A JUVENTUDE, A CULTURA E A DEFESA DO FUTURO
Manuel Begonha - Sócio da ACR
Várias têm sido as causas apontadas para a ascensão da extrema - direita em Portugal.
No que respeita à juventude não é despicienda a falta de hábito de leitura e o desconhecimento da nossa história recente que lhe tem retirado espírito crítico que a torna vítima fácil das mais perigosas demagogias.
E não se diga que são temas que não lhe despertam interesse. Os militares e associações como a URAP que há muito se têm deslocado a escolas e universidades, a convite de alunos e professores para falar acerca do que foi a Revolução de 25 de Abril de 1974, têm encontrado grande receptividade.
Por outro lado, os militares e civis que durante 10 meses, de Outubro de 1974 a Agosto de 1975, tempo de duração das campanhas de dinamização cultural, realizaram por todo o país cerca de 2000 sessões de esclarecimento.
Outras entidades desenvolveram campanhas de alfabetização. Fez-se o que foi possível.
Mas não são estas actividades que constituem a educação de um povo.
Tal, deverá competir aos estabelecimentos de ensino.
Assim sendo, será conveniente lembrar que naqueles não se ensinam os antecedentes, a concretização e os acontecimentos que se seguiram ao dia 25 de Abril de 1974.
A verdade, é que os governos constitucionais não introduziram estas matérias nos programas escolares.
Não será relevante que para a educação cívica e política dos nossos jovens lhes fossem dados a conhecer os factos seguintes :
- Os episódios que se seguiram à implantação da República em 1910
- A chegada de Salazar ao poder
- O que constituiu a ditadura salazarista e o avanço do fascismo via Mussolini
- A repressão e a censura
- A acção da PIDE com cerca 22000 agentes
- As prisões arbitrárias
- A supressão de direitos, liberdades e garantias
- A resistência anti-fascista
A luta anti fascista foi levada a cabo por várias associações civicas, envolvendo militares e civis, como católicos progressistas, anarquistas, sindicalistas, republicanos, monárquicos e estudantes.
A verdade histórica diz-nos que foram presos, torturados e assassinados pela PIDE, desde as respectivas instalações na Rua António Maria Cardoso em Lisboa, às prisões de Peniche, Aljube, Caxias, Ponta Delgada e várias outras, sem esquecer o Campo de Concentração do Tarrafal em Cabo Verde, na sua maioria comunistas.
Isto, porque o PCP era o único partido existente e organizado neste período, fundado em 6 de Março de 1921 em Lisboa.
O PS, apenas o foi em 19 de Abril de 1973 em Bad Munstereifel na Alemanha.
- A guerra colonial e as suas consequências
- A organização e o Programa do MFA
- A chamada revolução de Abril de 1974 teve três fases decisivas :
. O Golpe Militar, em que um grupo de jovens militares do MFA toma o poder, derrubando o governo de Marcelo Caetano, pondo fim a uma ditadura que durou 48 anos.
. O primeiro 1 de Maio
Gigantescas manifestações de rua onde se consolida a ligação do povo ao MFA
. Os Governos Provisórios
O período mais transformador da Revolução, ficou a dever-se à luta determinada dos trabalhadores e do povo que uma vez unidos ao MFA, durante os 4 Governos Provisórios presididos pelo General Vasco Gonçalves, foi capaz de responder às necessidades mais prementes dos portugueses, assim lançando os alicerces para a construção de uma nova sociedade, dando cumprimento ao determinado no Programa do MFA.
Foi nesta fase que ocorreram as grandes alterações democráticas chamadas Conquistas da Revolução, muitas das quais foram consagradas na Constituição da República Portuguesa.
- As eleições para a Assembleia Constituinte
- A Constituição da República Portuguesa
. A 2 de Abril de 1976 foi aprovada pela Assembleia Constituinte, a Constituição da República Portuguesa, tendo-se deslocado propositadamente á Assembleia da República para a respectiva promulgação, o Presidente da República, General Costa Gomes.
. Á juventude portuguesa
Ainda temos uma Constituição da República que após 7 revisões, continua a ser o garante da democracia.
É uma Constituição que verte para si os direitos individuais consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem e que defende a independência e soberania nacionais e que nos leva a lutar pela sua defesa e a exigir o seu cumprimento.
Se o fizermos, lutaremos pela nossa dignidade e honraremos a memória de todos os que a tornaram possível.