Intervenção de Manuel Begonha, Presidente da Associação Conquistas da Revolução, na romagem à campa do General Vasco Gonçalves
Estamos aqui para evocar o
7º aniversário da morte do General Vasco Gonçalves.
Conheci o General em 1974,
tendo privado assiduamente com ele durante a fase mais intensa da Revolução e
com frequência até à sua morte.
Como conheci bem de quem
estou a falar gostaria de partilhar convosco alguns dos traços que mais me
impressionaram do seu carácter, em momentos excepcionais em que se não
cultivava o politicamente correcto, nem se recorria a promessas e mentiras com
preocupações eleitoralistas.
Vasco Gonçalves vivia
preocupado com o tempo. Tempo que faltava para o que era preciso construir e
ajudava os inimigos da Revolução.
Transportava consigo os
ensinamentos da sua condição de engenheiro militar, que se reflectiam na forma
como exercia a liderança, na organização, no rigor, na capacidade de análise e
no respeito pela opinião dos outros.
Desde cedo, se dedicou ao
estudo e à interpretação dos processos históricos, adquirindo assim uma cultura
sólida que lhe permitia ir avaliando o presente e projectar o futuro.
Possuía uma enorme
fraternidade e respeito pelo povo português para quem olhava pela janela do
passado, ancorando o seu pensamento nas tábuas dessa vida sofrida.
Gostava de consultar aqueles
em quem confiava, mesmo os mais novos, antes de tomar decisões ou para procurar
superar as suas dúvidas, inquietações ou incertezas.
Era um homem limpo de
preconceitos e de ideais puros.
Embora não tolerasse desvios
de carácter foi vítima de deslealdades, traições e calúnias que precipitaram o
avanço da contra-Revolução.
Vivemos então uma época em
que se verificou o aumento significativo de mulheres que saíram à rua para se
envolver no combate político. Não quero deixar de destacar Aida Gonçalves,
notável mulher do nosso General que sempre esteve a seu lado, dando-lhe um
suporte muito valioso em todas as ocasiões mesmo as mais difíceis.
Estamos no talhão dos
combatentes deste cemitério e não é por acaso. Vasco Gonçalves sempre se
mostrou um combatente e não deixou de exortar o nosso povo ao combate.
“A nossa luta desenvolve-se
em torno do que é e não do que gostaríamos que fosse. Os povos só se libertam
pela luta intensa, incansável e de todos os dias, contra a opressão, quando se
cansam perdem; para que a luta triunfe é necessário que o povo tenha
consciência da sua exploração e também de quem o explora e como 0 explora. Só
assim são aceitáveis os sacrifícios que a Revolução pede, só assim aparece
claramente projectado o inimigo do povo”.
Passado todo este tempo,
reconstituíram-se os antigos grupos económicos e formaram-se outros. O poder
económico condiciona o poder político, alterando as regras da democracia e a
própria Constituição.
A Justiça é implacável para
os pequenos delitos, mas permissiva para os grandes grupos financeiros. Os
governantes são incompetentes, imaturos e prepotentes.
Reina a impunidade e a
insensibilidade social.
Neste ambiente de convulsão
da história é preciso preservar o pensamento de Vasco Gonçalves pois, como diz
Ondjaki “Nós somos nosso próprio esquecimento – borracha do futuro a apagar o
passado nas ardósias do presente”.
Mas como no passado, a nossa
missão é combater. Combater a desinformação e as intenções deste Governo que se
empenha em acabar com o Estado Social, quebrar o ânimo dos trabalhadores
reduzindo-lhes o salário, para ter um exército de desempregados que se lancem
numa disputa desesperada por um posto de trabalho sem garantias.
Assim sendo, compete-nos uma
tarefa fundamental para conquistar um futuro melhor que é informar e esclarecer
os indecisos e os explorados.
Vêm agora louvar a nossa
paciência.
Recusamos a vossa hipócrita
simpatia. Queremos sim, lutar nas cidades e nos campos para travar este Governo
que nos está a conduzir irreversivelmente para o desastre.
No respeito pelos limites
constitucionais, temos de quebrar este ciclo de governantes que se vêm
alternando no poder. É necessário que o voto mude, para que não fique tudo na
mesma e o 25 de Abril seja cumprido.
Queremos construir um novo
futuro para a nossa Pátria. Inspiremo-nos neste Homem e sejamos dignos da sua
memória.
VIVA O GENERAL VASCO
GONÇALVES