AS FORÇAS ARMADAS E AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES BRASILEIRAS
Manuel Begonha
Presidente da Mesa da Assembleia Geral
Presidente da Mesa da Assembleia Geral
Na maioria dos países capitalistas as respectivas Forças Armadas, foram formadas de acordo com uma doutrina anti-progressista e anti-comunista importada dos EUA.
Desta forma tem-se verificado ao longo da história recente que sempre que um país indique pretender seguir essas vias, as correspondentes Forças Armadas reagem com um golpe de estado mais ou menos violento, sempre com a ajuda intervencionista norte-americana.
Os casos já ocorridos foram tantos que seria demorado lembrá-los todos.
A título de exemplo recordo o que sucedeu na Indonésia entre 1965-1966 com a deposição do Presidente Sukarno, em cujo golpe se estima terem sido mortos 500000 comunistas. No Brasil com o golpe dos coronéis em 1964 no qual foi violentamente deposto o Presidente João Goulart.
No Chile com o afastamento sangrento do Presidente Salvador Allende em 1973, no golpe encabeçado por Augusto Pinochet. É bom não esquecer também o golpe de 25 de Novembro de 1975 , em Portugal.
Tudo isto vem a propósito de um país com a importância estratégica do Brasil para os EUA no seu plano de controlo da América Latina.
Se Lula, que não é comunista, vencer as próximas eleições presidenciais , terá de ter muita subtileza, equilíbrio e inteligência política, na escolha do seu governo e nos partidos que nele integrar, porque as Forças Armadas brasileiras globalmente anti-democráticas, fortemente anti-comunistas e aliciadas com inúmeras regalias, constituem um risco permanente de perpretarem um golpe de estado.
Mas tal também não pode significar fazer concessões ao liberalismo, de tal forma que possa defraudar a luta popular e o movimento social que o terá conduzido ao poder.