Armamento, Soldados, …preparar para a Guerra….
Marques Pinto - sócio da ACR
Nos últimos meses em qualquer semanário, jornal diário, pasquim provinciano, revista e principalmente nos meios televisivos - que como sabem atingem os que não querem ler ou não gastam dinheiro em noticias de papel - há uma ou mais manchetes diárias sobre a guerra que virá a curto ou médio prazo -depende da seriedade do anunciante ou das ordens recebidas na estação ou redacção, atingir toda a população europeia seja da UE ou dos que já não estão ou dos que ainda não entraram….mas todos serão protegidos pelo Grande Manto de Protecção da NATO ou da OTAN se quisermos falar apenas em Português.
Sou militar reformado mas vivi a Guerra Colonial durante mais de 5 anos e quase sempre em “zonas operacionais” como na altura se designava as áreas onde decorriam acções de confronto militares ou zonas em que se movimentavam forças militares com fins operacionais.
Peço desculpa do “arrazoado” acima mas o principal assunto que me levou a escrevinhar este apontamento é falar ou alertar que por mais modernos meios que se utilizem o elemento humano é e será ainda por alguns anos, até ao aperfeiçoamento dos “robots”, a peça fundamental em qualquer conflito, fiquem a centenas de metros da frente de combate ou a centenas de quilómetros dessa mesma frente.
Se nos anos 60 e 70 mandámos para o combate moços com poucos meses de instrução e preparação porque os guerrilheiros que iam enfrentar eram na sua maioria moços e homens com armamento pouco sofisticado quero recordar que a partir de 1973 com a aparição de meia dúzia de pequenos mísseis transportados e disparados ao ombro por um único guerrilheiro, foi o suficiente para paralisar quase a totalidade duma Força Aérea no território da Guiné inibindo durante alguns meses o apoio a evacuações de feridos.
Claro que se pensarmos um pouco, vemos que a formação de militares aptos para operar todo o tipo de meios militares mais modernos desde blindados, peças de artilharia apoiadas em sofisticados radares de detecção e seguimento dos projecteis, lançamento de mísseis mesmo de médio alcance exigirá homens de formação média ou superior, que duvido que sintam atracção para se alistarem ou por procurarem uma profissão mal paga e de risco.
Claro que todos sabemos que em tempo de paz garantida aparecem voluntários….mas em risco de guerra ? E se pensarmos que a exigência será em formados e de nível acima do décimo ano ??.
Mas claro que tudo o que acima escrevi será com certeza rebatido veementemente pela maioria dos políticos …
Apenas quero recordar que sempre que se fala em armas -fabricadas no estrangeiro, claro - sempre se começa a pensar no mínimo em muitas centenas de milhões de Euros e logo haverá quem diga que a Pátria sempre está primeiro e comprar armamento e pagá-lo é um dever patriótico.
Recordo aqui os célebres CINCO navios patrulhas comprados a preço de saldo num país nórdico…há muito poucos anos, que segundo me disseram
parece que já só dois se “arrastam” e não há dinheiro nem meios para recuperar os outros. Enfim cumpriram, estou certo a sua principal missão, foram pagos e com certeza os vendedores e intermediários não se arrependeram da operação.
Todos compreendemos por isso a celeridade com que os governos aceitam a GRANDE necessidade de nos armarmos já e em força, antes que os governantes mudem.
Mas voltando ao inicio…alguém se preocupa onde e como se vão formar os operadores de tais meios? Não é o recrutamento feito á moda de 1960 que poderá alguma vez permitir ter operadores de meios sofisticados e de alto preço, que mal manuseados custam milhões em reparação ou…substituição.
Claro que a preocupação de recrutamento é muito pouco popular e de certeza de rentabilidade quase nula a não ser as obras necessárias em muitos dos actuais quartéis semi-abandonados.