Portimão acolheu mais uma apresentação dos livros “Conquistas da Revolução” e “Vasco, Nome de Abril”



  “Um impossível adeus”, poema de César Príncipe que integra o conjunto de depoimentos da edição da Associação Conquistas da Revolução, “Vasco, nome de Abril”, foi objecto de leitura por parte de um associado, Daniel Costa Sequeira, na sessão levada a cabo no Café-Concerto do TEMPO, Teatro Experimental de Portimão, no passado sábado, 5 de Dezembro.
   Com o objectivo de dar a conhecer ainda o livro “Conquistas da Revolução”, a iniciativa, dirigida por Pedro Purificação, igualmente sócio, contou com a intervenção de Manuel Carvalho, Militar de Abril e membro da Direcção da ACR.
   A um dia das eleições na Venezuela, não podia deixar de ser evocada a solidariedade internacionalista com a luta de todos os povos em todos os continentes, ou o poema citado não dissesse de Vasco que ele era e ficou como um nome para transformar a História, general, soldado, engenheiro, operário, português, universal.

   Também foi recordada a prisão no Hospital São José da enfermeira Hortência Silva, natural de Portimão, julgada e absolvida a 3 de Fevereiro de 1955 depois de ter passado algum tempo isolada e de janela entaipada, tinha então cerca de 20 anos. Contra ela fora instituído o processo 14811/54 por ter assinado um documento protestando contra a proibição do casamento das enfermeiras e ser suspeitada de simpatia pela Revolução Socialista de Outubro.


Intervenção de Manuel Gonçalves de Carvalho, membro da Direcção da ACR


Caras amigas e amigos,
Antes de mais, o nosso muito obrigado à Câmara municipal de Portimão por nos ceder este belíssimo espaço do café-concerto do ainda mais belo Teatro municipal de Portimão. Lamentamos a impossibilidade da Sra. Vereadora da Cultura e da ciência, Ana Fazenda de estar aqui presente, por ter outro evento inadiável. DE QUALQUER FORMA, PELO EMPENHO, O NOSSO OBRIGADO.
O nosso obrigado, também, pela vossa presença, -- presença que muito nos honra e que saudamos.
Não fora os desígnios da vida, gostaria de ver aqui uma pessoa por quem tive grande estima e que com ele estive embarcado, no já longínquo ano de 1968, na fragata Diogo Cão. Falo do Comandante Nuno Mergulhão, Presidente desta Câmara até 1999, data em que, lastimavelmente, nos deixou tão cedo e de forma trágica. Poder-se-á dizer que o Nuno morreu na defesa dos interesses da sua terra. --- Que descanse em paz.
Posto isto:
Permitam-me que tenha aqui umas breves palavras relativas, à ASSOCIAÇÃO CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO: 
Ela é constituída por cidadãs e cidadãos civis e militares amantes da liberdade e da democracia e que pretendem defender e repor toda a verdade sobre as acções concretizadas dentro do programa das forças armadas (MFA) e lembrar e homenagear os seus promotores quer civis ou militares, das conquistas legítima e democraticamente obtidas no período mais fecundo, patriótico e criativo do 25 de abril.
Conquistas do povo trabalhador português entretanto destruídas por quem tem ocupado o poder político contra-revolucionário.
A ACR tem pautado a sua actuação cultivando o espírito revolucionário e a consciência social progressista, pela construção de uma democracia política, económica, social e cultural amplamente participada, que a Constituição da República Portuguesa, aprovada em 2 de Abril de 1976, viria a consagrar. 
Assim tem levado a efeito:
 Palestras e colóquios, por todo país. Produção de documentação e livros de modo que a história recente não seja deturpada, reescrita ou simplesmente esquecida, como é o caso da tentativa de prescrição da memória e o legado do General Vasco Gonçalves.
As ganâncias humanas do poder, quer político quer económico, não deram descanso ao MFA e, rapidamente, ele vê surgir no seu seio, um projecto pessoal à volta de António de Spínola, que tudo faz para subverter o projecto colectivo que estava em marcha.
Foi a tentativa de rasgar o Programa do MFA, logo no dia 25 de Abril; foi o “Golpe Palma Carlos” menos de três meses depois; foi o 28 de Setembro, com a própria auto resignação de Spínola e foi o 11 de Março de 1975.
Mais tarde, também, a muralha de aço construída pelos trabalhadores em volta do companheiro Vasco sofreu um rombo significativo com a contra-revolução a dividir o MFA o que levou à demissão do General após a conturbada Assembleia de Tancos, onde à última hora foram nomeados de forma “hadoque” muitos militares, cujo único objectivo era travar a luta dos trabalhadores, Mas o povo português e os seus trabalhadores saberão, mais dia, menos dia, reparar essa muralha.
Lembro aqui e homenageio o companheiro Vasco que foi o único 1º ministro que diminui, consideravelmente o fosso entre ricos e pobres. 
Cito  Vasco Gonçalves quando disse:
 “Fui simplesmente o que me impunha a minha consciência e a minha formação de militar e de cidadão solidário com o seu povo.
O futuro com que sonhei não é cada vez mais saudade, é sim, cada vez mais, necessidade imperiosa.
ASSIM O POVO O COMPREENDA”
E volto a citar o companheiro VASCO, com uma frase completamente actual:
“Hoje em dia, falar de gonçalvismo é identificar o gonçalvismo com as conquistas da revolução; hoje, em dia, a luta contra o gonçalvismo é, na realidade, uma luta contra a constituição.” FIM DE CITAÇÃO.
Atualmente, no nosso dia-a-dia, vemos um povo que clama por justiça social e que a constituição seja cumprida:
E assim vejo no meu amigo Rafael que trabalhou no duro mais de cinquenta anos e  que para se poder alimentar (mal) corta nos medicamentos e na ida ao médico – É UM GONÇALVISTA;
Vejo, na minha rua, um casal de idosos que depois de tanto esforço para poderem dar um futuro às suas duas filhas, hoje morrem de saudades delas e não vão ver o crescimento dos seus netos, porque as suas filhas tiveram que emigrar – SÃO GONÇALVISTAS;
Vejo uma jovem, minha parente, com uma grande depressão porque depois de tanto esforço a tirar a sua licenciatura e mestrado, não consegue arranjar emprego – diz ela que cumpriu aquilo que o país lhe exigia, ou seja a sua preparação para ser útil à sociedade e esse mesmo país que hoje lhe volta as costas – É UMA GONÇALVISTA; 
Poderíamos falar de muitos outros injustiçados não importando o partido em que votam ou mesmo se votam, verdade, porém, é que clamam por justiça social e é por todos eles que mulheres e homens democraticamente mais conscientes lutam todos os dias.
  Felizmente muitos e muitos portugueses e portuguesas continuam a lutar, nos seus locais de trabalho, nos seus sindicatos, nas suas organizações de classe e no poder local democrático, por Abril e que saberão responder com dignidade e patriotismo reafirmando os valores de Abril de que são depositários. Mas é responsabilidade de cada um de nós, que está com Abril, mobilizar outros. 
A Revolução de Abril é património do povo e é património do futuro. 
Nunca, como hoje, foi tão importante e decisivo, como dizia o poeta “FAZER FLORIR - ABRIL DE NOVO”
Felizmente, com a recente derrota parlamentar das forças de direita, abre-se uma nova fase da vida política nacional e cresce a esperança dos mais desfavorecidos na diminuição do fosso das vergonhosas desigualdades e penso, também, que muitos portugueses e portuguesas começam a aprender que a força do voto pode alterar as suas vidas.
-------------------------------------------------------------


