015, foi ter afastado o PSD e o CDS do Governo e
com isso a interrupção do seu projecto demolidor. Ter-se conseguido isso já foi
muito.
Mas se não podemos permitir que se perca a esperança criada
com a janela que se abriu com essa solução, também é preciso não ter ilusões,
que com o actual o actual Governo os problemas fundamentais que afectam a nossa
vida, vão ter resolução. Todos temos consciência das soluções, visões e
propostas que separam as forças políticas que suportaram a formação do governo
do PS. Conhecemos 39 anos de políticas do PS, sabemos das suas opções. Mas,
sabemos também que querer cumprir as regras da União Europeia e satisfazer
direitos básicos dos portugueses é o mesmo que querer sol e sombra ao mesmo
tempo.
Logo, das duas, uma: ou ganha corpo pela exigência popular,
a satisfação dos interesses dos trabalhadores, dos reformados e pensionistas,
do direito à saúde, etc; Ou retoma a satisfação dos interesses do Banco Central
Europeu, com a obecessão pelo tecto do déficit, e a destruição das nossas
vidas. E como há ainda quem não tenha compreendido bem esta situação,
compete-nos esclarecer, mobilizar e agir, para combater os planos Bês e se
exijam os planos À.
Camaradas e amigos;
Hoje, estamos de novo a precisar de nos dinamizarmos por
novas causas e razões.
O momento que vivemos não é de espera, nem de expectativa,
mas sim de luta e de acção. Precisamos de novo da intervenção e da luta pelo
aumento das pensões e reformas; de salários; de acesso à saúde; de direitos dos
trabalhadores e combate à precariedade. Precisamos dessa intervenção na luta
pelo direito do nosso povo decidir do seu destino sem ingerências e pressões do
FMI, do BCE e outras estruturas. O nosso desenvolvimento só será possível se
nos libertarmos dessas pressões e dessas ingerências.
Não
quero terminar esta minha intervenção sem manifestar a mais profunda
solidariedade da Associação Conquistas da Revolução à União de Juntas de
Freguesias de Almada como a todos os seus trabalhadores e às suas lutas por uma
vida com qualidade e dignidade.
Quero
ainda manifestar a esperança e a certeza, de que as gerações mais jovens
saberão dar continuidade à luta pelos valores e ideais desse grande militar, o
General Vasco Gonçalves.
E antes de terminar mesmo, quero informar, que no dia 20 de
Abril a Associação Conquistas da Revolução, realiza, na Casa do Alentejo, um
Jantar comemorativo do 25 de Abril.
Viva a Associação Conquistas da Revolução
Viva a Constituição da República
Viva a Revolução de Abril
Almada, 10 de Abril de 2017