Nota da Associação Conquistas da Revolução





Uns dias após ter promulgado o inconstitucional Orçamento do Estado para 2013, o Presidente da República voltou à carga e deu luz verde à investida – igualmente violadora da Lei Fundamental do País - contra o Poder Local Democrático, desencadeada pelo Governo Passos/Portas.
Com a promulgação desse tenebroso acto de terrorismo social que é o OE/2013, Cavaco Silva associou-se à declaração de guerra feita pelo Governo aos interesses dos trabalhadores, do povo e de Portugal - uma declaração de guerra que conduzirá ao agravamento da já grave situação da maioria dos portugueses e irá condenar um número crescente de cidadãos à pobreza, à miséria e à fome.
Ao dar luz verde à ofensiva contra essa importante conquista da Revolução que é o Poder Local Democrático, o Presidente da República deu novo passo em frente na escalada contra o Portugal de Abril.
Surdo aos protestos e exigências das populações que, em expressivas manifestações, duas delas de âmbito nacional, vieram à rua bater-se contra a extinção das suas freguesias, Cavaco Silva mostrou estar de ouvidos bem abertos aos apelos da ofensiva contra-revolucionária que, no seu ódio a Abril, empurra Portugal para uma situação que cada vez mais nos traz à memória o regime fascista que explorou e oprimiu os portugueses durante quase meio século.
A liquidação das mais de mil freguesias, à qual o Presidente da República deu o seu aval, constitui mais um brutal atentado aos ideais e valores de Abril e ao Portugal democrático nascido da Revolução dos Cravos.
Acresce que a inconstitucional decisão tomada pelo Governo e apoiada por Cavaco Silva ocorre quando as eleições autárquicas, a realizar este ano, estão já na ordem do dia e são, já, tarefa prioritária não apenas para os partidos políticos mas também para milhares e milhares de cidadãos apartidários que, sob diversas formas, integrarão as listas que hão-de concorrer ao acto eleitoral.
Estará o Presidente da República em condições de assegurar que a instalação do novo mapa de freguesias imposto pelo Governo se processará em moldes a garantir que as eleições decorram de acordo com as exigências democráticas imposta pela Constituição? Ou, como de costume, sabendo antecipadamente que isso não vai acontecer, limita-se a deixar os seus tradicionais «alertas», para depois sacudir a água do capote com o recurso ao seu igualmente tradicional «eu bem avisei»?

Importa registar que, no acto de posse do cargo que ocupa, o Presidente da República jurou, pela sua honra, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa – e que, de então para cá, no desempenho desse cargo, não a cumpriu nem a fez cumprir.
Assim, optando pela prática de mandar às urtigas a sua honra e o juramento feito em nome dela, o Presidente da República colocou-se fora da Lei Fundamental do País.
Tudo isto impõe aos trabalhadores e às populações a incontornável tarefa de combaterem com todas as suas forças - e derrotarem - a política de direita que há mais de trinta e seis anos vem afundando Portugal e liquidando Abril e as suas conquistas.
E de, nesse combate, empunharem bem alto a bandeira de luta e de Abril que é a Constituição da República Portuguesa