A nossa associação alem de ter participado nas manifestações do 25 de Abril
e do 1º de Maio esteve presente em várias iniciativas para que foi convidada.
Desde há 44 anos a esta parte que a evocação da gloriosa
data do 25 de Abril de 1974 mobiliza milhares e milhares de cidadãos de todo o
país: os que tiveram o privilégio de viver aquele período ímpar da nossa
história de Portugal e não se vergam ao peso dos anos, os que nasceram ao som
dos muitos hinos à liberdade reconquistada e resistem na sua defesa... e não se
cansam e os, mais jovens, que abraçam a vida com a mesma força que animou os
nossos jovens fardados naquela madrugada libertadora.
Jovens sim! Jovens os comandantes e jovens os comandados,
que não se furtaram a tomar o futuro em suas próprias mãos.
São portanto para os mais jovens as minhas primeiras
palavras.
Vivemos hoje num país melhor? Sem dúvida:
-
Longe vai o tempo da ditadura feroz que esmagava
o nosso povo;
-
Longe vai o tempo em que ser jovem significava
ser candidato à mobilização para a guerra colonial;
-
Longe vai o tempo da cultura e do ensino só para
uns poucos, da saúde e habitação para poucos mais e do tudo para os mesmos.
Mas a verdade que não devemos e não queremos ignorar, é que,
apesar da enorme resistência manifestada com tenacidade pelo povo trabalhador,
a ofensiva contra-revolucionária logrou afastar-nos dos sonhos e dos caminhos
que brotaram do processo revolucionário e destruiu muitas das conquistas da
nossa revolução.
E, falar do Processo Revolucionário é, no essencial, falar
do período correspondente aos 4 Governos Provisórios presididos por Vasco
Gonçalves, referência primeira da nossa Associação Conquistas da Revolução que
aqui muito me orgulho de representar.
Em pouco mais de 500 dias, vividos sob a bandeira da
liberdade, da fraternidade, da justiça social, quando na rua as pessoas se
abraçavam como irmãos sem nunca se terem
visto; quando nas assembleias populares se discutiam e
resolviam os problemas do dia a dia, todos de igual para igual, homens e
mulheres, velhos e novos, sem qualquer distinção; em pouco mais de 500 dias,
dizia, fomos capazes de transformar radicalmente a sociedade portuguesa,
sonhando e traçando o futuro a caminho duma nova sociedade, mais justa e mais
fraterna, a sociedade socialista.
É para a riqueza deste período, um dos mais gloriosos da
nossa história, que chamo a atenção dos nossos jovens.
Estudem-no e abracem a vida, sem medos.
Por muito que nos tenham já roubado das conquistas da nossa
revolução, este ainda o Portugal de Abril, o Portugal que não se revê naqueles
que nos negam o direito ao trabalho com direitos para todos, que nos mandam
emigrar, que discutem até à exaustão uns míseros euros no salário mínimo
enquanto a si próprios se atribuem reformas leoninas e obscenas, que nos roubam
descarada e impunemente, que nos humilham na cena internacional fazendo-nos
aparecer como um dos países europeus com maiores desigualdades.
Isto no país que fez Abril? Não! Basta!
Os últimos tempos têm provado que este é o caminho. Basta!
É preciso engrossar as fileiras, reforçar a luta, dizer não
aqueles que nos querem amedrontar para não nos metermos na política, porque
esses só pretendem que lhes deixemos o caminho livre para melhor nos
explorarem.
É preciso voltar a colocar os valores de Abril como código
de honra da nossa caminhada colectiva.
O futuro está nas vossas mãos!
Hoje, aqui, estamos para festejar Abril, o 44º aniversário
da Revolução dos cravos. A revolução que pôs fim à ditadura fascista (instituição terrorista
institucionalizada) de Salazar e Caetano, que durou 48anos.
Festejar e homenagear os militares do MFA pelo feito
histórico vitorioso, sem derramamento de sangue, homenagear os
resistentes anti-fascistas pela tenacidade da luta desigual
e sem quartel que travaram ao longo de toda a noite fascista e festejar a
pujança do movimento popular que, abraçando e legitimando o programa do MFA,
deu início à mais bonita revolução que o Mundo já viu, a Revolução dos Cravos.
Festejemos pois! 44 anos volvidos, estamos aqui todos, aqui
e em muitos outros sítios espalhados por todo o país, como o temos feito ano a
ano, “unidos como os dedos das mãos”, sentindo húmidos os olhos ao ouvir as
canções de Abril, vibrando com as palavras de ordem revolucionárias e com uma
imensa saudade do Futuro com que sonhámos e continuamos a sonhar.
E somos muitos, muitos e seremos cada vez mais.
Abril vencerá
Viva o 25 de Abril
Viva Portugal