PASSO ENTÃO A APRESETAR O PRIMEIRO LIVRO “CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO”
É uma edição da ACR, com capa de José Santa-Bárbara (artista plástico) e paginação e ilustração da Ana Neves, uma jovem nossa associada. 
A introdução e o prefácio são da responsabilidade da ACR e dividido em 4 capítulos.
Na introdução descreve-se as medidas constantes do programa do MFA, que ficaram conhecidas pelos 3 D’s (democratizar, desenvolver e descolonizar) 
Algumas dessas medidas mais significativas, como sejam:
Liquidação das estruturas fascistas;
Mais e melhor justiça;
Poder local democrático;
Direito ao trabalho com direitos – salário mínimo e pensão social, subsídio de férias, direito à greve e regulamentação das relações colectivas de trabalho;
Diretos culturais – direito à educação e à cultura;
 couberam aos governos provisórios a sua concretização.
Nos dois capítulos seguintes - LIBERDADES DE ABRIL e PROCESSO REVOLUCIONÁRIO apresenta e compila todas as medidas de forma sustentada, nos diplomas legais publicados, (muitos deles com a assinatura de Vasco Gonçalves) com ordenação cronológica e sempre que é oportuno com recurso a bibliografia específica,
O capítulo III São registados quatro depoimentos de dois militares de Abril e do escritor Modesto Navarro – membro da direcção da ACR.
No capítulo IV – conclusão – podemos ler as notas biográficas de um jornalista escritor, de um cronista e de militares de Abril, membros da direcção da ACR, intervenientes na produção, deste livro de importância histórica.
Se me permitem e sem me alongar de mais, passo a ler alguns pequenos trechos do constante no livro “CONQUISTAS DA REVOLUÇÃO”
----------------------------
DE SEGUIDA, PASSO A APRESETAR O LIVRO “VASCO NOME DE ABRIL”
É uma edição, também, da ACR inserida nas comemorações do 40º aniversário de Abril, particularmente, a tomada de posse do 2º Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves.
Pretende homenagear aquele que é referência primeira e a maior desta associação, o General Vasco Gonçalves, assinalando, quando publicado, o 40º aniversário da tomada de posse do 2º Governo Provisório, presidido por Vasco Gonçalves.
O design e paginação é também de Ana Neves
 Vasco nome de Abril inicia-se com uma nota biográfica de Vasco Gonçalves seguida por um prefácio escrito pelo nosso presidente da direcção Manuel Begonha e de 75 testemunhos de militares (muitos deles que conviveram ou trabalharam com Vasco Gonçalves) de escritores, de políticos, de sindicalistas e de artistas. De referir, também, uma carta de Fidel de Castro à Aida Gonçalves (viúva do VASCO) após o seu falecimento. Também, uma carta de saudação de Hugo Chaves após a solidária intervenção de Vasco Gonçalves, no 2º encontro Mundial de Solidariedade com a revolução Boliviana. 
Este livro traça, no essencial, o perfil do cidadão, do homem, do militar e do político que tão bem conseguiu interpretar os anseios do povo português saído duma ditadura obscurantista, sem liberdade, sem direitos e de pobreza. 
Passo a ler-lhos alguns trechos dos vários depoimentos.
 Assim no prefácio, poderemos ler: ------
----------------------------------------------
POR FIM, RESTA-ME AGRADECER A VOSSA PACIÊNCIA PARA ME OUVIR – OBRIGADO A TODOS.

Portimão, 05 de Dezembro de 2015