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Senhor Presidente do Clube
Estefânia
Minhas
Senhoras, Senhores
Em
nome da Associação Conquistas da Revolução agradeço o convite,
que nos honra, para comemorar convosco o 25 de Abril de 1974.
Em
meu nome expresso também o meu Obrigado. Para além de me sentir
duplamente honrado – por estar convosco, por representar a ACR –
é um privilégio estar aqui.
As
palavras que Vos dirijo são da minha inteira responsabilidade. Têm
a ver com o que vivi há 41 anos, com o que vivi durante estes 41
anos, com o modo como sinto este Presente. Mas têm, sobretudo, a ver
com o Futuro: os anseios, as expectativas, os sonhos, as esperanças,
os afectos, também os medos, os fantasmas, os mitos, as
contradições, tudo o que nos faz Seres Humanos, individual e
colectivamente.
Para
poder olhar para o Futuro, e escolher o caminho a percorrer para lá
chegar, preciso de entender o Passado, colocando perguntas claras e
procurando respostas firmes, mesmo que doam: Por que aconteceu o 25
de Abril? Para quê? Que Futuro queria, queríamos, que fosse meu,
que fosse nosso, um nosso onde eu me sentisse inteiro e livre? Que
aconteceu nestes 41 anos? Que fiz, que fizemos, dos sonhos, anseios,
esperanças, expectativas, afectos, que eram meus, nossos? Como, e
porquê, chegámos a este Presente? Um Presente nosso, de facto, ou
apenas emprestado? Ou mesmo imposto?
Nesta
sequência de perguntas, cujas respostas não são fáceis,
encontramos um primeiro, e enorme, desafio: Passado, Presente e
Futuro co-existem, interagem, são interdependentes. Sem jogar com
palavras, chamo Vida a esta profunda e inescapável relação.
Mas
a mesma sequência de perguntas comporta, dentro de si, uma terrível
armadilha: as palavras!
São
elas que nos ensinam a entender o Passado. São elas que nos permitem
analisar o Presente. São elas que nos ajudam a escolher os caminhos
que devemos percorrer para construirmos o Futuro.
Mas
são elas também que nos dividem.
Um
exemplo: Igualdade.
Foi
uma palavra-chave para que o 25 de Abril acontecesse. Foi uma palavra
constante nas nossas bocas durante estes 41 anos, gritada e defendida
como um Direito inalienável. Que é, irrecusavelmente.
Mas
foi também uma palavra que o “outro lado de Abril”, o lado
contra o qual Abril se fez, adulterou, e adultera, em seu proveito
próprio: não é verdade que quem tem exercido, e exerce, o Poder,
neste nosso País (não só), não se cansa de usar todos os meios e
instrumentos a que possa deitar mão para, em nome dela, nos dividir?
E
que faço eu, fazemos nós, para lutar contra este abuso se, ao fim
de 41 anos, continuamos a confundir divergências com diferenças?
Medo de que qualquer cedência represente uma traição aos Valores e
Princípios que defendo, defendemos? Claro que sim, o que me obriga,
nos obriga, a uma constante auto-crítica para continuar a caminhar
de pé, inteiros e livres.
No
entanto, será só esse medo?
Creio
que não. Há um outro medo, aquele que está dentro de um desafio a
meu ver determinante para chegar ao Futuro que anseio: o desafio de
cumprir o Dever de reconhecer a Dignidade da Diferença.
O
cumprimento deste Dever é exigentíssimo, e impõe-nos irmos ao
fundo de nós mesmos, para encontrarmos respostas que defendam os
Valores e Princípios que são os nossos, com a força necessária
para derrotar “o outro lado de Abril”, que tem demonstrado,
sobretudo nos últimos 30 anos, que, de facto, só tem, e só
defende, interesses.
Cumprindo
este Dever, ganharemos força para impor o Direito à Igualdade. E
com isso defender a Liberdade como campo aberto onde cabem os
Afectos, a Solidariedade, a Complementaridade e a Cooperação que
definem a nossa Humanidade, rejeitando a competição e o domínio de
uns (muito poucos) sobre os outros (a esmagadora maioria).
E
seremos nós os autores, os protagonistas, na construção do nosso
Futuro, recusando que quem quer que seja nos imponha a sua vontade,
por mais “bem embrulhada” em palavras bonitas (a maior parte
delas usurpadas de nós), ou em “cenários inevitáveis”, com que
se apresente.
É
tempo de um Povo com quase 900 anos de vida afirmar bem alto – para
se ouvir cá dentro, e na Europa e no Mundo – que o seu Futuro só
a si compete definir, escolher, construir