Nota de imprensa da Associação Conquistas da Revolução sobre a situação do País




Como várias vezes sublinhámos, a ofensiva da política de direita contra as Conquista da Revolução, ao longo dos últimos 36 anos, tem conduzido à descaracterização e à destruição de elementos essenciais da democracia politica, económica, social e cultural nascida da Revolução de Abril e consagrada na Constituição da República aprovada em 2 de Abril de 1976.

Há um ano, assinalámos que o Programa imposto pela troika do grande capital financeiro e aceite, servilmente, pela troika PS/PSD/CDS, prosseguiria, ainda com mais força, o caminho dessa ofensiva destruidora - e alertámos para a dimensão e a gravidade das consequências da aplicação de tal Programa, quer em relação ao regime democrático, quer em relação às condições de vida dos portugueses.

Um ano passado, a realidade aí está a comprovar os nossos alertas: o Programa das troikas não só não resolveu nenhum dos muitos grandes problemas de Portugal e dos portugueses, como os agravou a todos, mergulhando o País no declínio e flagelando os portugueses com sucessivos agravamentos das suas condições de trabalho e de vida. Através, designadamente, do fraudulento processo de privatizações, da aprovação do código anti-laboral, da acentuação da exploração do trabalho pelo capital, dos ataques ao SNS, à Escola Pública, à Segurança Social, a contra-revolução deu significativos passos em frente. 

A Revolução de Abril está mais distante, Portugal está mais pobre, mais injusto, menos independente e menos soberano, o conteúdo democrático do regime sofreu fortes machadadas. E o desemprego cresceu, bem como o número de trabalhadores com salários em atraso; sucederem-se os roubos nos salários, nas reformas e pensões, nos subsídios de férias e de Natal; agravaram-se as injustiças sociais, conduzindo a mais pobreza, mais miséria, mais fome – enquanto, na outra face da moeda, crescem os lucros e enchem os cofres dos chefes dos grandes grupos económicos e financeiros.

E a tudo isto – e agravando tudo isto - decidiu o governo acrescentar o verdadeiro tsunami social que é o conjunto de medidas anunciadas recentemente pelo primeiro-ministro e pelo ministro das Finanças.

Tirar aos fracos para dar aos fortes, roubar aos pobres para dar aos ricos, é o lema deste governo e desta política de direita com a sua iniludível marca de classe.

Uma tal prática governativa e uma tal política só podem ser travadas e derrotadas pela acção organizada daqueles que são os alvos preferenciais da política de direita: os trabalhadores e as populações.
Nos últimos tempos, a luta das massas trabalhadoras e populares tem vindo a desenvolver-se num crescendo de participação e de combatividade assinaláveis, como o comprovam as muitas greves, paralisações de trabalho e protestos nas empresas e sectores profissionais; as acções e protestos de rua nas localidades; as grandiosas manifestações de massas de âmbito regional ou nacional; as poderosas greves gerais realizadas.

Igualmente dignas de registo são as manifestações realizadas no passado dia 15, em várias localidades do País, envolvendo centenas de milhares de pessoas, a comprovar a rejeição, pela sociedade portuguesa, do Programa das troikas e o isolamento social do governo – e a confirmar as potencialidades de resistência e de luta do povo português.

Como é sabido, a  Associação Conquistas da Revolução sempre tem dado a sua total e activa adesão a todas as lutas travadas inequivocamente contra a política de direita e tendo como referência a Revolução de Abril, a sua Democracia, as suas Conquistas. E, por acrescidas razões, assim continuará a fazer no futuro.

Assim, afirmamos desde já o nosso apoio à manifestação nacional convocada pela CGTP para o Terreiro do Paço, em Lisboa, no próximo dia 29 – e apelamos à participação dos nossos associados nessa importante jornada de luta, de modo a fazermos daquele local, uma vez mais, um verdadeiro Terreiro do Povo.